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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Marílson e Solonei correm em Londres neste domingo

Por Rodolfo Lucena
20/04/12 12:14

Marílson Gomes dos Santos não precisa conquistar nenhuma marca para ir à Olimpíada de Londres; está pré-convocado porque foi um dos 30 melhores maratonistas no ano passado. Mesmo assim, vai atrás de um tempo bom na maratona de Londres, neste domingo. É um jeito de mostrar que tem mesmo direito à vaga, que não é favorecido por cartolas nem ganha lugar no tapetão.

Já Solonei Rocha da Silva, campeão pan-americano da maratona, tem missão mais espinhosa nas ruas britânicas. Precisa fechar em menos de 2h12min03, tempo do até agora terceiro brasileiro qualificado, Franck Caldeira.

“Estou treinando para essa prova desde o ano passado e espero cumprir tudo o que foi planejado pelo meu técnico”, disse Solonei, que completou 30 anos na última quarta-feira e aparece com Marílson na foto abaixo, gentileza de Fernanda Paradizo/Revista Contra-Relógio.

Recebi muitas palavras de apoio. Saibam que vou me doar de corpo e alma para fazer uma boa prova no domingo”, completou Silva.

O Brasil pode levar à maratona olímpica três atletas com índice A (2h15). Marílson já está com o passaporte carimbado, deixando, portanto, duas vagas em aberto.

Até agora, o mais forte candidato a uma delas é Paulo Roberto de Almeida Paula, que cravou 2h11min51 em Barcelona no final de fevereiro.

No domingo passado, maratonistas brasileiros se espalharam pelo mundo em busca de percursos rápidos. Em Milão, Frank fez o índice, assim como Damião Ancelmo de Souza, que ficou mais para trás, com 2h14 e mais segundeira.

Neste domingo, há nova tentativa. A maratona mais estrelada é a de Londres, onde a superelite internacional corre atrás do recorde mundial.

Basta dizer que lá estarão o recordista mundial, Patrick Makau, e seu mais renhido perseguidor, Wilson Kipsang, que ficou a apenas quatro segundos do recorde na maratona de Frankfurt, no ano passado. Os dois são sub2h04; há ainda dois sub2h05 e nada menos que sete corredores sub2h06. Entre as mulheres, há quatro sub2h20 e outras três sub2h21. Não tão rápida quanto elas, mas de elegante passada e vontade férrea, a campeã olímpica Constatina Dita  (2h21min30) também diz presente.

Mas voltemos aos brasileiros.

A maratona de Pádua, na Itália, também recebe vários candidatos ao índices. Michele Chagas vai tentar se somar a Adriana Aparecida da Silva, única maratonista brasileira já classificada para Londres-2012. Também estarão na pista a guerreira das Alagoas Marily dos Santos, que representou o Brasil na maratona de Pequim-2008, Rosângela Farias e Sérgio Celestino.

E, a julgar pelo que rola em conversas de treinadores de elite, os gêmeos Paulo Roberto e Luiz Fernando de Almeida Paula voltam ao asfalto no domingo, também em Pádua. Aliás, como este é o mês do tudo ou nada, é bem possível que atletas que não conquistaram a vaga em provas no início do mês tentem ainda uma outra maratona, mesmo com todo o cansaço acumulado.

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Meu primeiro supertênis

Por Rodolfo Lucena
18/04/12 12:10

JULIANO BARRETO foi repórter do caderno Informática da Folha na época em que eu editava aquele trepidante hebdomadário. Hoje, aos 29 anos, é um dos editores da revista Info, além de escrever para blogs como o Resenha em 6 e Juliano VS Jubash. No meio tempo, começou a correr e acabou gostando da coisa. Tanto que já investe em equipamentos mais sofisticados enquanto se prepara para fazer sua primeira prova de dez milhas. Mas deixemos que ele mesmo conte sua história nesta crônica que mandou especialmente para o +Corrida. Fique, pois, com o texto de JULIANO.
“Há quatro anos, sedentário e beirando os cem quilos, decidi correr. Como todo mundo que toma essa decisão, não tinha muita ideia do que era preciso para avançar das caminhadas até as provas. Meus primeiros dias de esteira foram barulhentos. Não só pelo meu peso e pela falta de técnica nas passadas mas também pela precariedade dos meus calçados: um par de chuteiras para futebol society. Precisava de tênis de corrida.

