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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Em quadrinhos, gordinho conta por que gosta de correr longas distâncias

Por Rodolfo Lucena
05/08/13 13:00

A internet é uma maravilha, eu não me canso de dizer. Tal como o papel em branco, aceita tudo. Às vezes, encontramos coisas realmente sensacionais.

Nessa categoria está um site que me foi indicado pelo leitor deste blog, maratonista e cibernavegador Carlyle Vilarinho, a quem agradeço pela dica. Trata-se das elocubrações de um corredor gordinho –talvez mais que isso, a julgar pelo desenho que faz de si mesmo—sobre as razões que o levaram a correr.

E a correr muito. Já fez duas ultramaratonas, começando por uma de 80 quilômetros, que completou em 11 horas –e que se prepara para enfrentar novamente.

Com desenhos que carregam a acidez da ironia com que ele trata a si mesmo, o sujeito vai contando que corre para comer, que gosta mais de dormir do que de treinar, que enfrenta seus monstros, que a corrida lhe faz sentir um super-homem, mas ele sabe que é um sujeito comum e por aí afora.

Apropriadamente, o autor se autodenomina Sr. Aveia. Os textos chegam a ser engraçados, em alguns momentos, mas são principalmente sardônicos, autodepreciativos: o cara ri de si mesmo para tentar fazer com que o público se dedica.

É um trabalho longo, para este nosso mundo fugaz, mas vale a pena navegar pelas seis partes da história. Depois do final, ele ainda fala mais sobre si mesmo e dá link para o relato de sua ultramaratona.

Está tudo em inglês. Se você quiser visitar a história do Sr. Aveia, comece por AQUI.

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Delegação brasileira ao Mundial de atletismo é um deserto de fundistas

Por Rodolfo Lucena
01/08/13 13:40

Nenhuma mulher nos 1.500 m, nos 5.000 m, nos 10.000 m, na marcha ou na maratona. Entre os homens, dois isolados maratonistas e um solitário marchador aparecem como oásis no deserto de fundistas que é a delegação brasileira que vai participar do Mundial de atletismo, a partir do próximo dia 10, em Moscou.

Já vi muita gente protestar contra os critérios da CBAt, há argumentos de peso contra os índices exigidos, mas argumentos favoráveis são igualmente fortes. De qualquer forma, essa é uma discussão ultrapassada, que só serve para boas horas de conversa em mesa de bar.

O triste é o que isso projeta: do jeito que vai, talvez nem sequer tenhamos maratonistas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Eu gosto de ser otimista, acredito no potencial esportivo do nosso povo, mas não vejo trabalho sólido para transformar esse potencial em atletas de ponta, e os atletas de ponta em medalhas.

A receita é conhecida de todos: um programa massivo de incentivo ao esporte, a partir das primeiras séries escolares; investimento em técnicos; apoio a competições interescolares, incentivo ao esporte universitário. Mas nada disso terá resultado sem o suporte da iniciativa privada, que pede atletas em quem investir, mas praticamente só apoia nomões.

Nessas circunstâncias, tem ainda mais valor o trabalho dos poucos que conseguem chegar a uma competição internacional. Fica aqui, pois, um aplauso à conquista dos maratonistas Paulo Roberto de Almeida Paula e Solonei Rocha da Silva e do marchador Mário José dos Santos Júnior, que vai disputar a prova de 50 km. Que eles levem, nos asfalto de Moscou, a pátria nos pés.

A delegação brasileira conta com dois campeões mundiais: Fabiana Murer, especialista em salto com vara, primeira atleta do país a conquistar ouro em um Mundial de atletismo em estádio, e Mauro Vinícius da Silva, o Duda, campeão mundial indoor no salto em distância.

A seguir, a lista completa da delegação brasileira, incluindo os já citados.

