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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Paula está fora da maratona olímpica, diz imprensa britânica

Por Rodolfo Lucena
29/07/12 12:13

A recordista mundial da maratona, Paula Radcliffe, não terá condições de participar da corrida do próximo domingo, segundo informações divulgadas na imprensa britânica e pela agência BBC.

Radcliffe, que fracassou em todas as suas tentativas de conquistar uma medalha na maratona olímpica, está com uma lesão no pé. Fez exames para avaliar a situação, e o resultado foi negativo.

Segundo o “The Telegraph”, desde junho ela vem sofrendo dores no pé esquerdo. Como você se lembra, Radcliffe correu a maratona de Berlim apenas o suficiente para se qualificar para estes Jogos Olímpicos. Em uma recente meia maratona em Viena, quando fez uma competição de brincadeira contra Haile Gebrselassie, também se saiu mal.

Se se confirmar a informação divulgada pela imprensa britânica, é o fim dos sonhos da atleta de Sua Majestade, que não completou a maratona em Atenas-2004 (todos lembram das cenas em que ela passa mal na altura do km 32) e nem ficou entre as 20 primeiras em Pequim-2008.

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Corrida fala de paz, mas Morro do Alemão segue violento

Por Rodolfo Lucena
27/07/12 12:35

O fuzilamento da PM Fabiana Aparecida de Souza e os choques entre polícia e traficantes que se seguiram ao longo desta semana, no Complexo do Alemão, mostraram que a região está longe de viver em paz, como festejou uma corrida no final de maio.

Era o Desafio da Paz, que eu acompanhei então, me perguntando sempre se aquilo não seria uma comemoração prematura. Para o secretário da Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, que correu os cinco quilômetros da prova envergando o número 171, perguntei se a paz não continuava a ser um desafio.

Sem muita firula, confirmou que a pacificação da região –um conjunto de 13 favelas que é uma das áreas mais pobres e abandonadas do Rio de Janeiro—era uma obra em andamento, que precisa ser conquistada a cada dia.

Na largada, porém, na manhã domingueira, a praça de esportes da Vila Cruzeiro em nada lembrava a área conflagrada de um ano em meio antes. Foi na região da partida da prova que, em novembro de 2010, aconteceram os choques entre policia e traficantes, que fugiram então em direção às quebradas do Complexo do Alemão.

No dia seguinte, o Brasil acompanhou os combates entre forças de segurança e bandidos, que acabaram expulsos, usando trilhas da mata como rota de fuga (AQUI, uma galeria de fotos da época).

Nós, os corredores, subimos o morro passando exatamente pela estrada de terra usada pelos traficantes para escapar do cerco.

“Foi nessa curva que o vagabundo foi acertado”, me diz um morador do Alemão, lembrando a cena vista por centenas de milhares de pessoas pela TV: o bandido é fuga é atingido por um tiro disparado de longe. Cai ao chão e é arrastado por seu companheiro até um local seguro e então é levado para fora da área dominada pela polícia.

Subimos até o ponto mais alto da região e então começamos a descida pelo meio da favela. Levo uma minicâmera na cabeça, enquanto um colega cinegrafista busca cenas diferentes para o vídeo que afinal foi apresentado no programa da Folha na TV Cultura (veja o filme AQUI).

Desço pelas quebradas, que parecem estar em paz.  A tensão, porém, é clara. O cinegrafista Felix Lima, correndo entre os barracos, ouve de um sujeito que enrola um baseado: “Olha aí, Tim Lopes!”.

Ao desavisado, pode parecer cumprimento amistoso, mas é bom lembrar que Tim Lopes foi o jornalista sequestrado e morto pelo tráfico, em junho de 2002, quando buscava informações para uma reportagem sobre a criminalidade no Complexo do Alemão.

 

A irmã de Tim, Tânia, estava na área da chegada da prova. Convidava a todos para uma cerimônia de homenagem à memória do irmão que seria realizada ali mesmo, no Campo do Sargento, no fim de semana seguinte (foto Cecilia Acioli/Folhapress; saiba mais AQUI).