“Comprei um modelo intermediário, de uma marca conhecida, e ali percebi que as coisas seriam mais fáceis com menos peso e mais amortecimento. Quilômetros e quilômetros se passaram, comprei outro tênis, igualmente baratinho, intermediário e eficiente. Participei de provas, corri no barro, me apaixonei pela corrida. E chegou o momento de aposentar o terceiro tênis baratinho. Era chegada a hora de investir num modelo daqueles indicados nas revistas especializadas. Pensei que, comprando um daqueles, estaria me premiando e também me obrigando a correr com mais regularidade.

“Pesquisei preços, marcas, modelos e cheguei a um par de tênis com nome, sobrenome, versão e até apelido. Lembrei-me dos tempos em que nas lojas de automóveis era possível encontrar o “Monza Barcelona 2.0 92”. O preço do tênis também podia ser associado ao de um carro, afinal aquele valor poderia muito bem ser gasto para pagar uma parcela de financiamento.

“No primeiro dia de uso, porém, mostrou que tinha valido a pena. Todo bonitão, aquele tênis iria propiciar mais velocidade, menos cansaço e uma autoestima maior nas provas de rua. Nessas ocasiões, sempre me sentia um patinho feio quando via alguém passando por mim com aqueles calçados coloridos, de design de nave alienígena.

“No primeiro treino, percebi que o material superior do tênis com pedigree era de fato mais leve e envolvia meus pés de um jeito mais elaborado, dando mais estabilidade, mas não proporcionando mais conforto que os meus outros “tênis genéricos”. Por alguns meses, o calcanhar de um pé batia no tornozelo do outro.

“Implacável como sempre, o tempo foi passando e esse problema continuou até o supertênis começar a ficar mais tortinho para dentro, como é o meu pé direito. Ao contrário do que eu imaginava, não fiquei mais rápido, não escapei das dores musculares chatas nem causei algum estardalhaço enquanto levava o meu “Monza Barcelona 92” para passear em parques ou provas.

“Percebi então que o preço do tênis não tem nada que ver com o valor do corredor. O amortecimento mais presente, perceptível, é agradável, mas não é isso que vai te fazer levantar cedo da cama para correr no frio ou motivar a troca de um domingo de sol entre a família e os cachorros por um trote solitário pelas ruas da cidade.  Quem não tem dinheiro sobrando deve primeiro pensar em investir num treinador ou em viagens para provas em outras cidades. Isso leva muito mais longe do que ser uma fashion victim da corrida.”

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Corrida com rock é aperitivo para maratona de Londres

Por Rodolfo Lucena
17/04/12 18:47

Tem gente que nasce com sorte. O economista Carlyle Vilarinho, leitor e eventual colaborador deste blog, parece ser uma dessas pessoas. Conseguiu ser sorteado para participar da maratona de Londres –é uma daquelas provas que os interessados são tantos que precisam ser selecionados por uma loteria. E, já que ia viajar para a capital britânica, tratou logo de ver se não conseguia encontrar mais uma provinha. E que provinha: nada menos que a meia maratona rock `n roll de Edimburgo. Mas paro por aqui e deixo que CARLYLE, que tem 54 anos e já fez mais de dez maratonas, compartinhe conosno a sua experiência.

 “Meu treinador me orientou para manter o foco na maratona e correr a de Edimburgo pela festa, como um treino de luxo. E assim foi.

“A prova é muito bem organizada. Começa às 9h em um parque imenso, com toda a infraestrutura: lugares aquecidos, frutas, comidinhas e muito som de ótima qualidade e bom gosto. No horário da largada, a temperatura era de 4º C; ao lungo do percurso aumentou talvez uns dois graus, se tanto.

“O percurso é muito bonito. Inicia por uma área mais bucólica, contorna o Monte Hollyrood, ganha uma avenida beira-mar para então seguir, a partir do km 13, por um trecho totalmente urbano, as ruas da velha Edimburgo. E a chegada acontece no mesmo parque Hollyrood, com uma belíssima medalha, comida, e muito rock para conter o frio.

“É um percurso de dificuldade média, muitas subidas, leves e nem tão longas, mas em grande número. Gostei muito e recomendo.
“Depois desse treino de luxo, acredito estar pronto para a maratona de Londres. Estou bastante ansioso, na maior expectativa. Imagino ser esse o sentimento, a sensação de todos aqueles corredores que lá estarão, desde os amadores, como eu, até os da elite, que buscam índice para a Olimpíada.