HOMENS

Aldemir Gomes da Silva Júnior (200 m)

Anderson Freitas Henriques (400 m, 4×400 m)

Augusto Dutra da Silva de Oliveira (salto com vara)

Bruno Lins Tenório de Barros (200 m)

Caio Oliveira de Sena Bonfim (20 km marcha)

Carlos Eduardo Bezerra Chinin (decatlo)

Hugo Balduino de Souza (4×400 m)

Jefferson Dias Sabino (salto triplo)

João Gabriel Santos Souza (salto com vara)

Jonathan Henrique da Silva (4×400 m)

Kleberson Davide (800 m)

Mahau Camargo Suguimati (400 m com barreiras)

Mário José dos Santos Júnior (50 km marcha)

Mauro Vinicius Hilário Lourenço “Duda” da Silva (salto em distância)

Paulo Roberto de Almeida Paula (maratona)

Pedro Luiz Burmann de Oliveira (4×400 m)

Ronald Odair de Oliveira Julião (lançamento do disco)

Solonei Rocha da Silva (maratona)

Thiago Braz da Silva (salto com vara)

Wagner Francisco Cardoso (4×400 m)

MULHERES

Ana Cláudia Lemos Silva (100 m, 200 m, 4×100 m)

Evelyn Carolina Oliveira dos Santos (4×100 m)

Fabiana de Almeida Murer (salto com vara)

Fernanda Raquel Borges Martins (lançamento do disco)

Franciela das Graças Krasucki (100 m, 200 m, 4×100 m)

Geisa Rafaela Arcanjo (arremesso do peso)

Joelma das Neves Sousa (400 m)

Jucilene Sales de Lima (lançamento do dardo)

Karla Rosa da Silva (salto com vara)

Keila da Silva Costa (salto triplo)

Rosângela Cristina de Oliveira Santos (4×100 m)

Vanda Ferreira Gomes (4×100 m)

 

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Corredor se entrega à preguiça nos dias de frio e não se arrepende

Por Rodolfo Lucena
30/07/13 11:59

Pois vou lhe confessar, assim, no pé do ouvido, cá entre nós, que preguicei. Não sem certa vergonha, pouco, mas viva.

Desde domingo rolam nas redes sociais comentários sobre as provas do fim de semana, o frio que estava, o vento que zunia. Gente que acordou às quatro, com o céu ainda escuro, noite alta, gente que acordou às cinco, gente que acordou às seis e se foi na correria, porque a prova ia começar às 15 prás sete…

Para lá de 4.000 pessoas se jogaram para a largada da meia maratona Asics de São Paulo. Muitas, graças ao frio e ao percurso caprichado, bateram seus recordes pessoais. Outros se engalanaram de glória pela coragem de enfrentar os elementos. Mesmo quem não conseguiu terminar ou desistiu lá pela metade, em busca de um lugar quentinho, tinha do que se gabar. Pelo menos dissera presente, estava na luta.

Eu não. Fiquei debaixo das cobertas, tomei café quente mais tarde, comi croissant recheado de chocolate (pain du chocolat, dizem os franceses), assisti a um filme bacaninha em sessão especial de cineclube, lagarteei nas réstias de sol que driblavam os prédios da Paulista.

E não foi só no domingo não. Bateu o frio de encarangar, eu me recolhi ao sossego do quentinho doméstico, preguiça pura, conivência completa com o meu eu mais dissoluto. E olha que não sou de arregar, não, e frio não me mete medo.

No pior dos piores dias, a quinta passada, com os termômetros batendo recordes de baixura e a garoa congelando pensamento, botei luvas, gorro, calça comprida e meia de lã e me fui pela cidade encharcada, cinzenta, trêmula. Cumpri certinho a hora e meio de treino prevista e ainda botei mais 15 minutos de lambuja para não parecer que estava afrouxando.

Depois cansei. Meus 2.400 quilômetros anuais podem não ser lá grande coisa de treino, tem quem faça muito mais, mas acho que posso preguiçar de vez em quando, unzinho que seja o dia.

