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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Piaba à moda dos pescadores do rio Paraná é comida especial para corredor

Por Rodolfo Lucena
06/04/15 17:41

Ai, ai, ai, já estou vendo algum ou alguma nutricionista vir com quatro pedras na mão contra mim. Alto lá, amigos, não pretendo açambarcar vosso trabalho. Acontece que, dia desses, comi um peixe que era um deus-nos-acuda, coisa boa demais, e considero minha missão compartilhar tal prazer com o leitorado deste blog.

Além do mais, de fato peixe é bom para corredor, como faz bem para todos nós. Reportagem publicada pela “Zero Hora” nota que o consumo de pescado “está relacionado a menores níveis de colesterol ruim, aumento do colesterol bom, beneficiando diretamente a saúde do coração. Além disso, há amplos estudos que indicam que os peixes ajudam a evitar enfermidades como a asma, a artrite reumatoide e as doenças inflamatórias intestinais”.

Se não bastasse isso, especialistas afirmam que “os peixes fornecem uma proteína de excelente valor biológico, de fácil digestão e, ao contrário das outras carnes, não são ricos em gorduras saturadas e possuem menos calorias, podendo auxiliar na perda de peso”.

Para mim, porém, o que importa é que peixe é ótimo. Gosto de bacalhau fresco ou salgado, sardinha, arenque, pacu, tainha, curumbatá, tambaqui, salmão, filé de bagre, congrio, asa de anjo, arraia ensopada, o que vier pela frente. E tem mais: o pescado dá um ótimo assado, com o perdão da rima rica. Há que prepara-lo com esmero, carinho e atenção.

peixe 3 vista

Foi assim que um punhado de aventureiros que vive do que tira do rio Paraná, no nordestão da Argentina, quase lá na Tríplice Fronteira, preparou um trio de piabas da maior qualidade, coisa supimpa, grelhada com engenho e arte, tempero e carvão.

Comi até me esbaldar, lambi os beiços e pedi mais. Por satisfeito que estava, me lembrei de você, que também precisa das valorosas proteínas, e vi por bem trazer-lhe aqui a receita da piaba escalada à moda dos pescadores das barrancas do rio Paraná.

Dê só uma olhada no resultado, atente para a beleza do conjunto, imagine o sabor celestial desse assado campeiro e depois passe a estudar a receita.

peixe 2 sozinho

Começa com a preparação do braseiro, que você faz como achar melhor. No caso, o cozinheiro preparou uma grelha baixa, colocou bastante lenha, tascou fogo e deixou virara carvão.

Enquanto o carvão aquece, há que limpar e temperar o peixe. Nós outros, cá na cidade, não precisamos disso, pois o pescado, mesmo inteiro, já vem pronto do supermercado. Mas aquelas três piabas haviam sido caçadas de manhãzinha.

Corta-se a cabeça, abre-se o bicho com um corte longitudinal pela barriga, do “pescoço” à cauda, e tiram-se as entranhas, lavando tudo muito bem. Então abre-se o peixe, que fica como se fosse uma borboleta, com “asas” unidas pela espinha dorsal (não me venha algum entomólogo dizer que borboleta não tem espinha; todo mundo entendeu muito bem a imagem e o que estou querendo dizer).

Ainda cruzito, tempera-se o peixe com sal, limão e alho bem picadinho, espalhando bem, com carinho e cuidado, para cobrir toda a área de carne branca.

A essa altura, se você fez tudo direito e com calma, o carvão já deve estar bem quente, que é o que a gente precisa.

Levamos então o peixe à grelha, com a carne virada para as brasas, por um zás-trás, apenas o suficiente para dar uma selada na carne, para que o tempero fique firme. Isso é coisa de um minuto ou dois, dependendo da temperatura, e é preciso atenção para que as carnes não se grudem à grelha.

Vira-se então a piaba, deitando-a na grelha “de costas”, com a pele escamada voltada para o calor. Enquanto ela assa, preparamos o tempero do chef, o segredo do cozinheiro: o molho que vai cobrir as partes carnudas do pescado.

Vai tomate, cebola e abobrinha, tudo cortado em fatias finas e temperado a gosto, com uma boa pimentinha e mais um pouco de sal –mas vá com calma no sal, pois o peixe já levou uma primeira remessa desse tempero quando ainda estava cru. Os ingredientes do tempero são cozidos em sua própria água, formando um caldo em que aparecem os pedaços dos pertences.

Daí novamente espalha-se com carinho e gentileza pelo corpo carnudo. E espera-se o cozimento, coisa de mais 20 minutos, se tanto.

peixe 1

Quando estiver quase pronto para servir, polvilha-se tudo com queijo ralado grosseiramente. A gente não tinha queijo ralado, apenas um queijão que foi cortado em generosas fatias e estas distribuídas sobre o trio de piabas.

peixe 3 sobremesaCada um dos comensais pode se ajoelhar para comer, render graças ao churrasqueiro, ao pescador, às brasas e aos temperos e se empapuçar, acompanhando o pescado com pão assado ou batatas cozidas, arroz ou outra cosita qualquer.

De sobremesa, moranga cozida inteira na água, que já é doce que é uma beleza. Se desejar, polvilhe com açúcar ou labuze com um pouco de leite, é puro deleite (desculpe aí, não resisti).

Daí, pronto, vá dormir. Corrida, agora, só no dia seguinte.

 

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Corredor de Gaza vence maratona na Palestina

Por Rodolfo Lucena
30/03/15 11:19

Participants run past Israeli barrier during Palestine Marathon in the West Bank town of Bethlehem

Ele treina driblando escombros de casas destruídos por bombas –a dele mesmo foi reduzida a pó por bombas israelenses há algum tempo. Mesmo assim, Nader Al-Masri consegue forças para prosseguir com suas corridas.

E tem se dado bem: na última sexta-feira, foi o campeão da terceira edição da Maratona da Palestina, realizada em Belém à sombra da muralha que Israel construiu na região (foto Reuters).

Os atletas correram duas voltas no mesmo percurso, pois os organizadores não conseguiram encontrar 42 quilômetros seguidos de vias não interrompidas e sob o controle da Autoridade Palestina, que governa a área.

Além da maratona, ainda havia uma prova de 10 km e uma meia maratona. No total, cerca de 3.000 atletas participaram do evento –46 deles vindos da faixa de Gaza.

O direito de ir e vir dessa população é super-restrito, controlado por Israel. Masri, por exemplo, comentou ter ficado superfeliz por ter sido autorizado pelo governo israelense a entrar na cidade para participar da prova.

Sua presença em outras competições internacionais, porém, continuará dependendo da boa vontade das autoridades. “Não posso falar sobre meu futuro, treinamento ou outras competições porque não sei quando eles vão me deixar sair de novo”, disse o corredor.

