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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Monitor de atividade física pode ajudar a enfrentar sedentarismo

Por Rodolfo Lucena
27/06/14 09:05

Sabe aquele tipo de produto que você olha, olha, pensa, pensa e diz para si mesmo: “Não, eu nunca iria comprar uma coisa dessas”?

Pois as tais pulseiras atléticas, que monitoram a movimentação do vivente e, conforme o caso, ainda dão informações sobre frequência cardíaca, para mim sempre estiveram nessa categoria de produto.

27vivo2Por isso, nem sequer me interessei em testar quando elas começaram a surgir. Neste ano, porém, a Garmin anunciou sua entrada nesse segmento. Como a empresa é reconhecida fabricante de bons produtos para corredores, resolvi fazer uma resenha da Vivofit, que é o nome da pulseira da boa forma da Garmin.

Bom, não mudei minha opinião: para mim, não serve para nada. Ou, dizendo de forma mais elegante: não tem as funções que procuro para ajudar a monitorar minha atividade física. Por outro lado, pude perceber que o aparelho pode ser uma boa ajuda e até incentivo para que pessoas sedentárias se engajem em atividade física ou mesmo apoio para iniciantes em corrida.

O que ela faz: conta os passos que você dá ao longo do dia. Mais precisamente, no período em que você usa a pulseira; como ela é leve, dá para ficar o dia todo. Não é preciso tirar nem para dormir, se o vivente resolver encará-la como aquelas pulseiras magnética ou simplesmente um recuerdo do Senhor do Bonfim. É leve e bonitinha, como se vê na imagem acima.

Ela conta os passos e mede os quilômetros percorridos. A precisão é mediana, digamos assim –em vários dias de teste, usei também um relógio com GPS, e houve diferença média de 300 m a 400 m. Também monitora horas de sono e o ritmo cardíaco, se você comprar na versão com cinta cardíaca (que é mais cara, obviamente; depois falo os preços).

Quando você chega em casa, pode passar tudo para o computar sem grandes dificuldades se você for um cara habilidoso. Eu, que tenho pés tortos no lugar das mãos, passei o maior trabalho para inserir na porta USB do computador o tal ANT sticker, que é uma espécie de micropen drive: uma pecinha do tamanho de uma unha que serve de intermediária para a comunicação da pulseira e o computador.

Para mim, é a pior característica do conjunto. Precisa inserir aquilo no computador a cada conexão (a não ser que você queira deixar um porta USB permanentemente ocupada) e, pior, precisa guardar em local seguro a maldita pecinha –que, como disse, é do tamanho de uma unha e altamente perdível, mimetizável  em qualquer gaveta bagunçada.

Uma vez inserida a tal peça, a sincronização é fácil e rápida. Daí é só alegria. O software que mostra os dados é uma beleza, na minha opinião, seguindo os padrões de apresentação e detalhe de outros produtos da Garmin. Além disso, é muito entusiasmado e fica dando parabéns ao usuário pelas novas conquistas –você deu 5.000 passos hoje!!! Ganha uma medalha; você deu 12 mil passos, outra medalha, recorde!! Recorde!!! RECORDE!!!!  e outras gentilezas do gênero.

27vivo1

O usuário pode colocar desafios para si mesmo, o que costuma ser um incentivo para ficar firme na atividade física. Essa é, por sinal, a principal função desse tipo de equipamento: servir como apoio e provocação para quem começa a lutar contra o sedentarismo.

Experiências monitorando o uso de pedômetros (que é um parente próximo, antecessor dessas pulseiras da boa forma) entre crianças e adultos na Europa (veja AQUI e também AQUI) mostram resultados estimulantes no sentido do aumento da atividade física e da melhora dos indicadores vitais. Por isso que digo que pode ser uma boa arma para quem quer começar suas caminhadas atléticas. Claro que não é a panaceia de todos os males; pode ser um incentivo, um empurrãozinho extra.

Tenho dúvidas, porém, quanto ao custo/ benefício. Cá no Brasil esse produto é vendido por R$ 599 na versão mais simples e por cem reais a mais na versão com cinta cardíaca. Claro que é melhor comprar com a cinta cardíaca, especialmente se o usuário for sedentário. Nos EUA, custa cerca de US$ 130, o que dá aproximadamente R$ 300, dependendo do câmbio. Enfim, para alguns isso é dinheiro de pinga; para outros pode ser metade do salário do mês.

Ah, para quem estiver avaliando se vale a pena, não custa lembrar que a Vivofit também marca as horas, além de contar passos e acompanhar os batimentos cardíacos do vivente.

 

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Fisioterapeutas recomendam uso de kinesio tape em casos específicos

Por Rodolfo Lucena
23/06/14 08:47

A entrevista com o professor Leonardo Costa, publicada na semana passada aqui neste blog provocou polêmica.

Como você se recorda, ele coordenou uma pesquisa que analisou os estudos feitos no mundo acerca da eficácia do kinesio taping, a terapia que emprega uma espécie de fita gomada colorida no tratamento de lesões musculares.

O resultado foi não apenas de que não há comprovação científica dos benefícios da fita; o estudo demonstrou que o KT não funciona.

Para o leitor Mark Hudson, fisioterapeuta, a matéria publicada “é de extrema irresponsabilidade”. Segundo ele, que comentou o texto aqui no blog, “existem vários estudos e esse é apenas mais um”.

“Existem técnicas diferentes de aplicação com intuito de reduzir a dor, reduzir edema e melhorar a circulação, para reposicionamento articular e as técnicas para inibir ou estimular a ação muscular; de todas essas, somente a última tem resultado questionável, clinicamente falando.

Temos que lembrar que é uma técnica relativamente recente e que muitas pessoas fazem aplicações de forma errada e em seguida testam, é claro que vai dar um resultado que não condiz com a realidade. Existem muitas dúvidas ainda em relação à quantidade de tensão colocada na fita, que, na prática,  mostra resultados variados.”

