Os registros oficiais dão conta da presença brasileira nos Jogos Olímpicos apenas a partir de 1920, mas investigações feitas por pesquisadores da USP afirmam que o verde-amarelo esteve presente já na segunda edição dos Jogos de nossa era, em 1900, em Paris.
O representante nacional foi ADOLPHE CHRISTIANO KLINGELHOEFFER, que nasceu em 5 de maio de 1880, em Paris, filho do vice-cônsul brasileiro na França. Manteve sua nacionalidade brasileira até 1940, conforme revelou o historiador Alain Bouille, segundo pesquisas feitas pela equipe da Universidade de São Paulo que acaba de concluir a “Enciclopédia Olímpica Brasileira”.
Trata-se de um monumental trabalho com informações sobre os Jogos e sobre todos os quase 1.800 brasileiros que representaram o país em olimpíadas de 1920 a 2012.
A íntegra do verbete sobre nosso amigo ADOLPHE diz o seguinte:
“Pode ser considerado o 1º atleta brasileiro a participar de uma edição olímpica em 1900. Isso porque ele nasceu em 05 de maio de 1880, em Paris, filho do vice-cônsul brasileiro na França. Embora seja citado como francês nos documentos olímpicos, o historiador Alain Bouille revelou sua nacionalidade brasileira, mantida até os anos 1940. Inscreveu-se como atleta nos Jogos Olímpicos em um período no qual os atletas podiam se inscrever na competição independentemente dos Comitês Olímpicos Nacionais. Entre 1899 e 1904, conquistou seis títulos nacionais de atletismo: quatro nos 110 metros com barreiras e dois nos 400 metros com barreiras. Jogava rúgbi e fez parte da equipe do Racing Club de Paris, campeão nacional em 1902. Inscreveu-se em três provas nos Jogos Olímpicos de Paris em 1900: 60 metros rasos, 200 metros rasos e 110 metros com barreiras. Fez carreira no mundo financeiro e foi chefe da Câmara de Comércio Brasileira em Paris, cargo que exerceu até pouco antes de sua morte, aos 76 anos, em 1956.”
Quem me passou a informação foi a professora KATIA RUBIO, que liderou os trabalhos desenvolvidos ao longo de 15 anos para construir essa obra monumental –o livro de 600 páginas deve sair em maio próximo.
Entrevistei Rubio na semana passada e fiz uma reportagem sobre a enciclopédia que foi capa do caderno Esporte da Folha neste último domingo (LEIA AQUI), quando também publiquei aqui no blog a íntegra de minha conversa com a pesquisadora.
Se você não chegou a ver, aproveite: reproduzo a seguir, mais uma vez, aquele texto (acho que facilita sua vida mais do que colocar um link aqui…).
“ATLETA OLÍMPICO INSPIRA AS NOVAS GERAÇÕES”, DIZ CRIADORA DA “ENCICLOPÉDIA OLÍMPICA BRASILEIRA”
Vidas, conquistas, palavras e emoções dos quase 1.800 atletas olímpicos brasileiros estão registradas na “Enciclopédia Olímpica Brasileira”, empreitada liderada pela professora Katia Rubio que está prestes a ser concluída. Depois de 15 anos de trabalho, a obra de 600 páginas enfim está em processo de produção industrial, e o livro deve ser lançado em maio.
Na edição da Folha deste domingo, reportagem de minha lavra conta um pouco do processo de construção desse trabalho monumental. A reportagem foi resultado de uma entrevista com Katia Rubio, que me atendeu às vésperas de uma viagem para Londres, onde está agora para proferir uma série de palestras na universidade de Birmingham. O tema das conferências é o mesmo da nossa conversa: a enciclopédia.
Fiquemos, pois, com a entrevista que fiz com ela na mesma sala, no quarto andar de um prédio na Cidade Universitária (zona oeste de São Paulo), onde Katia e sua equipe trabalharam por horas sem conta para finalizar a obra.
RODOLFO LUCENA – O QUE É A ENCICLOPÉDIA OLÍMPICA BRASILEIRA?
KATIA RUBIO – A Enciclopédia Olímpica Brasileira é uma publicação que sintetiza 15 anos de trabalho, que começou no final de meu doutorado, em 200. No meio do meu doutorado, eu comecei a ver que queria estudar o atleta olímpico. O trabalho resume, sintetiza essas mais de 1.300 entrevistas que nós fizemos –trabalho com um grupo—com atletas olímpicos brasileiros.