Naquele domingo, apesar da tensão, o clima era de festa. Entrevistei rapidamente alguns moradores da região, e todos afirmavam que a situação estava tranquila, que havia paz. Alguns preferiam virar o rosto, engrolar palavras, não dizer coisa nenhuma: era a indicação de que, corrida ou não, a paz continua sendo um desafio no Complexo do Alemão.

 

PS.: Confira outros vídeos que produzi para a TV Folha:

Corrida das dondocas, AQUI

Primeira corrida na Rocinha, AQUI

Entrevista com Adriana Aparecida da Silva, AQUI

Novo percurso da São Silvestre, AQUI

Antes da TV Folha, comentário sobre maratona, AQUI

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Candidata ao ouro nos 10.000 m já foi gordinha e lerda

Por Rodolfo Lucena
26/07/12 13:09

Essa moça garbosa, puro músculo e vontade de vencer que se coloca cheia de adrenalina na linha de largada já foi uma adolescente gordinha e lerda. Olhando Sally Kipyego, a queniana que perdeu por seis centésimos de segundo o título mundial dos 10.000 m no ano passado, ninguém acredita. Ela, porém, relembra a história, que começou com alegria, terminou com dores e teve de ser mais uma vez iniciada.

Corredora desde o início da adolescência, aos 15 anos participou do Mundial júnior de cross country, festejando o oitavo lugar como se fosse o ouro. A comemoração acabou em lágrimas, pois o esforço havia sido demais para ela: o corpo ainda em desenvolvimento se rebelou contra a rotina de treinamentos, e a consequência foram fraturas por estresse nas duas pernas.

Ficou sem competir por mais de dois anos, enquanto procurava seguir nos estudos. Conseguiu uma bolsa para um escola nos EUA, onde chegou em 2004 fora de forma, acima do peso e lerdíssima para os seus padrões.

“A corrida era uma saída, uma salvação para meu estado”, avalia Kipyego, que vai disputar os 10.000 m e os 5.000 m nestes Jogos Olímpicos. “Quando recomecei a correr, parti do zero absoluto. Estava fazendo 5 km em 19 minutos, estava gorda como nunca. Quando cheguei aos EUA estava com 59 kg, 13 kg a mais do que o meu peso atual.”

A gordura foi queimada nas pistas e salas de ginástica, a alimentação voltou a ser controlada, e a jovem queniana não demorou muito para se destacar entre as competidoras nos EUA.

Nos dois anos seguintes, ganhou os títulos nacionais, categoria júnior, nos 1.500 m, 5.000 m e 10.000 m. Depois, chegando à universidade, continuou papando campeonatos nas pistas e fora de estrada (cross country).

Hoje é uma corredora amadurecida, centrada, que avalia suas chances sem pudor: “Sou candidata a uma medalha. Os treinamentos têm sido bons,  e eu estou confiante de que posso correr de igual para igual com as melhores do mundo.”

Vai ser duro. Além da compatriota Vivian Cheruiyot, que a derrotou em Daegu no ano passado numa chegada sensacional, Kipyego deverá ter ao seu lado a etíope Tirunesh Dibaba, dona da melhor marca do ano (30min24s39).

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Conheça alguns dos mais rápidos atletas em Londres-2012

Por Rodolfo Lucena
25/07/12 14:17

“É o Usain Bolt”, você pode dizer, já torcendo o nariz e perguntando: “Qual é a novidade?”

Tudo bem, o jamaicano pode ser o recordista mundial no tiro curto, mas peça para ele dar quatro voltas na pista… Se der 12 e meia, então, perde até para o Kenenisa Bekele, que nem sequer conseguiu se classificar para os 5.000 m nestes Jogos.

O que estou dizendo é que, conforme a modalidade, um sujeito ou sujeita é o mais rápido. O Bolt vai a mais de 36 km/h por alguns segundos, já o queniano Abel Kirui mantém por duas horas a velocidade aproximada de 21 km/h.

