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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Brasileira fica longe de seu melhor na maratona olímpica

Por Rodolfo Lucena
05/08/12 12:18

Adriana Aparecida da Silva, a única representante brasileira na maratona olímpica feminina, disputada hoje sob chuva, não conseguiu atingir seu objetivo na prova (foto Alaor Filho/Agif/COB). Nem de longe beliscou o número que com que vinha sonhando, ficando até mesmo bem longe de sua melhor marca.

Ela completou a prova em 2h33min15, na 47ª posição, fazendo uma corrida que começou razoavelmente bem ritmada, mas decaiu um pouco na segunda parte. Nos quilômetros finais, ela conseguiu apertar um pouquinho, mas, de modo geral, manteve o equilíbrio no belo circuito londrino (foto AFP).

Nunca esteve, porém, com ritmo adequado para buscar a sonhada marca de 2h27, que seria novo recorde sul-americano. Ao completar os primeiros cinco quilômetros, ainda está com média próxima à necessária, mas já um pouco acima. Depois…

O fato, porém, de se manter equilibrada, contribuiu para que conseguisse galgar posições. Seu pior posto relativo, 71º lugar, foi exatamente lá no início, quando todo mundo saiu às ganha. Oscilou até a metade e, depois, só melhorou.

O que, volto a dizer, indica o trabalho de uma corredora consciente de suas forças (e fraquezas, por suposto), com maturidade suficiente para não se deixar abalar por eventuais problemas que interfiram no que havia sido planejado.

De qualquer forma, imagino que ela tenha completado a prova com gosto amargo de não ter conseguido o que pretendia. Essas 2h33min15 são quatro minutos mais lentas que sua marca de classificação. Indicam que Adriana ainda tem muito a trabalhar.

Dito isso, vamos à prova, que terminou em festa de rua, coisa que até agora não tinha visto nos Jogos de Londres: representantes da comunidade etíope caíram no asfalto, com bandeirinhas, braços ao alto, dedinho em riste, para dançar e cantar a vitória da compatriota Tiki Gelana (foto Reuters), 24, que estabeleceu novo recorde olímpico para a prova.

Assim, como a queniana Mary Keitany, Gelana veio para Londres credenciada por uma vitória com sub2h19 (Roterdã, abril). Diferentemente dela, porém, não pode ser ajudada por suas colegas de equipe ao longo dos momentos decisivos da prova.

Mesmo assim, corredora solitária contra a armada queniana –que foi se estiolando conforme a prova ficava mais rápida e os quilômetros, mais doloridos–, soube defender com brio as cores de seu país.

Depois do km 36, quando as coisas começaram efetivamente a ficar sérias, ela fez algumas tentativas de desgarrar. A queniana perseguidora, Priscah Jeptoo, sempre dava o troco, mas também dava demonstração de esforço.

Não é para menos, pois Jeptoo, cujo estilo meio desengonçado de correr, com as pernas abrindo para os lados, você lembra da última São Silvestre, funcionou durante a maior parte do tempo como garçom para Keitany. Enquanto a favorita corria impávida, Jeptoo se dirigia à mesa de hidratação, pegava as garrafinhas das duas e, então, tinha de dar uma estilingada para alcançar Keitany e lhe fornecer o preciso líquido.

Coisa pouca, talvez, mas que pode ter pesado na hora em que, no km 41, Gelana fez seu ataque decisivo. Partiu para a vitória, da qual não estava certa, como indicaram as várias vezes em que olhou para trás, para evitar qualquer ataque de surpresa. Jeptoo bem que tentou, mas ficou no quase.

Gelana terminou em 2h23min07, o que não é exatamente uma grande marca comparada com os tempos de vitória nas maratonas competitivas deste ano, mas é o novo recorde olímpico. Cortou sete segundos do tempo cravado pela japonesa Naoko Takahashi em Sydney e inscreve seu nome nos anais olímpicos.

A Priscah Jeptoo restou a prata, enquanto o bronze ficou com a surpreendente Tatyana Petrova Arkhipova, 29, corredora russa que permaneceu a maior parte do tempo na rabeira do primeiro pelotão.

Ex-corredora dos 3.000 com obstáculos, em que ficou em quarto lugar em Pequim-2008, vem se dedicando com sucesso às maratonas, aproveitando a força e a velocidade construídas naquela duríssima prova.

Começou a mostrar as garras depois da meia, passando o km 25 entre as dez primeiras, chegando no mais restrito grupo de seis líderes no km 30, passando o 35 em primeiro lugar e o 40 em quarto, mas grudadinha nas outras três concorrentes (acima, as quatro rivais; note a passada diferente da Jeptoo, foto Reuters).

Até então, estava com elas a Keitany, que não resistiu exatamente na hora de chegar, acabando no quarto posto. Outra cujo retrospecto indicava boas chances era a  etíope Dibaba, que passou o km 35 em sexto lugar, caiu para 17º no  km 40 e para 23º no final…

Saindo das ponteiras, gostei muito da corrida da portuguesa Jessica Augusto , que completou em um belo sétimo lugar, atrás da chinesa Xiaolin Zhu, que foi bronze em Pequim-2008.

 Ambas foram superadas pela ucraniana Tetyana Gamera-Shmyrko, que passou o km 35 no 13º posto e partiu para engolir asfalto com sofreguidão até a chegada com novo recorde nacional: 2h24min32.

