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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Receita para ganhar medalha na maratona olímpica

Por Rodolfo Lucena
17/08/12 10:26

Investir na educação, casar a preparação física com a formação cultural, cuidar da saúde e da segurança das crianças e adolescentes do país são algumas das recomendações que todos fazem quando se fala do que o Brasil precisa para se dar melhor nos Jogos Olímpicos.

Isso é verdade, e eu adoraria ver professores mais bem pagos e com mais preparo pedagógico atuando em escolas bem arrumadas pelo país afora, nas bibocas interioranas e nas periferias dos grandes centros urbanos. Seria maravilhoso vermos empresários genuinamente interessados nos destinos do país –e não apenas no futuro imediato de seus ganhos financeiros—trabalhando em conjunto com o governo em defesa do futuro da juventude brasileira.

Isso já deveria estar em andamento –e imagino que existam diversas e promissoras experiências pelo país–, mas não sei se dá tempo para apresentar resultados concretos no Rio-2016. Tudo isso deve ser feito, se falamos de um mundo ideal, e o país também precisa trabalhar de forma pragmática para tentar subir no quadro de medalhas, ter um bom desempenho na própria casa.

No que se refere à maratona, tenho a impressão de que o papel do Estado talvez não seja tão importante. Empresas privadas como as que patrocinam corridas pelo país afora teriam condições de bancar projetos simples de peneira de talentos.

Isso porque os maratonistas de 2016 já estão correndo hoje, participando de provas em todos os recantos do país. Se alguém me pedisse um projeto a respeito, diria o seguinte: é preciso começar por um processo de seleção que dê oportunidades a brasileiros de todos os recantos; depois viria uma fase de formação e enfim o polimento de talentos selecionados.

Tal como os Estados Unidos, que fazem sua seletiva olímpica casada com prova já existente, faria a primeira peneira em maio próximo, na maratona de Porto Alegre. Até lá, realizaria um processo de ranqueamento, selecionando os cinco ou dez melhores maratonistas de cada Estado, homens e mulheres, com um tempo máximo (imagino 2h20 para homens sub23, 2h50 para mulheres da mesma faixa); também daria preferência a corredores de menos de até 23 ou 25 anos. Realizaria provas de 10 km e meias maratonas na maior quantidade possível de locais, fazendo delas também território para olheiros.

Essa seria uma primeira peneira; no segundo semestre, repetiria o processo, com critérios mais rigorosos. A partir dali, teria um grupo de cerca de cem corredores, homens e mulheres, que passariam a receber orientação de um colegiado de técnicos (imagino, por exemplo, um grupo com os treinadores que mandaram maratonistas aos Jogos Olímpicos neste século). Esses corredores teriam assistência nutricional, mas ainda não receberiam ajuda financeira.

Ao longo de 2014, aprimoraria as competições e tornaria cada vez mais apertado o critério de peneira de modo a chegar a 2015 com os melhores e mais promissores maratonistas do país. Então, sim, faria algum projeto de remuneração para esses candidatos a representar o país.

Com eles, continuaria o processo de treinamento, ranqueamento e seleção. A escolha do time de maratonistas para representar o Brasil seria feita em uma seletiva, realizada em janeiro ou fevereiro de 2016, na qual participariam apenas atletas com tempo máximo de 2h15 (ou menos, dependendo das condições da época).

Ah, e tudo com controle antidoping o mais rigoroso possível e punições irrecorríveis.

Talvez o Brasil não ganhasse medalha, mas que iria provocar um forrobodó, lá isso ia.

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Brasil, prata na maratona olímpica

Por Rodolfo Lucena
16/08/12 12:09

Os resultados do atletismo brasileiro nos Jogos Olímpicos foram desanimadoras, mas os maratonistas do país tiveram um bom desempenho, ainda que não tenham levado nenhuma medalha.

O que eles demonstraram foi espírito de luta, determinação para ir até o fim, apesar do cansaço e das dores musculares, que podem ser terríveis para quem corre por duas horas praticamente no limite de sua capacidade.

Ainda que nenhum deles tenha registrado na prova olímpica sua melhor marca, é preciso dar um bom desconto, considerando que o percurso não favorecia a conquista de tempos extravelozes e que o clima também castigou a turma (se a memória não me falha, a prova começou com 18º Celsius e 72% de umidade relativa do ar).