Segundo o grupo de ativistas Gisha, que acompanha questões envolvendo o trânsito de palestinos para Israel e Cisjordânia, a política de Israel sobre a movimentação de atletas da Palestina não é clara nem consistente.

Recentemente, por exemplo, o time de futebol de praia da Palestina foi proibido de viajar para participar de um campeonato no Qatar. Em relação á maratona da última sexta-feira, o Comitê Olímpico Palestino solicitou vistos para 55 atletas, e aprovação chegou dias antes da prova.

O próprio Masri já recebeu várias vezes, nos últimos anos, autorização para viajar. Chegou a treinar no estrangeiro por algum tempo, antes de representar a Palestina na maratona olímpica de Pequim-2008.

No ano passado, porém, as autoridades israelenses recusaram todos os pedidos de liberação do trânsito de corredores de Gaza.

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Copiloto da Germanwings era entusiasta de corridas de rua

Por Rodolfo Lucena
27/03/15 13:51

28 andreas

Andreas Lubitz, o copiloto da Germanwings que teria deliberadamente derrubado o avião que conduzia, era um entusiasmado corredor amador.

Segundo registros públicos, ele participa há anos de corridas de rua. Em 2007, por exemplo, ele foi um dos cem primeiros –mais precisamente, conquistou o 72º lugar—entre os 780 corredores que participaram de uma corrida de 10 km que celebrava o Ano Novo na cidade alemã de Montalbar.

Depois passou a se dedicar a provas mais longas: em 2009, correu uma meia maratona em Hamburgo. E virou fã da meia maratona da Lufthansa em Frankfurt, participando dela em pelo menos três anos seguidos, a partir de 2011, com tempos variando de 1h37 a 1h49 (na foto, é a edição de 2013).

Enfim, como já tive oportunidade de dizer em palestras e escritos, ser corredor não dá a ninguém diploma de bom moço, bom caráter nem muito menos garantia de sanidade mental. Há entre nós gente que corta caminho, patrões sanguessugas, trabalhadores malandros, ladrões, assassinos, corruptos e toda a laia de gente-desastre que integra qualquer grupo humano.

Ah, antes de terminar, aproveito para agradecer ao meu amigo, colega de faculdade e grande jornalista Mario Marona, que me chamou a atenção para o aspecto esportivo da vida do senhor Lubitz.

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Primeira maratona em Marte é a mais longa da história da humanidade

Por Rodolfo Lucena
25/03/15 09:47

Correr uma maratona em Marte, que coisa mais sensacional, não é? Essa qualquer um gostaria de ter no currículo.

Calma com o andor, porém, que por enquanto a aventura não está disponível para humanos.

Mas ninguém diz que criações humanas não possam tentar a empreitada. Realizá-la, aliás.

O veículo-robô Opportunity acaba de completar a primeira maratona marciana, realizando um trajeto de 42.195 metros, conforme mostra o mapa abaixo distribuído pela Nasa, a agência espacial norte-americana).

25 marte

Foi uma lenta jornada. O debute da maratona no Planeta Vermelho, como Marte é apelidado, foi também o mais demorado da história.

O jipinho da Nasa levou nada menos que 11 anos e dois meses para completar a tarefa –o Mars Rover Opportunity aterrizou (ou seria amartizou) em 25 de janeiro de 2004.

“Esta foi a primeira vez em que qualquer coisa feita pelo homem passou a distância da maratona na superfície de outro mundo”, comemorou John Callas, responsável pelo projeto do jipe marciano no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa. E acrescentou: “A primeira vez só acontece uma vez” –bem que a gente poderia ter passado sem essa.

25 marte Opportuniyyu

O marco de chegada da maratona marciana foi na borda ocidental da cratera Endeavour, região que já recebeu o apelido de Vale Maratona. O Opportunity (imagem Nasa), que chegou há 11 anos em marte para um passeio de três meses e foi ficando, continua agora sua jornada de garimpagem de informações sobre a superfície do Quarto Planeta.

 

 

 

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Corredor morre durante a meia maratona de Lisboa

Por Rodolfo Lucena
23/03/15 13:51

Um corredor alemão morreu neste domingo durante a meia maratona de Lisboa. Ele passou mal durante a prova, foi atendido ainda no percurso e encaminhado a um hospital, onde não resistiu.

Ainda sem muitos detalhes sobre a identidade do atleta e a causa da morte, a organização informou que ele tinha 43 anos “presumivelmente”. Segundo os organizadores, ele fazia parte de uma caravana de 20 corredores alemães, e ainda era preciso confirmar se seu número do peito batia com a identidade. Problemas cardíacos teriam sido a causa do mal súbito.

Cada vez que publico aqui no blog notícias como essa, alguns leitores reclamam e outros me acusam de apocalíptico. Não se trata disso: como já disse várias vezes, a corrida é um esporte de risco. Precisamos estar preparados para eles, devemos fazer exames médicos periódicos e sempre procurar ouvir os avisos que o corpo nos dá.

Médicos, cientistas e pesquisadores deixam claro que os benefícios da atividade físico –e mesmo de esforços como os exigidos pela corrida—de longe superam os riscos envolvidos ou os problemas vindos do extremo oposto, a apatia e a inação.

Mesmo assim, gente, devagar com o andar, ok?

Ah, a meia maratona de Lisboa é uma das grandes corridas do País, passando pela sensacional  ponte 25 de Abril –que, além de bela, relembra uma das passagens bacanas da história portuguesa, o dia em que foi derrubada a ditadura salazarista. Em suas várias distâncias, reuniu no domingo cerca de 35 mil atletas.

Na prova principal, o britânico Mo Farah bateu o recorde europeu da distância ao mesmo tempo em que se tornou o primeiro súdito da rainha a correr a meia maratona em menos de 60 minutos: fechou em 59min32 (20 segundo abaixo da marca anterior, estabelecida há 14 anos pelo espanhol Fabian Roncero.

Ao cruzar a faixa, o pobre Farah tropeçou e se estatelou no chão, como mostra esta foto publicada pela BBC.

23 farah

A corrida teve ainda a participação do maratonista brasileira Paulo de Almeida Paula, que está polindo seu treino para tentar conquistar marca que lhe dê vaga no Mundial de atletismo. Um dos conhecidos Gêmeos, completou em 1h04min12. A maratona que pretende buscar o índice ainda não está definida, mas deve ser no mês que vem.

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Avenida Sumaré ganha estações de exercícios e alongamentos

Por Rodolfo Lucena
22/03/15 10:02

Boa notícia para quem gosta de fazer exercício ao ar livre.

A avenida Sumaré, na zona oeste de São Paulo, ganhou estações para alongamento que também permitem algum trabalho de força.