Foi considerando essas diferenças que o Bleacher Report montou um ranking com os 25 mais velozes atletas desta Olimpíada, na terra e na água.

O brasileiro César Cielo, por exemplo, é o terceiro na lista, vai ser o raio verde-amarelo nas piscinas.

O exercício de apontar favoritos inclui barreiristas, velocistas, triatletas e nadadores de diversas modalidades. Para meu desencanto, há apenas um maratonista citado como favorito, o campeão mundial Abel Kirui, do Quênia.

De fato, ele é um grande contendor especialmente por se fazer incansável, não desistir nunca. Quanto à velocidade, porém, não passou de 2h05min04, marca estabelecida há longínquos três anos. Seu título mundial, por exemplo, foi conquistado em 2011 com meras 2h07min38.

Em contraste, o cabeça-de-chave da Etiópia, Ayele Abshero, chega com a força de seus 21 anos anos e o currículo engalanado pela marca de 2h04min23 estabelecida em Dubai em janeiro passado. É o melhor tempo deste ano na maratona.

Bom, cada um de nós poderia fazer sua lista de 25 melhores. Confira AQUI a do Bleacher Report.

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Refugiado do Sudão corre maratona com a bandeira olímpica

Por Rodolfo Lucena
24/07/12 14:45

Foi quase um parto. Durante nove meses a questão esteve em suspenso, sob análise do Comitê Olímpico Internacional. Finalmente agora, a menos de um mês da maratona olímpica, saiu a resposta: Guor Marial vai poder participar dos Jogos de Londres apesar de não ter passaporte e oficialmente também não ter pátria. Ele (foto Reuters) correrá sob a bandeira do COI.

Marial, que tem 28 anos, vive como refugiado político nos Estados Unidos, aonde chegou quando tinha 15 anos, fugindo da guerra civil que então assolava o Sudão.

Corredor desde então, tinha o sonho de um dia representar sua terra em uma Olimpíada. O problema é que ele não tinha pátria: ele nasceu no que hoje é o Sudão do Sul, que só conquistou sua independência no ano passado. O país faz parte das Nações Unidas, mas ainda não está no movimento olímpico.

Com isso, quando o corredor conseguiu se qualificou para a maratona olímpica com o índice A, criou um problema diplomático. Não poderia representar os Estados Unidos, onde vive há quase duas décadas, e não poderia correr em nome de sua pátria, que não existe ainda para o Comitê Olímpico Internacional.

O COI ofereceu a ele correr pelo Sudão, o que o corredor considerou uma barbaridade. Afinal, muitas pessoas de sua família foram mortas ao longo da guerra civil. “Correr pelo Sudão seria trair a memória deles; agora, não: correndo com a bandeira olímpica, faço uma homenagem aos meus 28 parentes mortos e ao povo do Sudão do Sul”, disse ele.

Marial conseguiu a qualificação na primeira maratona que correu na vida: com 2h14min32, foi o quinto colocado na Twin Cities Marathon no ano passado.

Agora ele festeja a decisão do Comitê Olímpico Internacional: “A voz do Sudão do Sul foi ouvida. Finalmente temos um lugar na família olímpica. Ainda que eu não leve a nossa bandeira nestes Jogos, nosso país está presente. O sonho virou realidade. Está viva a esperança do Sudão do Sul”.

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Robô está a caminho de fazer maratona em Marte

Por Rodolfo Lucena
23/07/12 14:31

De carne e osso ou de aço e silício, maratonistas são os heróis da resistência. Homens e mulheres sobrevivem a uma distância que pode ser mortal, máquinas mostram ser capazes de fazer e durar muito mais do que seus criadores delas esperavam.

É o caso do veículo-robô Opportunity, que está no caminho para completar a primeira maratona em Marte. Não é a primeira maratona extraterrestre, no entanto: há cinco anos, a astronauta norte-americana Sunita Williams correu a maratona de Boston na estação espacial internacional que orbitava a Terra (saiba mais aqui, em inglês).