Buenas, para fazer a reportagem publicada na semana passada na Folha, entrevistei vários fisioterapeutas e outros especialistas do mundo das corridas. Eles deixaram claro que, na prática, a teoria é outra, como diz o ditado popular. Ou seja, apesar de não haver comprovação científica da eficiência da terapia, há casos em que pacientes dizem melhorar com o KT.

A seguir, coloco os principais trechos de algumas das entrevistas que fiz.

Começo com o fisioterapeuta HÉLIO NICHIOKA, 41, coordenador técnico do Instituto Vita. Especializado em ortopedia, traumatologia e medicina tradicional chinesa, já tratou atletas olímpicos como Diego Hypolitto, Daiane dos Dantos, Natália Falavigna e Leandro Guilheiro.

O senhor recomenda o uso do kinesio tape? Por que?

Eu recomendo seu uso em casos bem específicos. Em casos em que o paciente tem muita dor, observo na clinica diária que uma parte deles refere um bom alívio nas dores.

[Pode ser aplicado] em pacientes mais ativos, mais jovens e não diabéticos,  uma vez que o adesivo deve ser tolerado pela pele, e pessoas mais velhas tendem a ter uma pele mais frágil (o que facilita o surgimento de lesões cutâneas); em diabéticos há o risco maior disso acontecer com um tratamento difícil e indesejado. Todo o meu uso atual esta embasado em experiência clinica. Há carência de estudos até pela novidade da KT, e a ciência tem a sua própria velocidade. Recomendo seu uso em casos onde há uma analgesia importante com o uso da KT –a fratura de costela, por exemplo, é uma lesão extremamente dolorosa e que responde bem ao uso do adesivo com melhora do paciente quase que instantaneamente.

Em que casos o senhor aplica o KT?

Fraturas de costela, epicondilites laterais do cotovelo (o cotovelo do tenista), lesões musculares, etc. Lembro que o KT NÃO TRATA o paciente. Eu acredito no adesivo como um suporte analgésico ao paciente até ele sair da lesão, principalmente na sua fase mais dolorosa…. O tratamento envolve um espectro mais amplo de recursos e técnicas. Há relatos de uso em edemas, para “aumentar” a força e a resposta muscular, para “inibir” uma contração muscular. Eu vejo ainda estes usos FANTASIOSOS e sem fundamento biomecânico/fisiológico

Que resultados o senhor já teve?

Já obtive ótimos resultados como melhora substancial da dor imediata do paciente, melhora da função nas atividades do dia a dia. Houve também muitos casos em que o paciente relata melhora zero, onde não há qualquer alteração do quadro nem para melhor nem para pior.

Em que estudos científicos o senhor baseia o uso do KT?

Não baseio em estudos, apesar de buscar uma atuação fisioterapêutica EMBASADA, seguindo guidelines internacionais em revistas de alto impacto. Nãoo há ainda qualquer evidência de que a KT tenha seu uso apoiado de maneira sistemática em lesões ortopédicas. Eu aplico pela experiência clinica dos resultados bons e ruins do dia a dia, e entendo que o adesivo é realmente mais uma ferramenta para suporte analgésico ao paciente além do uso no alto rendimento como suporte. Lembro que a mesma carência de suporte científico é observada no caso de palmilhas esportivas e joelheiras/cotoveleiras e outros acessórios largamente utilizados.

O senhor conhece estudos científicos que demonstrem a ineficácia do KT?

Os estudos disponíveis atualmente não recomendam o seu uso e eles estão em pequeno número ainda. A grande vantagem da KT é que, pelo menos no Brasil, é o primeiro adesivo disponível para uso em humanos com alguma qualidade no material e na fabricação.

PEQUENO INTERVALO

Agora a entrevista é com a fisioterapeuta PAULA SOUSA, especialista em fisioterapia esportiva, com formação e aprimoramento em técnicas de terapia manual e postural (RPG, Mulligan, Maitland, ATM, Kinesio Taping, Estabilização Segmentar). Sócia-proprietária da Solus Fisioterapia, atendeu a seleção brasileira de kung fu de 2007 a 2011

Vamos às respostas dela.

A senhora recomenda o uso do kinesio tape? Por que?

Baseio muito minha pratica clínica nas pesquisas cientificas, mas não posso deixar nunca de observar e confrontar a minha prática com os estudos. Na grande maioria das vezes em que aplico algumas técnicas, como a KT, levo muito em conta a segurança e o conforto do paciente/atleta. Para mim, a melhora dele esta sempre em primeiro lugar; se faz bem a ele, dou-lhe todas as ferramentas disponíveis, se não responde bem ou é indiferente, não coloco como protocolos.

Sabemos que o uso da KT depende exclusivamente da adaptação positiva de cada paciente/atleta, como não fazer alergias ou irritações na pele, ou se sentir atrapalhado com uma bandagem que se solta com o suor ou cremes ou atrito com o material esportivo, durante o treino e principalmente competições. Alerto também para o alto custo da bandagem e o uso do paciente como marketing.

Para os próprios atletas, às vezes indico as que já são recortadas e de simples orientação, SE ele for para competições em que eu não consiga dar suporte e SE este paciente mostra mais segurança com elas.

Em que casos a senhora aplica o KT?

Utilizo em casos que apresentam hematoma e edema, há comprovação científica e clínica do descongestionamento sanguíneo e da linfa, com o consequente alívio da dor causada pela compressão que esses líquidos fazem nas estruturas locais. Também observo um bom aproveitamento nos casos em que há uma baixa consciência corporal, ou seja, aprendizado e manutenção do bom posicionamento articular. O feedback sensorial proporcionado pela KT mantém o que se ganha com os exercícios do programa de reabilitação entre uma sessão e outra, otimizando o processo de evolução.

Que resultados a senhora já teve?

Os resultados da KT dentro do programa de reabilitação são em sua maioria de suporte sensorial e psicológico. Como não podemos ignorar o fato de que a parte psicológica do ser humano é fator fundamental para performance em qualquer que seja sua empreitada, se posso auxiliá-lo nisso, o faço. Como resultados físicos comparados a olho nu, o mais eficiente é o descongestionamento de hematoma.