Fui correr hoje, depois de uma gripezinha besta que me deixou fora de combate por alguns dias, e fiquei agradavelmente surpreso ao ver a primeira estação, instalada mais ou menos na metade da avenida Paulo 6º, que é a continuação da Sumaré.

Tão impressionado fiquei que até parei rapidamente o meu trotezinho sem-vergonha para registrar o fato. Taí a imagem, ó:

22 sumare 3

Não sei quando foi montado o palanquinho, que está sobre um deck de madeira bem arrumadinho; deve ter sido nos últimos 15 dias, que é mais ou menos o tempo que faz desde a última vez que corri por lá.

O melhor é que a região não ganhou apenas uma estação, mas duas. A outra está instalada na avenida Sumaré propriamente dita, pouco antes da praça Irmãos Karmann (que eu chamo de praça da padoca), no sentido de quem vai para a Barra Funda.

22 sumare 2

Não vi propaganda de nenhuma empresa, apenas a assinatura da Prefeitura –pelo jeito, pelo menos nesse caso (não estou dizendo que não existam outros bons exemplos, veja bem), a administração pública está fazendo bom uso do dinheiro do IPTU.

Agora falta dar uma repintada na pista de corrida/bicicleta, pois o vermelho está mais machucado do que … (é melhor não fazer nenhum comparação nessa altura do campeonato). Pode ser que eu esteja errado, pois não fico de bedel das pinturas do chão de São Paulo, mas a minha impressão é de que a pintura foi feita na época da eleição, o que significa que mal e mal durou seis meses. Pouco, não é?

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Biografia de Joaquim Cruz é lançada em São Paulo

Por Rodolfo Lucena
18/03/15 07:18

Será realizada nesta quinta-feira (19) em São Paulo a sessão de autógrafos de “Matador de Dragões”, biografia do ex-campeão e recordista olímpico Joaquim Cruz.

O atleta, que vive nos Estados Unidos, veio ao Brasil especialmente para o evento, e vai receber o público na Livraria Cultura do shopping Iguatemi, na avenida  Brigadeiro Faria Lima (zona oeste de São Paulo).

Escrito pelo jornalista Rafael De Marco, a biografia conta com prefácios dos jornalistas Juca Kfouri e Dorrit Harazim. O preço de capa é de R$ 50 e parte do dinheiro arrecadado com a venda será destinado ao Instituto Joaquim Cruz, organização sem fins lucrativos que desenvolve programas esportivos para crianças e adolescentes, em Brasília.

O lançamento faz parte das comemorações pelos 30 anos da conquista da medalha de ouro nos 800 metros da Olimpíada de Los Angeles, em 1984, completados 6 de agosto do ano passado.

Segundo material distribuído à imprensa, “o livro narra a trajetória do garoto pobre nascido em Taguatinga, uma das cidades satélites de Brasília, até a glória da medalha de ouro na Olimpíada de Los Angeles, em 1984, e a medalha de prata nos Jogos de Seul, em 1988”.

Não foi uma trajetória fácil: o atleta, que nasceu com uma perna dois centímetros mais curta do que a outra, sofreu oito cirurgias ao longo da carreira.

O livro também aborda “as polêmicas com os dirigentes do esporte brasileiro e a transição das pistas para a vida de homem comum”.

A seguir, texto do prólogo do livro, texto do jornalista Rafael De Marco:

18 jc capa“You will become a great champion!”

“A great champion…”

A frase martelava na cabeça com intensidade similar à das passadas vigorosas que o levaram à glória momentos antes. O turbilhão de pensamentos convergia sempre para as mesmas palavras.

“You will become a great champion!”

Sentado à beira da pista do Memorial Coliseum de Los Angeles, sob o calor do ensolarado dia 6 de agosto de 1984, sentia o corpo entorpecido, a mente em paz. Inebriado pelo sabor dos recentes acontecimentos, o mundo parecia girar em câmera lenta. A cacofonia ensurdecedora de cem mil pessoas a aplaudir, torcer e gritar chegava a seus ouvidos como o eco de sussurros distantes. Orgulho pessoal e sensação de dever cumprido serenavam sua alma. Mas não estava sozinho. Ao lado, igualmente calado e aparentemente tranquilo, o autor da frase visionária observava a movimentação na pista de atletismo.

“You will become a great champion!”

Ironicamente, o inglês Sebastian Coe, o sujeito sentado ao lado, fazia parte do momento em que se concretizavam suas próprias palavras, cunhadas três anos antes em tom profético. Na época, representaram sons incompreensíveis em um idioma estranho, que o jovem saído da periferia de uma das cidades-satélites de Brasília não amealhava instrução para traduzir.

“You will become a great champion!”

Após tudo terminado, o tesouro conquistado, aquela lembrança voltava como algo acontecido há séculos. Em outra vida. O menino brasileiro alto e franzino se fez homem. Esse homem se fez herói imortal na galeria do Olimpo esportivo. Joaquim Carvalho Cruz cumpria, assim, seu destino no mundo. Com uma medalha de ouro no peito, transformava em realidade aquela profecia.

Os dois continuavam isolados no Memorial Coliseum, sentados em duas pequenas cadeiras ao lado da pista, na saída da primeira curva, a poucos metros da linha de chegada. Podiam observar as provas de perto e acompanhar, mais ao longe, a reação dos torcedores, explodindo em euforia como ondas de um colorido oceano humano. Contrastando com a balbúrdia e o clima de excitação geral, a dupla transpirava letargia. Simbolizava a calmaria após a tempestade. Verdadeiros guerreiros a contemplar o campo de batalha após longo e árduo embate. A princípio, não se falavam. Não se olhavam. Absorviam, cada um, seu momento. Sabiam ser aquele um grande dia.

Sebastian Coe interrompeu o silêncio. O então recordista mundial dos 800 metros rasos se virou para o agora campeão olímpico e, de forma natural, quase íntima, quebrou o gelo:

– Não existe dia melhor para assistir a uma competição de atletismo. E nós temos os melhores lugares do estádio!

Joaquim meneou a cabeça em um gesto de aprovação. Aproveitou para, finalmente, falar sobre o primeiro encontro entre eles. Relembrou 1981, a Copa do Mundo de Atletismo, em Roma. Seu batismo de fogo. A primeira competição internacional com os grandes. Inexperiente, frustrou as próprias expectativas ao cruzar a linha de chegada na modesta sexta colocação nos 800 metros. Durante a cerimônia de apresentação dos vencedores, com todos os atletas perfilados diante do público, o brasileiro deixou sua posição, passou por quatro competidores até chegar ao campeão, Coe, na outra extremidade na fila. Durante o breve e educado cumprimento, estranhou a própria coragem para ignorar a timidez habitual e se expor diante de tantos olhares. Um aperto de mãos com significado. No gesto de cavalheirismo esportivo, de fair play, o jovem atleta pretendia demonstrar que, quando se luta até o fim, com todo o coração, ninguém é completamente derrotado.