Nós temos 1.797 atletas olímpicos. Desse total, há cerca de 340 mortos; houve também alguns que não nos receberam para dar entrevistas ou simplesmente não foram encontrados. E há aqueles que nos abriram suas histórias, suas memórias, seus corações, suas preciosidades, suas surpresas todas para a gente fazer um trabalho inédito, que é contar a história do esporte olímpico brasileiro pela ótica do atleta.
Os atletas que não conseguimos entrevistar, trabalhamos com material de acervo, como documentos oficiais, jornais de época, biografias, entrevistas com familiares, técnicos e companheiros de época. A gente procurou ser o mais fiel possível à história, à trajetória do atleta.
QUEM SÃO OS ATLETAS OLÍMPICOS?
Todos os atletas que foram aos Jogos representando o Brasil, de 1920 a 2012. Nesse cenário também consideramos um atleta que foi aos Jogos de 1900, que não é reconhecido pelo COB como sendo brasileiro, mas que, no momento histórico em que ele foi não havia ainda comitês olímpicos nacionais. Ele era um filho de um francês com uma brasileira e tinha cidadania brasileira. Então a gente considera esse sujeito como um brasileiro que foi aos Jogos Olímpicos.
Há também o caso de um brasileiro que em 1924 participa daquilo que era chamado na época de Olimpíada Cultural. Os Jogos Olímpicos não eram só uma atividade esportiva; também tinha lá concurso de poesia, concurso de projeto arquitetônico, concurso de obra literária. Um brasileiro que participou, muito provavelmente com pseudônimo. Encontramos muito pouca coisa sobre ele, há a obra dele, mas não sabemos exatamente quem foi J.A. Alvar.
COMO SE CONCRETIZA A ENCICLOPEDIA OLÍMPICA BRASILEIRA?
É um volume, um livro de 600 páginas, ilustrado com fotos que os atletas nos mandaram e também fotos gentilmente cedidas pela Editora Três. Volume único, que teve o patrocínio do Bradesco por meio da Lei Rouanet, uma verba que também nos ajudou na coleta final dos dados, ao longo de 2013 e início de 2014. O livro está em fase final de produção e a expectativa é que seja lançado em maio.
FORAM 15 ANOS DE PESQUISA. E QUANTO TEMPO PARA ESCREVER?
Foi no ano passado, uma produção intensa de março a agosto. Eu não vi a Copa do Mundo do Brasil. Foi um trabalho que envolveu quase 20 pessoas nesta sala, no Centro de Estudos Sócio-culturais do Movimento Humano, da Escola de Educação Física da USP, onde nós temos alocado o Grupo de Estudos Olímpicos, que tem a participação de 15 pessoas fixas e uma população flutuante, que ajudou na coleta de dados. No ano passado, chegamos a trabalhar 18 horas por dia para fechar o trabalho, poder cumprir o cronograma.
O QUE VOCÊS GANHAM COM ISSO?
A primeira edição, como manda Lei Rouanet, ela não será vendida. A tiragem é de 3.000 exemplares, dos quais 1.797 exemplares serão distribuídos aos atletas ou a suas famílias; outros para bibliotecas públicas, escolas. Haverá um número de exemplares em inglês e outros em espanhol também, para poder fazer. Aí, quem sabe, se tiver um outro patrocinador, vamos poder pensar em outra edição, numa segunda, terceira, para que isso possa ser multiplicado.
POR QUE FAZER UMA ENCICLOPÉDIA OLÍMPICA BRASILEIRA?
Para manter viva a memória do esporte olímpico brasileiro. É muito curioso, do ponto de vista do espectador, o acesso que ele tem à imagem do atleta no momento olímpico e que, passados dez anos, o atleta já se torna passado e se torna invisível. Essas histórias se tornam fundamentais para o próprio desenvolvimento do esporte.
POR QUÊ?
Porque as pessoas se inspiram em algo ou alguém para se tornar alguma coisa. Quando uma criança vê um atleta superando inúmeros obstáculos e fazendo um esforço sobre-humano para alcançar um resultado, aquilo é fonte de inspiração. Não apenas para aquele moleque ou aquela menina correr, saltar, arremessar, lutar, mas do ponto de vista de sua identidade humana. O esporte é uma fonte de inspiração para o ser humano ser melhor, para ele ver que não existe resultado sem um grande esforço por trás. Sem isso não há novas gerações de atletas. Preservar o que essas pessoas fizeram é tão fundamental para o esporte quanto ter boas estratégias de treinamento.
