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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Correr (de leve) aumenta expectativa de vida

Por Rodolfo Lucena
07/05/12 13:31

 Sabe aquela história de “eu corro para botar mais vida nos meus dias, e não mais dias na minha vida”? Pois recentes descobertas científicas indicam que dá para fazer as duas coisas, desde que com calma, sem exageros.

Correr cerca de uma hora por semana (eu tive de ler duas vezes, pois muitos de nós não acreditam que seja possível correr menos de uma hora por dia…) pode aumentar a expectativa média de vida de homens e mulheres em cerca de seis anos, segundo pesquisas realizadas na Dinamarca.

Os melhores resultados foram obtidos com corridas lentas ou em ritmo médio (que deixa a pessoa um pouco sem fôlego), e não com treinos que tentam levar o corredor ao limite de sua capacidade.

Peter Schnohr, que dirigiu o estudo realizado com 2.000 homens e mulheres, afirma: “Podemos dizer com certeza que correr regularmente aumenta a longevidade. A boa notícia é que não é preciso muito exercício para obter os benefícios”.

A pesquisa analisou a taxa de mortalidade, ao longo de um período de 35 anos, de um grupo de 1.116 homens e 762 mulheres que corriam regularmente. Ela faz parte de um estudo mais amplo, que desde 1976 monitora a saúde de 20 mil dinamarqueses com idades de 20 a 93 anos.

Em comparação com os não corredores, o risco de morte para homens e mulheres caiu em 44%. Em média, correr regularmente aumentou o tempo de vida dos homens em 6,2 anos e das mulheres em 5,6 anos.

A relação entre prática de corrida e taxa de mortalidade mostra uma curva em forma de U. Ou seja, os resultados vão melhorando até uma cerca quantidade/intensidade de exercício; quando essa taxa aumenta, os resultados vão piorando.

O ideal, de acordo com os pesquisadores, é fazer de uma hora a duas horas e meia de corrida por semana, em ritmo médio, dividindo a carga em duas ou três sessões (gente, eu faço treinos de mais de duas horas pelo menos duas vezes por semana!!!).

Segundo o dr. Schnohr, a relação entre saúde e corrida é muito semelhante à entre saúde e consumo de álcool. “A mortalidade é menor entre os que correm moderadamente do que entre os que não correm e entre os que praticam corrida em ritmo e volume mais intenso”, disse ele em um encontro de cardiologistas em Dublin.

Segundo ele, a corrida apresenta muitos benefícios para a saúde, como maior capacidade de absorção de oxigênio, índices maiores do colesterol “bom” e controle da pressão. A prática regular do esporte também melhora o sistema imunológico, as funções cardíacas e a densidade óssea, além de prevenir a obesidade (não sei não: quanto mais eu corro, mais quero comer…).

Apesar do entusiasmo que as descobertas podem provocar entre corredores equilibrados (inclua-me fora deles, por favor), a enfermeira Natasha Stewart, especialista em atendimento de casos cardíacos na  British Heart Foundation, falou que isso não é a descoberta da pólvora: “Há muito tempo que sabemos que a atividade física melhora o estado geral de saúde, então não é surpresa que a corrida possa ser benéfica”.

Ela continuou: “Manter-se ativo pode ajudar a prevenir uma série de problemas de saúde, além de deixar seu coração em forma. Não só melhora sua condição atual, mas também pode ajudar a proteger sua saúde cardíaca no futuro.”

 Que é o que o estudo do pesquisador dinamarquês comprovou. A enfermeira relativiza as coisas: “Correr pode não ser para todo mundo, mas há muitas outras formas de se manter ativo. Fazer caminhadas, nadar ou até cuidar do jardim pode ser muito bom para a saúde.”

Já correr maratonas ou disparar como um raio nos 10 km parece não entrar nessa categoria. Em contrapartida, se não melhora a saúde, pelo menos alegra o coração. Ou talvez seja mesmo o caso de botar mais vida nos dias.