Finalmente, há que se destacar a presença da peruana Ines Merchor, que é fortinha para uma maratonista (55 kg em 1,58 m). Ela estreou na maratona neste ano, conseguindo em março, em Seul, o tempo que a qualificou para Londres (2h30min04, então recorde nacional).

Ela bateu sua própria marca, fechando em 2h28min54, tempo de fazer inveja a todas as brasileiras. Além disso, correu com bravura e galhardia, lutando para ficar no primeiro pelotão –na meia maratona, tinha o terceiro posto. Chegou na 25ª posição, com novo recorde nacional.

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Salazar faz ouro e prata nos 10.000 m masculino

Por Rodolfo Lucena
04/08/12 18:17

Numa prova sensacional, nenhuma país conseguiu a dobradinha que o ex-campeão da maratona de Nova York Alberto Salazar pode festejar: dois pupilos seus, corredores que treinam sob sua orientação no Oregon, conquistaram ouro e prata em uma prova que mais pareceu tática de guerra, jogo de xadrez do que corrida.

O britânico Mo Farah (nascido na Somália) foi o campeão, seguido pelo norte-americano Galen Rupp, que Salazar considera a estrela mais brilhantes entre os atletas do país. Só então chegou o etíope Tariku Bekele, irmão do grande Kenenisa e campeão da última São Silvestre, abaixo de chuva.

As marcas foram as seguintes: 27min30s42 para Farah, 27min30s90 para Rupp e 27min31s43 para o Bekele mais jovem.

Os vencedores devem ter seguido à risca as ordens de Salazar, que vem se caracterizando hoje em dia por orientar sua turma a guardar as forças para só estilingar na hora do vamos ver. Farah e Rupp correram todo o tempo perto um do outro, mais para o meio do pelotão, e sempre se comunicando por olhares e sinais de cabeça.

Enquanto isso, lá na frente, Zersenay Tadese, da Eritreia, tentava fugir, garantir a ponta de qualquer jeito, com a ajuda de seus dois compatriotas. A esquadra queniana também atuou bem coordenada, mas perdeu cedo um dos seus integrantes, que sofreu um pisão e uma queda e acabou indo mais cedo para o chuveiro.

O time etíope parecia tranquilo, conversando entre si, organizando ataques, escapadas e defesas. A partir da marca dos 8.000 m, a coisa começou a ganhar ritmo alucinante. Mo Farah saiu da zona de conforto e deu uma chegada até a frente, enquanto Rupp apenas avançava um pouquinho pelo meio do pelotão.

Cada contendor foi se colocando, tentando enfraquecer os rivais nas voltas restantes. Quatro delas passaram nesse troca-troca de posições até que soou o sino.

Farah puxou Rupp e os dois desafiaram os etíopes metro a metro até a última curva.

Na reta final, as táticas vão pro saco, é hora de correr. E foi então que o britânico se mandou e o loirinho seguiu na sua balada. Salazar, depois de depressão, ataque cardíaco, recuperação, conflito com atletas, conquista enfim as medalhas olímpicas que nunca conseguiu alcançar como atleta.

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Adriana é o Brasil na maratona olímpica

Por Rodolfo Lucena
04/08/12 11:18

Foi superlegal ver o ouro da Sarah Menezes, torci pelas moças e rapazes da natação, sofri com o Cielo, berrei nos jogos de futebol, vôlei, basquete, handebol, mas agora vamos falar sério: os Jogos de Londres começam neste domingo.

Na noite londrina, vai ter Bolt, com o mundo inteiro azarando o gigante jamaicano, a começar pelo seu compatriota Yaohan Blake, que vai fazer de tudo para estragar a festa do raio da terra do reggae.
Mas isso é mais tarde. De manhãzinha, a partir das 7h, tem maratona feminina, mais um choque entre quenianas e etíopes, com chinesas e norte-americanas tentando uma casquinha.

A queniana Mary Keitani, já venceu a maratona de Londres duas vezes, tem o melhor tempo do ano (2h18min37) e diz que está pronta: “Corri nas montanhas do Quênia e me senti bem. Estou forte”.

Mas reconhece: “Todas estão bem preparadas”.

Uma das mais bem preparadas deve ser a etíope Tiki Gelana, 21, que venceu a prova de Dubai, em janeiro, com 2h18min58. O time etíope, com Aselefech Mergia e Mare Dibaba, é todo sub2h20.

Além delas, Keitany tem entre suas compatriotas dois ossos duros de roer. Florence Kiplagat é uma rival que não sai do pé dela, e amanhã não deve ser diferente.

 

Quanto à representante brasileira, corre em busca do melhor tempo de sua carreira. Adriana Aparecida da Silva (foto Arquivo Pessoal) lembra, como a própria Keitany diz, que o circuito é travado, o que pode ser um fator de redução de ritmo das ponteiras.

Como você pode ver na imagem abaixo, a rota é cheia de curvas, dobra para cá, dobra para lá.

A corrida começa e termina no Mall, pertinho do palácio de Buckingham, fazendo primeiro uma volta curta, de pouco mais de 3,5 km. Depois, são três voltas pelo circuito completo, cada um de quase 12,9 km. Deve chover durante a prova, segundo previsões publicadas pela BBC, e a temperatura fica em torno dos 18 graus, talvez 19 ºC.