Bueno, mas o que interessa é a história do veículo-robô. Ele era bem simples (!!!???), como você pode ver na imagem abaixo (Divulgação). E também, supostamente, pouco resistente. A expectativa dos cientistas da NASA era de que ele durasse uns três meses, no máximo, cobrindo um total de 600 metros.

Dizer que ele superou as expectativas é pouco. Lançado em 2004, o Opportunity continua firme e forte, rodando pela superfície marciana e mandando fotos do que “vê”. Já transmitiu do chamado Planeta Vermelho nada menos que 100 mil imagens. A de número 100.000, por sinal, foi a belíssima panorâmica que você vê a seguir.

Além disso, no seu passinho cuidadoso, meticuloso, ele vem cobrindo de 50 metros a 100 metros por dia. Às vezes, para deixar alguma imagem mais clara para os cientistas que o acompanham, o Opportunity é obrigado a refazer algum caminho.

Sua missão é ajudar cientistas e pesquisadores a desvendar o passado marciano, descobrir seus veios de água, entender sua estrutura geológica (ou seria martológica?).

Resultado: noves fora, conta daqui, conta dali, neste mês ele completou um percurso acumulado de aproximadamente 36 quilômetros. “Agora é só morro abaixo”, teria gritado ele, se fosse eu, preparando-se para a curta distância que ainda falta cobrir.

Claro que vai demorar um tantinho, mas o nosso amigo robô já mostrou que tem espírito maratonistas. Se deixarem, ele vai se acostumar com a brincadeira e, logo-logo, vira ultra…

Bueno, AQUI tem um vídeo bem bacaninha, produzido pela Nasa. Está em inglês.

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Na montanha, no escuro, corrida dá medo e prazer

Por Rodolfo Lucena
20/07/12 10:24

Conheci Daniele em um dos intervalos de um seminário sobre genômica, o estudo da linhagem dos seres vivos. Não é para menos, pois a moça é biomédica formada e doutora em ciência. Para quem acha que é pouco, atualmente ela faz pós-doutorado em biofísica, estudando uma rara doença genética rara que leva à ossificação extraesquelética em músculos, tendões, ligamentos e outros tecidos conectivos.

 Nas horas vagas, a doutora corre, contou-me durante rápida conversa. Diz ser iniciante, mas já tem no currículo nada menos que os 24 km de Extrema, uma corrida de montanha realizada à noite, que já deixou muito marmanjo arrebentado. Sua estreia foi no ano passado e, neste ano, pretendia repetir a dose. Acabou não conseguindo, por causa de uma lesão.

Tudo bem, fica para o ano que vem. Enquanto isso, ela nos conta sua experiência nos perigosos campos mineiros. Antes de passar ao texto que ela produziu especialmente para este blog, informo nome e sobrenome da autora:  DANIELE DA SOLEDADE FRANCA FERREIRA, 33, paulistana.

“Sempre fui muito preguiçosa.  E tímida. Cheguei a pedir para meus pais me deixarem ajudá-los em seu comércio só para não frequentar as aulas de educação física. E não era por falta de exemplo em casa, já que meu pai é mestre de capoeira e minha mãe foi dedicada ao atletismo durante sua fase acadêmica, além de ser uma das primeiras árbitras em campeonatos de capoeira.

“Comecei a me mexer com vinte e tantos anos, frequentando academias para fazer musculação, em que me sentia menos exposta. Virou um vício. Algumas pessoas até diziam que eu estava sofrendo de vigorexia, pois nunca me contentava com o meu corpo e com os resultados obtidos com os treinos e dietas, sempre rígidos.

“Mas uma coisa ainda faltava: exercícios aeróbios. Não conseguia nem olhar para a esteira. Foi quando meu pai, após duas cirurgias no joelho, precisou se afastar da capoeira e foi apresentado às corridas de rua. Apaixonou-se, participava de provas todos os domingos e tentou me convencer a fazer as provas com ele, mas confesso que acordar cedíssimo  não era meu forte.