“Eu não busco tempo, apenas terminar bem e levar para casa aquele souvenir que nós corredores tanto gostamos: uma medalha no peito.”

 

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Calor derruba Mutai e tempos de Boston

Por Rodolfo Lucena
16/04/12 22:28

O maratonista mais rápido do mundo pode ficar fora dos Jogos Olímpicos de Londres. Geoffrei Mutai, que venceu a maratona de Boston do ano passado com 2h03min02, não conseguiu completar a prova deste ano. Mostrou-se incapaz de acompanhar o ritmo do primeiro pelotão e acabou abandonando a corrida, sob a a alegação de câimbras. Isso pode custar a ele a vaga em Londres, que ainda está para ser decidida pela federação queniana com base em critérios não divulgados.
O calor que se abateu nesta segunda-feira sobre Boston, anunciado desde a última sexta-feira, fez vítimas mesmo antes de a prova começar. Mais de 3.600 inscritos nem sequer foram pegar seus números de peito; outros quatrocentos e pouco, que pegaram seus números, não compareceram à largada. No total, partiram 22.426 corredores, cerca de 84% dos inscritos.
Com a corrida em andamento, pouco a pouco os contendores foram sentindo os efeitos da temperatura: na largada feminina, os termômetros marcavam 21 graus, e as moças saíram em ritmo adequado, bem mais lento do que costumeiramente acontece.
Os homens também não foram seduzidos pelo canto de sereia da caça ao recorde e trataram de ser bem conservadores: a meia maratona foi cruzada em mais de uma hora e seis minutos, enquanto o primeiro pelotão ia aos poucos definhando.
Entre as mulheres, ficaram sete, depois cinco, depois três, enfim duas: Sharon Cherop e Jemima Jelagat Sumgong. Quem, como eu, assistiu à prova pela TV, pode ver uma batalha épica entre as duas rivais, o sol e os entregadores de água. A cada quilômetro, ficava mais evidente o cansaço e o sofrimento das duas, que se alternavam na frente, sempre por pouca coisa, meio corpo, um corpo. Quando passvama pelos postos de água, era aquela confusão; em um momento, quando o primeiro pelotão ainda era formado por cerca de sete atletas, uma voluntária chegou a se meter entre elas no afã de servir, quase provocando um acidente.
No km 41, Sumgong, que fez uma belíssima prova, tentou puxar, mas Cherop lhe deu o troco e seguiu, esperando a volta da outra; as duas foram juntas até avistarem a linha de chegada. Então Cherop pareceu dizer: Chega! E se foi para nunca mais ser alcançada, apesar do esforço da rival, que cruzou a linha no encalço da vencedora. A vitória feminina foi no lerdíssimo tempo de 2h31min50 –para comparação, o índice classificatório para os Jogos Olímpicos é de 2h30min07.
O tempo do vencedor entre os homens também não foi grande coisa, 2h12min40, ainda que elogiável por causa do calor do dia. O desempenho do vencedor, porém, foi maravilhoso. Wesley Korir correu com o cérebro, hidratou-se o mais que pôde ao longo do percurso e ficou sempre na rabeira do primeiro pelotão ou mesmo entre os perseguidores mais de trás, quando o primeiro pelotão se desfiou deixando apenas dois (supostos) contendores pelo título.
Lá estavam os quenianos Levy Matebo e Matthew Kisorio, que duelavam havia quilômetros, um tirando forças do outro, roubando suor, esfarelando a vontade. No km 32, quando estava no sexto posto, Korir nem sequer via os líderes. Mesmo com câimbras, foi em frente para acabar tomando a dianteira quando ninguém mais tinha forças para reagir. Na passagem sob o viaduto, no último quilômetro, desceu com tudo e emergiu líder, seguindo sozinho para conquistar os US$ 150 mil do prêmio destinado ao campeão (Cherop também levou essa bolada).
Korir vive há anos nos Estados Unidos, onde fez seus estudos, e espera se naturalizar norte-americano nos próximos anos. Ele é formado em biologia e, com a mulher, a corredora canadense Tarah McKay, dirige uma fundação em sua cidade natal –Kitale, no Quênia– e investe na construção de um hospital em memória de seu irmão Nicholas, morto por uma picada de cobra venenosa quando tinha dez anos.