Uma boa pergunta é: se o circuito é travado e pode levar à redução do ritmo das ponteiras, como é que a representante brasileira sonha com sua melhor marca.

Ela explica que, com isso, é possível que ela tenha mais condições de ficar perto de um pelotão, o que sempre ajuda no desempenho. No Japão, quando buscou sua classificação e melhor marca, sofreu muito para acertar o passo porque correu sozinha a maior parte do tempo.

O número mágico que tem em mente é 2h27, tentando quebrar o recorde da lendária Carmem de Oliveira.

Se vai conseguir, só saberemos quando terminar a prova.

O que todos sabemos é que Adriana já deu mostra de sua capacidade de luta. Com 31 anos, traz no currículo o ouro na maratona do Pan de Guadalajara-2011 e carrega no corpo cicatrizes de dolorosas cirurgias que a deixaram muito abatida. Conseguiu, porém, se recobrar das dores físicas e psicológicas para retomar a trajetória, investindo na maratona. Seu prêmio foi a vaga olímpica.

Corre, Adriana!

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Deu a lógica nos 10.000 m das mulheres

Por Rodolfo Lucena
03/08/12 19:31

A etíope Tirunesh Dibaba  confirmou hoje sua condição de melhor do mundo na distância, sagrando-se bicampeã olímpica. O ouro veio com 30min20s75. Suas compatriotas, porém, não conseguiram fazer dobradinha nem muito menos trifeta, apesar de terem entrado na prova com o segundo e o terceiro melhores tempos do ano.

É que a queniana Sally Kipyego tratou de estragar a festa das rivais. Ele chegou a liderar na marca dos 9.000 m, mas não conseguiu segurar o ataque de Dibaba. Completou em 30min26s37, levando consigo a compatriota Vivian Cheruiyot, com 30min30s44, capturando prata e bronze para o Quênia (fotos Reuters).

A prova largou com as japonesas buscando a ponta: Kayoko Fukushi liderou nos primeiros mil metros; depois, Hitomi Niiya pegou a liderança até cruzar a marca de 4.000 m. Kipyego liderou no meio tempo, cedendo para a etíope Werknesh Kidane, que puxou enquanto deu, mas acabou abrindo espaço para as duas queniana.

De qualquer forma, a Etiópia sai sorrindo do primeiro embate, pois um ouro vale mais que prata e bronze. Neste sábado, porém, os compatriotas de Paul Tergat vão tentar dar a volta nos corredores da terra de Haile.

Desta vez, porém, prometo não errar no horário (peço desculpas pela falha em meu post anterior). A corrida está marcada para as 21h15, horário local, o que dá 17h15 cá em nossas plagas.

Na prova masculina, a melhor marca da temporada é do queniano Wilson Kiprop, 25, com 27min01s98. Seus compatriotas também não estão mal:  Moses Ndiema Masai já correu 27min02s25 neste ano (seu melhor é 26min49s20), enquanto Bedan Karoki Muchiri, 22, fica mais para trás, com 27min05s50.

A esquadra etíope tem marcas igualmente estrondosas, além de vir comandada pelo espetacular Kenenisa Bekele, recordista mundial da distância (cravou 26min17s53 em Bruxelas, em 2005). Aos 30 anos, é quase um senhor, comparado com a turma que o acompanha, mas cravou 27min02s59 neste ano e seu tempo de classificação foi 26min43s16. Ele está meio triste porque não conseguiu vaga na turma dos 5.000 m, então vai vir botando fogo pelas ventas. Sua equipe se completa com os não menos competentes Tariku Bekele, 27min03s24, e Gebregziabher Gebremariam, com 27min03s58 no ano.

Mas há gente disposta a estragar a festa do povo do leste africano. Dois pupilos do ex-campeão da maratona de Nova York Alberto Salazar prometem botar pimenta no angu de quenianos etíopes.

Filha de pai britânico, Mo Farah nasceu na Somália e corre pelos donos da casa. Desde o ano passado, treina em Eugene, Oregon, sob a batuta de Salazar. Seu tempo de classificação foi 26min46s57. Seu colega de treinos, Galen Rupp, é a esperança norte-americana de reerguimento nas provas de fundo: classificou-se com 26min48 cravados, mas neste ano vem correndo mais leve: sua melhor marca é 27min25s33.

Completando a turma dos que se qualificaram com tempos sub27, temos o eritreu Zersenay Tadese, que é uma fera e fez 26min51s09, mas tem como melhor tempo a marca de 26min37s25. Ele é o recordista mundial da meia maratona, com 58min23.

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Etíopes são favoritas hoje nos 10.000 m

Por Rodolfo Lucena
03/08/12 08:03

As corredoras etíopes têm os melhores tempos do ano entre as 25 corredoras que disputam os 10.000 m hoje à noite (na planilha, 19h25, hora de Brasília; desde as 19h eu vou estar ligado).

Além disso, a equipe das compatriotas de Haile Gebrselassie conta com a única das competidoras a ter cravado uma marca sub30 na vida.

Vamos aos números. Seis corredoras se classificaram para os Jogos de Londres com tempos melhores que 31 min: o trio etíope, duas quenianas e uma japonesa.

Na atual temporada, porém, apenas as etíopes correram nesse território. Elas são lideradas por Tirunesh Dibaba, 27, cuja melhor marca é 29min54s66. O trio se completa com a jovem Beleynesh Oljira, 22, e pela experiente Werknesh Kidane, 31.