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Maitre-corredor tem história contada em livro

Por Rodolfo Lucena
04/05/12 12:13

 Ele já venceu, na sua categoria, a maratona de Nova York. Alinha ainda muitas outras vitórias corridas em seu currículo, tem medalhas e troféus às pampas, com a gente diz lá na minha terra. Mas talvez sua maior vitória seja a firme decisão de continuar, de seguir em frente, não importam as dificuldades ou o tempo.

Estou falando do maite-corredor Oswaldo Silveira, figura simpática que muitos de nós conhecemos de ver em treinos e corridas na cidade. Com mais de 80 anos, sempre trabalhando, ele tem histórias a mais não poder.

Um pouco de sua trajetória está retratada em “Correndo para viver, vivendo para servir”, livro que narra experiências de Silveira na vida profissional e também momentos da vida de corredor.

Na introdução, Oswaldo diz: “Estas páginas buscam encontrar você, abraçar e dizer: Nunca desista de você e das pessoas…”

O livro foi produzido a quatro mãos pela poetisa Celly Adelina Molitor e pela artista plástica Márcia Regina da Silva, que contribuiu com várias ilustrações. Deve chegar à rede Saraiva no mês que vem, mas pode ser encomendado diretamente à autora por este E-MAIL: celly.molitor@sinthoresp.org.br. Custa R$ 16.

Neste sábado, dia 5, há uma sessão de autógrafos em Campos do Jordão. É das 18h às 21h, no hotel Frontenac (av. Dr. Paulo Ribas, 295, Capivari).

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Tergat diz temer maratonistas etíopes

Por Rodolfo Lucena
03/05/12 11:02

O mundo do atletismo queniano ainda discute a decisão da Federação do país de barrar o recordista olímpico da maratona. Patrick Makau disse que não vai recorrer, mas que gostaria muito se a federação voltasse atrás. Acrescentou que não correu forte as últimas provas porque pretendia se preservar para a maratona olímpica, pois no ano passado, quando bateu o recorde, a federação disse que ele estaria garantido na Olimpíada.

Pois é.

Makau vem recebendo o apoio de alguns nomões, como Paul Tergat. O ex-recordista mundial da maratona e multicampeão da São Silvestre aproveitou também para fazer um alerta, dizendo que os quenianos não devem ficar de sangue doce, pois os grandes rivais, os etíopes, estão superpreparados.

No ano passado, atletas quenianos ganharam todas as grandes maratonas do mundo, mas os etíopes agora estão correndo lépidos e fagueiros como gazelas africanas.

Além disso, lembrou Tergat, os etíopes deram preferência a maratonas que ocorreram mais no início do ano –como a de Dubai, em janeiro, quando Ayele Abshero venceu em 2h04min23. Por isso, podem chegar mais descansados à prova olímpica, adverte o ex-recordista mundial.

“Eu não duvido da maturidade, experiência e capacidade dos corredores quenianos. Mas nossa agenda de corridas e de treinos é muito diferente da dos etíopes, e eu temo que a gente possa levar um choque em Londres.”

Trata-se de uma questão fisiológica, explicou ele. “Nossos atletas vêm participando de muitas provas recentemente, em comparação com os etíopes, e podem não ter tempo de recuperação suficiente para oferecer um desempenho forte nos Jogos Olímpicos”, advertiu.

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Corredor vira garoto-propaganda de graça

Por Rodolfo Lucena
02/05/12 12:25

Estão ficando mais comuns, no Brasil, as corridas em que o número do corredor já vem impresso na camiseta. É uma tática da organização para obrigar o atleta a levar no peito a marca do patrocinador. Também serve para operações fotográficas: os milhares de corredores do asfalto criam uma onda azul, vermelha ou laranja, conforme o tom que calhe com a propaganda desejada.