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Haile derrota Paula na perseguição em Viena

Por Rodolfo Lucena
15/04/12 11:42

A recordista mundial da maratona, Paula Radcliffe, não teve gás para administrar a vantagem de sete minutos que teve sobre o ex-recordista mundial da maratona Haile Gebrselassie e acabou derrotada em um desafio realizado hoje durante a maratona de Viena (na foto Reuters, os dois saúdam o público depois da prova).

A brincadeira foi na meia maratona. Haile largou quase oito minutos (7min52) depois de Paula –a vantagem se refere à diferença dos melhores tempos dos dois naquela distância—e foi pelo asfalto vienense a perseguir a britânica.

Encostou nela com 16 km, ainda teve tempo de brincar, gritando: “Vamos lá, Paula!”, e se foi embora.

Completou em 1h00min52, o que é uma beleza, ma não é melhor que seu melhor tempo em Viena, de 1h00min18. Paula não se saiu muito bem, fechando em 1h12min03.

“Hoje ela não foi tão fantástica”, comentou Haile. “Eu pensei que ela fosse segurar a diferença até os quilômetros finais, mas consegui chegar nela bem antes do que previa.”

Paula lamentou o resultado. Disse imaginar que seria alcançada pelo km 19 ou km 20. “Não deu para fazer mais do que isso hoje”, disse ela, que afirmou não ter passado bem lá pelo km 6/7. “Minhas pernas estavam pesadas, não me deixaram ir mais rápido.”

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Franck Caldeira belisca vaga em Londres-2012

Por Rodolfo Lucena
15/04/12 11:16

Dois brasileiros conquistaram hoje, em Milão, o índice A de classificação para a maratona olímpica de Londres. O mineiro Franck Caldeira ficou em sexto lugar com a marca de 2h12min03. Já Damião Ancelmo de Souza, das Alagoas, fechou em oitavo com 2h14min14.

Apesar de dentro do índice (2h15), os resultados não garantem a vaga para nenhum deles. O Brasil tem direito a três competidores com índice A, e um deles é o Marílson, que entra pelo critério técnico –ficou entre os 30 melhores do mundo no ano passado. Além disso, vai correr em Londres no próximo domingo e é bem possível que faça um tempo bem melhor do que o mínimo exigido.

Com isso, sobram duas vagas. Os resultados de hoje praticamente garantiram –-mas não matematicamente— uma delas para Paulo Roberto de Almeida Paula, que correu 2h11min51 em Barcelona no dia 25 de fevereiro.

A outra vaga, considerando os tempos cravados até hoje, é de Franck Caldeira. Se ela se confirmar, vai premiar as mudanças que o corredor vem tentando imprimir à sua carreira, trocando de equipe e, aparentemente, ganhando mais maturidade.

No entanto, a julgar pelo retrospecto dos adversários, é bem possível que, apesar da boa marca, Franck fique de fora. É que no próximo domingo Solonei Rocha, campeão pan-americano da maratona, vai pisar o asfalto de Londres em busca de um lugar ao sol olímpico. Ex-gari, Solonei é especialista em vida dura; no Pan, mostrou que tem paciência e sangue frio para saber a hora de atacar. Sem falar que podem pintar outras surpresas. Vamos ver no que vai dar.

Resumo da ópera: no masculino, hoje temos Marílson, Paulo Roberto e Frack classificados. Tirando a de Marílson, as outras vagas não estão garantidas, pois ainda há maratonas rápidas e bons desafiantes pela frente.

No feminino, Cruz Nonata fracassou hoje na tentativa de conseguir o índice. Correu em Viena e ficou com mais de 2h32min, bem longe das 2h30min07 exigidas. Então, por enquanto, a paulista Adriana Aparecida da Silva é a única maratonista brasileira com passaporte carimbado para Londres-2012.

Todos os até agora classificados são motivo de orgulho para os brasileiros. Marílson é o melhor maratonista do país neste século; Paulo Roberto é um guerreiro como poucos; Franck já deu umas cabeçadas por aí, mas é um corredor talentoso; e Adriana é a encarnação viva daqueles versos: “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. Mesmo que nem todos se confirmem, estão combatendo o bom combate.

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Brasileiros lutam por vaga na maratona olímpica

Por Rodolfo Lucena
13/04/12 12:49

Agora é a hora de a onça beber água. Nos próximos 15 dias serão definidos os nomes dos brasileiros que vão representar o país na maratona olímpica. Até agora, apenas dois atletas estão garantidos: Marílson Gomes dos Santos, classificado por índice técnico (foi um dos 30 melhores do mundo no ano passado), e Adriana Aparecida da Silva, que cravou em Tóquio o segundo melhor tempo da história das maratonistas brasileiras.