Apesar do retrospecto favorável às etíopes, as quenianas não podem ser descartadas. Entre elas, Sally Kipyego tem o melhor recorde pessoal; na atual temporada, porém, está abaixo do desempenho das compatriotas Joyce Chepkirui e Vivian Cheruiyot.

A norte-americana Amy Hastings, que não conseguiu se qualificar para a maratona olímpica, diz que vai dar tudo para conseguir uma medalha nos 10.000 m. Com tempo de classificação de 31min19s87, ela só fica atrás, no ano, das três etíopes e da russa Elizaveta Grechishnikova.

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Com 6 brasileiros na pista, atletismo começa amanhã

Por Rodolfo Lucena
02/08/12 13:12

Ainda não é dia de maratona, mas já começam amanhã as competições do atletismo, em que participam 2.236 atletas de 200 países, batendo seu recorde de participação. Anteriormente, a maior delegação da turma de pista e campo foi registrada em Sydney-2000, com 2.173 atletas de 193 países.
Neste primeiro dia, seis brasileiros largam na trilha olímpica em busca de melhor marca ou uma chance em uma final.
A primeira a entrar na dança é Keila Costa: no início da manhã brasileira (6h25) disputa a prova de qualificação no salto triplo.
Mais tarde, às 8h (hora de Brasília), Geisa Coutinho, que foi bronze no Pan de Guadalajara, e Joelma Neves entram na pista para a fase preliminar dos 400 m.
À tarde, a partir das 15h05, Rosângela Santos, campeã dos 100 m e do 4×100 no Pan, disputa a primeira fase dos 100 m.
Quase na mesma hora, a recordista sul-americana do lançamento de disco, Andressa de Morais, enfrenta as disputas classificatórias. Sua marca recordista é de 64,21 m.
O campeão mundial indoor do salto em distância fecha a representação brasileira nas provas de amanhã. Mauro Vinícius da Silva, o Duda, salta a partir das 15h50.
A prova mais legal do dia, porém, não terá a participação de brasileiros. Já com os refletores acesos, as damas se enfrentam nos 10.000 m.

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Fabiana Murer chega e já faz antidoping

Por Rodolfo Lucena
01/08/12 10:10

A campeã mundial do salto com vara foi acordada ontem pelo pessoal do exame antidoping. De manhãzinha, bateram na porta do alojamento para colher amostras da atleta, que tinha chegado a Londres no dia anterior.
“Foi uma visita surpresa…”, disse Fabiana Murer. E continuou: “Eles aparecem na porta e não podem nem falar quem estão procurando. Os atletas que estão no apartamento têm de ir até a porta, mostrar a credencial e eles falam: “é você, então”. Eles têm o pedido para o exame antidoping. A hora em que ouvi bater à porta logo cedo, pensei: é o antidoping. Estou acostumada. Eu estava em Fórmia, treinando, na Itália, e eles apareceram lá duas vezes. Eu faço parte de um programa, o Whereabout, e tenho de falar sempre onde estou treinando, onde vou dormir e o horário em que me encontram. Sempre coloco horário pela manhã”.
Fabiana, traumatizada pela lambança feita com suas varas em Pequim-2008, disse que a equipe brasileira está tomando o maior cuidado com o equipamento, para que tudo esteja nos trinques na hora de começar a labuta.
Ela trouxe nove varas, que seguiram diretamente do aeroporto para a Vila Olímpica. Serão levadas para a pista de aquecimento no dia 4 e de lá para o estádio. Os tubos com o equipamento só podem ser abertos na presença de um integrante do do Comitê Olímpico Brasileiro ou um técnico da equipe.


Fabiana, que já fez ontem um treino leve (foto Divulgação/COB), disse que está pronta para competir. “Ao longo deste ciclo olímpico ganhei bastante experiência, aprendi a competir, fui campeã mundial duas vezes, em pista coberta e aberta. Tudo isso me deixou mais preparada.”
Desta vez, porém, ela terá pela frente a recordista mundial da modalidade, Elena Isinbaeva, que promete romper com as próprias marcas (o record atual é de 5,06 m).
Ao que Fabiana responde: “Umas seis ou sete atletas têm chance de medalha. E a única coisa que tenho de fazer é ir lá e saltar alto, fazer o meu melhor e, aí sim, ter condições de medalha. Não adianta falar que tenho chance, que sou favorita, se eu não for lá e fizer o meu melhor. Só depende de mim mesma”.

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Atletas olímpicos querem ter direito de ganhar dinheiro

Por Rodolfo Lucena
31/07/12 14:29

Atletas olímpicos, seus fãs e apoiadores de modo geral estão fazendo uma campanha pelas redes sociais contra algumas regras do Comitê Olímpico Internacional que restringem os direitos dos esportistas de usar sua imagem para ganhar dinheiro durante os Jogos Olímpicos.

A corredora norte-americana Sanya Richards-Ross, que certamente não tem problemas financeiros, é uma das estrelas na linha de frente da campanha. Patrocinada por BMW e Nike, ela botou a boca no trombone: “Sou muito afortunada por me sair muito bem [financeiramente] mesmo fora do período olímpico, mas muitos dos meus colegas enfrentam dificuldades no esporte. E eu acho que isso não é justo”, disse a velocista.