O corredor vira um garoto-propaganda e não ganha nada com isso. Pior: em muitos casos, ao fazer a inscrição, o corredor abdica ao seu direito de imagem. Muitos de nós assinamos o termo sem nem sequer ler. Afinal, o que a gente quer é correr.

Eu não gosto disso. Prefiro não correr uma prova a delegar a terceiros o direito de escolher a roupa que vou usar; além disso, quero é correr, não fazer propaganda de quem quer que seja.

Claro que cada caso é um caso: há provas históricas, em que vale a pena correr como se todos fossemos um. Na maratona do Chile que homenageou os 200 anos de independência do país, por exemplo, os corredores usaram camisetas vermelhas, azuis e brancas para formar, antes da largada, uma imensa bandeira nacional.

De modo geral, porém, isso não me agrada. E não vem agradando também a técnicos de corrida e a atletas profissionais, que precisam, por dever de ofício, usar camiseta que mostre as marcas das empresas que os patrocinam.

A Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo chegou a lançar nota em que protesta contra a obrigação de usar camiseta da prova. Reproduzo a seguir o texto:

“Nós, treinadores da ATC, Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo, manifestamos nosso total desacordo com o uso de números de inscrição de corrida estampados nas camisetas da prova.

“Diferente do uso de números afixados nas camisetas dos corredores, tal identificação prejudica os corredores por vários motivos, abaixo expostos.

“Grande número de treinadores da ATC tem vínculos contratuais com empresas para a preparação de seus funcionários para corridas, prática que reforça vínculos corporativos. Nestas equipes a camiseta de corrida da equipe/empresa tem papel fundamental de identidade.

“Muitas empresas apoiam seus corredores através da confecção de uniformes, ou pelo pagamento de inscrições em provas ou pela combinação destas atitudes. Como retorno, esperam aumentar o bem estar de seus funcionários e também participar dos eventos correspondentes, as provas, divulgando sua atitude e suas marcas.

“Além de empresas, existem vários clubes esportivos que subsidiam inscrições e treinamento para seus associados e identificam seus corredores pelas camisetas.

“As camisetas diferenciadas das equipes têm funções múltiplas. Permitem à torcida identificar “seus” corredores, possibilitam que o treinador observe “seus” atletas em campo, facilitam a localização de colegas ao longo do percurso. Em casos de emergências médicas, o treinador pode ser avisado e contribuir no socorro ao atleta.

“Vários dos treinadores associados têm contratos com fabricantes de material esportivo que preveem o uso de uniformes específicos em corridas.

“A grande maioria dos participantes está fora da disputa dos prêmios em dinheiro. Para estes, o importante é a festa, a confraternização, o encontro. E para as festas da corrida, as provas, cada atleta quer poder escolher o modelo que o agrada (por exemplo, camiseta regata ou manga curta ou manga longa).

“Contamos com a compreensão dos organizadores de prova. Orientamos nossos alunos na escolha de provas, sempre com inscrição feita. Preferimos aquelas que respeitam os corredores!”

Até agora, não vi manifestação de organizadores de corrida em resposta à ATC. Se algum contraponto chegar a este blog, será publicado.

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Benefícios e riscos da corrida para crianças

Por Rodolfo Lucena
28/04/12 05:02

Na reportagem de capa da edição de hoje da Folhinha, falo sobre o mundo das corridas para crianças. Conversei com organizadores de provas, com jovens corredores, médicos, psicólogos, treinadores. Cada entrevista foi muito enriquecedora e, na reportagem publicada, tentei colocar o sumo do que me foi dito.

Agora, cá no blog, há chances de aprofundar a discussão, acrescentar detalhes, atacar pontos mais específicos dos benefícios e riscos da corrida para crianças.

“A participação em corridas tende a estimular a prática regular e o preparo para o esporte”, diz a ortopedista pediátrica Patricia Moreno Granjeiro. Ela alerta, porém: “Exigir demais precocemente pode tirar a criança de um futuro esportivo”. E dá a dica recheada de filosofia: “Divertir-se é mais importante do que vencer”.