Mesmo assim, se houvesse competição por país, o Brasil levaria a medalha de prata (dê uma conferida no quadro abaixo, com os resultados dos 20 primeiros colocados na maratona olímpica). Ficaria atrás apenas do Quênia.

Seja pelo ritmo inicial, seja pelo calor ou outras razões que não vieram a público, a esquadra etíope simplesmente desapareceu. Outros times nacionais também foram dizimados pelo caminho, com destaque para a lesão que tirou o norte-americano Ryan Hall do caminho.

A todas essas e apesar de serem filhos desta pátria subdesenvolvida, em que há menos maratonas ao longo de todo o ano do que as que se contam em um fim de semana nos EUA, Marílson Gomes dos Santos, Paulo Roberto de Almeida Paula e Franck Caldeira mandaram ver.

A história deles e a história de outros corredores brasileiros que chegaram aos Jogos neste século e às mais recentes edições do Pan nos autoriza a dizer que o Brasil, pode, sim ser celeiro de bons maratonistas, capazes de enfrentar os melhores do mundo.

Há que criar oportunidades para que os talentos apareçam, para que jovens se interessem por essa extenuante –mas gloriosa—competição. E há que, uma vez descobertos os talentos ou os corredores com bom potencial, criar condições para que sejam aprimorados.

E não se trata de jogar no colo do governo as responsabilidades; no caso da maratona, acredito que a iniciativa privada tem todas as condições de lançar projetos de seleção e formação de atletas.

O que está claro é que o Brasil tem potencial. Mas o ouro não brota sozinho da mina. É preciso trabalhar a terra para, depois, não ficar choramingando ao ver outros levando os troféus.

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Regras e regulamentos olímpicos enervam Bolt

Por Rodolfo Lucena
15/08/12 15:09

Eu ainda estou de ressaca dos Jogos Olímpicos, que não foram apenas de quebras de recordes, mas também de quebras de protocolos. Em vários desses momentos, o protagonista foi Usain Bolt, a grande estrela olímpica.

Nem com toda sua marra e sua fama o velocista jamaicano conseguiu escapar de alguns perrengues durante sua estada em Londres. Chegou a ser tratado como garoto de escola pouco antes de correr a prova dos 100 m, em que conquistou seu primeiro ouro em Londres-2012.

“Eu estava na fila de corredores que iriam entrar na pista, veio um sujeito e ficou me dizendo para manter a fila em linha reta”, lembra ele, contando a sua reação: “Fiquei pensando: será que é isso mesmo? Eu estou prestes a correr e esse cara vem me dizer para ficar direito na fila?”

Se conhecesse as gírias de certos círculos paulistanos (ou cariocas? Não tenho bem certeza da origem do termo que vou usar…), ele poderia dizer: “Fiquei beige…” Mas apenas comentou: “Eles têm umas regras meio estranhas por estas bandas…”

Os controles de segurança também enervaram o raio jamaicano, que não conseguiu passar pelos bedéis carregando sua corda de pular. “Perguntei por quê. E eles me disseram: ´São as regras`. Para mim, isso não faz sentido.”

Até o chefão do comitê organizador local, Sebastian Coe, entrou na jogada e afirmou que iria ver o que tinha acontecido.

Bem, já aconteceu.

Como também aconteceu aquela cena hilária no final do revezamento 4×100, em que Bolt tenta ficar com o bastão que carregou na corrida do recorde mundial e o funcionário do comitê olímpico exigia que ele devolvesse o instrumento.

“É uma lembrança”, explicava o corredor, cada vez mais frustrado até desistir de dobrar o insensível funcionário e devolver o bastão. Porém, talvez porque a cena tenha sido televisionada ao vivo para o mundo inteiro, alguém de bom senso tratou de dar um jeitinho britânico nas regras e regulamentos: antes de entrar no vestiário e ainda em frente às câmeras, Bolt ganhou de volta seu brinquedinho e saiu feliz.

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Corredor de rua, mais cuidado ao andar na rua

Por Rodolfo Lucena
14/08/12 12:59

Peço vênia para fazer um breve interregno nos textos sobre os Jogos Olímpicos. Voltarei ao assunto, mas, antes, tenho de tratar de um outro tema, que está me parecendo mais premente.

Pessoal que corre na rua, por favor, vamos ter mais cuidado.