Richards-Ross vem participando ativamente da campanha via Twitter, fazendo várias postagens usando as etiquetas (hashtags) #wedemandachange2012 (exigimosmundaças2012) e #rule40.

“O que as pessoas veem são estas duas semanas em que os atletas estão em sua melhor forma, é o período mais glorioso de nossas vidas”, diz ela. Continua: “O que eles não veem, porém, são os dois ou três anos de luta até chegar aqui. Muitos precisam ter dois ou três empregos. Isso não é justo”.

“Eu sou um atleta profissional. Não posso ser tratado como um amador”, completa Jamie Nieto, do salto em altura.

Eles reclamam contra a proibição, imposta pela tal regra 40, de os atletas usarem seus nomes ou imagem em propagandas durante os Jogos –de fato, desde 18 de julho até 15 de agosto. Os competidores também são proibidos de usar as marcas de seus patrocinadores nas cerimônias de premiação. Também há restrições a manifestações nas redes sociais.

Por sua vez, o Comitê Olímpico Internacional diz que investe no esporte 94% de seu faturamento comercial e que está apenas tentando proteger os recursos investidos no movimento olímpico.

“Uma grande parte dos 10.500 atletas que aqui estão entendem por que nós fazemos isso”, afirma um porta-voz do COI. “Por um mês, nós pedimos que os atletas não divulguem produtos não ligados à Olimpíada que não trazem efetivamente recursos para o movimento olímpico.”

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Rosicleia, técnica do judô feminino, quer mais medalhas

Por Rodolfo Lucena
30/07/12 12:58

A revista Serafina deste domingo publicou perfil da treinadora da seleção feminina da judô, Rosicleia Campos, que entrevistei às vésperas do embarque para Londres. Ela me disse esperar de suas pupilas o melhor desempenho da história do judô feminino. No primeiro dia dos Jogos, essa meta foi atingida com o ouro de Sarah Menezes –em Pequim-2008, Ketleyn Quadros conquistou medalha de bronze. Mas a exuberante Rosicleia, que não para de falar um segundo enquanto a luta está em andamento, quer mais, como revelou na entrevista, da qual publico a seguir os principais trechos.

Rodolfo Lucena – O que você espera desta Olimpíada?

Rosicleia Campos – Espero o melhor resultado do feminino em toda a história, mais de uma medalha. A equipe está com potencial muito bom, em termos de resultados. Só se der muito errado. Com certeza a Mayra vai ser medalhista, só se der um problema muito grande.

Olimpíada é uma competição muito diferenciada. O Mundial é extremamente mais difícil, entram duas atletas de cada país, e ainda nossas atletas chegaram com bons resultados, o que mostra a qualidade técnica das atletas.

Na Olimpíada a parte técnica conta, mas vai lutar bem quem estiver com a cabeça boa. É uma competição psicológica, tem um grande peso psicológico, tem visibilidade absurda, clima é diferenciado, a responsabilidade é diferente.

Você foi considerada a melhor técnica do ano passado. Qual foi sua contribuição?

Trouxe identidade para o Judô feminino e autonomia de voo. Não fui eu que fiz, eu apareço porque sou a técnica. O que colaborei foi essa mudança de comportamento, de não aceitar ficar à sombra do judô masculino, exigir ter um planejamento individual da equipe e individualizado em relação às atletas, foi uma conquista, a conquista de meu espaço, eu Rose.

Tive de provar que eu era competente, porque eu era jovem, assumi a equipe com 35 anos (2005), às vésperas de ir para o Mundial do Egito. A partir de 2006 foi quando eu consegui colocar meu jeitinho. Nada seria possível se não houvesse a cumplicidade das atletas, de elas realmente acreditarem…

Quando eu recebi o prêmio, no ano passado, passou um filminho na minha cabeça, porque houve momentos em que eu pensava que não ia dar, que eu não era capaz, que realmente as pessoas tinham razão…

Tinham razão em quê? Quais eram as críticas?

Logo que eu assumi, tinha de provar que era boa, que eu podia. Na época, técnicos iam até o presidente da federação do Rio falar que aquilo era um absurdo, que eu não tinha competência, que eu era mulher, que eu era jovem, que eu não tinha cacife para assumir uma seleção.

E você conseguiu, pela primeira vez em 20 anos, qualificar uma equipe completa…

A última equipe que saiu para disputar nas sete categorias eu ainda era atleta. Foi em 1992, quando o Judô feminino estreou na Olimpíada (em 88, foi como demonstração). Em 92, passou a valer como medalha no quadro geral. A partir de 1996, quando passou a ranquear, não existiu mais uma equipe completa. Ou faltou o peso meio leve, ou o meio leve. Esse era um dos nosso objetivos, que também alcançamos, que foi levar sete atletas, sendo que seis cabeças de chave. Alcançamos com louvor.

Há quem critique seu estilo, vibrante, você fica pulando, grita o tempo todo…

Em 2002, fui para o Mundial júnior, com técnica. E chamei a atenção no Mundial porque as pessoas eram muito contidas. É o meu jeito. Se eu pudesse, eu entrava ali para lutar junto. Só que eu não posso. Acabei ficando em evidência. Se você olhar bem, outras pessoas também se excedem, só que eu virei um personagem nessa história toda porque eu sou mulher, sou alta, eu gesticulo muito, eu sou uma pessoal muito passional, de fato. Quando estou ali na luta, eu me envolvo, a vontade que eu tenho é de lutar. Para algumas atletas, elas precisam de estímulos para ficar alertas, porque o judô são cinco minutos e você não pode piscar nem um segundo que compromete o resultado. Eu tenho obrigação de mantê-las alertas.