ALGUM DESTAQUE?
São muitas histórias inspiradoras. E muitas histórias desconhecidas, porque o foco é sobre os atletas que ganham medalha. Só que, dos 1797 atletas olímpicos, temos 342 medalhistas. O que foi feito com os outros atletas? Essas histórias são muito inspiradoras. Temos um grande número de atletas que ficaram em quarto, quinto, sexto lugares, que chegaram a finais olímpicas, e a história deles é tão importante e fundamentalpara o esporte como a dos que ganharam ouro, prata ou bronze.
O QUE ACONTECEU COM ELES?
Muitos tocaram suas vidas. Estudaram, tiveram suas carreiras profissionais e carregam essa experiência como uma preciosidade, uma jóia em sua própria história. Outros continuaram vinculados ao esporte, como técnicos, dirigentes. E outros não conseguiram se desprender dessas identidade que um dia tiveram, que lhes proporcionou muitas glorias, e não conseguiram refazer a carreira em outra identidade profissional , que lhes desse tanto orgulho.
MUITOS EMPOBRECERAM…
Muitos. Não necessariamente porque foram atletas. O atleta é um ser humano. A gente tem uma ideia de que são sobre-humanos, mas ele pode ter sido sobre-humano naquele fazer específico do esporte, mas era demasiadamente humano nas outras questões relacionadas à vida: gerenciamento da própria casa, da conta bancária, do futuro… Assim como em outras profissões, outros fazeres, em que as pessoas se planejam ou não, colhem os frutos ou não, o atleta vive a mesma mazela. Porém, quando ele era visível, tinha-se a expectativa de que viesse a ser um cara tão bem sucedido como era no esporte. Mas não. Quem se preparou para ávida depois da carreira atlética, hoje tem vida consolidada, com mais ou menos dinheiro. Quem não se prepaprou para isso, como em outras profissões, colhe um presente amargo, que envolve, sem dúvida alguma, solidão, descaso, depressão. As pessoas mal sucedidas são colocadas à margem inclusive pela própria família.
QUAL FOI O PERSONAGEM MAIS DIFÍCIL DE ENTREVISTAR?
Demorei oito anos para conseguir entrevistar o Rodrigo Pessoa [cavaleiro, ouro em Atenas-2004, tricampeão mundial de hipismo]. Anos de espera, de contatos, de telefones de assessores não respondidos… Um dia fui para um congresso na Alemanha, um professor belga me convidou para passar uma semana no país. Eu disse que iria desde que ele me ajudasse a encontrar um atleta olímpico que morava na Bélgica. Esse professor conseguiu o contato, e o Rodrigo me recebeu no haras do Doda Miranda, que fica na Holanda. Quando ele me recebeu, foi de uma fraternidade, de uma disposição.. E aí fizemos uma entrevista maravilhosa.
Há situações de atletas que não me receberam, que a assessoria não permitiu que eu chegasse dizendo que ele tinha acabado de lançar biografia e não precisava da Enciclopédia.
No Rio Grande do Sul, pilotei um Fiat 1.0, fiz 1.300 km em dois dias e voltei dessa viagem com sete entrevistas… Passei em Caxias (dois), um em Gramado, um em Bento Gonçalves.
QUEM PAGOU ESSE TRABALHO TODO?
Ao longo dos anos, tivemos projetos financiados, apoio das agências de fomento à pesquisa, a Fapesp, a Capes e o CNPq. Tive auxílios-pesquisas com duração de dois anos, renovados com temas semelhantes. Até que terminou o último, e o novo projeto não foi aprovado, e em junho de 2013 fiz uma campanha de financiamento coletivo, um crowdfunding… Mais de uma vez usei meu décimo-terceiro… Depois tivemos o aporte do Bradesco.
ÁO LONGO DOS ANOS, O QUE MUDOU E O QUE NÃO MUDOU NO ESPORTE OLÍMPICO BRASILEIRO?