Como sempre fez e faria ao longo da carreira, o jovem atleta de 18 anos havia lutado o bom combate. Apesar do sexto lugar, dera tudo de seu corpo e de sua mente até a linha de chegada. E seu potencial não passou despercebido aos olhos do até então “dono” dos 800 metros. Durante o breve contato entre suas mãos, o britânico, igualmente gentil, disparou uma única frase. A frase. Em 1984, Coe ainda se lembrava. Lembrava muito bem.

“You will become a great champion!”

“Você vai ser um grande campeão!”

Joaquim Cruz sorriu ao, finalmente, ouvir repetidas as mesmas palavras, pronunciadas exatamente como da primeira vez. Enquanto o característico sotaque britânico enchia o ar, o brasileiro viajou no tempo, mergulhou no passado. Viu os dias de treinamento em Taguatinga, no final da década de 1970, quando repetia mentalmente “um dia, serei o melhor corredor de todos os tempos”, enquanto derretia debaixo do sol escaldante do Distrito Federal e esfarelava solas de tênis com passadas vigorosas em chão de terra batida. Reviu, numa fração de segundo, as dificuldades, alegrias, dúvidas, dores, conquistas e tristezas de uma jornada heroica, iniciada por um menino saído de um barraco periférico no Planalto Central do Brasil para culminar no estádio de um país de Primeiro Mundo, com os olhos do planeta voltados em sua direção.

Num piscar de olhos, avançou um pouco mais no tempo. Reviveu seu momento de glória como espectador privilegiado. Como em um filme, assistiu a Joaquim Cruz correr de forma espetacular. O atleta, vestido de azul, com o número 093 no peito, faz o Coliseum de Los Angeles tremer ao arrancar, sozinho, na reta final, livrar vantagem de cinco metros em relação a Coe para vencer a prova dos 800 metros dos Jogos de 1984 e estabelecer novo recorde olímpico, com o tempo de 1min43s cravados.

Nascia, para o mundo, o grande campeão.

De volta ao presente, os minutos escorriam pelo dia iluminado. Novamente entregues ao silêncio, observaram o cenário por mais alguns minutos até representantes do cerimonial os levarem para a premiação. Joaquim na frente, seguido por Coe e pelo norte-americano Earl Jones, terceiro colocado. Com a medalha de ouro no peito de Cruz, altivo no degrau mais elevado do pódio, o hino brasileiro reverberou mais alto, ouvido pela primeira e única vez nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, nos Estados Unidos.

O dia 6 de agosto de 1984 está marcado na história do esporte nacional e mundial. Para Joaquim Cruz, representa a maior conquista de uma carreira construída à base de profissionalismo, sacrifícios, talento e dedicação. Quando cruzou a linha de chegada no Memorial Coliseum, transformou-se no primeiro brasileiro (e único até os Jogos de 2012, em Londres) a conquistar uma medalha de ouro em provas de pista e o segundo a ocupar o alto do pódio no atletismo olímpico. Antes dele, apenas Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão no salto triplo, havia conseguido façanha de tal magnitude.

O tempo de Cruz derrubou a marca do cubano Alberto Juantorena, 1min43s50, obtida nos Jogos de Montreal, em 1976. Não por coincidência, Joaquim era chamado pela imprensa brasileira de Cavalo, apelido recebido em razão do estilo vigoroso de correr, que lembrava a velocidade de um puro-sangue. Curiosamente, Juantorena, soberano uma década antes, praticamente imbatível nos 400 metros e 800 metros, também se consagrou como “El Caballo”.

Nos Jogos de Los Angeles, Joaquim Cruz era um homem com uma missão. O alvo, a medalha de ouro. E nada teria poder para se colocar entre eles. Vestiu o uniforme do Brasil não para simplesmente competir. Entrou na disputa a fim de buscar o prêmio que, sabia, já lhe pertencia. Confiante, concentrado e excepcionalmente bem preparado, alimentava a certeza íntima de não encontrar adversários a sua altura na Olimpíada. Nenhum obstáculo seria grande o suficiente para detê-lo.

Desejo de vencer e força mental sempre se destacaram no arsenal desse atleta. Aliadas a excelente condição física, técnica, inteligência e uma bagagem genética extraordinária para o esporte, tais qualidades o transformaram em competidor feroz, verdadeiro predador nas pistas durante a década de 1980, praticamente imbatível nos 800 metros e nos 1.500 metros. Caçava – e cansava – adversários até deixá-los definitivamente para trás. Sempre faminto por conquistas, alimentava-se de medalhas, com predileção insaciável pelas douradas.

Nos Jogos Olímpicos de 1984, um sentimento a mais o movia. O mais poderoso de todos, o amor. Joaquim avançava para a medalha de ouro como se corresse para os braços de Mary Ellingson, namorada e futura esposa. Como um amuleto, o atleta guardava o bilhete em formato de estrela recebido das mãos da amada momentos antes do embarque para Los Angeles. Na mensagem, ela desejava boa sorte e o chamava de lucky star, apelido carinhoso, inspirado na canção de Madonna, estouro nas rádios de todo o mundo desde o ano anterior.

Quando entrou na pista, às 16 horas e 42 minutos (horário de Los Angeles), envolto em seu casulo mental, não olhou para os lados nem para cima. Evitou notar o público e a algazarra generalizada. Seu foco estava nos 800 metros que o separavam do final da jornada.

Às 16 horas e 49 minutos, alinhou na raia seis. Um minuto depois, ouviu o tiro de largada. A tática da corrida estava previamente definida. Caso ninguém se apresentasse logo no início, tomaria a ponta e ditaria o ritmo até cruzar a linha de chegada em primeiro. Havia sido assim nos três dias anteriores de eliminatórias, sempre com vitória e tempos cada vez menores.

A final foi diferente. O queniano Edwin Koech assumiu a liderança após o afunilamento, enquanto Joaquim lutava para escapar de um caixote que seria mortal. Após usar os braços para abrir espaço e passadas alongadas e potentes para ganhar terreno, assumiu a segunda colocação, acompanhando o africano de perto. Logo atrás, surgia o temido Sebastian Coe, atento para não se desgarrar do pelotão da ponta.

A prova seguiu nessa configuração até os 600 metros, que o brasileiro sabia serem o ponto para o bote fatal. Despejou potência nas pernas, acelerou e partiu para cima de Koech. Ultrapassou sem pedir licença e tomou a ponta sem dificuldades. Apontou na reta de cara para o vento e, em um dos mais sensacionais sprints da história do atletismo, cortou os 100 metros finais feito uma flecha para a vitória e a consagração, exatamente às 16 horas, 51 minutos e 43 segundos.