“Acabei me rendendo e há dois anos fiz minha primeira prova de rua, logo de 10 km. Completar a prova, mesmo com as dificuldades de um iniciante é, no mínimo, gratificante. Meu pai me inscreveu em mais algumas provas e eu as fiz, mesmo sem me dedicar muito. Meu foco era ganho de massa muscular, através da musculação. Após um ano da minha estreia nas corridas, meu pai me inscreveu para uma prova de corrida de montanha.

“Se eu já tinha uma certa preguiça de correr na rua, imagine na montanha, com barro. Mas lá fui eu, mais uma vez. Doze quilômetros com direito a estrada de asfalto, de terra, trilhas, subidas, descidas, pedras e rio, além de escalada de uma cachoeira. A sensação de tudo isso? Maravilhosa! O contato com a natureza e a satisfação em superar limites é sem igual. Cheguei ao final suja de lama, suada, exausta e com imagens na memória e sensações que só quem passou pode ter.

“Achei que já tinha superado meus limites, quando meu pai nos inscreveu numa prova de montanha, no mês de julho, na cidade de Extrema, MG. Resolvi encarar, com um grupo de mais cinco amigos, os 24 km (fotos Arquivo Pessoal). E o desafio não era apenas a distância. Tratava-se de uma corrida noturna,  em pleno inverno.

Na hora da largada, o termômetro registrava 3 graus, mas a sensação térmica era de bem menos. Eu faria a prova com dois integrantes da equipe, já que os demais buscariam classificação em suas categorias. Queríamos apenas completar a prova, inédita para todos.

“Meus colegas não estavam tão certos disso, porém, e tentaram me convencer a mudar de planos quando chegamos km 6, onde os participantes do percurso curto contornariam para fazer os 12 km e os do percurso longo continuariam.

“Percebi como nosso psicológico influencia, já que normalmente estou exausta na altura dos 6 km de prova, não vendo a hora de terminar, para descansar. Em Extrema,  como havia me preparado psicologicamente para fazer os 24 km, nem senti passarem os 6 km e jamais seguiria com os participantes dos 12 km.

“Em vez de ser dobrada, consegui convencer meus amigos a continuar. Ainda bem, pois sozinha seria muito difícil de seguir. No escuro do percurso, apenas contava com a luz da lua e da minha lanterna de cabeça. O percurso não incluía travessia de rio, mas tinha estrada de terra cortando propriedades, trilhas no mato fechado e o famoso pasto da morte.

“Era tão escuro que eu não conseguia ir à frente e nem ficar alguns passos atrás dos meus colegas, tinha muito medo. Medo do inesperado. É você iluminado pela lanterna, no meio do escuro e do desconhecido. A sensação é de que você está sendo observado. E está.

“O tal pasto da morte, gentilmente apelidado pelos participantes de provas anteriores, se trata de um longo pasto, numa subida muito íngreme, onde não é possível correr e onde vacas e touros tentam dormir enquanto centenas de lanternas miram seus olhos. Esse momento, já passada boa parte da prova, é bastante tenso. É a somatória da surpresa de ver o gado tão próximo, do medo do escuro, do cansaço, da ansiedade pelo término da prova.

“A tensão se relaxa ao chegar ao da Serra do Forja. Visão sem igual. A cidade iluminada, lá embaixo. Dava até para escutar o locutor cantando as pedras do bingo que acontecia numa praça da cidade. E estávamos no alto, bem no alto. Praticamente escalamos paredões para chegar lá.

“Os morros são muito íngremes, a velocidade cai muito, o desgaste pesa. Meus colegas sentavam e queriam desistir, mas não tinha pra onde ir, senão para a chegada. Eu, a menos experiente da equipe, tentava animá-los para não desistirem, dizendo que queria pegar colocação no pódio, que eles precisavam me ajudar.

“A prova seguiu com momentos de calor, momentos de frio e fomos voltando para a cidade, onde era a chegada. E, como não poderia deixar de ser, precisamos subir as ruas da cidade, já que a chegada era no topo de mais uma ladeira. Parecia interminável. O km mais longo de todos.