Além de especialista em medicina esportiva, Patricia tem uma vida dedicada ao esporte. Desde os 13 anos treina formalmente. Foi jogadora de vôlei e remadora profissional –campeã brasileira e sul-americana de remo–, além de jogar basquete e dar suas corridinhas de brincadeira.

Acompanhe a seguir os melhores momentos da entrevista com Patricia, que atua no Hospital das Clínicas, no HCor e no Instituto Vita.

 +CORRIDA – Correr é bom para as crianças?

PATRICIA MORENO GRANGEIRO – As crianças, de maneira geral, devem ser estimuladas a praticarem atividade física. Correr é uma prática natural que pode ser realizada na maioria dos ambientes e com relativamente pouco investimento em equipamentos. Salvo raras exceções, movimentar o corpo desde a mais tenra idade tende a trazer muitos benefícios para a saúde física e mental do indivíduo. O acompanhamento médico especializado e com treinadores experientes deve ser seguido para garantir a saúde da criança.

 +CORRIDA – Participar de corridas é bom para as crianças?

PATRICIA MORENO GRANGEIRO – A participação em eventos esportivos e corridas organizadas, tanto para crianças como para pessoas de qualquer idade, tende a estimular a prática regular e o preparo para o esporte.  O mais importante é observar que a quantidade de exercício seja apropriada para cada faixa etária e que o fator lúdico seja mais presente que o competitivo, principalmente para os mais novos.

 +CORRIDA – O que há de positivo e de negativo na participação de crianças em corridas?

PATRICIA MORENO GRANGEIRO – Os pontos positivos não incluem apenas o melhor desenvolvimento do aparelho locomotor e cardiovascular, mas também o fato de que o esporte pode promover disciplina, concentração e socialização. A corrida é considerada a base dos esportes e pode ser a primeira oportunidade para desenvolver coordenação, força muscular e equilíbrio do corpo. Assim, aprimorar-se na corrida pode ser vantajoso mesmo no caso de escolha por outros esportes no futuro.  Os pontos negativos ficam para as situações nas quais não se respeita o desenvolvimento da criança e a exigência física e mental excede o considerado saudável. É quando começam a surgir problemas com lesões e desgastes físicos e mentais. As corridas competitivas vêm com o tempo e a maturação do jovem atleta. Exigir demais precocemente pode tirar a criança de um futuro esportivo.

+CORRIDA – Crianças precisam treinar para corridas?

PATRICIA MORENO GRANGEIRO – Com o tempo, juntamente com o desenvolvimento neuro-psico-motor da criança, o jeito de correr muda.  Assim, à medida que a criança adquire força e coordenação, as técnicas de corrida podem ser aprimoradas. Além disso, a maioria dos treinadores inclui atividades de coordenação, agilidade, força e flexibilidade para preparar o corpo para o exercício.  Essa fase de treinamento corresponde aos períodos em que as crianças têm objetivos competitivos e engatam em treinamentos específicos. 

 +CORRIDA – A partir de que idade a pessoa pode efetivamente começar a treinar para se desenvolver em algum esporte?

PATRICIA MORENO GRANGEIRO – Para cada fase de vida existe um programa particular a cumprir. É importante observar que a criança não é uma miniatura de um adulto. O organismo em crescimento tem peculiaridades e para cada faixa etária existe um grau de desenvolvimento e coordenação.

Crianças antes dos cinco anos ainda não adquiriram um padrão de marcha e corrida maduro e não tem ainda movimentos coordenados nem visão amadurecida.  Podem fazer corridas de distâncias muito curtas, mas não devem ingressar em corridas nem treinamentos.

Dos cinco aos oito anos, as corridas devem ser inseridas em brincadeiras e alternadas com períodos de caminhada.  Assim, elas podem usar o corpo de maneira mais livre e não correm o risco de se entediar.