Em que estudos científicos o senhor baseia o uso do KT?

Minha base de dados são artigos científicos publicados em revistas importantes da nossa área. Procuro não me ater a leituras patrocinadas pelas marcas que estão sendo testadas, esses artigos tem aos montes na internet e são obviamente, sugestivos.

A senhora conhece estudos científicos que demonstrem a ineficácia do KT?

Li dois ou três artigos, dentre as centenas que já existem sobre o assunto, mostrando não exatamente a ineficácia, mas falta de comprovação. Nesse assunto há muito marketing envolvido, muita distorção da aplicação, desde a técnica até o momento em que se usa.

PARA COMPLETAR, A FALA DO TREINADOR

Conversei também com NÉLSON EVÊNCIO, presidente da Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo.

A seguir, o depoimento dele.

“Já usei algumas vezes o kinesio taping.  A primeira porque tinha uma dor na famosa b anda iliotibial (parte lateral da coxa). Me senti muito bem, com mais firmeza na articulação e nenhuma dor.  Corri um treino longo de 30 km e a Maratona de Berlim usando a bandagem, e a dor lateral não apareceu em nenhum momento. Outras duas vezes que utilizei foi quando pisei em raiz de árvore correndo na trilha do Ibirapuera e torci o tornozelo.  A fisioterapeuta aplicou e deixou a articulação mais firme, permitindo que eu treinasse normalmente.

“Recomendo, sim, o uso, mas desde que antes a fisioterapeuta avalie a necessidade e aplique, pois se a pessoa não souber aplicar, não terá efeito.

“Já li alguns artigos que dizem que funciona e outros que não há comprovação científica. Segundo o criador da técnica, a aplicação correta produz diminuição da dor e da sensação de desconforto; promove suporte durante a contração muscular; diminui a congestão do fluxo linfático, assim como extravasamento sanguíneo subcutâneo; ajuda nas correções dos desvios articulares; promove auxílio na contração muscular; promove estímulos, aumento da propriocepção.

“Eu aprovei na prática!  O importante é que uma fisioterapeuta especializada aplique, pois, se não aplicar direito, não surte efeito.”

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Uma corrida em San Antonio, cidade bela e guerreira  

Por Rodolfo Lucena
19/06/14 13:21

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“Remember the Alamo!” é a frase onipresente nas ruas de San Antonio, uma das mais belas cidades do Texas. E como não lembrar? O Alamo está por toda parte, em nomes de restaurantes e hotéis, bebidas sofisticadas, ruas. E, claro, há o Alamo propriamente dito.

Não o verdadeiro, o original, mas uma reconstrução do que sobrou depois do ataque dos mexicanos comandados pelo general Santana, em 1836. Todos os defensores do forte foram mortos, depois de um cerco brutal. A resposta veio em uma batalha posterior, em que os texanos derrotaram os mexicanos tendo como palavra de ordem a tal “Remember the Alamo”.
Por um tempo o Texas virou território independente, logo anexado aos Estados Unidos.

Hoje o Alamo é ponto turístico de visitação obrigatória para quem visita a cidade (se você quiser, dá para fazer uma visita virtual por este site AQUI, que tem também ótimas informações históricas). Em volta dele há bares, lojas, restaurantes, um hotel tradicionalíssimo onde supostamente habitam fantasmas e uma pequena praça de onde costumam sair as corridas locais.

Foi em torno dessa praça que fiquei rodando que nem barata tonta quando estive na cidade –a vista rendeu uma reportagem publicada na última quinta-feira no caderno Turismo, da Folha; veja o texto AQUI. Procurava, sem sucesso, o grupo que iria participar da River City Run (confira AQUI o site oficial). Sabia que seriam poucos; não havia pórtico nem faixas, muito menos cartazes. E estavam atrasados.

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Será que eu estava no lugar errado? Caminhei mais um pouco, cruzei outro quarteirão, a tensão crescendo. Aquela seria uma corrida arriscada para mim, pois, para variar, estava em um dos tantos períodos de recuperação de lesão, dor ou algum sofrimento qualquer –ultimamente, parece que vivo nisso, em recuperação sem nunca me recuperar.

De qualquer forma, não haveria de ser um grande esforço: a distância prevista era de cerca de 5 km, a serem percorridos em aproximadamente uma hora e meia.

Claro que nem nos meus piores momentos de corredor eu levaria 90 minutos para rodar 5 km. A corrida é que é diferente: trata-se de um “running tour”, como eles dizem, uma corrida misturada com passeio turístico. Os trechos efetivamente corridos são curtos, de 200 m a 1.500 m no máximo. Servem apenas para os participantes irem de uma atração turística a outra. Em cada parada, os anfitriões contam a história do monumento, prédio ou praça visitada.

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Para mim, foi uma delícia. Tinha chegado à cidade no final da tarde anterior. Aproveitei o início da noite para uma caminhada e logo percebi que era hospitaleira, gostosa de passear, apesar de não ter  nenhuma grande beleza natural.

Sua maior riqueza é o rio, xará da cidade. Ele corre abaixo do nível da maioria das ruas. Por toda parte, há escadas que levam às alamedas construídas na beira do rio, onde também há restaurantes em penca, bares, lojinhas mais ou menos sofisticadas e até o acesso a um shopping center bem razoável.

Damos uma paradinha em frente ao tal hotel assombrado, passamos pela torre de rádio e tv, mais alta construção da cidade, que abriga no topo um bar e restaurante famoso pela vista (cheguei a visitar e não me empolguei muito, tudo em volta é uma planície sem fim).

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A “corrida” prossegue por praças, onde somos apresentados a figuras históricas. Também cruzamos pelos prédios das instituições locais, prefeitura, palácio da Justiça, câmera etc. E, na perna mais longa do passeio, chegamos até o mercado das pulgas, uma feira de rua com muitas lojinhas mexicanas, comida aos montes, atrações musicais –nos finais de semana—e prédios maiores, onde há uma espécie de camelódromo sofisticado, com montes de pequenas lojas de lembranças, roupas e outros artefatos que costumam atrair turistas.