Não foi um nem dois, foram três. Ginástica ainda fiz, levantei uns pesos, mexi as pernas, suei nos abdominais; mas sair para a rua, lá isso não.

Vem, preguiça!, me disse, e deixei. Para completar, comi musse de chocolate na sobremesa dominical e ainda engatei pizza para o jantar. Nessas horas, parece que todos os corredores do mundo torcem o nariz, as nutricionistas levantam o cenho, o treinador lava as mãos (mas só faz o gesto, porque está muito frio para abrir a torneira). A culpa vem, mas o quentinho vence o medo.

Nessas horas (e em todas as outras, para ser completamente franco com você neste segredar internético), me socorro com Fernando Pessoa. Algum poema ele há de ter para confortar ou escrachar, zoar ou incentivar.

Vez que outra, por exemplo, especialmente quando sou o único preguiçoso e dorminhoco no país dos corredores cheios de coragem e de recordes pessoais, releio o “Poema em Linha Reto”.

Por certo você já o conhece (quem não há de?), mas o reproduzo aqui para deleite pessoal:

“Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.”

E assim dou por encerrado esta refrega, dizendo a quem porventura se condoeu ou solidarizou, que a preguiça foi de então, do momento, do dia. Venceu e foi campeã, mas hoje é outro dia, e já fui correr como queria, dando ao asfalto meu tanto de suor e momentosos pensamentos. Mas que foi bom preguiçar, lá isso foi.

E assim vou, seguindo de acordo com a minha filosofia de vida, o ditado que me acompanha a cada passo e assim reza: “Agora é já, depois é mais tarde”.

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Jovem promessa do atletismo brasileiro tropeça no doping

Por Rodolfo Lucena
26/07/13 13:41

A primeira campeã pan-americana dos 3.000 m com obstáculos, a gaúcha Sabine Letícia Heitling, 26, está suspensa provisoriamente pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) por ter dado positivo em teste de doping realizado no último Troféu Brasil.

Naquela competição, Sabine voltou a vencer a prova em que é especialista e na qual é recordista sul-americana. Ela perde o título.

Segundo nota divulgada pela CBAt, a atleta testou positivo para a substância  proibida metilhexaneamina, que é um estimulante. A droga provoca aumento da força, da concentração e da atenção; por supressão do apetite, pode ajudar na redução do peso.

A atleta apresentou explicações para a entidade, que não as aceitou. Sabine também abriu mão de verificar a amostra B e tem até o fim do mês para solicitar a marcação do julgamento, conforme nota divulgada pela CBAt, que você vê abaixo na íntegra:

“A Confederação Brasileira de Atletismo lamenta informar que o laboratório credenciado pela WADA/IAAF, com sede no Rio de Janeiro, RJ, comunicou a esta entidade, no dia 27 de junho de 2013, que identificou, na amostra de urina “A” da atleta SABINE LETÍCIA HEITLING (RS), coletada no dia 07 de junho de 2013, na cidade de São Paulo, SP, durante o XXXII Troféu Brasil Caixa de Atletismo, a presença da substância proibida Metilhexaneamina (Estimulante – S6).

“Em conformidade com o disposto nas normas da WADA/IAAF, a atleta foi comunicada em 28 de junho de 2013 do resultado analítico adverso na amostra “A” de sua urina, coletada no evento acima, pela CBAt, tendo apresentado suas justificativas para a CBAt no dia 05 de julho de 2013 e não requereu o exame da amostra “B” de sua urina no prazo determinado pelas Regras da IAAF. A CBAt não aceitou as explicações da atleta, tendo comunicado este fato a mesma em 15 de julho de 2013 em função desses fatos, a CBAt emitiu Portaria nesta data suspendendo a atleta provisoriamente a partir de 15 de julho de 2013, tendo a mesma 14 dias a contar desta data para solicitar o seu julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da CBAt, ainda em conformidade com as Regras da IAAF.”