A bem da matemática, a vaga de Adriana não está oficialmente garantida, pois sempre podem surgir três corredoras que, de repente, não mais que de repente, derrubem uma marca que levou anos para ser construída. Isso, porém, é obviamente muito improvável.

Mas há chances de que outras corredoras conquistem o índice A e venha a se somar a Adriana no asfalto de Londres 2012. Uma delas é Cruz Nonata da Silva, que corre em Viena neste domingo atrás da marca de 2h30min07, que lhe dará o passaporte para a Olimpíada.

Aliás, o evento de Viena estará cheio de emoções neste ano. Na meia maratona, acontece o desafio entre Paula Radcliffe e Haile Gebrselassie. A britânica recordista mundial da maratona largará com alguns minutos de vantagem –quando eu era pequeno, a gente dizia que dava “uma luz” para o corredor mais fraco—e o etíope ex-recordista mundial da maratona sairá depois em sua perseguição.

Bueno, mas voltemos aos brasileiros, que a classificação para a maratona masculina está um enrosco danado. Como disse, Marílson está garantido. Sobram duas vagas.

Até agora, só um brasileiro fez o índice, Paulo Roberto de Almeida Paula, que já correu 2h13 e 2h11 (e mais uns tantos segundos). Acontece que tem um monte de cara bom treinando muito para as vagas, a começar pelo irmão gêmeo do Paulo, Luiz Fernando, que também quer beliscar o chão de Londres.

Neste domingo, outros gêmeos entram na jogada. Em Viena, Cosme Anselmo de Souza, que já correu 2h13 e mais segundeiras em 2008, tenta a sorte. O gêmeo dele, Damião, estará na bela e rica cidade de Milão. Terá como competidores no asfalto italiano ainda pelo menos outros dois brasileiros do primeiro time, seu companheiro de equipe Giovani dos Santos, bronze nos 10.000 m no Pan de Guadalajara, e Franck Caldeira, ouro na maratona no Pan do Rio de Janeiro.

O dramático da coisa é que, mesmo que todos os que vão correr domingo conquistem o índice, nem assim os melhores do dia estarão garantidos. Isso porque no domingo também há várias maratonas rápidas –uma delas é a de Londres, onde Marílson e o campeão pan-americano Solonei Rocha.

Ou seja, tudo vai ficar para ser definido na undécima primeira hora…

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Decepção e drama na maratona de Santiago

Por Rodolfo Lucena
12/04/12 10:14

Há dois anos, corri a maratona de Santiago que integrou as comemorações do bicentenário da independência do Chile. Foi uma prova emocionante e razoavelmente bem organizada. Percurso mediamente complicado, com longas e leves descidas na segunda parte —elas me deixaram totalmente quebrado. Mas o mundo gira, e o que foi bom no passado nem sempre mantém a qualidade, como acaba de comprovar o advogado paulista e leitor deste blog Raphael Sérgio de Paula Filho, 51, que viveu em Santiago uma experiência que combinou decepção com vívido drama. Sem mais delongas, deixo que ele traga a nós o relato do que foi sua participação no evento chileno. E obrigado ao RAPHAEL pela colaboração.

“No último dia primeiro de abril, eu, minha esposa e dois amigos participamos da Maratona de Santiago no Chile. Eu e meus dois amigos fizemos a meia, minha esposa bateu seu recorde pessoal nos 10 km, com 58min11. Chegamos a Santiago na sexta-feira, dois dias antes da prova, e pudemos perceber que, ao contrário de que pensávamos, a prova seria bem quente, com um tempo incrivelmente seco e poluído (ficamos uma semana em Santiago e não choveu uma gota sequer!)

“As largadas foram às 8h30 para a maratona, 8h45 para os 10 km e 9h para a meia. Horários que julgo inconvenientes em razão do clima, mas que encontram explicação em razão do horário de verão, que faz com que o dia amanheça, somente, por volta das 8h.