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Nas corridas, tentei ficar sempre na frente—já que era tão pouquinho, tentei ver como ia o corpo. Um dos monitores pergunta quantos anos tenho e comenta que até que não estou mal para minha idade. Fiquei furioso por dentro, mas mantive a elegância que me caracteriza, ainda mais que o sujeito tinha metade da minha e jamais havia corrido sequer uma meia maratona: estava treinando para sua estreia, que seria em algumas semanas. Boa sorte, camarada, que o asfalto te seja leve!

Pedrão, prezado leitor, querida leitora, pelo parêntese de caráter totalmente pessoal. Volto à cidade, que estou mostrando em fotos ao longo desta mensagem:  na manhã de domingo, um casal de noivos aproveitou para as fotos de sua próxima, futura ou passada, sei lá, celebração de enlace.

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E, com tranquilidade, sem dores maiores e de coração alegre, terminamos a jornada na cidade sonolenta e bela, onde a maioria da população ainda dormia, aproveitando a folga dominical –ou, pelo menos, é o que as ruas dão a entender…

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Kinesio tape não funciona, diz estudo brasileiro

Por Rodolfo Lucena
16/06/14 09:48

A gente está cansado de ver, em partidas de futebol, jogos de tênis, embates e de vôlei e até disputas de natação, atletas exibindo aquelas fitas gomadas coloridas. Muitos de nós, corredores, também já usamos a kinesio tape, em tratamento de alguma lesão muscular.

Pois agora um estudo feito por pesquisadores brasileiros, que revisaram pesquisas internacionais envolvendo quase 500 pacientes, demonstraram que os cientistas não conseguiram provar a eficácia desse tipo de tratamento. Eu entrevistei o orientador desse trabalho, professor Leonardo Costa, coordenador do programa de doutorado em fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID) para bum reportagem que foi publicada na semana passada na Folha (leia AQUI).

Agora, publico a entrevista completa com o professor Costa, que dá mais detalhes sobre o seu trabalho. A Pesquisa foi publicada no “Journal of Physiotherapy”, uma das três mais importantes revistas científicas no mundo no terreno da fisioterapia. Como em outras publicações do gênero, ela só publica artigos depois de os textos passarem por rigorosa revisão feita por cientistas da área.

Bueno, vamos à entrevista.

Por que o senhor resolveu fazer uma revisão dos estudos sobre kinesio tape?

Eu me interessei em estudar o kinesio taping após ver centenas de imagens na TV de atletas profissionais, por volta de 2010, utilizando essas fitas coloridas. Naquela época, achava que era simplesmente um esparadrapo colorido e bonitinho. Nesse mesmo ano, fui ao congresso da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe) e vi uma palestra do Kenso Kase (um quiropracista que é o inventor da técnica). Achei o teor e os argumentos científicos do uso da fita extremamente superficiais e decidi estudar essa intervenção a fundo. Rapidamente percebi que os poucos estudos existentes já afirmavam que a técnica não funcionava e decidi abrir uma linha de pesquisa nesse tópico.

Desde então fizemos uma revisão sistemática (que é o tópico dessa entrevista), já encerramos um ensaio controlado aleatorizado em 148 pacientes com dor lombar crônica (que será publicado em julho desse ano) e estamos, no momento, fazendo um terceiro estudo, também em pacientes com dor lombar.

Um dos objetivos do meu grupo de pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo – Unicid (também liderado pela profa. dra. Lucíola Menezes Costa) é informar melhor pacientes e terapeutas sobre a eficácia do kinesio taping em pacientes com problemas do aparelho musculoesquelético. A revisão também faz parte do estudo da ex-aluna Patrícia Parreira do Mestrado em Fisioterapia da UNICID, hoje doutoranda na University of Sydney, Austrália.

Na introdução de seu trabalho, o senhor cita outras pesquisas do mesmo gênero (revisão de literatura), ainda que com aspectos diferentes. Consideradas as suas especificidades, quais foram os resultados dessas pesquisas? Eles são consistentes com o resultado da pesquisa que o senhor coordenou?

Os resultados das revisões anteriores são extremamente consistentes com os da nossa revisão. De forma bem resumida e simples pode-se dizer que a evidência cientifica atual é muito clara: o KT não é útil para pacientes e atletas como os criadores da técnica proclamam.

A pesquisa afirma que não há comprovação científica ou médica de efeitos curativos do KT. Qual é a novidade disso, considerando que, já na Wikipedia, o verbete sobre o tema começa dizendo exatamente isso? Ou seja, é voz corrente mesmo fora dos meios acadêmicos ou científicos…

Eu me faço a mesma pergunta todos os dias: se todos sabem que não funciona, por que todos continuam usando? Há uma indústria de fitas e cursos enorme por trás disso, que distribuem gratuitamente fitas em jogos olímpicos e grandes eventos esportivos. Isso passa uma impressão de credibilidade do tipo “se o Rafael Nadal usa, porque eu não posso usar?”.

Lembro a você, Rodolfo, que aquelas braçadeiras magnéticas (denominadas de Power Balance) tiveram a mesma repercussão no passado e hoje estão banidas por órgãos de defesa do consumidor em vários países desenvolvidos. A triste realidade é que muitos recursos utilizados no esporte não necessariamente possuem suporte científico para sua utilização.

O fato de não haver comprovação científica significa dizer que a fita não funciona?

Há uma grande diferença entre “não haver comprovação científica” (não haver estudos) e “haver comprovação que não funciona”. Minha revisão encontrou 12 ensaios controlados aleatorizados (que são considerados os melhores tipos de estudo para verificar os efeitos de uma intervenção de saúde) e praticamente nenhum deles encontrou benefícios dessa fita. Ou seja: há comprovação científica de que não funciona.

