Receita para ganhar medalha na maratona olímpica
17/08/12 10:26Investir na educação, casar a preparação física com a formação cultural, cuidar da saúde e da segurança das crianças e adolescentes do país são algumas das recomendações que todos fazem quando se fala do que o Brasil precisa para se dar melhor nos Jogos Olímpicos.
Isso é verdade, e eu adoraria ver professores mais bem pagos e com mais preparo pedagógico atuando em escolas bem arrumadas pelo país afora, nas bibocas interioranas e nas periferias dos grandes centros urbanos. Seria maravilhoso vermos empresários genuinamente interessados nos destinos do país –e não apenas no futuro imediato de seus ganhos financeiros—trabalhando em conjunto com o governo em defesa do futuro da juventude brasileira.
Isso já deveria estar em andamento –e imagino que existam diversas e promissoras experiências pelo país–, mas não sei se dá tempo para apresentar resultados concretos no Rio-2016. Tudo isso deve ser feito, se falamos de um mundo ideal, e o país também precisa trabalhar de forma pragmática para tentar subir no quadro de medalhas, ter um bom desempenho na própria casa.
No que se refere à maratona, tenho a impressão de que o papel do Estado talvez não seja tão importante. Empresas privadas como as que patrocinam corridas pelo país afora teriam condições de bancar projetos simples de peneira de talentos.
Isso porque os maratonistas de 2016 já estão correndo hoje, participando de provas em todos os recantos do país. Se alguém me pedisse um projeto a respeito, diria o seguinte: é preciso começar por um processo de seleção que dê oportunidades a brasileiros de todos os recantos; depois viria uma fase de formação e enfim o polimento de talentos selecionados.
Tal como os Estados Unidos, que fazem sua seletiva olímpica casada com prova já existente, faria a primeira peneira em maio próximo, na maratona de Porto Alegre. Até lá, realizaria um processo de ranqueamento, selecionando os cinco ou dez melhores maratonistas de cada Estado, homens e mulheres, com um tempo máximo (imagino 2h20 para homens sub23, 2h50 para mulheres da mesma faixa); também daria preferência a corredores de menos de até 23 ou 25 anos. Realizaria provas de 10 km e meias maratonas na maior quantidade possível de locais, fazendo delas também território para olheiros.
Essa seria uma primeira peneira; no segundo semestre, repetiria o processo, com critérios mais rigorosos. A partir dali, teria um grupo de cerca de cem corredores, homens e mulheres, que passariam a receber orientação de um colegiado de técnicos (imagino, por exemplo, um grupo com os treinadores que mandaram maratonistas aos Jogos Olímpicos neste século). Esses corredores teriam assistência nutricional, mas ainda não receberiam ajuda financeira.
Ao longo de 2014, aprimoraria as competições e tornaria cada vez mais apertado o critério de peneira de modo a chegar a 2015 com os melhores e mais promissores maratonistas do país. Então, sim, faria algum projeto de remuneração para esses candidatos a representar o país.
Com eles, continuaria o processo de treinamento, ranqueamento e seleção. A escolha do time de maratonistas para representar o Brasil seria feita em uma seletiva, realizada em janeiro ou fevereiro de 2016, na qual participariam apenas atletas com tempo máximo de 2h15 (ou menos, dependendo das condições da época).
Ah, e tudo com controle antidoping o mais rigoroso possível e punições irrecorríveis.
Talvez o Brasil não ganhasse medalha, mas que iria provocar um forrobodó, lá isso ia.