“Nos primeiros quilômetros já pude sentir a secura do tempo! Como estou acostumado quando faço provas de até 21km, não me hidratei no primeiro posto no km 5, crente de que haveria água ou isotônico logo. Ledo engano! Água e gatorade só nos kms 10, 15 e 18 e em mínima quantidade! Os copos eram abertos e não tinham mais do que dois dedos de água e isotônico, cada um (não dava tempo de encher). Ao contrario da maioria de nossas provas, a hidratação era feita só de um lado do percurso e, por causa da aglomeração e porque a bebida era servida em copos, tínhamos de parar para beber.

“A quantidade de postos de hidratação e a escassez de água e isotônico, por copo, foi um ponto extremamente negativo para a prova. Afinal, é notório para os chilenos que, nessa época do ano, não chove em Santiago e por essa razão o tempo é seco e poluído.

“Minha esposa que, como disse, correu os 10km e conseguiu o seu melhor tempo, só teve água no km 5 (também dois dedos) e, pasme, não recebeu medalha, pois não existia medalha para os 10km. Outro ponto negativo da prova.

“O maior absurdo, porém, ainda estaria por vir.

“Depois de passar pela zona de dispersão, voltei para nosso hotel, que ficava a uns 800m da largada/chegada, para encontrar as esposas e aguardar um de meus amigos que ainda corria a meia.

“De repente, um corredor cai a uns cinco metros de onde nos encontrávamos. Ele levanta novamente, começa a cambalear (lembrando muito a suíça Gabriele Andersen na maratona de Los Angeles em 1984) e cai desfalecido.

“Corremos para atendê-lo, sua pulsação chegava a 210 (estava no garmin do mesmo) seu estômago dava sobressaltos. Enquanto uns pegavam gelo no hotel, outros em vão chamavam a polícia, que apenas se dignava a falar no rádio. O descaso da policia foi uma das coisas mais deprimentes que já vi na vida! Havia duas viaturas paradas a menos de 50 metros de onde o cidadão estava e não fizeram nada.

“Uma das pessoas que nos ajudavam a socorrer foi uma chilena que se disse enfermeira. Molhamos a boca da pessoa, colocamos gelo em suas pernas, mantivemos suas pernas para cima, abanamos, até que, depois de uns 15 minutos, chegou um paramédico da organização. Ele parou um carro, fez a família descer da parte traseira (as filhas adolescentes ficaram em frente ao hotel esperando o pai voltar do hospital) e colocamos o corredor, ainda desfalecido no carro para ser conduzido ao hospital, sem que ao menos a polícia chilena escoltasse o carro.

“Lembro, para que todos fiquemos atentos e para que nos sirva de exemplo, que o corredor desfalecido não possuía qualquer identificação, nem mesmo na parte posterior do seu número de peito! Duas senhoras que acompanharam tudo, de tão envergonhadas com a postura da polícia, nos agradeceram muito pelo que havíamos feito.

“Não conseguimos saber o que aconteceu com o corredor, não vimos qualquer comentário ou notícia posterior, esperamos que esteja vivo!
Correr em Santiago, nunca mais! Voltar a Santiago, se houver oportunidade, sim, pois o povo é encantador e o Vale Nevado, divino.”

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Começa temporada de caça ao recorde

Por Rodolfo Lucena
11/04/12 09:49

Agora é para valer. Neste fim de semana será dada a largada da temporada de caça ao recorde mundial da maratona. Começam as grandes e rápidas provas internacionais.

No domingo, a Holanda vai tremer quando os pés dos corredores batucarem no asfalto de Roterdã. Na largada estará o segundo maratonista mais rápido do planeta, que agora vai buscar uma marca referendada pela IAAF, a Fifa do atletismo –seu tempo em Boston não é considerado válido para efeito de recorde porque o percurso daquela prova não atende às exigências da entidade que coordena o atletismo internacional.

Estou falando de Moses Mosop, que debutou na maratona com 2h03min06, em Boston, e agora quer voar no veloz percurso holandês.

“Esse é o circuito mais rápido que já vi”, disse ele depois de uma visita a Roterdã. “Se é possível quebrar o recorde mundial, vai ser aqui”, previu. A marca a ser batida é 2h03min38, de Patrick Makau.

Também no domingo, Paris estará em festa com a maratona. A cada ano, porém, os organizadores trabalham mais fortemente para conseguir que a prova seja respeitada também pelos tempos dos vencedores, além da beleza. Por enquanto, a melhor marca da prova é do queniano Vincent Kipruto, que venceu em 2009 com 2h05min47.