Dos nove aos 12 anos, as crianças começam a ter um nível de maturidade e crescimento que permite que participem de um treinamento formal e participe de competições. Podem treinar velocidade e aprender a manter o ritmo nas distâncias mais longas.

Dos 13 aos 15 anos, durante a puberdade, elas têm um crescimento maior e começam a adquirir mais força. Os treinamentos podem se intensificar e em geral as pessoas começam a escolher um esporte para se dedicarem.  Nessa fase, intensificam-se naturalmente o empenho e volume de treinamento, portanto deve-se manter o cuidado para evitar lesões de sobrecarga. Nessa idade e nos anos seguintes, o atleta deve seguir um programa de treinamento com suporte técnico adequado e preparo fora das pistas com exercícios para fortalecimento, flexibilidade e coordenação.

 +CORRIDA – Praticar esporte, afinal, é positivo? Ou só leva a lesões?

PATRICIA MORENO GRANGEIRO – O esporte é benéfico quando se respeita o limite do corpo e da mente. Ao mesmo tempo, o outro lado do espectro pode significar crianças com uma sobrecarga de treinamento e cobranças com riscos de lesões e interrupção precoce da vida esportiva. As fraturas de estresse em tíbias e metatarsos têm se tornado mais frequentes em adolescentes, principalmente meninas, sujeitos a uma carga excessiva de treinamento. Individualizar o treinamento pode ser uma alternativa, nem todas as pessoas respondem da mesma forma e é preciso conhecer os limites de cada um. Sempre que a criança disser que está dolorida ou cansada deve-se permitir que ela pare.

 +CORRIDA – Pais devem correr com seus filhos?

PATRICIA MORENO GRANGEIRO – A participação dos pais na vida dos filhos é importante na maioria dos aspectos do desenvolvimento destes. Nas corridas e treinamentos, os pais devem participar com seu entusiasmo e garantir equipamento apropriado como os tênis.  Mas têm que tomar cuidado com o grau de cobrança que colocam nos filhos e na cobrança inadequada de desempenho e resultados. Se os pais quiserem correr com seus filhos, o ritmo deve ser ditado pela criança. Divertir-se é mais importante que vencer.

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Morte de maratonista inspira doações de mais de US$ 1 milhão

Por Rodolfo Lucena
27/04/12 12:58

Já ultrapassam US$ 1,3 milhão as doações para uma entidade beneficente apoiada por uma corredora que morreu durante a maratona de Londres.

Claire Squires, uma cabeleireira de 30 anos (foto AP), tinha uma página em um serviço de doações on-line em que arrecadava fundos para uma entidade que trabalha para tentar evitar suicídios. Até o dia da maratona, ela tinha conseguido arrecadar pouco mais de o equivalente a US$ 1.000.

Sua morte, ocorrida perto do final da prova e ainda não esclarecida, detonou uma ação em massa de internautas. Na última segunda-feira, primeiro dia depois da maratona, sua página (AQUI) já recebia milhares de visitas. No momento em que escrevo, já soma mais de  71,6 mil doações, com uma arrecadação total superior a 820 mil libras (mais de US$ 1,3 milhão ou mais de R$ 2,5 milhões).

Squires é a 11ª pessoa a morrer durante a maratona de Londres ao longo da história, segundo informam os organizadores.

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Campeã da São Silvestre vai à maratona olímpica

Por Rodolfo Lucena
26/04/12 10:24

Você se lembra da Priscah Jeptoo? Abaixo de um aguaceiro, subiu e desceu as rampas do novo percurso da São Silvestre, foi perseguida por uma etíope e mostrou que é boa de chegada. Só não teve passadas elegantes: na minha opinião é uma das corredoras de elite com estilo mais estranho.