Ontem, andando de carona em um carro, dobramos à direita para entrar em um grande avenida e quase atropelamos um sujeito que corria na mão do tráfego, ouvindo música com fone de ouvido e a cabeça nas nuvens. Ele devia estar feliz, mas, se o carro em que eu andava estivesse um pouco mais rápido, o corredor de rua teria virado história.

Você quer correr na rua? Tudo bem, mas tome algumas medidas básicas de segurança.

Em primeiro lugar, tente correr na calçada. Sei que as calçadas paulistanas (e imagino que de muitas outras cidades) são uma barbaridade, cheias de obstáculos, estreitas, com buracos e cimento quebrado, um convite ao tombo. Mas, sempre que possível, é mais seguro correr por elas.

Às vezes, a gente não aguenta e tem de ir para o asfalto. Eu sou um que não gosto de correr nas calçadas, pelos motivos já expostos e de sobejo conhecidos. Em geral, corro na rua, sempre na contramão, para poder ver os adversários que se aprochegam.

Paro ou vou para a calçada nos cruzamentos e SEMPRE olho para os dois lados (estou cansado de levar susto de motoqueiros e carrões fazendo conversões irregulares).

É bom usar roupas claras e chamativas se você corre na rua, e NUNCA use fones de ouvido enquanto está correndo. Não é seguro. Também não adianta ficar com um ouvido aberto e outro tapado: não é seguro. Espere para ouvir suas músicas quando chegar a um parque ou outro local sem carros, motos e bicicletas (sim, as magrelas também podem ser um perigo para os corredores de rua).

Não saia de casa sem identificação, leve o celular e um pouco de grana para alguma eventualidade.

Outra coisa: com o tempo ficando um pouco melhor, logo vai crescer o número de pessoas correndo no final da tarde ou na noitona mesmo.

Use faixas luminosas, roupas refletivas e leve uma lanterna na cabeça ou na mão. A iluminação da cidade (pelo menos nas ruas de São Paulo por onde circulo) não é suficiente para permitir que você veja direito os obstáculos que podem aparecer no seu caminho.

Correr é muito bom, mas você precisa estar vivo para aproveitar. De perna quebrada também não dá para correr. Então fique esperto, cuide de si mesmo e de sua diversão. Aliás, cuidar de si mesmo é uma boa forma de respeitar os outros e cuidar deles também.

Bueno, #ficaadica. Amanhã volto a falar dos Jogos Olímpicos. Creia-me, ainda há coisas que merecem ser comentadas.

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Corredor lento de Uganda acaba com festa dos quenianos

Por Rodolfo Lucena
12/08/12 10:44

Stephen Kiprotich, um garoto de 23 anos nascido no distrito de Kapchorwa, leste de Uganda, nem de longe era o mais rápido corredor entre os que se alinharam hoje na largada na maratona olímpica. Vergonha das vergonhas, o cara não tinha sequer sub2h07, marca já batida mais de 180 vezes desde 1988… Mas foi o campeão da maratona da 30ª Olimpíada, herói dos Jogos de Londres.

Festejando desde o km 40, foi com um sorriso enorme e a bandeira de Uganda sobre os ombros que ele terminou a prova (foto AFP), depois de ter derrotado o exército queniano e ter visto a armada etíope se estiolar ao longo do caminho.

Mais de três minutos depois da chegada de Kiprotich, finalmente o primeiro brasileiro aportou. Com dores e sofrendo por ter sido ultrapassado na alameda final, com cerca de 300 metros para a chegada, Marílson dos Santos completou em 2h11min10.

Os outros brasileiros também terminaram com bravura. Paulo Roberto de Almeida Paula, que esperava pelo menos ficar entre os 12 melhores (segundo me disse seu técnico), compeltou num belíssimo oitavo lugar. E Franck Caldeira chegou em 13º.

Foi bela a apresentação dos brasileiros, especialmente de Paulo Roberto, o único novato em olimpíadas, que comentou seu desempenho aos prantos, incapaz de conter a emoção represada ao longo dos últimos meses de sofrimento e incerteza (e por que deveria?).

Quanto aos vencedores, o momento de definição foi entre o km 30 e 35, quando Kiprotich, de Uganda, pareceu dar sinais de cansaço. Chegou a passar a mão no quadril esquerdo, supostamente indicando alguma dor. Naquela altura, Marílson estava na quarta posição, e os brasileiros que torciam por ele sentiram esperança de que o atleta verde-amarelo poderia chegar.