Para quem assistiu da arquibancada do estádio, acompanhou pela televisão ou leu nos jornais, assim se passou o 1min43s da final olímpica dos 800 metros. De dentro para fora, representou muito mais. Joaquim sentiu o corpo ganhar dimensões gigantescas. Arrepios iam dos pés à cabeça, como choques elétricos estimulantes a inflar as fibras musculares. Enquanto acelerava, crescia. E cresceu até se ver maior que todos. As linhas de separação das oito raias se uniram em uma única trilha. As pernas desafiavam a gravidade. Cada vez mais leves nos derradeiros metros, já não tocavam o solo. Tudo à volta perdia o foco, menos a linha de chegada. O estádio mergulhou em silêncio vagaroso enquanto Joaquim alçava seu voo. Voou alto, como nos sonhos dos tempos de criança, em que tentava alcançar a lua. Não percebeu o mínimo cansaço e, se precisasse correr mais 100 metros após cruzar a linha de chegada, correria com tanta facilidade que talvez a vantagem para Coe atingisse dez metros em vez de cinco. Talvez mais.

Quando parou, aterrissou como campeão olímpico. Não explodiu de alegria descontrolada, reação que seria até compreensível diante de tamanho feito. Não estourou de revolta como resposta às dificuldades que a vida lhe impusera desde a infância pobre. Manteve a serenidade e a discrição, marcas registradas da personalidade tímida e austera. Limitou-se a cinco emblemáticas homenagens. O maior agradecimento destinou a Deus. Transposta a linha final, um único pensamento: “Meu Deus! Obrigado, meu Deus!” O soco no ar dirigiu ao pai, também batizado Joaquim Cruz, morto três anos antes. O abraço longo, fraterno e grato, reservou ao técnico, amigo e segunda figura paterna, Luiz Alberto de Oliveira. O coração, que manteve acesa a chama pela vitória, batia acelerado pela amada Mary. A volta olímpica com a bandeira verde-amarela tremulando nas mãos foi toda, centímetro por centímetro, passo após passo, dedicada ao povo brasileiro.

No Brasil, a população, sem se dar conta de tamanha homenagem, estava, em sua maioria, na frente de um aparelho de televisão para a primeira transmissão ao vivo da vitória de um atleta nacional em Jogos Olímpicos. O país parou para assistir à realização de um sonho. O sonho do brasileiro de infância pobre, que teve a infelicidade de nascer com a perna direita dois centímetros mais curta que a esquerda e superou limites para triunfar, valente e nobre, diante de adversários temíveis e poderosos, vindos de países desenvolvidos, onde as crianças têm escola, mesa farta e não precisam trabalhar para ajudar no sustento da família.

Resumida a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1984, a história de Joaquim Cruz poderia ser uma espécie de conto de fadas moderno, com pares de tênis no lugar do sapatinho de cristal. Não é.

A saga do campeão das pistas de atletismo é a epopeia de um brasileiro que se tornou cidadão do mundo. É recheada de vitórias gloriosas, alegrias e sucesso, mas não imune a derrotas, lágrimas, tristezas, cicatrizes (decorrentes de oito cirurgias) e dores, como as de qualquer pessoa, principalmente as nascidas abaixo da linha do Equador. A vida de Joaquim Cruz é um retrato do esporte no Brasil, que vive de heróis esporádicos em batalhas épicas. Em 1984, a vitória nos 800 metros representou a sexta medalha de ouro do país e, 30 anos depois, até os Jogos de Londres, apenas outras 17 foram ganhas por atletas e equipes nacionais.

A história de Joaquim Cruz é a do homem que lutou e venceu. É a história de quem aprendeu a acreditar no próprio potencial como profissional e como ser humano. É uma história que merece ser contada. História com início 21 anos antes daquela tarde dourada de 6 de agosto de 1984 no Memorial Coliseum de Los Angeles.”

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Mulheres correm contra a violência, por igualdade e justiça

Por Rodolfo Lucena
10/03/15 06:40

A cada vinte segundos, uma mulher é espancada no Brasil; uma mulher é assassinada a cada hora e meia; de cada cinco brasileiras, uma sofre algum tipo de violência.

Os dados da Secretaria de Política para as Mulheres são uma evidência de que, por mais que governos e instituições tenham feito, ainda há muito por fazer para que a mulher brasileira possa se sentir livre, protegida e capaz de enfrentar os ataques que sofre na rua, no trabalho e em casa.

Essa é uma das razões que levaram um grupo de blogueiras e corredoras a corrida Movimento pela Mulher , que será realizada em São Paulo no próximo domingo –as inscrições podem ser feitas até amanhã 911.3). Homens também podem participar.

Conversei com a promotora Gabriela Manssur, uma das “inventoras do projeto” –as outras são a blogueira Paula Narvaez e a poderosa do Instagram Deborah Aquino.  (tem mais de 80 mil seguidores na rede social de fotografias). Elas estão juntas na foto abaixo (da esq. para a dir., Deborah, Paula e Gabriela).

mar 10 meninas

Casada, três filhos, Gabriela é promotora de Justiça titular de Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Ela e sua equipe tomam conta de seis mil processos em curso, número que sempre aumenta: por dia, chegam cerca de 20.

Ele me disse que corre “desde pequena”, mas, nos últimos 20 anos, aumentou sua participação em corridas de rua. No ano passado, fez sua primeira maratona.

Eis a seguir os principais trechos de nossa conversa, realizada por e-mail.

RODOLFO LUCENA – O que é a corrida Movimento Pela Mulher?

mar 10 manssurGABRIELA MANSSUR – É uma corrida que visa reunir homens e mulheres para juntos representar a luta pelo fim da violência contra a mulher, além de incentivar as mulheres a buscarem qualidade de vida por meio da corrida. Visa também reunir o maior número de pessoas em um único evento, a fim de chamar atenção dos órgãos públicos para o alto índice de violência contra mulher e a necessidade de desenvolvimento de políticas públicas em prol das mulheres.

 

Por favor, comente o slogan da prova “Empoderamento, Igualdade e Justiça”?

A mulher precisa de apoio para sair de um ciclo de violência, ou para sair da vulnerabilidade e até mesmo para conseguir se equiparar aos homens em direitos. E esse apoio permite que a mulher denuncie uma agressão, tenha acesso ao mercado de trabalho, à educação, profissionalização, atendimento médico, acompanhamento psicológico, direito à moradia e acesso ao esporte e lazer.

Se a mulher tem esse apoio, ela se sente empoderada (independente financeiramente e emocionalmente) e não se submete a nenhum tipo de violência. Ela se fortalece e então passa a exigir em todas as esferas de sua vida (pessoal, social, profissional), igualdade de direitos em comparação com os homens. E claro, o acesso à Justiça é que vai garantir proteção a essa mulher em situação de violência e vai fazer valer os seus direitos, caso sejam violados.