Acho até que fisioterapeutas e especialistas em biomecânica, se soubessem dela apenas pela descrição de seu estilo, duvidariam de sua capacidade de correr rápido e de manter a velocidade. Seus joelhos se aproximam a cada passada, enquanto as pernas abrem para os lados, espanando o ar.

Pois ela é de fé cega e faca amolada; acaba de ter ótimo desempenho na maratona de Londres e foi anunciada como a terceira integrante da equipe feminina do Quênia que vai disputar a maratona olímpica. As outras duas são Edna Kiplagat, campeã mundial, e Mary Keitany, que deu um show em Londres no último domingo, registrando o melhor tempo do ano.

No masculino, a seleção anunciada pode deixar muita gente de boca aberta. Não estão nela o recordista mundial da maratona, Patrick Makau, nem o maratonista mais rápido do mundo, Geoffrei Mutai (o tempo dele foi em Boston, que não conta para recorde).

“Selecionamos os atletas com base em seu desempenho nas últimas grandes maratonas em que participaram. Também demos ênfase à experiência”, disse o presidente da federação de atletismo do Quênia, Isaiah Kiplagat.

Com esse critério, o cabeça do time é Wilson Kipsang, que, de fato, é o maratonista de elite que está no seu melhor momento atualmente. Ficou a quatro segundos do recorde mundial no ano passado e mostrou agora, em Londres, que também é capaz de correr para ganhar.

Os outros dois também são o puro creme do milho. Moses Mosop é o segundo homem mais rápido do planeta (perdeu para Mutai em Boston em 2011) e vem se dando bem em provas de circuito referendado pela IAAF. E Abel Kirui é bicampeão mundial da maratona.

É pouco ou quer mais? Você deixaria de fora um recordista mundial?

Antes de responder, lembre-se de que ele abandonou a prova de Londres alegadamente por causa de uma lesão.

Que não é séria, segundo seus agentes. A empresa Possosports emitiu nota cumprimentando os atletas escolhidos e lamentando o fato de Makau não ter sido selecionado. Afirma que a lesão não é séria, que se trata de um caso de leve irritação do ciático.

A nota afirma que Makau vai voltar aos treinos nos próximo dias. E que pretende “continuar a desafiar os limites humanos na maratona e a honrar a bandeira do Quênia”.

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Bob Dolphin, 82, completa maratona n° 500

Por Rodolfo Lucena
24/04/12 14:08

Tive recentemente a subida honra de participar de um marco na história do maratonismo.  Como contei em minha coluna de hoje no Equilíbrio (AQUI, para assinantes da Folha e/ou do UOL), corri a maratona do cânion do rio Yakima, onde Bob Dolphin, veterano da Guerra da Coreia e doutor em entomologia, completou sua prova de número 500.

Para mim, foi uma dupla efeméride: marcou também minha volta às maratonas. Minha última prova do gênero fora em 2010, no Chile. Depois ainda fiz uma tentativa em Pacasmayo, no Peru, mas fui forçado a abandonar por causa de dores. Desde então, venho tratando lesões recorrentes, tentando sobreviver às dores e, agora, consegui fazer todo o maravilhoso percurso dessa corrida sem sofrer, ainda que de forma lenta e gradual. De qualquer forma, foi grandioso.

Grandioso também foi estar ao lado de Dolphin, que é uma espécie de lenda entre os loucos por maratona nos Estados Unidos. É um dos seis membros do Hall da Fama do clube Marathon Maniacs –fazer uma maratona em cada um dos 51 Estados dos EUA por três anos seguidos ou completar 333 maratonas são alguns dos critérios para receber a honraria.

O legal é que ele não é exatamente uma pessoa só. No Hall da Fama, por exemplo, a vaga é de Bob & Lenore Dolphin.

Lenore vem a ser sua mulher, apoiadora nas corridas e parceira na organização e direção da maratona de Yakima. Como ele, tem 82 anos e ostenta título talvez inatingível: é recordista mundial e interplanetária de participações em maratonas sem correr. Ela já ficou no final de cerca de 400 maratonas esperando para abraçar e beijar o marido fanático por corridas de 42.195 metros.