Pouco antes, na altura do km 29,5, ele tinha ultrapassado nada menos do que o jovem etíope Ayele Abshero, 21, que chegou a Londres sentado na marca de 2h04min23, prfimeiro lugar em Dubai. Marílson fora incentivado por seu técnico, que lhe gritara: “Tá quebrado lá na frente”, indicando que Abshero seria presa fácil.

De fato foi, mas o restante não seguiu o mesmo script. Na ultrapassagem, Marílson estava cerca de 40 segundos atrás dos líderes, diferença que só aumentou nos quilômetros seguintes.

Na guerra lá na frente, a aparente fraqueza do ugandês talvez tenha engambelado os dois quenianos que lideravam os trabalhos –Wilson Kipsang, dono da melhor marca pessoal entre todos os contendores (2h03min42) e Abel Kirui, campeão mundial (foto Reuters).

Pois metros antes do km 37, com o totem marcador da milha 23 quase ao alcance de uma batida de mão, Kiprotich deu o bote. Os quenianos não entenderam nada, e o ugandês não deu explicações.

Já disse aqui mil vezes que retrospecto não ganha jogo. Pois também não perde. O atleta de Uganda chegou a Londres com 2h07min50 de tempo de classificação, 2h07min20 de melhor marca pessoal. E, provavelmente, uma gana infinita de dar um pau em que estivesse na sua frente.

Ficou sempre no primeiro pelotão, mas sua liderança só foi ser registrada na marca do km 40, quando estava 19 segundos à frente de Abel Kirui.

Lá atrás, outro drama se desenrolava. Abshero caía de produção até não conseguir prosseguir, e os perseguidores atacavam. Com eles estava Paulo Roberto e, mais para trás, Franck Caldeira.

Franck, por sinal, fez uma festa na primeira etapa da prova, passou o km 10 em primeiro lugar, depois de jê ter feito uma escapada. Ele disse, depois, que estava fazendo sua corrida, que não foi nada demais, mas resultado apenas das variações normais de ritmo da prova, que ainda estava nos prolegômenos das ações mais dramáticas.

No km 36, o grupo perseguidor estava meio esgarçado. O japonês Kentaro Nakamoto e o norte-americano Meb Keflezighi (naturalizado; ele nasceu na Eritreia) travavam um duelo e se transformavam em caçadores de Marílson, que vinha perdendo terreno.

“A última volta foi de muita dor muscular”, disse depois Marílson, que afirmou terminar triste por não ter conseguido medalha, mas feliz por ter feito uma corrida cheia de bravura. “Nunca tive tanta raça”, afirmou.

Raça ou não, foi-lhe impossível resistir ao ataque do norte-americano medalhista olímpico (prata em Atenas-2004), que também acabou não ganhando nada, mas mostrou que tem seus brios.

Quem ganhou medalha, para que fique o registro, foram os seguintes: Stephen Kiprotich, de Uganda, ouro com 2h08min01, Abel Kirui, do Quênia, prata com 2h08min27, e Wilson Kipsang, também Quênia, bronze, 2h09min37.

Os brasileiros terminaram assim: Marílson, quinto, 2h11min10, Paulo Roberto, oitavo, 2h12min17, e Franck, 13º, 2h13min35.

Deles, sem dúvida Paulo Roberto foi o que terminou mais emocionado. Ao dar entrevista para a TV, não parava de chorar. Agradeceu à esposa, aos pais e familiares, à torcida brasileira. Lembrou sua luta incansável pela classificação, que fez com que esta fosse sua terceira maratona do ano, quarta desde outubro passado, o que é um esforço fenomenal para atletas de elite. “Dei o sangue para ficar entre os 12”, disse o corredor paulista de 32 anos, que conseguiu bem mais: ficou entre os oito melhores maratonistas olímpicos do mundo.

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Está chegando a hora da maratona olímpica

Por Rodolfo Lucena
10/08/12 10:15

Não sei de você, mas eu por aqui já estou começando a ficar nervoso à espera da maratona olímpica. Para mim, é como uma final do campeonato gaúcho, em que a gente fica desde uns três dias antes pensando em que roupa vai usar no dia, as coisas que vai levar para o campo, quem vai marcar os gols… E se perder? E se ganhar? Onde vai ser a festa? e por aí vai.