Eu me envolvo mesmo, eu me doo. Eu não faço nada mais ou menos na minha vida, eu me doo cem por cento. Então cada luta é A luta. Enquanto o juiz não terminar a luta, tá valendo. Um segundo, tá valendo. Então eu vou estar ali cem por cento. Esse é o meu jeito, eu sou visceral ali, não só ali, em tudo o que eu faço.

Dói. Eu saio de uma competição arrasada, sem voz, dor no corpo todo. Elas fazem cada uma a sua luta, eu faço a luta de todo o mundo. Não é fácil não…

O que você faz para ficar bem, para proteger a voz?

A gente viaja sempre com médico, eu chupo pastilha, boto sprayzinho na garganta, faço gargarejo com água e sai. Quando terminou o Mundial eu estava afônica. E tem mais: mesmo eu estando rouca, na hora da luta sai. Não sei como isso acontece… Às vezes eu estou afônica, mas na hora da luta a voz sai. Vem da alma, eu acho.

Você já brigou com algum juiz?

Foi uma única vez. O meu estilo, eu realmente falo com a atleta, não falo com o árbitro. A última vez que eu briguei, que eu fui expulsa, foi no Pan de 2007 (Rio), que foi uma luta em que no cara roubou a gente quase que de mão armada, na luta da Erika com a cubana, era uma final. Se a gente ganhasse de Cuba ali a gente passaria de Cuba no quadro geral de medalhas, porque a gente passaria em número de ouros e ficaria na história a gente ficar na frente de Cuba numa competição. Isso já aconteceu agora no Pan-americano de Guadalajara, mas seria lá atrás, seria em 2007. Final da Erika com uma atleta chamada Mestra, de Cuba, que foi uma roubada. O árbitro deu um shido, a Erika realmente fez um falso ataque, ela merecia o shido, desde que ele desse também para a cubana, que já tinha feito mil falsos ataques e ele não deu a punição. Nossa, eu fiquei revoltadíssima. Se eu pudesse, eu matava. Nesse mesmo instante em que eu briguei, teve a briga lá na arquibancada com o Aurélio, com os cubanos, que deu aquela confusão toda. Eu só gritei. Só que saiu numa página da antiga “Panamerican” que eu tinha agredido, nossa, inventaram tanta coisa… Eu só falei na hora, que era realmente um absurdo, que aquilo era uma competição, que era leviano… Foi tudo verbal. A vontade era ser realmente físico, mas a etiqueta do judô não me permite fazer um negócio desse, além, claro, da educação que minha mãe me deu. Daí eu fiquei com a fama de barraqueira, que eu carrego até hoje.

Barraqueira você não é, de jeito nenhum, não?

(Risos) Eu não acho justo essa fama, não. Eu brigo por aquilo que eu acredito, que é diferente. Eu fiquei com fama de barraqueira mesmo, queimou meu filme geral, até hoje os holofotes estão todos virados para mim, o que eu acho injusto.

Como você enfrenta a nova regra que proíbe a orientação enquanto a luta está em andamento?

Olha, é um sofrimento total. Agora eu descobri que eu fiquei com cacoete de fazer caras e bocas, porque como eu não posso falar, eu desenvolvi algumas técnicas. Uma é falar sozinha durante a luta, para extravazar. Durante a luta eu vou falando as coisas que eu gostaria de falar, mas em voz baixa. Às vezes escapa alguma coisa, mas eu, no susto, coloco a mão na boca, é uma coisa horrorosa, se não você é retirado de lá. Mas o mais legal disso tudo é que, quando botaram essa regra nova, que passou a valer oficialmente em janeiro. Desde o ano passado, depois do Gran Prix da Holanda passou a valer, mas desde janeiro é de verdade.

Então tinha uma aposta geral de que eu jamais iria conseguir ficar naquela cadeira, porque eu ia ser expulsa 100% das vezes. Só que eu estou invicta até agora, não fui expulsa nenhuma vez.

Você se sente perseguida?

Não é isso, mas, se eu não vou falar, ninguém pode falar. Como todo mundo fica em cima de mim, porque eu realmente falo alto, eu brigo, eu virei uma bucha, a bola da vez. Todo mundo só fica em cima de mim, mas todo mundo faz. Eu vi pelo computador a luta da Mayra e da francesa (no Mundial), e a técnica da França não parou de falar um segundo. E eu xingava pelo computador, como é que pode, que absurdo, essa mulher não cala a boca, se fosse eu já estava expulsa. Só que eu estava sozinha, parecia uma louca, com raiva porque ninguém interrompeu a técnica da francesa.

Então eu tenho de tomar cuidado redobrado por causa da minha fama e por isso eu acho injusto.

Além da sua expulsão, o atleta pode ser punido?

Se eu for expulsa e continuar falando, existe a possibilidade de um shido, mas eu nunca vi isso ser aplicado. A gente tem uma gíria que fala assim: tomar um shidô consciente… Sabe o zagueiro que comete a falta porque sabe que o cara vai fazer um gol? Isso que a gente chama de shido consciente. Então já está combinado com o meu coordenador que, caso seja necessário eu ser expulsa por algo que vá salvar a minha atleta, eu estou autorizada.