Logicamente, é possível que novos estudos isolados venham a encontrar resultados positivos de forma pontual, mas os dados atuais apontam que essa possibilidade é improvável. Nosso grupo de pesquisa da Unici segue realizando novos estudos para verificar se algo muda. Como pesquisadores profissionais, estamos prontos para divulgar nossos resultados, independentes deles serem positivos ou não. Nosso foco é informar usando a melhor ciência disponível.

Se ela não funciona, como o senhor explica o grande número de atletas que a usa, como se viu na última Olimpíada ou em qualquer partida internacional de tênis?

O KT é um dos maiores “cases” de marketing esportivo da história. Desde as olimpíadas de Sydney em 2000, quilômetros de fitas KT são distribuídos gratuitamente para os departamentos médicos das confederações esportivas de todos os países (há várias reportagens sobre isso na internet). Muitos médicos, treinadores e fisioterapeutas passaram a usar a tal fita colorida em seus atletas e o KT ganhou muita publicidade gratuita com isso.

Infelizmente, a maioria esmagadora dos estudos vem demonstrando que o efeito dessas fitas não são superiores a de um efeito placebo. Cientificamente falando, o fato de um atleta se sentir melhor com uso da fita não significa que ela seja eficaz.

No mesmo sentido, como o senhor explica que vários treinadores de corrida e fisioterapeutas especializados na área esportiva recomendem seu uso e façam aplicações do KT? Aliás, conversei com alguns que deram depoimentos entusiasmados (tipo: uso, defendo e recomendo)…

A mente humana é incrível e quanto mais publicidade positiva (e não baseada em evidências científicas) ocorrer, maior será essas impressões incorretas de eficácia. Infelizmente, os cursos de utilização de KT e as demais formas de divulgação dessa intervenção não apresentam os estudos que, de fato, investigaram sua real eficácia.

O mais curioso é que, mesmo quando apresento dados sobre isso, muitos técnicos e fisioterapeutas dizem:  “Pois eu continuarei usando”. Isso é lamentável, porque no fundo, ninguém está se beneficiando. Tratamentos eficazes podem estar sendo substituídos por um novo tratamento que não é melhor do que um placebo.

O senhor acredita que há mais marketing do que ciência em torno da eficácia do KT?

Não só para o KT como para diversas intervenções em saúde. A ordem correta das coisas seria que primeiro fosse testada a eficácia das intervenções e depois as mesmas poderiam ser colocadas no mercado. Infelizmente, não é isso que acontece e nesse meio tempo, muitos gastos são feitos em tratamentos ineficazes.

Por favor, dê mais detalhes sobre a pesquisa realizada pelo seu grupo.

O estudo considerado padrão ouro para determinar a evidência de uma determinada intervenção é denominado “revisão sistemática de ensaios controlados aleatorizados” e esse foi o estudo que fizemos. Nós buscamos nas principais bases de dados em pesquisa do mundo os ensaios controlados aleatorizados sobre a eficácia do KT para pacientes com qualquer problema músculo esquelético.

Encontramos 12 ensaios clínicos que preencheram esses critérios de elegibilidade. Retiramos todas as informações de cada um dos estudos (como por exemplo, qual problema de saúde foi investigado, como as fitas foram aplicadas, qual foi o grupo controle utilizado para comparação, qual era o tamanho amostral, além dos resultados de cada um dos estudos, entre outros). Além disso, analisamos a qualidade metodológica de cada um desses estudos.

De posse dessas informações, fomos capazes de sumarizar os resultados dos 12 estudos, ponderando esses resultados levando em consideração o tamanho amostral e a qualidade de cada um dos estudos. Nossas conclusões foram que praticamente todos os estudos encontraram que o KT não era melhor que os grupos controle e nas raras situações em que o KT foi melhor, essa “vantagem” era ínfima e que não pode ser considerada como clinicamente importante.

É importante ressaltar que nossas conclusões são baseadas nesses 12 estudos já publicados e que é possível, que estudos maiores podem mudar essas conclusões. Mas está claro que a evidência atual é contundente que o KT está longe de ser considerado como uma terapêutica eficaz para pacientes com dores de origem musculoesquelética.

Não é pouco para fazer afirmações como as que vocês fazem?

Na data da realização das buscas da revisão, só existiam 12 ensaios controlados aleatorizados sobre o tópico, nossa revisão sumariza TODA a evidência disponível para pacientes com distúrbios musculoesqueléticos. Ou seja, nenhum estudo com essas características foi desconsiderado.

Há outras revisões que só analisaram estudos com atletas ou com pessoas normais. Ambos estudos analisaram variáveis de performance (como por exemplo, saltos verticais, força muscular, etc). A conclusão dessas revisões é idêntica a nossa: o KT não foi melhor que placebo.

Como a comunidade acadêmica recebeu seu estudo?

Todas as vezes que apresentamos os resultados dessa revisão em congressos, defesa de dissertação de mestrado e para agências de fomento de pesquisa (como a FAPESP e CNPq), os projetos de KT do nosso grupo foram sempre bem recebidos. Nossos estudos são extremamente rigorosos do ponto de vista científico e nunca fomos questionados quanto a interpretação e veracidade dos nossos resultados. A comunidade acadêmica analisa os dados de forma neutra e sem conflitos de interesse. Ninguém viu os dados com surpresa. Porém observo muita frustração de clínicos e instrutores de KT em nossas apresentações.

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Goldman Sachs erra a primeira

Por Rodolfo Lucena
13/06/14 10:07

O banco de investimentos Goldman Sachs errou seu primeiro prognóstico da Copa. Como você já leu cá neste blog, o operador do mercado financeiro fez um detalhado relatório sobre a competição, prevendo a conquista do hexa pelo Brasil –o time tem 48% de chances de ser o campeão, na avaliação publicada pelo GS.

Também fizeram uma espécie de bolão científico. Com a ajuda de seus programas de estatísticas e análises históricas, cravaram os resultados de todas as partidas da Copa.

Já começaram errando: para o GS, o placar do jogo de abertura seria Brasil 4, Croácia 1. Faltou um golzinho…

Bueno, para os jogos desta sexta,  as previsões são empate meio sem sal, 1 a 1 em todas as partidas do dia.