“Avistei uma participante e disparei a correr. Queria ultrapassá-la, pois achava que ela era uma competidora da minha categoria, e naquele momento estava decidida a terminar a prova e também a subir ao pódio. Deixei meus colegas para trás e subi, correndo, com o incentivo dos moradores que passavam pelas ruas frias, já depois da meia-noite. E lá estavam minha mãe, que sempre nos acompanhou, meu pai e meu namorado, que já tinham terminado a prova. Isso me deu forças e cruzei a linha de chegada, depois de 4h33min35.

“Exausta, com bolhas nos pés e com minha família ali, me aguardando, me pus a chorar. Emoção que não dá para passar para o papel, ficou na minha memória. Passa tanta coisa pela nossa cabeça. A tal preguiça que tinha no começo, o porte físico não favorável às corridas, a condromalácia patelar em grau avançado. Nada disso me impediu de completar aquela prova e subir ao pódio, com o terceiro lugar na minha categoria, mas que teve o mesmo sabor do primeiro lugar.

A prova é incrível e requer certo preparo físico e psicológico, mas vale cada quilômetro, cada minuto.”

 

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Olimpíada aquece mercado de eletrônicos nos EUA

Por Rodolfo Lucena
19/07/12 14:03

Calma, antes de você perguntar qual é a novidade, já que os Jogos e a Copa do Mundo costumam ser iscas para a venda  de televisores e  outras traquitanas eletrônicas, digo que a diferença é que agora a intenção de compra está maior do que antes dos Jogos de Pequim.

Segundo pesquisa divulgada hoje, 16% dos consumidores dos Estados Unidos querem comprar aparelhos novos para acompanhar os jogos de Londres-2012. Antes de Pequim-2008, a intenção de compra era de 13%, informou o TechBargains.com, site agregador de promoções de produtos eletrônicos.

Metade dos entrevistados disse que gostaria de assistir aos Jogos em algum equipamento 3D –aliás, segundo a empresa, esta Olimpíada poderá significar uma mudança de patamar para a tecnologia, que foi apresentada às massas internacionais na Copa do Mundo da África do Sul.

“Provavelmente não teremos um público muito grande acompanhando os Jogos por TV 3D, mas isso é porque p uso do sistema ainda não está disseminado. O interesse, porém, existe”, afirma Yung Trang, president do site.

Ainda não vi estatísticas ou prognósticos sobre a situação no Brasil, mas é bem possível que seja semelhante à do mercado brasileiro.

Aliás, em São Paulo, haverá transmissões 3D em cinemas, que vão cobrar R$ 30 o ingresso (para as cerimônias de abertura e de encerramento, o preço será mais alto). Fique esperto; quando chegar mais perto, vou publicar neste blog mais informações sobre os eventos.

 

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Doping com suplemento alimentar pode causar morte

Por Rodolfo Lucena
18/07/12 12:46

Já chegou ao asfalto o uso de suplementos alimentares que contêm substâncias dopantes. Para sair bem na foto ou conquistar um posto melhor na faixa etária, atletas amadores também estão usando suplementos como o Jack3D, que virou febre em academias, segundo me dizem conhecedores do assunto. Outras marcas que contêm substâncias proibidas são Oxy Elite Pro e Lipo-6 Black.

Segundo nota divulgada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), “alguns desses suplementos contêm ingredientes que não são seguros para o consumo como alimentos ou contêm substâncias com propriedades terapêuticas que não podem ser consumidas sem acompanhamento médico.”

Os resultados são desastrosos, diz a agência governamental: “Os agravos à saúde humana podem englobar efeitos tóxicos, em especial no fígado, disfunções metabólicas, danos cardiovasculares, alterações do sistema nervoso e, em alguns casos, levar até a morte”.

Mas, ao que parece, o povo não está dando muita bola para isso. Menos mal que os controles antidopagem estão incluindo também atletas amadores. Em comunicado no mês passado, a Confederação Brasileira de Atletismo informou ter identificado na amostra de urina da Roseli Viana Elias (MG), coletada em Belo Horizonte durante a prova Golden Four Asics, a presença da substância proibida metilhaxananima.”