Não sei se teremos festa na maratona masculina olímpica, pois lá os principais candidatos ao Olimpo representam nações distantes. Mas serão duas horas para torcer talvez não pela vitória, mas por um desempenho honesto, bravo, destemido dos representantes brasileiros.

Mais de cem corredores vão dar a largada para as quatro voltas da maratona –uma curtinha, de cerca de 3 km, e três longas, de algo em torno de 13 km. Não verão as belezas de Londres, estando de olhos grudados no asfalto, nas costas do adversário, no posto de hidratação.

O retrospecto indica que etíopes e quenianos são favoritos. A delegação da Etiópia é a única que traz três maratonistas sub2h05; a do Quênia, se vem com o “lento” campeão mundial, Abel Kirui, com 2h05min04 de melhor marca pessoal, também ostenta o espevitado Wilson Kipsang, único sub2h04 na prova: sua melhor marca beliscou o recorde mundial, é 2h03min42.

Aparentemente, não há chances para mais ninguém. Mas o melhor brasileiro na prova, Marílson Gomes dos Santos, gosta de fazer um alerta: “Com a experiência de ter participado de grandes maratonas, já vi tanta coisa acontecer… Maratona é o tipo de prova em que tudo pode ocorrer. Não tem nome, não tem marca que faça com que a prova seja definida antes. De repente, posso ter chances reais de medalha como posso não ter nenhuma chance”, disse ele.

Tudo bem. É verdade que, na vida, tudo pode acontecer a qualquer momento. Na maratona feminina, o time queniano trabalhou como se fosse um Exército para levar Mary Keitany à vitória, e não só a etíope Tiki Gelana venceu como Keitany ficou para trás, e a melhor queniana foi a desajeitada Priscah Jeptoo.

O segundo brasileiro é Paulo Roberto de Almeida Paula, novato na distância. Ele fez apenas três maratonas, todas para conquistar vaga nesta Olimpíada. O ruim é que, apesar de se dizer tranquilo e descansado, deve sofrer efeitos desse esforço todo. O bom é que, apesar da dureza que é correr prova desse calibre a intervalos tão curtos, ele melhorou seu tempo a cada prova.

Além disso, Paulo Roberto, que é um dos conhecidos Gêmeos das corridas de rua do Brasil, já demonstrou ter espírito guerreiro. Pelo que já conversei com ele e com seu treinador, ele vai tentar baixar ainda mais seu tempo.

Imagino que as condições para uma prova rápida não sejam as melhores. O percurso tem aquele monte de curvas já várias vezes comentado, as condições climáticas jogam contra… Mas, como você lembra, o clima de Pequim-2008 era contraindicado até para até amadores correrem num trotinho, Sammy Wanjiru detonou o recorde olímpico. Agora, em Londres, Gelana desconheceu as dificuldades para também derrubar a marca olímpica. Donde se conclui que, como disse Marílson, tudo pode acontecer.

O terceiro integrante da equipe brasileira é Franck Caldeira. Mais jovem dos três, guarda no currículo o título da maratona do Pan do Rio-2007. Sempre apontado como um dos talentos emergentes no atletismo brasileiro, teve uma trajetória oscilante.

Nos últimos meses passou a ser treinado por Ricardo D´Angelo, que orientava Vanderlei Cordeiro de Lima. Na nova equipe, conseguiu sua melhor marca pessoal, que o levou a esta Olimpíada. Suas 2h12min03 foram conquistas em Milão, em uma prova sob muita chuva.

Agora, ela vai em busca de baixar seu tempo. Depois, quer trabalhar para se transformar em real candidato a uma medalho olímpica em 2016, nos Jogos do Rio.

A prova vai ser realizada neste domingo, a partir das 7h, horário de Brasília. Espero que as transmissões televisivas sejam feitas sem interrupções e torço para que as equipes das diversas emissoras sejam também integradas por repórteres que possam informar o que está acontecendo em áreas que a TV não estiver mostrando. Infelizmente, não é isso o que os canais vêm apresentando; ao contrário, de modo geral, a cobertura está bem limitada.

Mas é o que temos.

A partir das 6h30 estarei a postos, com térmica cheia de chá, pão, biscoito, pãozinho de queijo. Vou mandar meus comentários ao vivo pelo Twitter, onde você me encontra em @rrlucena. Ou AQUI, o que dá na mesma. Aguardo você lá. E, desde já, desculpe qualquer demora em responder, pois a tal internet rápida na minha casa é uma tartaruguinha, para evitar o uso de palavras menos elegantes.