Quem viver verá.

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Brasil vence Argentina por 3 a 1 na final, diz banco de investimentos

Por Rodolfo Lucena
11/06/14 09:10

Neste momento solene, peço vênia a você, estimado leitor, querida leitora, para deixar por instantes o asfalto e as pistas e abraçar com coração e mente o mundo da bola e do gramado.

Você já deve estar careca de saber dos problemas desta Copa, dos rolos financeiros, das acusações que circulam por aí. Mas aposto que não sabe quais serão os resultados dos jogos. Talvez tenha crença de que o Brasil possa ser campeão, mas essa estimativa é baseada no orgulho de ser brasileiro. E sobre aquela dúvida: será que não dá Argentina?

Pois eu lhe digo: não vai dar Argentina. Aliás, não sou eu quem diz. Como qualquer jornalista, sou apenas mensageiro de informações tabuladas, analisadas e geradas por mentes mais sábias. No caso, o famoso banco de investimentos Goldman Sachs, que colocou os cérebros prodigiosos de seus analistas, acompanhados da monstruosa habilidade de seus computadores e programadores a serviço dos apreciadores do futebol.

Como fez em anos anteriores, o GS lançou um livreto digital chamado “A Copa do Mundo e a Economia”. Inclui uma enquete feita com milhares de clientes (falo dela depois) e previsões de resultados baseadas em cálculos de probabilidades, história etc. e tal.

Não vou entrar aqui nos detalhes do desenho realizado pelos especialistas para organizar suas previsões. Isso é coisa que se parece às alquimias secretivas da Idade Média e foge à minha argúcia, que nem é tão grande assim.

Vamos direto, portanto, ao que interessa: o Brasil vai ser campeão. Não só o équiça vem aí, mas a vitória na final será contra a Argentina, pelo clássico placar de 3 a 1.

Para chegar lá, o Brasil terá voado com céu de brigadeiro pela fase de grupos, ganhando de 4 a 1 da Croácia e do México e despachando Camarões por 5 a 0.

Nos mata-matas, a pátria em chuteiras vai devolver à Holanda a derrota passada, superando os laranjinhas por 3 a1. Depois, vai mais uma vez espantar o fantasma do Maracanaço (que , mesmo assim, perdura), derrotando o  Uruguai também por 3 a 1. Para chegar à final, derrotará a Alemanha num jogo mais tenso, dramático, que terminará 2 a 1. E aí virá a Argentina, pronta para levar o baile já apresentado antes.

Eu não sei se, como perguntaria Garrincha, o GS combinou tudo com os joões, se está tudo certo com nosso adversários. De qualquer forma, como se sabe, as instituições financeiras em geral são altamente confiáveis no que tange a previsões, como prova a total ausência de crises-surpresa no sistema financeira ao longo das últimas décadas.

Bom, o relatório do GS traz os resultados de todos os jogos, tanto da fase de grupos quanto dos mata-matas, tudo baseado nas já citadas previsões. Além disso, apresenta, antes da Copa, qual será o time dos sonhos, a seleção dos melhores do planeta –aqui, porém, a escolha não foi com base em estatística,s mas sim em uma enquete feita com clientes do banco.

Neuer no gol, Dani Alves, Sergio Ramos, Thiago Silva e Lahm, da Alemanha, formam a defesa; o meio de campo tem Hazard, da Bélgica, o espanhol Iniesta e o francês Ribery –obviamente a escolha foi feita antes do corte do gênio dos bleus-; a turma da frente é da hora: Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo.

Finalmente, o relatório do Goldman Sachs cita uma lista de prováveis artilheiros da Copa, ranking este baseado nas bolsas de apostas e não nos programas desenvolvidos pelo banco. Na frente de todos está Messi, pagando 8 por1; Neymar vem depois, com 10 por 1, seguido por Suarez, do Uruguai, e Cristiano Ronaldo, ambos com 14 por 1.

Até Oscar e Paulinho aparecem na lista de possíveis artilheiros, mas ambos são zebras das boas: pagam 66 por 1.

Bueno, é o que eu tinha para oferecer hoje. A partir de amanhã, vamos ver o que a vida real terá a dizer a respeito da vida calculada em zeros e uns.

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Em um mês, 27 dias de cerveja; depois, uma meia maratona

Por Rodolfo Lucena
09/06/14 18:07

Eu tenho cá comigo que muitos corredores vez que outra se colocam a dúvida: se eu chutar o pau da barraca, será que consigo correr? Se eu não treinar nada ou quase nada, será que vou até o fim? Já fiz uma maratona sem treinar, mas não botei o pé na jaca…

A minha amiga LUISA ALCANTARA E SILVA, editora assistente dos cadernos Comida e Turismo na Folha –dá até para dizer que ela é uma turista profissional–, resolveu experimentar. Saiu de férias, divertiu-se à grande e, na volta, encarou uma meia maratona com chuva, vento e o escambau. Teve a grande ajuda da força de sua juventude e a sorte de quase principiante –tem 31 anos e já correu três meias maratonas, todas no calor do Rio.

Agora, foi desfrutar das belezas de outra cidade praiana,m a gloriosa Floripa da Santa e Bela Catarina. O resultado está neste texto que trago para você, direto da pena –melhor dizendo, das teclas—de Luisa, a quem agradeço pela colaboração. As fotos foram ela que mandou e integram seu Arquivo Pessoal. Começo, aliás, por compartilhar a bela vista da ponte Hercílio Luz, que ela e os demais participantes da prova tiveram antes do ínício da jornada.

E vamos ao texto de LUISA.

9luizaponte

“Sábado, 21h. Tchau, gente, boa noite. Despertador para às 5h, ok? O grupo de dez mulheres de divide em três quartos. No meu, estou eu e mais duas.

“Ai, fulano que corre com a gente é uma graça. Mas é casado. E sicrano? Ai, essa novela é péssima, né? Nossa, 23h20, vamos dormir. Mais meia hora de fofoca e apagamos a luz.