Mas Bob não foi sempre assim. Na sua juventude, quando estava chegando perto dos 50 anos, levava uma vidinha pacata combatendo pragas agrícolas no Missouri. Funcionário do Departamento de Agricultura dos EUA, o doutor em insetos um dia acordou um pouco mais tarde e, atucanado para não chegar atrasado no serviço, viu que tinha um problema: a frente de sua garagem estava tomada pela neve, dois palmos de altura.

Abrir caminho para o carro iria demorar muito. Fez rápidos cálculos e resolveu ir a pé para o trabalho. Gostou.

Nos dias seguintes, várias vezes trocou o carro por sapatos mais confortáveis. Chegou a primavera, viu gente correndo nas ruas e resolveu experimentar aquilo. Também gostou e continuou daquele jeito meio descansado, sem se preocupar se aquilo era exercício, treino ou remédio. Era prazer e descanso, e isso lhe bastava.

Incentivado por colegas, acabou participando de uma corrida de 10 km na própria cidade onde então vivia e trabalhava, Columbia. Foi uma festa: no seu debute, chegou em segundo lugar na categoria dos mais de 50 anos e ganhou um belo troféu. No ano seguinte, participou de sua primeira maratona e também saiu premiado entre os cinquentões (ainda guarda os treoféus, como você v~e na imagem abaixo). Que beleza!

Tratou de prosseguir e, aos poucos, se apaixonou. Eu o conheci pela internet quando, já aposentado, iria completar sua maratona de número 400: a efeméride foi também na Yakima River Canyon Marathon, a prova que dirige com sua mulher em uma cidadezinha do interior do Estado de Washington (saiba mais AQUI).

Por e-mail e telefone, conversamos várias vezes naquela época. Publiquei a história dele em meu livro “+Corrida” (AQUI, mais sobre o livro). Na entrevista, ele me dizia mais ou menos isso: “Eu corro maratonas. É o que faço. É o que sou: maratonista”.

A palavra é curta, mas carrega em si muita energia, determinação, garra, dureza, ternura. Faz com que um homem supostamente no declínio da vida se transforme em um herói da resistência: nos últimos cinco anos, Dolphin correu em média 20 maratonas por ano para conseguir passar das 400 para as 500 maratonas.

O tempo cobra seu preço, e o ritmo do atleta vem diminuindo. Sua prova de número 400 fez em cerca de cinco horas e meia; agora, apoiado em uma bengala, caminhou até o final em cerca de nove horas.

Foi uma jornada gloriosa. O terreno é belíssimo, um percurso que margeia o rio Yakima, cortando montanhas, mergulhando na água e escalando o morro. E Bob foi cumprimentado, abraçado, fotografado pro cada um dos quase 600 participantes da prova, que lá estavam para apoiá-lo, homenageá-lo e também para cumprir efemérides pessoais.

Eu completei a primeira maratona do resto de minha vida (foto), algumas dezenas de 80 corredores debutaram na distância, enquanto outros completaram marcos como a maratona de número 100, 200, 300, 400. E 500, claro. Havia quilos de sócios do Marathon Maniacs, a começar pelo presidente, Steve Yee. Também participaram corredores dos clubes das 100 maratonas (dos EUA e do exterior) e dos 50 Estados. Enfim, uma festa de veteranos e veteraníssimos.

Entre todos, flutuava Bob Dolphin, feliz da vida. E Lenore, que recentemente ficou entre a vida e a morte, enfrentando uma série de complicadas cirurgias no coração, também vibrava, a tudo coordenando com mão de ferro. Os dois são exemplo vivo e límpido, mensagem clara que Bob Dolphin colocou em palavras: “Às vezes, quando a gente chega a uma idade avançada, 60, 70, 80 anos, fica em dúvida se pode continuar levando uma vida ativa. A resposta é: nós podemos”. Ele tem 500 maratonas para comprovar sua tese.