 

E a que se refere a consigna: “Quem tem força para correr tem força para dizer não”?

Para nós, idealizadoras desse protejo, a corrida nos fortalece a cada dia. Todas nós temos históricos de circunstâncias que nos exigiram uma força muito grande para enfrentar, superar, vencer. E percebemos que a corrida nos traz essa força.

Se você corre 5 km, você consegue enfrentar um probleminha; se você corre 10 km, você consegue enfrentar um problemão, se você corre uma meia maratona, já nem aceita violência, e se você corre uma maratona….ah!!!! Aí ninguém segura, você é capaz de conquistar o mundo.

A corrida gera autoconfiança, prazer, determinação, disciplina e a certeza de que é possível conquistar um sonho, um objetivo. E a conquista da independência para as mulheres que sofrem qualquer tipo de violência (física, psicológica, material, sexual) é um sonho que pode ser alcançado.

 

Pelos dados sobre violência, muitas mulheres levam tempo para se rebelar ou mesmo ficam sem ação…

Sim, é verdade. Os crimes de violência contra a mulher geralmente são cometidos por pessoas que possuem laços afetivos e/ou vínculos familiares com a vítima. É muito difícil denunciar um pai, um filho, um marido, um namorado, o pai dos seus filhos.

Há também o fator medo, que interfere muito: medo de apanhar mais, de morrer, de causar tristeza nos filhos, nos pais.

A vítima se sente culpada pela violência.

Outro fator que conta muito é a sensação de impunidade: muito embora a Lei Maria da Penha esteja em pleno vigor, ainda faltam mecanismos de aplicabilidade integral, equipamentos necessários e delegacias, promotorias e varas especializadas para atender todos os casos. Não se pode atender uma vítima de estupro na mesma delegacia que se atende um tráfico ou um roubo.

Essa sensação de impunidade gera uma insegurança na vítima em procurar ajuda e elas acabam sofrendo essa violência sem pedir ajuda. E cada vez a agressão vai ficando mais e mais grave, até que o agressor venha a matá-la.

Isso sem falar na dependência financeira, na vergonha, no envolvimento emocional. Praticamente 90% dos casos denunciados não vão até o fim. Ou as vítimas desistem ou não há decisão judicial.

 

Mesmo assim, a mulher vem reagindo?

Sim, a mulher está procurando ajuda, denunciando, não aceitando a violência. A informação, o conhecimento da lei e o apoio dos familiares, amigos e do poder público são essenciais para que ela rompa com o ciclo da violência.

Há a necessidade de que as mulheres sejam independentes financeiramente, para que elas não se submetam a nenhuma forma de violência e a inclusão dessas mulheres no mercado de trabalho, para mim, é uma das melhores formas de fortalecê-las.

Acredito muito no trabalho com os homens agressores: eles precisam saber as consequências de seus atos e também serem inseridos numa rede de atendimento: muitos deles estão com problemas de alcoolismo ou drogas, estão desempregados, com baixa autoestima, têm a cultura muito machista e acabam agredindo as mulheres.

 

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Ex–obesa despacha 33 quilos e debuta na meia maratona

Por Rodolfo Lucena
06/03/15 12:52

Ao longo desta semana, vi algumas redes sociais inundadas por fotos de uma moça sorridente, fazendo pose de corredora que acabara de quebrar o recorde mundial. Tinha imagens dela correndo, com amigos, com o marido, mordendo a medalha…

Em algumas cenas, não havia sequer legenda. Outras mostravam a tradicional dupla “antes” e “depois”. Prestei mais atenção em uma que contava que a tal moça tinha acabado de fazer sua primeira maratona e estava feliz da vida.

Então despachei mensagens para ver se ela queria contar seu debute aqui para o blog. CRISTIANE SAMPAIO foi supersimpática e concordou logo. Ela tem 36 anos, é jornalista por formação e empresária na área de comunicação –tem um escritório de assessoria de imprensa.

Fiquei sabendo que a conquista da medalha da meia maratona internacional de São Paulo talvez tenha sido a menos importante no rol de realizações da corredora, que já fora uma moça obesa de mais de cem quilos e agora rodava pelo asfalto livre, leve e solta.

Vou parando por aqui, senão contarei toda a história. É melhor deixar que a CRISTIANE faça o relato.

Acompanhe a seguir o texto que ela gentilmente mandou para este blog e que também serve como minha homenagem a todas as mulheres, gordas e magras, grandes e pequenas, de todas as raças, cores e credos, todas guerreiras por um mundo melhor. Salve 8 de Março, Dia Internacional da Mulher!

06 cristiane abre

 

“Minha história com a corrida vem da minha história de emagrecimento e um novo estilo de vida para sair da obesidade.

Acordei chorando no dia 7 de setembro de 2013 (Independência do Brasil, mas também o aniversário do meu marido). Mais um ano havia se passado, e eu não tinha conseguido emagrecer –pelo contrário, havia engordado mais ainda.

Nunca tinha sido obesa nem magrela, passei a maior parte da minha vida com um peso saudável, que oscilava um pouco, mas nunca havia chegado àquela situação. Depois de cerca de seis anos de efeito sanfona, naquele 7 de setembro a balança marcava o meu maior peso, 101 quilos!

Na festa de aniversário do meu marido, não tinha roupa que me servisse, acabei repetindo o “modelito” preto e largo de sempre! Acabou a festa, baixei as fotos e de novo caí em prantos! Eu não me reconhecia nas fotos! Fui dormir arrasada com a minha própria incapacidade de cuidar de mim mesma!

No começo da semana seguinte, falei sobre o assunto com uma amiga que me perguntou se eu conhecia a dieta do médico francês, Dr. Pierre Dukan. Falei que não. Ela mandou para minha casa de presente o livro a respeito da dieta.

Eu estava bem desacreditada de tudo, há alguns meses estava em depressão e com crises de síndrome do pânico, tudo pela minha péssima condição de saúde e pela imagem que eu via no espelho e não gostava.

Naquele momento, eu aceitaria fazer qualquer coisa para emagrecer (exceto tomar remédios tarja preta, pois já tinha tomado, emagreci e engordei mais ainda depois de parar a medicação). Em 14 de setembro de 2013, comecei minha dieta.

Fui ao médico e fiz exames completos. Eu estava com obesidade grau um (com Índice de Massa Corpórea – IMC de 34,94; esteatose avançada (que é gordura no fígado, já em vias de partir para outros órgãos); glicemia e colesterol nas nuvens.

A médica aprovou a dieta que eu escolhera e me acompanhou em todo o processo. Foram seis meses e meio para a perda de peso, eliminei 35 quilos, saindo dos 101 para os 66 quilos. Atualmente, continuo na mesma dieta, que é para sempre, só que agora em outra fase, a de consolidação (manutenção do peso). E agora estou com 68 quilos, pois ganhei dois quilos de massa magra –hoje, além de correr, eu faço ballet clássico e musculação funcional.