Na sua página em uma rede social, Sabine publicou um comentário, que também reproduzo na íntegra:

“Certos momentos em nossa vida reconhecemos quem realmente sempre acreditou em nós ou quem estava ao nosso lado só nós dias felizes.
Estou no atletismo há mais de dez anos com recordes em todas as categorias, títulos brasileiros, sul-americanos, pan-americanos, finais em mundiais e sempre regulados pelo controle antidopagem.
Então com a consciência tranquila de que construí minha carreira com a honra de quem ama o esporte e tem como a dignidade acima de tudo. Passo por este momento injusto com a cabeça erguida, verei ao meu lado os amigos de verdade e isso é o que me importa.”

Em texto publicado no site da “Gazeta do Sul”, o treinador da atleta, Jorge Peçanha, afirma: “Acreditamos que ela não tem culpa nenhuma neste episódio. A Sabine utiliza suplementos e nunca consumiria algo que contém substâncias proibidas. Acredito que ela vai conseguir provar a inocência”, afirmou.

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Correr em Portland no verão é uma delícia

Por Rodolfo Lucena
24/07/13 12:26

Por causa de compromissos profissionais, visitei a cidade norte-americana de Portland, no Oregon, na semana passada. Já tinha passado por lá, mas em estadias-relâmpago, que permitiram apenas perceber que era tudo muito bacaninha. Além disso, nas outras vezes era inverno ou início da primavera, frio e chuva atrapalharam possibilidades de passeios mais amplo.

Desta vez, não. É pleno verão nos Estados Unidos, e Portland, que se autodenomina Cidade das Rosas, desabrocha sob o sol e convida a passeios pelas ruas, corridas e bicicletadas sem conta –é tida como a Capital dos Ciclismo nos EUA.

Não deu tempo de eu achar uma corridinha, uma meia maratona que fosse; em compensação, consegui fazer pequenos, mas compensadores, treinos matinais.

O primeiro passeio –absolutamente obrigatório—foi uma corrida pelas alamedas do parque à beira do rio Willamette, que divide a cidade em leste e oeste. O centro e as áreas mais badaladas ficam no oeste; do outro lado do rio, o território é mais amplo e suburbano.

O tal parque, apropriada e obviamente chamado de Riverside (ao lado do rio), é uma belezura, ainda que curtinho (fotos de minha lavra). Acompanha o Willamette por cerca de três quilômetros, que é também mais ou menos a extensão da região mais central da cidade.

No extremo sul do parque (à direita de quem fica de frente para o rio), há bares, restaurantes, lojinhas); no restante, há gramados, monumentos e alamedas onde ciclistas, pedestres e corredores dividem o espaço sem algaravia.

No extremo norte, mais perto da parte antiga da cidade, alguns sem teto aproveitam a grama quentinha para descansar. Sim, Portland tem muitos sem teto; a maior concentração é em um acampamento ao lado da entrada de Chinatown; há também gente que fica na praça em frente à prefeitura, sem falar nos que pedem esmolas nas esquinas.

Dá para cruzar a pé as várias pontes sobre o Willamette, tornando a corrida mais movimentada; do outro lado, porém, há apenas uma alamedona, sem grandes atrações além de uma escultura ou outra, como o Portal do Eco (abaixo).

O mais legal, porém, é a possibilidade de chegar a uma enorme floresta urbana, que fica a apenas alguns minutos de corrida para quem está na parte sul da cidade.

Enveredei pela Burnside, que é a avenida que divide a cidade em norte e sul, subindo em direção ao Washington Park. Em três minutos estava nos limites da floresta; nem acreditei que era a trilha que eu tinha vista no mapa e resolvi seguir subindo.

