Atletas de Brasília são despejados de pista onde treinavam
04/04/13 12:23Depois do fechamento do Célio de Barros, no Rio de Janeiro, agora é Brasília que parece virar as costas para os corredores de alto rendimento.
Quando a 20 vezes campeã brasileira (em várias categorias) Lucélia Peres à pista Centro Interescolar de Educação Física para treinar, às 6h30 da última terça-feira, deu com a cara na porta. Ou melhor: nos portões fechados.
Os vigias lhe apresentaram um documento do governo do Distrito Federal informando que, de 1º de abril a 30 de junho, “todas as dependências do Cief e ainda as arquibancadas da pista de atletismo estarão à disposição da empresa Banco de Eventos, responsável pela Copa das Confederações”.
Para não deixar dúvidas, o documento explicita: “Todas as atividades que utilizam esse espaço (pista de atletismo, quadras externas e ginásio) (…) estão suspensas até outra ordem” (fac-símile abaixo).
Os atletas, que já vinham treinando em horário limitado, com acesso à pista apenas das 6h30 às 8h30, ficaram perdidos, irritados, indignados. E surpresos com a falta de lógica da decisão, como argumenta Lucélia: “Só quem usa a pista nesse período somos nós. Assim como os alunos continuarão usando o local, nós também não atrapalharíamos em nada”.
Os alunos a que ela se refere são os estudantes de ensino integral da rede pública do DF, que lá fazem suas atividades desportivas no local.
Os ensaios para a abertura da Copa das Confederações ocorrerão de segunda a sexta-feira a partir das 18h, e nos finais de semana. Durante o dia, quando não for horário de aula, o espaço ficará à disposição do comitê organizador da Copa.
Além de Lucélia, que treina há 20 anos no Cief, cerca de 20 atletas profissionais e membros de equipes paraolímpicas também usam o espaço. Uma alternativa é o uso da pista olímpica de Ceilândia, que tem piso sintético e oito raias.
O problema é a distância, segundo Lucélia: “Muitos atletas moram longe, são de baixa renda e praticamente fazem uma viagem pela manhã para treinar”.
Ela me disse, por telefone, que ainda estão em negociações tentando reverter o despejo do Cief. Mas, se não houver opção, terão de seguir para Ceilândia.
“Não posso parar com os treinos em pista”, afirmou ela, que se prepara para o Campeonato Brasileiro de Fundo, neste mês, e o troféu Brasil, em junho.