Então você vai dar show…

Eu tenho uma pré-autorização para agir de uma forma … Claro que não pode ser aleatório. Tem de ser realmente pontual, num momento que realmente ajude a atleta, que seja um diferencial. Mas eu tenho essa autorização.

Vários textos dizem que essa regra foi feita mirando em você?

Por isso que eu fala que não é justo. Isso incomoda os árbitros, mas eu nunca falei com os árbitros. É que eu falo o tempo inteiro, então talvez tire a concentração deles. Então talvez seja isso, mas eu fui dado como um exemplo, só que o técnico de Cuba, ele arbitra a luta, ele é muito pior do que eu, mil vezes, então eu não acho justo. Eu sou a injustiçada (risos).

Algum técnico foi punido, de janeiro para cá?

Já, um monte. Da Coréia do Sul, Israel, Egito, vários técnicos, e eu estou invicta. Eu sou boa competidora. Falei: se é para competir, eu sou disciplinada. Pode, pode, não pode não pode. Mas, se eu não posso, ninguém pode também.

Antes de ser técnica olímpica, você foi atleta olímpica. Conte um pouco de sua carreira, como começou no judô.

Nasci em 7 de novembro de 1969, no Rio. Meu pai já tinha feito judô, minha mãe foi atleta de voleibol do Flamengo, então tinha um perfil esportista na família.

Eu fazia catecismo, e a igreja, do outro lado da rua da igreja, tinha uma escola de judô. E eu comecei a faltar às aulas de catecismo para assistir às aulas de judô. E aí nessa história a professora de catecismo, óbvio, chamou os meus pais, e aí meu pai, em vez de brigar comigo, me inscreveu na academia de judô.

Essa academia era em Cascadura, e aí eu comecei na academia com um professor japonês chamado Takeshi Ueda, que é muito legal. Comecei a treinar nessa academia com 11 anos. Com 15 anos, eu já era da seleção brasileira. Em 1986, quando eu fiz a minha primeira viagem internacional, eu fui transferida para o Flamengo porque a academia já não me comportava. O treinamento já não comportava o nível que eu estava. Eu tinha 17 anos. Com 16 eu já viajava pela seleção. Com 17 para 18 fui para os Jogos Pan-Americanos de Indianópolis.

Suas principais conquistas

Fui nove vezes campeã sul-americana, sete vezes campeã brasileira. Jogos Pan-Americanos, fui para Indianápolis e Cuba, Olimpíadas, Barcelona-1992 e Atlanta-1996. Não tive bom resultado em nenhum deles. Nos Pans nos dois em fiquei em quinto. Em Cuba, perdi para a cubana. Minha rixa com as cubanas eu trouxe da minha época de atleta, porque eu nunca consegui ganhar de uma cubana na minha vida.

Um dos meus objetivos como técnica era ganhar de Cuba. Conseguimos.

Como atleta, qual foi sua maior vitória?

A melhor de todos foi a conquista da vaga para a Olimpíada de Atlanta (1996). Em 1995 eu fui campeã brasileira, ganhando da Edinanci –eu nunca perdi para a Edinanci, sou a única atleta do Brasil que nunca perdeu para a Edinanci. Daí teve a seletiva parta os Pan daquele ano, que seria em Mar Del Plata. Eu fiz uma seletiva, com a Vânia Ishi e com a Ednanci. Era melhor de cinco. Ganhei da Edinanci cinco vezes de ippon e perdi para a Vânia cinco vezes. Na última, eu já estava ganhando dela de yuko, quando no finalzinho eu perdi a vaga.

Ficou uma sensação de derrota muito grande. Eu operei o joelho. Daí ninguém acreditava em mim, que eu fosse conseguir a vaga olímpica, porque a Vânia era a preferida, a Vânia era isso, a Vânia era aquilo. E quando chegou a seletiva , em dezembro –eu tinha operado o joelho no final de outubro–, eu ganhei. Em março de 1996, era a seletiva final que validava para a Olimpíada. E era o aniversário de mamãe. Eu falei: “Mãezinha, fica tranquila que eu vou para a Olimpíada”. Ninguém acreditava em mim, porque a mais cotada era a Vânia Ishi. E eu perdi a primeira luta na bandeira (decisão dos juízes). E aí ficou aquele pavor. E eu falei: “Mãezinha, fica tranquila, que agora eu aqueci”. Depois eu ganheis três lutas em seguida e me classifiquei para a Olimpíada. Tem um gosto muito especial essa vitória porque eu renasci das cinzas. Eu fiz uma cirurgia de joelho, ganhei de uma favorita. Não ganhei medalha, mas ganhei a vaga, que foi conquistada com muito sacrifício, muito empenho.

Você foi uma atleta e hoje é uma técnica com sangue nos olhos?

Nossa! Eu sou total. Sangue nos olhos mesmo. Eu falo isso para as meninas: se elas entrassem com a metade da vontade que eu tenho, não tinha para ninguém, não tinha nenhuma japonesa, coreana, não tinha francesa, russa, não tinha ninguém. Eu vou. Comigo não tem isso: barão de Coubertin, o importante é competir! O bom mesmo é ganhar. Você tem de entrar com a certeza de que quer ganhar, vai ganhar, que ninguém fez melhor do que você ali. É assim que eu entro. Assim que eu era como atleta. A gente aprende isso com a vida, com a experiência. É com esse sangue nos olhos, olhos de tigre, vamo que vamo, que é nosso e não tem prá ninguém.