O que não mudou é a falta de recursos. Aliás, a falta de estrutura… Isso não há nem no futebol. O futebol é uma miséria neste país. A gente não pode confundir os grandes clubes de São Paulo, Rio, Minas e Rio Grande do Sul com o resto do país, que é uma miséria. Pelos olímpicos do futebol, eu pude perceber isso.
O que falta é um projeto de esportes. Os resultados são alcançados muito mais por determinação pessoal de atletas que tomam aquilo como um projeto de vida do que por causa de uma política de esporte.
O que a gente observa a gente nunca teve tanto dinheiro para o esporte como tem hoje, mas a falta desse projeto leva a um derramamento desnecessário de dinheiro em coisas que não são tão importantes.
POR EXEMPLO?
Quando você não tem um planejamento de longo prazo, o dinheiro se vai nas questões pontuais de curto prazo. Então há equipamentos abandonados, construídos e depois abandonados porque não tem estrutura.
SE HOUVESSE ESTRUTURA TALVEZ O BRASIL PUDESSE COMEMORAR MAIS MEDALHAS…
Quanto você olha para a trajetória desses atletas..
A história do esporte brasileiro é marcada pela ausência de uma estrutura pública para o esporte e pela construção de carreiras olímpicas associadas aos clubes privados.
Assim como no resto do mundo, o esporte começa como uma prática aristocrática.
No pós-Segunda Guerra, há uma mudança nisso, porque a ampliação da estrutura esportiva nas escolas começa a fazer pipocar projetos e pessoas como foi o caso de Adhemar Ferreira da Silva, Vanda dos Santos, de boxeadores… E aí a gente começa a observar um aumento do tamanho da delegação brasileira e do número de modalidades que, no início, eram natação, atletismo, polo derivado da natação, pentatlo (por causa dos militares).
No pós-guerra, as mulheres começam a reivindicar participação, mas a gente tem uma política pública que impede as mulheres de praticar esporte. Isso vai se refletir nos Jogos de 56, 60 e 64, quando a gente tem uma mulher na delegação: a Mary Dalva nos saltos ornamentais em 1956, a Vanda dos Santos em 60 e a Ida dos Santos em 1964.
Atleta olímpico não vai para passear. Nenhum atleta que chega ao nível olímpico se satisfaz com a mera participação. Mas ele é reflexo de tudo aquilo que é o esporte no país.
Quando chega a década de 1980, quando a gente tem um processo de profissionalização da estrutura do esporte brasileiro, a gente tem uma alteração drástica, não apenas no aumento do número de modalidades esportivas como na qualidade do atleta brasileiro. Ou seja, está mais do que evidente que, em havendo estrutura de treinamento e acesso à informação, nós temos técnicos muito capacitados para fazer um bom trabalho e temos atletas talentosíssimos em condições de chegar a uma final olímpica.
Agora, ainda assim, a gente ob serva que na estrutura das federações, confederações e do próprio comitê olímpico brasileiro falta uma estratégia de longo prazo para que aquelas 10 mil horas necessárias para se produzir um atleta olímpico passam de fato contribuir para produzir um atleta de fato competitivo em âmbito internacional. Que lá da base ele ouça, desde pequeno, que está treinando para ser um campeão, não para apenas ir à Olimpíada. Isso faz uma diferença brutal entre o atleta que ganha medalha e o atleta que vai para participar.
Muitos atletas se sentem campeões só por irem aos Jogos, pois foi tanta dificuldade que enfrentaram que estar lá já é o prêmio. Agora o atleta medalhista ele tem, no seu planejamento, ganhar uma medalha. E ele vai mover montanhas por isso.
HÁ UMA MODORRA NAS FEDERAÇÕES?
A estrutura de gestão do esporte brasileiro segue de perto um modelo que vem de cima, que é o do Comitê Olímpico Internacional.
Quando o Pierre de Coubertin imaginou o COI, ele não estava imaginando fazê-lo de forma democrática. Ele inclusive acredita que a democracia era falha. Ele montou uma estrutura em que prevalecia o modelo de autoindicação, que depois se desdobra nos comitês olímpicos nacionais e daí para as confederações.
A democracia e a transparência não eram a ideia inicial do COI, não mesmo. Só que o mundo mudou. Enquanto o mundo corre num carrão de fórmula 1, o COI vive ainda dentro de uma carroça. A velocidade com que as transformações acontecem no movimento olímpico está muito longe de acompanhar o ritmo da sociedade.