A atleta apresentou justificativas, não aceitas pela CBAt, que a suspendeu provisoriamente. A questão ainda será julgada no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Essa substância, também conhecida como dimetilamilamina (DMAA), é classificada como suplemento alimentar nos EUA, mas está na lista de substâncias dopantes da Agência Mundial Antidoping.

A Organização Mundial de Saúde alerta que já foram identificados vários efeitos adversos da DMAA, que é um estimulante usado, principalmente, no auxílio ao emagrecimento, aumento do rendimento atlético e como droga de abuso.

A substância, afirma a Anvisa, tem efeitos estimulantes sobre o sistema nervoso central, pode causar dependência, além de outros efeitos adversos, como insuficiência renal, falência do fígado, alterações cardíacas. No limite, pode levar à morte.

 No Brasil, o comércio de suplementos alimentares com DMAA também é proibido. No início deste mês, a Anvisa incluiu o DMAA na lista de substâncias proscritas no país, o que impede a importação dos suplementos que contenham a substância, mesmo que por pessoa física e para consumo pessoal.

Você deve ficar esperto para não cair em roubada, mesmo que os suplementos alimentares não contenham substâncias proibidas. Esse tipo de produto não pode alegar propriedades terapêuticas, segundo a Anvisa: “Propagandas e rótulos que indicam alimentos para prevenção ou tratamento de doenças ou sintomas, emagrecimento, redução de gordura, ganho de massa muscular, aceleração do metabolismo ou melhora do desempenho sexual são ilegais e podem conter substâncias não seguras para o consumo”.

Confira AQUI outras dicas da agência governamental para não se dar mal com substâncias supostamente milagrosas.

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Revezamento do Brasil treina forte e sonha alto

Por Rodolfo Lucena
17/07/12 14:32

Já disse aqui e vou ficar repetindo enquanto durara esta Olimpíada: retrospecto não ganha jogo. Claro que as equipes e os atletas que têm melhores índices nas suas modalidades chegam como favoritos e as maiores chances é que papem as medalhas. Mas quem chegar às finais tem direito ao sonho dourado.

É o caso das equipes de revezamento 4×100 do Brasil, que estão na reta final de sua preparação para a hora da verdade nas pistas de Londres.

Os times masculino e feminino embarcaram ontem ruma à sede dos Jogos, depois de, no domingo, terem realizado um bom apronto em um meeting na Alemanha.

Foi um treinamento de luxo, com direito a público na arquibancada e o escambau. As equipes saíram do encontro com a medalha de ouro.

Os rapazes — Aldemir Gomes, Sandro Viana, Nílson André e Bruno Lins—fecharam em 39s05, enquanto as moças –Ana Cláudia Lemos, Vanda Ferreira (foto Wagner Carmo/CBAt), Evelyn Carolina Santos e Rosângela Santos—venceram com 43s33.

Sei muito bem que isso não dá camisa a ninguém. Para você ter uma ideia, o melhor tempo do ano é da Jamaica, com uma equipe que tem Usain Bolt e Yohan Blake e completa o revezamento em 37s82: uau!! No ranking da IAAF, há mais de 30 marcas melhores que a cravada domingo pelo Brasil.

Mas muitas pertencem aos mesmos times ou não são de seleções nacionais. Além do mais, treino é treino e jogo é jogo (ou, como diz a torcida do Grêmio, treino é jogo e jogo é guerra). Se tudo estivesse decidido de antemão, nem precisava ter Olimpíada, não é mesmo?

O mesmo raciocínio vale para a equipe feminina. Com 42s19, os Estados Unido têm o melhor tempo do ano, e a marca que as garotas brasileiras registraram na Alemanha também não fica nem entre as 30 melhores do ranking.

E se der? Os dois times continuam treinando forte e sonhando alto. Amanhã competem em Cardiff, no País de Gales, e no dia 21 correm em Amsterdã, na Holanda.

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