“Estou quase embalando e o frigobar começa a fazer um barulho. Durmo um pouco. Acordo. Não quero olhar no relógio para não pensar que já é quase hora de acordar e não dormi quase nada.

“Descemos para o café da manhã e uma amiga mostra um vídeo feito minutos atrás, da janela do quarto dela. O vento batendo nas árvores assusta. Será que vai estar assim até a hora da prova?

“Às cinco e meia, o ônibus da Run&Fun, assessoria esportiva com a qual corro, passa para nos buscar. Quem vai fazer para tempo?, pergunta o treinador. Eu não levanto a mão. Nunca corri para tempo. Desta vez, então… Saí em férias um mês antes da prova e viajei por 26 dias. Treinei duas vezes em um mês. Tomei cerveja em 27 dias dos últimos 30. O treino longo, de 18 km, fiz sozinha e cheguei só até os 12. Fico feliz se conseguir terminar, falo para o treinador.

“A prova começa com alguns minutos de atraso. Antes do km 2, começa a chover. Uma garoa fina, boa para refrescar. Gente, estamos a 6’05’’, vamos diminuir. Ficamos em 6’30’’. Ai, por que inventei de correr essa meia maratona? Por que saí em férias bem antes da prova? Se eu tentar acompanhar minhas amigas nesse ritmo, não vou chegar ao km 10…

“No 4, após uma subidinha da ponte que leva do continente à ilha, fico para trás. Melhor, vou no meu ritmo. Só não quero andar. Parênteses: tenho a péssima mania de dar umas “andadinhas” em provas de mais de 10 km.

Vou entre 7’20’’ e 7’30’’.

“No km 6, nossa, oba, já dei duas voltas no lago do Ibirapuera (que tem 3 km)! Faltam sete… A chuva aperta. Será que vai acontecer como na meia do Rio, em 2012, quando meu tênis ficou encharcado? Ai, não… Aliás, já sabia que esse tênis, comprado em março, pega meu dedinho esquerdo, por que insisti em usá-lo? Porque custou US$ 115 e teria que ser útil… Ai, por que sou assim? Tenho cinco tênis, poderia ter usado um velho…

“Opa, já estou no km 9, preciso tomar o gel. Ai, que bom, pelo menos vou tirar um dos dois géis presos no meu shorts, porque eles estão incomodando. Eca, que gosto horroroso!

“Nossa, estou a 7’40’’, ritmo lento demais. Bora voltar para os 7’20’’, que já é devagar, mas menos devagar. Ai, que raiva desse cara que dá umas “andadas” e quando vou ultrapassá-lo ele volta a correr. Cruzo por minhas amigas, que já estão voltando. Gente, boa prova! Ai, se eu corresse rápido, já estaria mais próxima do final. Um casal que também corre na Run&Fun me ultrapassa. Bom, agora eu sou a última colocada da equipe, certeza.

“Km 11, já foi mais da metade. Nossa, mas ainda faltam 10 e mais uns quebrados… Será que vou conseguir terminar? Ai, vou dar uma “andada”. Não, já estou devagar, em ritmo quase andando. Vou tentar chegar ao km 15 sem andar e aí penso nessa possibilidade de novo.

“O shopping em que comemos doce ontem. Hum, uma paradinha não seria nada mal… Não, Luisa, o que é isso? Foco na prova, o shopping nem está aberto ainda, para de viajar!

“Km 15. Vai, vou continuar nesse meu ritmo “devagar-mas-sem-andar”. Ai, subidinha da ponte de novo. Corro uns 100 m de costas, para dar uma aliviada no músculo da coxa, que parece que vai sair para fora.

“Km 18, opa, só falta uma volta no Ibira! Mas eu sei que os últimos 3 km são os piores… Mas vamos lá, cheguei até aqui, vou até o fim. Ai, cadê o pórtico da chegada? Finalmente! Vou dar um pique e ultrapassar aquelas duas meninas.

“Ultrapassadas! Vejo meu treinador, Renato Dutra, dou mais um piquezinho. Pronto, acabou! Acabei? Acabei!!! Última da equipe, como previsto. Fiz a prova em 2 horas e 38 minutos.

“Para quem não entende nada de corrida, é um tempo péssimo; para mim, ok –foi, de longe, o meu pior tempo, mas estava sem treinar e foi o que consegui.

“Dor. Cansaço. Vontade de chorar. Missão cumprida. Felicidade. Partiu, cerveja!

“Depois de uma tarde de sequência de camarões e garrafas de Original, voo para São Paulo. Cama. Sono profundo. Na segunda, fico andando toda torta. Dor muscular a mil. Para descer os dois degraus do ônibus, quase precisei de um guindaste! E, embora eu tenha passado óleo, o sutiã assou minha pele.

“Mas valeu. E penso por que nós, corredores, gostamos tanto disso? Por que correr 21 km sob chuva me deixa feliz? De verdade? Não sei e não sei se existe uma resposta objetiva. Mas me deixa. O que sei é que daqui a um mês eu já vou pensar em fazer outra. Mas só daqui a um mês, porque, agora, ainda estou com muita dor!”

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Corrida três-em-um tenta romper mesmice  

Por Rodolfo Lucena
06/06/14 09:54

Com raras exceções, não costumo apresentar corridas aqui. Mas, como você sabe, de vez em quando falo de alguma prova que considere diferente, curiosa, inovadora ou benemerente.

Isso não significa endosso de minha parte à prova nem que eu ache que a organização seja boa –em grande parte das vezes, a corrida em questão acontece pela primeira vez.

Dito isso, comento uma novo estilo de prova que tenta romper a mesmice dos circuitos de rua de São Paulo e Rio.

A bem da verdade, os locais escolhidos para a corrida são velhos conhecidos dos corredores e têm sido palco para um sem número de  provas: o Jockey Club, em São Paulo, e o Aterro do Flamengo, no Rio.

O formato, porém, é diferente.

Trata-se de uma prova três-em-um –ou, para a maioria dos participantes, como veremos a seguir, dois-em-um. Ela vai testar não apenas a velocidade dos participantes como também sua resistência: não por acaso, foi batizada de Endless Run (corrida sem fim).