 

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"Fechou-se a porta de meu sonho", diz Paula Radcliffe

Por Rodolfo Lucena
29/07/12 14:02

A Associação Olímpica Britânica e a Federação de Atletismo do Reino Unido acabam de confirmar o corte da recordista mundial da maratona, Paula Radcliffe, que não vai competir nos Jogos em sua pátria.

Longo texto publicado no site da federação diz que ela foi cortada por razões médicas depois de não passar em um teste realizado neste domingo. “Foi constatado que ela não poderia correr competitivamente”, diz o texto, que também afirma que a trajetória da atleta não pode ser medida apenas pelos ciclos olímpicos: “Sem dúvida, ela é uma das maiores corredoras de longa distância de toda a história”.

A nota traz também longas e tristes declarações de Paula Radcliffe. Sem mais comentários, vamos ao que ela diz:

“Desde o dia em que Londres foi anunciada como a sede destes Jogos Olímpicos, participar desta Olimpíada e ter um bom desempenho na maratona foi um dos grandes objetivos de minha vida. Uma quinta Olimpíada na sua pátria, qual objetivo melhor? Era a chance de me resgatar dos amargos desapontamentos das duas últimas Olimpíadas. [esse objetivo] me fez continuar lutando, motivada e focada, em meio a tempos muito difíceis. É por isso que dói tanto ter de finalmente admitir que não vai ser possível. Meu esporte é muito bacana, dá muito prazer e alegria, me ajuda a ser uma pessoa melhor, e eu sou muito afortunada por ter podido experimentar muito sucesso, tenho muitas memórias felizes. O lado ruim, porém, é que ele pode partir seu coração e seu espírito quando seu corpo simplesmente não consegue realizar o que seu coração e seu cérebro querem que ele faça. Infelizmente, minha profissão não é uma carreira nem um hobby em que a mente possa vencer sobre a matéria quando seu corpo está machucado. Dar menos do que o seu melhor, a cada dia, também não funciona.”

Paula continua: “Meu comprometimento foi total na preparação, fiquei dois meses distante das três pessoas (marido e filhos) que mais amo na vida. Mas todos os atletas profissionais têm esse grau de compromisso, dão tudo na sua preparação, e infelizmente não sou a única a ter o coração partido na tentativa de atingir o seu objetivo. O mais importante é, como eu sempre digo, saber que fiz tudo o que podia na busca desse sonho. É duro perceber que, se a Olimpíada tivesse começado seis semanas atrás, eu poderia ter corrido com confiança, sabendo que estava na melhor forma possível nos tempos recentes, mas com certeza não sou a primeira a viver algo como isso. Ninguém nos diz com antecedência qual é o limite de nosso corpo; forçar esse limite é a única maneira que temos para alcançar nosso objetivos mais elevados, nosso sonhos.”

Ela segue dizendo que fez tudo o que podia. “Não importa quão duro seja ter de hoje fechar a porta para esse sonho, pelo menos eu sei que tentei absolutamente tudo. Nem um dia se passou sem que fizéssemos testes, tratamentos ou exames que pudessem ajudar. Treinei outras modalidades o mais duro que podia, sempre que não me foi possível correr, para manter minha forma e minhas chances se a dor fosse embora. Agora, porém, é a hora de aceitar que não vou ficar boa a tempo. Apesar de estar desesperada para fazer parte da fantástica experiência da Olimpíada em Londres, não quer participar fazendo menos do que posso. Se eu não posso estar lá para fazer meu melhor, então é melhor que vá outra pessoa, que possa dar tudo de si. Nas últimas três semanas, eu tenho vivido em um moedor de carne, física e emocionalmente. Nunca chorei tanto nem enfrentei mais frustração ao mesmo tempo em que calmamente tentava todos os caminhos disponíveis para que eu conseguisse ficar curada. Agora chegou a hora de descansar totalmente, dar ao meu corpo chance de se recuperar, ver o que pode ser feito e o que eu vou fazer a partir de agora. Enquanto isso, vou continuar apoiando nossa equipe com o mesmo entusiasmo de sempre, comemorando com eles enquanto vão esperançosos em busca de seus sonhos. Londres já está mostrando ao mundo o que eu sabia desde 2005, que os Jogos Olímpicos de Londres são um show sensacional!”

Para completar, ela deu algumas informações sobre o problema em seu pé esquerdo: “É, aquela articulação tem um problema degenerativo e está muito atingida. Mas é o mesmo pé sobre o qual, em 1994, disseram que eu nunca mais iria usar para correr. Naquela época, eu me recusei a acreditar. E agora, não acredito que o meu pé não possa ser recuperado e preparado para voltar a permitir que eu faça aquilo que amo fazer. Mas isso não vai acontecer em uma semana.”

É isso, gente. Acho que todos os corredores do mundo, guardadas as proporções, já sentiram, em algum momento, dor semelhante à que hoje vive Paula Radcliffe. É muito duro ver que seu corpo não responder ao seu comando, que a dor o paralisa. Mas, como ela diz, é preciso ter calma e confiança, sobreviver e lutar, por mais difícil que isso pareça. Tomara que ela se recupere o mais breve possível e possa voltar a encantar o mundo com sua determinação.

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