06 cristiane antes e depois

No começo da dieta, porém, eu não fazia absolutamente nada de atividade física porque nem sequer conseguia subir a rua da minha casa a pé, pois já ficava extremamente ofegante.

Eu tinha dificuldade de locomoção, estava muito inchada, com inflamação causada pelo excesso de carboidratos ruins, pela má alimentação.

Depois que perdi os primeiros 15 quilos, já comecei a me sentir bem mais disposta e vi que era a hora de fazer alguma atividade física. Afinal, depois que atingisse o peso ideal eu precisaria de algo para me ajudar a manter o peso.

O mais fácil e prático na época para mim era caminhar na esteira que eu já tinha em casa e que nunca tinha sido usada. Comecei caminhando na esteira, aí revezava com a rua.

A caminhada ficou cansativa, eu sentia a necessidade de acelerar, de aumentar a velocidade na esteira. Um belo dia, um ano e três meses atrás, que comecei a correr.

Parece bobagem, mas para quem vinha da condição física que eu estava, era uma vitória correr sem parar 100, 200, 300 metros que fossem! Eu não aguentava muito tempo, então revezava entre corrida, trote e caminhada.

Procurei por sites, blogs, grupos em redes sociais que abordassem o tema corrida e comecei a me informar sobre treinos. Comprei um livro de treino de corrida para iniciantes e segui toda a planilha do livro!

Uma amiga maratonista me incentivou a ir para a rua.

Fui e é incrível. Foi apaixonante poder correr sentindo o vento no rosto, poder correr bem mais leve, sem aqueles quilos todos, poder correr usando uma bermudinha justa, uma blusinha mais justa. Sei que é difícil explicar, nem tem muito como explicar, simplesmente eu me apaixonei pela corrida.

Com uma amiga do grupo de dieta, fiz a primeira prova de cinco quilômetros. Logo vieram outras, consegui correr dez quilômetros; De repente, vejo na TV que as inscrições para a São Silvestre estavam abertas! Pensei: será que eu consigo correr 15K?

Li muito a respeito, conversei com várias pessoas do meio e segui uma planilha de treino especificamente para quem ia fazer a primeira São Silvestre! Fui extremamente disciplinada.

Eu já havia perdido todo o peso que precisava, já estava no meu peso ideal. A questão não era mais emagrecer, era a paixão que adquiri mesmo pela corrida, ao ponto de fazer duas tatuagens em homenagem à corrida!

Fiz a São Silvestre e fui bem, corri sem parar os 15K em 2h03. Terminei a corrida cansada, mas consegui bater minha meta pessoal que era correr sem parar.

Passada a São Silvestre, com o orgulho e satisfação veio um efeito estranho… parecia que faltava algo! Ok, fiz a São Silvestre, e agora? Ficou um vazio…

Eu precisava de um novo desafio. Aí veio a Meia Maratona Internacional de São Paulo. Só que eu não tinha feito mais que 15K ainda para correr os 21K da meia. Então, fui treinar, simples assim! Não tem outro jeito, só treinando! Nos treinos consegui fazer até 18K.

Como a Meia de SP vem no começo de março, logo depois de Carnaval, pega a gente um pouco despreparado, porque eu treino direito, me alimento corretamente, mas também viajei de férias em janeiro e emendei com o Carnaval, então, naturalmente meu corpo estava em outro ritmo. Por isso, fiquei com medo mesmo da Meia, quase me arrependi de ter feito a inscrição.

Aí eu pensei, bom, eu não sou atleta profissional, não tenho que dar satisfação para nenhum patrocinador, não vou competir com ninguém a não ser comigo mesma… então, vou lá correr, no máximo o que pode acontecer é eu não aguentar, aí eu sigo caminhando (pensava assim, mas já com as minhas três metas pessoais na cabeça e no papel):

1)      Correr minha primeira meia maratona.

2)      Fazer minha primeira meia maratona correndo 100% do percurso, sem caminhar!

3)      Fazer minha primeira meia maratona abaixo de 3h.

Se eu falar que eu não fiquei ansiosa, é mentira, mas estava infinitamente mais calma do que às vésperas da São Silvestre ou até mesmo de outras corridas de menores percursos. Fiz muito um trabalho psicológico comigo mesma. Pensei: treinei, estou me alimentando corretamente, fazendo corretamente o processo de hidratação, enfim, não tenho com o que me preocupar!

Nesse meio tempo tive uma grata e feliz surpresa! Meu marido, Aurelio Ferreira Brasil Filho, começou a correr também!

06 cristiane e maridoQuando eu comecei a correr, ele marcava comigo meus tempos, me ajudava nas planilhas de treino, mas só ajudava na parte teórica! Ele mesmo não corria nada, não fazia atividade física. Ele está no peso ideal, tem uma saúde excelente, mas não fazia atividade física agora depois que parou de jogar o futebol dele.

Um dia, em um sábado à noite, falei para ele que acordaria domingo bem cedo para correr na rua, aqui nas imediações do meu bairro mesmo. Ele falou: eu vou junto!

Aí ele foi de bicicleta me acompanhando porque ele já andava de bicicleta. Depois começou a fazer a esteira em casa, e eu passei a ser a treinadora dele rsrsrsr!

Começamos a correr juntos algumas vezes por semana na rua e ele manteve os treinos na esteira quando não ia para a rua comigo. Criei um grupo de corrida no Facebook, o “Corra, Magrela, Corra!”, e, periodicamente, marcamos treinos no Parque do Ibirapuera. Ele começou a ir junto e a correr também com a gente.

Na Meia Maratona, ele foi nos 5 km e eu nos 21 km. Foi muito legal mesmo. Corremos juntos parte dos 5K. Quando chegou a hora de ele virar à direita, e eu seguir em frente no trajeto dos 21K, fiquei muito emocionada!!!

Como ele fez os 5K, ele teve um tempo para ficar esperando. Quando cheguei, depois de 2h48 (dentro de minha meta), ele me deu parabéns e confessou: “O que a gente não faz por amor?”.

Ele e eu estamos correndo pelo nosso amor, e eu estou correndo pelo amor que tenho por mim mesma, para nunca mais me machucar como fiz ao chegar aos 101 quilos.

Agora, o próximo passo é treinar para reduzir o tempo em 10 e 15K para fazer mais algumas provas de 21K com um tempo bem melhor do que na Meia de SP. Depois, partir para a tão sonhada Maratona! Não sei quanto tempo isso vai levar, mas também não quero saber agora, vou um dia de cada vez!”