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Brasileira derrota queniana e vence maratona de Pádua

Por Rodolfo Lucena
23/04/12 15:20

Marily dos Santos foi a campeã da maratona de Pádua, realizada ontem naquela cidade italiana. Não conseguiu índice para ir à Olimpíada, mas baixou consideravelmente seu recorde pessoal e comprovou seu espírito de luta ao travar ferrenha batalha contra a queniana Fridah Domongole.

As duas passaram a meia emboladas, em 1h15min21, com mais de dez segundos de vantagem sobre a perseguidora, a brasileira Michelle Chagas, que também tentava o índice (2h30min07). Seguiram no duelo até o km 35, quando Marily (foto Divulgação) resolveu atacar e disse adeus à queniana.

A guerreira das Alagoas completou em 2h31min55, baixando quase quatro minutos em relação à sua melhor marca anterior (2h35min31seg). Já Michele não conseguiu segurar o terceiro posto, completando em quarto lugar com 2h42min55.

 “Estou muito feliz com a vitória, mas um pouco chateada por não ter alcançado índice olímpico. Esta é minha primeira vitória internacional e estou satisfeita com o reconhecimento de todos”, disse Marily.

Segundo o site da prova, Marily “E’ la prima atleta verde-oro a salire sul gradino più alto del podio nella città del Santo” (é a primeira atleta verde-amarela a subir ao ponto mais alto do pódio na cidade do Santo [referência a Santo Antonio…]).

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Time do Brasil na maratona olímpica está (praticamente) definido

Por Rodolfo Lucena
23/04/12 14:55

Os resultados do último fim de semana praticamente sacramentaram a definição do time brasileiro para a maratona olímpica. É bem verdade que o prazo para obtenção do índice só termina no próximo domingo e ainda há maratonas rápidas pelo mundo, mas as chances de mudança são pequenas.

Pré-convocado por ter sido um dos 30 melhores maratonistas do mundo no ano passado, Marílson Gomes dos Santos confirmou em Londres sua boa fase. Correu a prova em 2h08min03, terminando em oitavo lugar, a apenas dois segundos do ex-campeão Emmanuel Mutai, e deixou claro para todo mundo que vai à Olimpíada por mérito e não por decisões de cartolas.

A prova de Londres, por outro lado, esfumaçou as esperanças de outro candidato à vaga, o campeão pan-americano da maratona, Solonei Rocha da Silva. Até a metade da prova, ele estava em ritmo não só para obtenção do índice A (sub2h15) como também para a conquista de vaga entre os três mais rápidos maratonistas do país. Na segunda parte, porém, não conseguiu manter o desempenho e completou em 2h14min57, o que lhe deu o índice, mas não a vaga.

Nenhum dos demais candidatos que correram ontem sequer beliscou o índice, com exceção de Paulo Roberto de Almeida Paula que, em sua terceira maratona, voltou a baixar seu recorde pessoal. Ele chegou em terceiro lugar na maratona de Pádua, na Itália, com 2h10min23, e se confirma como segunda força no time brasileiro.

O terceiro integrante da equipe masculina, até agora, é o mineiro Franck Caldeira, que tem como marca para carimbar seu passaporte 2h12min03. Neste momento, ele é o cara a ser batido se é que algum dos maratonistas brasileiros que já correram neste mês vai decidir ir para o tudo ou nada no próximo domingo. Acho difícil, mas…

No feminino, a brasileira Adriana Aparecida da Silva é até agora a única classificada. Ela é a segunda melhor maratonista brasileira da história e, ao que tudo indica, vai sozinha contra quenianas, etíopes, norte-americanas e portuguesas (sem falar nas chinesas, japonesas e nas próprias donas da casa)…

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