A rampa, que era modesta, foi se aprumando, ficando mais íngreme e minhas passadas mais lentas. Em dez minutos, já não se viam vestígios de urbanidade. Era mato de um lado e outro da avenida, sem calçadas, me obrigando a correr num acostamento improvisado, driblando os buracos e os cascalhos, de vez em quando subindo no asfalto, abrindo os braços para avisar aos motoristas que havia um doido na contramão.

Continuei subindo, à procura da entrada do matagal, que, imaginava eu, seria bem marcada e anunciada com grandes cartazes informativos. Nada. Em contrapartida, vi uma cruz na estrada e flores, homenagem a alguém que tinha sido atropelado e morto naquele local. Achei que era um bom sinal para eu parar de desafiar o trânsito.

Botei a viola no saco e enveredei de volta pelo mesmo caminho, agora com mais medo porque descia na mão, sem ver os adversários que roncavam no asfalto. Pude enxergar, porém, uma modesta trilha penetrando a floresta e resolvi arriscar.

Foi sensacional. A trilha subia, subia e não parava de subir. Apesar de ser de terra, “selvagem”, era construída, plana, mesmo nos locais em que só dava para colocar um pé ante outro. Uma maravilha. Tirei muitas fotos, mas poucas ficaram boas por causa da falta de luz e da incompetência  do fotógrafo. Mas talvez esta dê uma pálida ideia do que é o território:

Pressionado pelo horário, tratei de iniciar a minha volta. Saí de lá com a certeza que havia transitado por um dos mais belos e gostosos percursos em que já treinei na minha vida.

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Nova linha Free, da Nike, chega 60% mais cara

Por Rodolfo Lucena
19/07/13 13:34

Acompanhei, nesta semana, o evento de lançamento mundial de dois modelos da linha Free, da Nike. Na sua sede, em Beaverton, do ladinho de Portland, no Estado do Oregon, noroeste dos EUA, a empresa reuniu quase 300 jornalistas do mundo todo para mostrar sua nova filosofia de design, que chama de “natureza amplificada” (foto abaixo, de minha lavra).

Apesar de anunciados como tênis de corrida –que são, e de boa qualidade, como veremos a seguir–, ficou evidente o investimento da empresa em demonstrá-los como também parte do que o mercado e os marqueteiros chamam de “estilo de vida”.

Não por acaso, três dos cinco jornalistas/blogueiros que saíram do Brasil para o evento são da área de moda. Olhando o visual da turma presente, não ficaria surpreso se, no conjunto, a relação entre fashionistas e corredores, para estabelecer categorias genéricas e arbitrárias, fosse ainda mais díspar.

Isso acontece porque a empresa notou que os atuais modelos da linha Free, que é a mais vendida da Nike entre os modelos para corrida, há muito deixou o asfalto e as esteiras das academias sofisticadas para chegar às pistas das baladas e aos bares frequentados pela moçada. É que, aparentemente, a turma jovem quer demonstrar que também é saudável, além de totalmente moderna.

Tanto é assim que a linha AirMax, nascida para amortecer as passadas dos corredores, virou tênis de balada. No segundo dia do evento, estilistas apresentaram modelos AirMax que chegarão ao mercado nos próximos anos. O que arrancou mais “ahs!” e “ohs!” dos fashionistas foi um modelo em preto com solado em verde limão quase fosforescente no estilo Anabela (é como um salto alto, mas com a sola sólida em todo o pé, bem baixinha na frente e BEM alta no calcanhar). Teve até palmas para o sapatinho….

A linha Free está seguindo no mesmo caminho. “Nenhum core runner usa o Free para corrida”, me disse um executivo da área de comunicação da Nike. Por “core runner”, ele se refere a corredores dedicados ou “corredores sérios”, maratonistas ou gente focada em melhorar a performance.

Não que eles não usem o Free: segundo o mesmo executivo, os tais corredores sérios empregam o calçado em treinos regenerativos ou mesmo longos em ritmo leve, para mudar as exigências feitas à musculatura.