 

 

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Narcotráfico mata oito pessoas às vésperas da ultra Caballo Blanco

Por Rodolfo Lucena
03/03/15 11:02

03 urique

Hoje tenho mais informações sobre os acontecimentos na cidade de Urique, onde seria realizado no último fim de semana a emblemática ultramaratona Caballo Blanco, que segue trilhas percorridas pelos índios tarahumara, que se tornaram conhecidos como “corredores descalços”.

Nos dias que antecederam a corrida, a cidade e a região serrana, no Estado de Chihuahua, foram ocupadas por narcotraficantes, que lançaram o terror sobre a população e mataram várias pessoas. A falta de segurança provocou o cancelamento da corrida; os atletas visitantes foram escoltados para local seguro com o apoio de forças do Exército.

A primeira informação que recebi foi de que três homens haviam sido sequestrados e executados pelos traficantes. Mais tarde, um jornal mexicano confirmou a identificação de dois corpos, um jovem de 26 anos e outro de 29 anos, encontrados a cerca de 20 km da cidade.

Ao mesmo tempo, diversos sites passaram a noticiar que a corrida tinha sido realizada e que tudo estava tranquilo na cidade.

Procurei cotejar diversas fontes de informação e descobri que o governo municipal organizou uma corrida, que chamou de Ultra Caballo Blanco, para fingir que estava tudo bem. O mesmo governo havia negado ter ocorrido invasão de bandidos, coisa que a imprensa mexicana desmentiu: o ataque, de fato, ocorreu.

A minha fonte, desde o início, foi o organizador da prova, Josue Stephens, apontado como herdeiro de Caballo Blanco por sua dedicação à causa dos índios tarahumara e à corrida dita natural.

Depois da primeira mensagem que recebi, logo cedo pela manhã, ficamos sem contato por várias horas. Mais tarde, ele confirmou o que eu já tinha descoberto por meio do cotejamento das notícias divulgadas por diferentes sites: houve mesmo uma tentativa de maquiar o ocorrido a fim de não assustar os turistas.

No final do dia, Stephens mandou para mim uma terceira carta, na qual ele dá mais detalhes do ocorrido. Publico a seguir alguns dos trechos do depoimento dele:

SOBRE O CANCELAMENTO DA PROVA: “Nós cancelamos a ultra Caballo Blanco por falta de segurança. A prefeitura realizou um evento alternativo que não foi a Cabllo Blanco. Essa foi uma tentativa de encobrir o que estava acontecendo, por medo de que a violência prejudicasse o turismo na região”.

VIOLÊNCIA E MORTES: “As autoridades municipais me disseram que não havia razão parque a prova fosse cancelada porque ninguém tinha se ferido até então.Não é verdade. Eu mesmo vi bandidos arrastarem vários homens, que depois foram mortos. Vi a mãe de um deles correndo, chorando e gritando, pedindo que a vida do filho fosse poupada.

“Dos três homens mortos fora da cidade, dois eram policiais. Eu vi a polícia ser desarmada por forças do cartel (narcotraficantes). Ontem (sábado, 28.2) nós ouvimos tiroteio e explosões de granada na região durante todo o dia.

“Os bandidos são homens que não se importam com coisa nenhuma além de seus próprios interesses e atiram em qualquer um que se coloque contra eles.

“No sábado mesmo, forças do Exército chegaram à cidade, dando uma falsa sensação de segurança. Mas já era tarde. Pelo que eu soube, nos últimos três dias [NR.: de quinta a sábado] mais de oito pessoas foram mortas na região. Supostamente, elas tinham algum tipo de envolvimento com o cartel do tráfico.”

“Por isso, decidimos cancelar a prova 12 horas antes da largada. “Conseguimos segurança para fazer a evacuação e pedimos que todos os corredores saíssem na manhã seguinte [de domingo, 1.3].

“Os corredores locais não entenderam nossa decisão, eles vivem com medo sempre e queriam correr de qualquer forma, sentiam-se seguros por causa da presença dos militares.

“Mas não era isso que nós queríamos, não foi isso o que oferecemos aos atletas. Nós não viemos para ficar no meio de uma guerra, nós viemos para correr em paz.

03 urique 2

“Então, sem falar conosco, o prefeito, que tinha ficado escondido pelos últimos três dias, apareceu e disse que a cidade estava segura e que a corrida estava mantida.

“Eu estava num restaurante quando ouvi o prefeito fazer esse anúncio na praça. Havia uma multidão lá, toda a cidade e mais os corredores.

“Num momento que me parece agora surreal, eu corri até lá, subi no palco, peguei o microfone e falei que aquela corrida não era legítima, que a situação não estava segura e que o governo municipal iria fazer a prova sem a participação dos organizadores.

“Muita gente me aplaudiu e concordou comigo, afirmando que não havia segurança e que não iriam correr.

“Nós não queríamos essa divisão. O cancelamento da prova havia sido decidido por nós juntamente com o secretário de Turismo, mas então o prefeito passou por cima desse acordo.

“Maria Walton [viúva de Caballo Blanco], que é codiretora da prova, já tinha saído. Eu pedi para alguém chamá-la e fui novamente me reunir com  as autoridades na Prefeitura.

“Enquanto isso, continuava rolando bebida na praça. Representantes do governo municipal pegaram o microfone e gritavam que não precisavam dos gringos medrosos, que a corrida era deles e que eles correriam sem os estrangeiros.

“Nossa reunião com o prefeito e seus secretários foi tensa, eles disseram que manteriam a prova porque a presença do Exército garantia a segurança, ainda que grande parte do percurso estivesse bloqueada por causa do tiroteio e dos enfrentamentos, que ainda estavam ocorrendo.

“A multidão na praça estava ficando mais açulada, enquanto outros corredores estrangeiros chegaram para conversar conosco. Nós informamos a todos a situação e decidimos dormir e ir embora na manhã seguinte, como planejado.

“Na manhã de domingo, ajudei os corredores estrangeiros nas providências para a saída, e depois meu filho e eu pegamos um pequeno avião para sair da região.”

A corrida organizada pelo governo municipal acabou sendo realizada, segundo os sites que eu consultei. As informações divulgadas pelo governo local dão conta de que houve participação de 450 corredores, inclusive atletas estrangeiros.

O certo é que a situação do México está cada vez mais dramática, e a ação dos narcotraficantes se amplia a cada dia.

Reportagem publicada no jornal “Valor”, edição de hoje, diz o seguinte: “Os cartéis do narcotráfico controlam boa parte do território, extorquindo donos de empresas, comprando autoridades e paralisando setores importantes, como o da agricultura e o do turismo”.

Foi o que aconteceu na longínqua, pobre e bela Urique, na serra Tarahumara (as fotos são do site oficial de turismo, e eu as usei aqui apenas como ilustração, elas não foram feitas nos últimos dias; as crianças correndo não estavam participando da corrida de domingo último).

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