Hoje, não só no Brasil, mas no mundo, se clama por transparência. A corrupção no esporte chegou num nível tamanho,refletindo a estrutura dos diversos países em que ela transita, que é preciso repensar o modelo antes que ele se acabe. Parece que o Thomas Bach, o atual presidente do COI, está muito ligado nisso, e já começou a promover mudanças profundas na estrutura do esporte olímpico, antes que ele sucumba.
A SENHORA JÉ TEVE DIVERGÊNCIAS COM O COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO…
O COB me notificou por usar a palavra “olímpico” na capa de um livro para crianças, “Esporte, Educação e Valores Olímpicos”. Isso foi imediatamente após a escolha do Rio de Janeiro como sede , em janeiro de 2010, e foi um grande equívoco. Eles reconheceram isso depois.
Uma coisa é os senhores dos anéis cercearem o uso dos símbolos olímpicos, outra é cercear o conhecimento. A minha produção não visa lucro, tem um cunho social imenso, e acho que o COB reconheceu isso de alguma forma, me “permitindo” usar a palavra “olímpicos..
Entrevistei o Nuzman [Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB] depois disso, porque ele foi atleta olímpico. Tivemos uma entrevista bastante cordial, em que ele retoma esse caso.. É isso, vida que segue. Não guardo rancor.
QUAL SUA EXPECTATIVA EM RELAÇÃO AOS JOGOS DO RIO?
Vejo com muita cautela a participação brasileira.
Para um atleta chegar a ser olímpico, precisa em média de 10 mil horas de treinamento. Não tem sorte, não tem mágica, tem trabalho. E o tempo é implacável nesse sentido. Se não se começou lá atrás, não tem como chegar a 2016 e a gente brigar por alguma coisa que a gente não trabalhou para ter.
Acho que não vamos ter muitas surpresas positivas. Temo que possa reduzir o número de medalhas. E temo a expectativa que se criará sobre aqueles atletas que de alguma forma já nos deram resultados e que serão repositários da fé, da esperança, da expectativa do desejo dos brasileiros.
Espero que as federações tenham um pouco de dignidade de não ficarem nacionalizando estrangeiros para competir pelo Brasil só para fazer bonito, pois isso será uma zombaria.
QUAL É O FUTURO DA ENCICLOPÉDIA OLÍMPICA BRASILEIRA?
Continua depois. Mais do que um objeto de pesquisa acadêmica, ele é um projeto de vida. O meu objeto se renova a cada quatro anos. A cada quatro anos tenho pessoas que vou descobrir, que vou entrevistar. E assim abasteço meu baú de preciosidade e me afirmo como uma grande contadora de histórias de olímpicos brasileiros.
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BOM, aqui termina a entrevista com KATIA RUBIO. A seguir, algumas informações sobre ela
Nascida em 13 de junho de 1962, na Freguesia do Ó, em São Paulo
Casada, tem um filho e quatro enteados
20 livros publicados sobre estudos olímpicos e psicologia do esporte
Ex-presidente da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte, integra a Academia Olímpica Brasileira
Foi atleta na época de escola, joguei vôlei em clube, tinha sonho de ser uma atleta olímpica. “Não pude, mas me tornei uma pesquisadora olímpica”, diz ela.
É formada em jornalismo pela Cásper Líbero, trabalhou dez anos em publicidade. Na crise do Plano Collor, largou a empresa de propaganda em que era sócia e resolveu mudar de rumos. Fez psicologia na PUC e seguiu carreira acadêmica, que culminou com a entrada na USP, onde é professora associada. Fez mestrado na Escola de Educação Física e Esporte da USP, doutorado na Escola de Educação da USP, pós-doc em psicologia social na Universidade Autônoma de Barcelona.
Em 2010, percorreu 200 km no Caminho de Santiago, ao longo de 15 dias. Sonha voltar para fazer o percurso completo
COMO DEFINE SEU TRABALHO: “Meu foco sempre foi estudar a figura do atleta. O que é, como é ser atleta. Nessa busca, não me restringi apenas às questões de ordem emocional, queria ver o atleta no contexto social, levando em consideração as questões de ordem histórica, sociais, psicológicas. Foi o que me levou a buscar o atleta olímpico, por imaginá-lo fator de inspiração para as novas gerações.”