Até agora não falei dos lançamentos nem da filosofia “natureza amplificada”. Esse estilo de design procura fazer o que o nome tenta transmitir: melhorar características ou ampliar o potencial de desempenho do corpo humano, sem mexer no seu estilo ou aproveitando o jeito de ser do homem.

São dois os primeiros modelos criados segundo essa filosofia, o Free Flyknit (ao lado, Divulgação) e o Free Hyperfeel.

O primeiro combina duas tecnologias já usadas pela Nike: a flexibilidade do solado Free com o tecido do Flyknit, que, no dizer da empresa, proporciona “o ajuste preciso tipo segunda pele”.

Já o Hyperfeel é um tênis minimalista, ainda que a Nike pareça não gostar muito dessa palavra. No material de divulgação, o calçado é definido assim: “Um tênis que imita o funcionamento intricado do pé. Sua espuma Lunarlon copia as áreas de amortecimento sob o pé. A sola protege como se fosse uma pele endurecida. E a tecnologia Dynamic Flywire flexiona e contrai como os ligamentos”.

A maior novidade da linha, porém, não foi anunciada nos palcos do evento “natureza amplificada”, mas sim descoberta nos corredores: ele rompe o patamar de preço dos atuais modelos da linha Free, que tem preços na faixa que vai de US$ 100 a US$ 130 (cerca de R$ 220 a R$ 290). O preço do Free Flyknit, que chega em agosto, é US$ 160 (R$ 355, aproximadamente). O Hyperfeel, cujo lançamento está previsto para novembro, vai custar US$ 175 (quase R$ 390). Os valores são para o mercado norte-americano.

Essa diferença de 60% no preço é muito significativa. Claro que a Nike deve ter pesquisas dizendo que há mercado e renda para garantir vendas no volume que considera necessário, mas acredito que a empresa vai ter de gastar muito em marketing para convencer o público de que a mudança, o investimento extra, vale a pena. De certa forma, já vem fazendo isso, pois os atuais modelos com cabedal Flyknit (Nike Flyknit Lunar 1+) têm preços na faixa dos US$ 160. 

Não sei como funciona o público nesse terreno, mas lembro que, quando cobria informática diuturnamente, um alto executivo da área me disse que, nos Estados Unidos, uma variação de US$ 20 já pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de um produto.

A questão é: os produtos valem tudo isso? A resposta é de cada um, e envolve, como em qualquer outra compra, muito mais do que o valor intrínseco (se é que isso existe) ou a serventia do produto.

Que fique claro: mesmo por esse preço, eles não vão correr por você. O corredor vai ter de treinar, suar, fazer musculação, descansar, beber e comer direito. E esses modelos podem ser bons para alguns tipos de treino ou de corredor.

Com cada um deles, Flyknit e Hyperfeel, corri um quilômetro pelo campo que, no quartel-general da Nike, é nomeado em homenagem a Ronaldo –tem até uma estátua do Fenômeno (foto de minha lavra). Também circulei por alamedas de concreto em volta do gramado.

Achei o Free Flyknit bastante confortável, chegando a ficar surpreso com o bom amortecimento oferecido (eu esperava um tênis quase molengo), mas não notei, durante a corrida, a tal flexibilidade. Isso não quer dizer que ele não seja flexível –na mão, dá para dobrá-lo com a maior facilidade–, mas sim que não senti, no curto espaço de tempo que o experimentei, impacto dessa flexibilidade na corrida, nem para o bem, nem para o mal.

Já o Hyperfeel (ao lado, Divulgaçao) é outra conversa. Ele é mais afilado, mais pontudo, e a sola é quase nada; protege, é claro, mas parece que você está descalço. Outros corredores gostaram, mas eu tive, ao longo dos minutos que o experimentei, uma desagradável sensação de insegurança, sentindo as dezenas de ossos dos meus pés baterem no concreto quase como se eu estivesse descalço.