O nome, como é óbvio, não passa de um expediente de marketing, a começar pelo uso de idioma estrangeiro, que para alguns parece chique, bacana , modernoso. Para este blogueiro, como já disse várias vezes, trata-se de uma grande bobagem. Nossa língua é nossa pátria, alerta o poeta (“minha pátria é minha língua); além do mais, o português é belo por demais e merece ser usado como nome próprio, verbo e complemento em todos os momentos da vida.

A bobagem vai ao cubo se analisamos o conteúdo do nome –corrida sem fim. Claro que ela tem fim –e, para alguns, o final chega antes.

Explico e já conto qual é a novidade dessa tal Endless Run.

Ela vai oferecer três distâncias, 10 km, 5 km e 1km, que serão disputadas no mesmo dia e em sequência, com um certo intervalo separando cada etapa. Todo mundo participa das duas primeiras etapas, mas só os com os melhores tempos líquidos acumulados (soma das duas primeiras provas) se enfrentam na hora da velocidade, a prova de 1 km –nesta, há apenas 150 vagas, cem para homens e 50 para mulheres).

Haverá um espaço especial para os corredores fazerem sua recuperação entre as provas. O festival de corridas começa com a prova mais longa, com largada às 7h e duração máxima de 1h30. Às 9h sai a prova de 5km. Uma hora depois é a largada do tirão de 1 km.

Essa prova marca também a entrada da Adidas no circuito de corridas de propriedade de marcas –a Asics já tem um circuito de meias maratonas, assim como a Mizuno. O homem e a mulher com os melhores tempos na soma total das corridas  ganham uma viagem, com acompanhante, para participar de uma maratona internacional patrocinada pela marca no ano que vem. Os vencedores da prova de 1 km também levam o mesmo prêmio.

Não é obrigatório usar equipamento da marca para participar, basta pagar a inscrição, que vai custar R$ 150. O registro abre no próximo dia 19, e as provas serão realizadas em 14 de setembro, em São Paulo, e 19 de outubro no Rio de Janeiro.

 

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Robô coreano corre mais que Usain Bolt

Por Rodolfo Lucena
04/06/14 10:06

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Um robô corredor capaz de atingir velocidade superior à de Usain Bolt foi desenvolvido por pesquisadores do Korea Advanced Institute of Science and Technology. Projetado para imitar as formas do velociraptor (um sauro carnívoro pequeno, superveloz e superagressivo), ele chegou a atingir 46 km/h nos testes efetuados, superando o máximo registrado pelo recordista mundial dos 100 m, que é de 44,7 km/h (dados do Kaist).

Quem viu “O Parque dos Dinossauros” provavelmente vai se lembrar desses velocistas da pré-história. No filme, eles têm cerca de 1,80 m, mais isso foi uma das “licenças poéticas” da obra em relação á verdade científica tal como a conhecemos hoje. Segundo os pesquisadores, os velociraptors eram pequenos, mais ou menos do tamanho de uma galinha.

Os pesquisadores sul-coreanos fizeram o robô baseado nessas dimensões e tentaram reproduzir a biomecânica do animal, dando-lhe melhores condições na hora da largada. Talvez isso tenha contribuído para que o robô-velociraptor conseguisse velocidades maiores do que outro robô velocista, este desenvolvido nos EUA pela Boston Dinamics. Baseado no corpo do leopardo, o WildCat atingiu o máximo de 26 km/h.

Em contrapartida, o robô norte-americano é sem fio, corre solto pelo mundo. Já o velociraptor de aço e silício teve de ser testado com fios, para garantir seu equilíbrio e o fornecimento de energia (foto Divulgação/Kaist). A versão sem fio provavelmente não será tão veloz.

Este filme AQUI mostra o robô-velociraptor em ação.

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Dona Harriette bate recorde da maratona para senhoras de mais de 90 anos

Por Rodolfo Lucena
02/06/14 17:44

Ela já tinha dado um pau no câncer. Deixar a maratona estendida no chão e pedindo água era apenas questão de tempo.

No último domingo, Harriette Thompson foi lá e mostrou aos 42 quilômetros e 195 metros de que têmpera é feita a  senhora mais resistente (e sorridente, por suposto) da América. A bem dizer, do planeta.

A jovem senhora, no esplendor de seus 91 anos, limou mais de uma hora do recorde mundial da maratona para maiores de 90 anos.

Completou a prova de San Diego em sete horas, sete minutos e 42 segundos. Em 1997, Mavis Lindgren tinha 90 anos e 179 dias quando completou a maratona de Portland (Oregon) em oito horas, 53 minutos e oito segundos.

“Estou cansada de ver garotas jovens e senhores mancando e reclamando de dores depois da prova. Pelo jeito, eu não estou tão mal assim”, comentou ela, bem-humorada, depois da conquista.

O feito é ainda mais dramática porque Thompson está tratando um câncer de pele que a acometeu recentemente. Ela passou por nove sessões de radiação em 11 dias –a última foi cerca de um mês antes do dia da prova. Ela correu com ataduras em algumas partes do corpo, para proteger lesões provocadas pelo tratamento.

Por isso, dá para acreditar quando ela afirma que, no ano que vem, vai baixar ainda mais o seu tempo. “Se eu estiver viva, acho que terei melhores condições de treinar e estarei em melhor forma”, disse ela.

“Todos na minha família morreram de câncer. Está nos nossos genes”, afirmou ela à imprensa local. A morte mais recente foi a de um irmão, em fevereiro. Ele sofria de linfoma. Harriette corre para arrecadar fundos para uma entidade de combate ao câncer.

Pianista profissional, ela começou a participar de maratonas aos 76 anos, lá mesmo em San Diego. Fez 15 das 16 maratonas da cidade desde então –no ano passado, não pôde competir por causa de um câncer na boca.

Depois da prova, viajou para Charlotte, na Carolina do Norte, para encontrar seu marido, Sydnor. O casal completa hoje seu 67º aniversário de casamento.

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