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Ex-campeões não entendem nada de Bolt

Por Rodolfo Lucena
09/08/12 17:55

Como você viu, publiquei ontem neste blog as previsões de dois ex-campeões mundiais do atletismo, que analisavam os possíveis resultados da final dos 200 m, realizada hoje.

Tanto Maurice Greene quanto Ed Moses, dois colecionadores de medalhas olímpicas e de mundiais, apostavam contra Bolt, dizendo que o jovem Yohan Blake tinha mais condições de vencer a disputa contra a lenda jamaicana.

Até Sebastian Coe, o chefão do comitê organizador dos Jogos de Londres, disse que Bolt não iria conseguir segurar a energia da Blake.

Pois não foi o que vimos todos neste fim de tarde. Bolt saiu como um raio, chegou a enfrentar alguma resistência de Blake, que emparelhou com o parceiro por alguns instantes apenas para ser inapelavelmente superado.

Se Bolt queria este segundo ouro em Londres para poder se considerar e ser considerado uma lenda, está pelada a coruja. O Raio jamaicano faz história com ouro nos 100 m e nos 200 m em duas olimpíada seguidas.

Que o mundo lhe renda homenagens.

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Ex-campeões apostam em Blake contra Bolt

Por Rodolfo Lucena
08/08/12 12:42

Que vai dar Jamaica nos 200 m, quase ninguém tem dúvida. Usain Bolt disse que precisa do ouro para se tornar definitivamente uma lenda no mundo do atletismo, mas seu compatriota Yohan Blake está totalmente disposto a impedir o feito e se consagrar como o homem que derrotou a lenda.

Se vale alguma coisa, ex-campeões das pistas apostam suas fichas no baixinho. Maurice Greene, dono de quatro medalhas olímpicas e seis títulos mundiais, não hesita um segundo para afirmar: “Blake vai vencer. Ele é muito durão”.

E seu compatriota Ed Moses, barreirista da gema, com três medalhas olímpicas e dois títulos mundiais, concorda, dizendo que está faltando alguma coisa a Bolt. “Em atletismo, a gente costuma dizer que você é tão bom quanto a sua última vitória”, disse ele, indicando que, como você já leu várias vezes neste blog, retrospecto não ganha jogo.

Quanto às previsões deste blogueiro sobre o embate desta quinta-feira à tarde (horário de Brasília, 16h55, fique ligado a partir das 16h30…), tenho a dizer que o time está concentrado, os treinos foram bem e que o professor já deu as dicas. No final, quem for mais rápido vencerá. Outra possibilidade é a de que o que chegar primeiro leve a medalha de ouro; em geral, isso costuma acontecer, analisando uma série histórica desse tipo de provas.

É bem verdade, porém, que, em 1908, nesta mesma Londres, quem chegou primeiro na maratona não ganhou o ouro. Mas isso é outra história, que você também já leu neste blog…

Para completar, este blog deixa a imagem a seguir como homenagem a todas as mulheres do mundo, corredoras e caminhantes, atletas e sedentárias, intelectuais e trabalhadoras braçais, as que lutam e as que não lutam pela igualdade de direitos e de oportunidades.

Trata-se de Sarah Attar, a primeira mulher a representar a Arábia Saudita em competições de atletismo em uma Olimpíada. Na foto Reuters, a garota (19 anos) participa de corrida classificatória na prova de 800 m. Chegou em último, mas foi aplaudida com entusiasmo pelo público presente ao estádio Olímpico.

“É uma enorme honra estar aqui como representantes das mulheres da Arábia Saudita”, disse ela. “É um momento histórico, um grande passo à frente. Espero que venha a fazer alguma diferença.”

Attar, que terminou em 2min44s95, foi a segunda mulher da Arábia Saudita. Antes dela, já havia participado das disputas em Londres a judoca Wojdan Ali Seraj Abdulrahim Shaherkani.

Como você sabe, esta é a primeira edição dos Jogos Olímpicos em que todas as delegações nacionais trazem equipes masculinas e femininas. Com certeza, é algo a ser festejado, mas também uma indicação do quanto as mulheres (e os homens, por suposto) precisam caminhar para chegar a uma situação de igualdade no mundo.