Em um e outro, a maior dificuldade que tive foi de calçar os tênis. A parte de tecido é muito ajustada, e o pé entra como se estivesse em uma meia de compressão, é preciso segurar firme o cabedal e forçar um pouco a passagem. Uma vez calçado, a sensação é de bastante conforto, com ajuste muito bom. Não senti os dedos apertados mesmo no Hyperfeel, que a tem a parte da frente mais fina.

Claro que é preciso adaptação para usar calçados como esses. Falando com os desenvolvedores dessa linha, eles deixaram claro que são produtos indicados para quem tem uma boa biodinâmica de corrida. Também devem ser mais indicados para corredores mais leves.

Os especialistas da Nike com quem conversei não quiseram dizer que esses modelos não são apropriados para atletas mais gordos, preferindo repetir a história da biodinâmica… Eu insisti, lembrando que, em geral, corredores mais pesados nem sempre são os mais eficientes no uso de seus recursos físicos para a corrida, e o entrevistado concordou. Vai daí que…

 

PS.: Viajei para o evento da Nike a convite da empresa.     

 

 

 

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Está faltando mulher na maratona

Por Rodolfo Lucena
18/07/13 15:38

As maratonas brasileiras, sabemos todos, são pequenas em relação ao número de corredores. E, com eventuais exceções, não têm aumentado muito. Ao contrário, boa parte está estacionada.

Neste ano, várias maratonas importantes, como a de São Paulo e a de Porto Alegre, tiveram suas dadas mudadas.

Isso é um dos fatores que irrita os corredores, prejudica o planejamento e faz com que vários procurem oma alternativa à prova inicialmente escolhida.

Além disso, essas provas deveriam começar muito mais cedo, por causa das condições climáticas do país, e ter um serviço muito melhor do que o oferecido.

Falo tudo isso inspirado por números que o treinador Nelson Evêncio, presidente da Associação de Treinadores de Corrida de São Paulo, divulgou em uma rede social.

Ele disse: “A edição da Maratona do Rio de Janeiro 2012 teve 546 concluintes mulheres e a de 2013 teve 772!” (de fato, segundo o site oficial, houve 771 mulheres concluintes e 3221 homens).

Não são números de empolgar, mas pelo menos representam um avanço. Mas parece que é algo pontual, a julgar pelo cometário seguinte de Evêncio: “A Maratona de São Paulo 2012 teve somente 213 concluintes mulheres”. E desafia: “Será que a organização terá alguma ideia genial para atraí-las?”

A esta altura do campeonato, duvido muito que consiga. Mas é uma pena que a coisa esteja desse jeito.

Não tenho números, mas dá para ver nas ruas que é significativa a presença feminina em corridas de menor distância. Em outros países, as mulheres também ocupam significativo espaço na maratona.
Nos Estados Unidos, as mulheres representaram 42% dos concluintes de maratonas no ano passado, aumento de um ponto percentual em relação ao ano anterior –a diferença em relação aos homens caiu de 18 pontos percentuais para 16 pontos percentuais.

Na sua opinião, prezado leitor, veloz leitora, o que faria com que mais mulheres passassem a participar de maratonas no Brasil?

Cartas para a Redação (ou melhor: deixe seu comentário cá neste blog). 

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Dinamarquesa com esclerose múltipla faz 366 maratonas em 365 dias

Por Rodolfo Lucena
16/07/13 10:32

Aos 41 anos, a dinamarquesa Annette Fredskov estabeleceu no último domingo um novo recorde de resistência. Em um ano, fez uma maratona por dia, todos os dias. E, para não deixar que ninguém dissesse que as dinamarquesas são fracotes, Fredskov ainda fez mais uma de lambuja.

Se você está de queixo caído, repito a informação, agora com número: ela fez 366 maratonas em 365 dias. No último dia, o domingo passado, como estava se sentindo exultante por completar o desafio, dobrou a distância.(veja AQUI um pequeno vídeo, narrado em inglês, contando o fim da jornada da moça).