Para completar a festa, na segunda-feira de manhã tem a maratona de Boston, que deverá ser transmitida pela TV. Assim que eu souber o canal, aviso. Se rolar, vou comentar ao vivo pelo Twitter. A maratona de Paris oferece um aplicativo gratuito para o interessado acompanhar a prova ao vivo pelo iPhone ou por celular com sistema Android. Confira AQUI.

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Livro conta histórias dos Maníacos por Maratonas

Por Rodolfo Lucena
09/04/12 12:26

Que o livro tinha saído, eu já sabia havia tempos. Tinha recebido o material de divulgação, conversara por e-mail com o autor/editor/compilador por e-mail, ficara com faíscas nos dedos para quase-quase comprar pela internet. Mas ver ao vivo, em cores, é diferente. E, na semana passada, finalmente consegui o tal livro. Aliás, não contente com um, comprei logo seis. Afinal, minha história também está por lá.

Mas chega de suspense, conto já do que se trata. O livro tem um título simples, “The Marathon Maniacs” (Maníacos por maratona), e um subtítulo revelador: “The World`s Most Insane Running Club” (O clube de corrida mais doidão do mundo). Sua proposta é absolutamente singela: contar histórias de alguns desses malucos apaixonados por corridas de longa distância. Além de registrar para a posteridade as condições de fundação desse grupo, que já deu filhotes e se espalha pelo mundo tudo.

O clube foi criado em 2003 pelo triunvirato que aparece na capa da publicação: Chriss Warren, Steven Yee e Tony Phillippi (a partir da esq.). Eles tinham recém completado uma maratona e só tinham olhos para as próximas. Conversa vai, conversa vem, surgiu a ideia de criarem um clube para pessoas tão empolgadas por maratonas quanto eles.

Não precisou de muita coisa. Uma página na internet, o logotipo, algumas regras –não basta dizer que gosta, adora, morre de paixão por maratonas, é preciso provar sua dedicação no asfalto e nas trilhas—e estava tudo pronto.

O começo foi modesto. Depois de três anos de funcionamento, o clube ainda estava em meros 300 e poucos afiliados. Para você ter uma ideia, eu me filiei em outubro de 2006 e recebi o número 370 –sou o primeiro MM da América Latina.

Hoje, há mais de 5.200 Marathon Maniacs, sendo várias dezenas do Brasil –o país tem o terceiro maior contingente de malucos por maratonas, atrás apenas dos EUA e do Canadá. No total, os 5.239 sócios já correram 149.650 provas de longa distância –maratonas e ultras–, de acordo com as estatísticas mais recentes. Isso dá um média de 25,1 maratonas e 3,4 ultras por sócio ao longo de sua vida ou período de associação. Eu estou um pouquinho acima da média, com 26 maratonas e seis ultras.

Uma delas, cuja história conto no meu livro “Maratonando”, também conquistou espaço no “The Marathon Maniacs”, o livro. Na página 100, lá está “Millennial Dragon – The Great Wall Marathon”, com excertos de meu relato da maratona na Grande Muralha da China.

Outros brasileiros também têm suas histórias registradas no livro. Carlos Hideaki conta seu projeto de se tornar nível paládio, um dos mais estrelados do ranking dos MM. E Rodrigo Damasceno revela: “Tornei-me um viciado em maratonas”.

No total, são quase 80 relatos dos mais diversos tipos, carinhosa e cuidadosamente editados por Malcolm Anderson. Ele integra o grupo e escreveu outras compilações de histórias de corredores de longa distância, como “The Messengers”, que traz minibiografias de alguns membros dos clube das 100 maratonas (gente que já fez cem ou mais maratonas ao longo da vida).

Tenho o privilégio, o prazer e a honra de conhecer vários dos doidões que ali contam suas histórias. Um de meus relatos prediletos é a história do casal Lenore e Bob Dolphin (já falei deles muitas vezes ao longo da história desse blog). Bob, 82, acaba de completar sua maratona de número 500 –em mais de 300 delas, Lenore estava no final, esperando para lhe dar o abraço de consagração. Ela é o tema de “Como uma não corredora virou maníaca por maratonas”.

Bem, para saber mais sobre o livro e o clube, visite o site dos Marathon Maniacs, AQUI.

Se você é maluco de paixão por corridas longas, mas não tão longas quanto uma maratona, confira o site dos Half Fanatics, clube filho e irmão do MM, AQUI.

 

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