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Medalhista chora pela querida “abuelita”

Por Rodolfo Lucena
07/08/12 09:33

Quatro anos depois de seu fracasso nos Jogos de Pequim, Felix Sanchez voltou a conquistar o ouro que havia sido seu em Atenas-2004. Na vitória, fez uma homenagem à sua avó, cuja morte lhe foi anunciada pouco antes do momento de competir nas provas classificatórias dos 400 m com barreiras em Pequim.

Jurou que iria conquistar um medalha em homenagem à “abuelita” Lilian, que cuidou dele na infância. Não conseguiu controlar as emoções e nem chegou à final em 2008. De lá para cá, lesões e trabalhos de recuperação deixaram instável o grande corredor, conhecido no mundo como SuperFelix.

Nascido nos EUA, filho de pais dominicanos, compete pela República Dominicana desde 1999, no Mundial de Sevilha. Deu ao país, em Atenas-2004, sua primeira medalha de ouro.

Agora, veterano, com 34 anos, conseguiu se segurar para chegar a uma final com gosto de revanche contra a vida. Correu com a palavra “abuela” escrita em sua sapatinha e, ao desabar em prantos no chão, depois, da vitória, beijou uma foto da vovó, que trazia protegida por seu número de peito.

Na cerimônia de premiação, também caiu no choro. “Eu só queria deixá-la orgulhosa de mim”, disse ele.

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Para Marílson, não tem tempo ruim

Por Rodolfo Lucena
06/08/12 11:56

Depois que a chuva deixou escorregadio o piso das maratonistas, no último domingo, e o vento foi apontado por Fabiana Murer como culpado por sua falha, o melhor maratonista brasileiro disse hoje que não escolhe clima.

“Estou preparado para qualquer clima. Não quero ter decepção no dia da prova”, disse Marílson Gomes do Santos em entrevista realizada na manhã de hoje em Londres.

Ele não promete medalha nem faz previsão de marca, mas também não dá a corrida como de antemão vencida por etíopes ou quenianos: “Maratona é uma prova aberta. Tudo pode acontecer.”

Ontem, por exemplo, a etíope Tiki Gelana, que acabaria por vencer a prova, levou um tombo em uma das primeiras estações de hidratação.

“Eu estava tentandop pegar uma garrafa de água quando alguém me tocou e eu perdi o equilíbrio”, lembra ela, que se levantou rapidamente para seguir na corrida.

Com um cotovelo e um joelho arranhados, tratou de ser mais cautelosa nas passagens seguintes: “Eu sabia que, se caísse novamente, talvez não conseguisse terminar.”

O cuidado com o ritmo talvez tenha contribuído para que ela preservasse preciso energia, que faltou às adversárias na hora do vamos ver.

“Na metade da prova, eu sabia que conseguiria completar e, mais tarde, percebi que podia vencer. Faltando 3 km, resolvi fazer minha tentativa. E a chegada foi um sonho etíope transformado em realidade.”

Já a brasileira Adriana Aparecida da Silva, que completou em 47º lugar, agora sonha com a Olimpíada do Rio de Janeiro. Sobre a prova de ontem, não lamenta nada: “Olimpíada é um jogo de arriscar, e eu arrisquei no início. Mas fiquei contente com meu resultado. Não foi ruim, dentro do nível da prova”.

E adiantou: “Em 2016, quero tentar uma medalha. Tem quatro anos para a gente trabalhar, acho que a experiência aqui foi válida para o que vai vir pela frente”.

Bom, por enquanto, vamos ficar com o futuro mais imediato, a prova do próximo domingo e as chances de Marílson.

A última etapa do treinamento do maratonista brasileiro foi na Colômbia. Sobre a experiência de fazer a preparação em cidade de alta altitude, ele comentou na época:
“Espero que esse treinamento seja decisivo para meu resultado em Londres. Em Paipa, será tudo mais fácil, a questão do transporte também, tudo bem perto. Será tudo de que um atleta precisa: descanso, treino, alimentação, fora os benefícios fisiológicos de treinar em altitude. Vários atletas já se preparam na altitude. Então, será bom para entrar em condição de igualdade com os outros atletas”.

Nestes dias que antecedem a prova, ele só está fazendo treinso leves, muita folga. O objetivo, segundo o técnico Adauto Domingues, é deixar o corredor louco pelo asfalto, para correr com vontade. E vai direto ao ponto: “Ninguém está pensando no tempo. O objetivo é subir no pódio”.

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