Ela é uma maratonista um pouco melhor do que a média, segundo o critério da velocidade: sua melhor marca na distância é de 4h08min14 (nos EUA, o tempo médio das mulheres foi de 4h44min19 em 2010).

Mas há um porém: a recordista de resistência sofre de esclerose múltipla. A definição mais simples que encontrei para a doença é esta: “A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória que não tem cura e extremamente invasiva. Atinge as fibras nervosas responsáveis pela transmissão de comandos do cérebro a várias partes do corpo, provocando um descontrole interno generalizado”.

Annette Fredskov resolveu enfrentar o desafio para promover a luta contra a doença, dizendo que pretende inspirar as pessoas a seguirem os seus sonhos e não imporem limitações a si próprias.

Foi há três anos que ela ficou sabendo que sofria da doença. Como você pode imaginar, foi um choque para ela, que é casada e tem dois filhos –Emilie, de 11 anos, e Viktor, de 9 anos.

Naquele mesmo 2010, correu sua primeira maratona, em Frankfurt, Alemanha. “Foi amor à primeira vista”, disse ela, que, ao final do ano seguinte, já havia completado nada menos do que 51 maratonas.

Mesmo assim, ainda dava bola (com razão, segundo boa parte dos médicos) para a afirmação de que correr maratonas não é saudável. “Hoje penso diferente”, diz ela em seu site (AQUI). “A maratona foi a melhor coisa que aconteceu para meu corpo e minha alma.”

E completa, contando sua história com a doença: “Há três anos, descobri que sofria de esclerose múltipla. Hoje, sem usar nenhum remédio, não tenho nenhum sintoma da doença nem qualquer problema relacionado a ela. Acredito que correr maratonas é um fator importante para eu estar saudável hoje. Além disso, descobri novas prioridades, que me proporcionam melhor qualidade de vida”.

 

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Atentado na maratona de Boston vai ser tema de filme

Por Rodolfo Lucena
12/07/13 15:10

Ainda não se passaram três meses do atentado no final da maratona de Boston e já se sabe que teremos um filme a respeito da tragédia.

Nesta semana, foi anunciado que Eric Johnson e Paul Tamasy, roteiristas do docudrama “O Vencedorr”, compraram os direitos para cinema de um livro sobre os acontecimentos de Boston.

O livro não saiu ainda, devendo chegar às lojas só no ano que vem, mas é assim que funciona  a indústria do entretenimento. Trata-se de “Boston Strong” (A Força de Boston, em tradução livre), que está sendo produzido por Dave Wedge, repórter do “Boston Herald”, em parceria com Casey Sherman.

Além de contar detalhes sobre as explosões, o livro mostra a reação da cidade ao atentado, que deixou três mortos e centenas de feridos.

Diferentemente do livro, o filme não tem data para lançamento. O roteiro deve levar pelo menos um ano para ser concluído, sendo a imprensa especializada  nas lides cinematográficas.

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Suspeito de atentado na maratona de Boston se diz inocente

Por Rodolfo Lucena
10/07/13 17:09

Na primeira aparição pública desde que foi preso sob suspeita de envolvimento na colocação de bombas na área de chegada da maratona de Boston deste ano, Dzhokhar Tsarnaev compareceu hoje perante um juiz federal e se declarou inocente de todas as acusações.

As explosões provocaram a morte de três pessoas e deixaram mais de 260 feridos ao final da 117ª edição da prova de Boston, a mais antiga corrida do gênero no mundo.

Hoje, protegido por forte aparato de segurança, Tsarnaev enfrentou a primeira sessão de seu processo judicial. Vítimas das explosões estavam presentes no tribunal.

Ele foi preso escondido em um bote em um subúrbio de Boston, no dia 19 de abril. Tinha conseguido fugir da polícia depois de um tiroteio em que seu irmão, também suspeito de envolvimento no caso, foi morto.

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