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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Adriana e Solonei já estão em Nova York; Marílson viaja hoje

Por Rodolfo Lucena
01/11/12 12:13

Acabei de conversar por telefone com Claudio Castilho, treinador de Adriana Aparecida da Silva, única representante brasileira na maratona olímpica em Londres-2012, que disputa neste domingo a maratona de Nova York.

Eles chegaram bem à cidade na manhã de hoje, desembarcando no aeroporto de Newark, em Nova Jersey, e seguindo para o hotel onde estão hospedados os atletas de elite que competirão na prova.

Solonei Rocha da Silva, campeão pan-americano da maratona, seguiu no mesmo voo e também vai participar da maratona de Nova York.

Já a estrela do trio brasileiro, Marílson Gomes dos Santos, continua no Brasil. Ele embarca hoje à noite, depois de ter seu voo de terça desmarcado por causa dos efeitos do furacão Sandy na Costa Leste norte-americana.

Bicampeão da prova, o corredor afirma estar otimista: “”Estou bem e espero um bom resultado”, disse ele.

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Sandy não deve atrapalhar maratona de Nova York, dizem organizadores

Por Rodolfo Lucena
30/10/12 10:12

Desde a semana passada, com os anúncios da chegada do furacão Sandy à Costa Leste dos Estados Unidos, a internet vem sendo varrida por boatos, comentários e especulações sobre possível adiamento, suspensão ou mesmo cancelamento da maratona de Nova York por causa da supertempestade.

Ontem, os organizadores da corrida deram uma entrevista coletiva por telefone e afirmaram que nada disso vai acontecer. A maratona de Nova York está de pé, límpida e fagueira.

“Temos muita sorte de que a corrida não estava marcada para hoje”, disse ontem Mary Wittenberg, enquanto Nova York fechava para se proteger dos efeitos de Sandy: como você viu, até a Bolsa suspendeu suas atividades e deve permanecer fechada pelo menos até amanhã.

Wittenberg, que é a presidenta do New York Road Runners Club, que organiza a prova, tratou de manifestar serenidade e esperança de que tudo funcione bem: “O tempo está do nosso lado”, disse, dizendo que, depois da passagem de Sandy ainda haverá alguns dias para que a cidade se recupere e os organizadores possam tomar medidas que garantam o bom andamento dos trabalhos.

De qualquer modo, mudanças serão feitas para que a prova e os corredores possam se adaptar aos efeitos do furacão na cidade. Os organizadores estão replanejando os voos dos atletas de elite convidados e, provavelmente, vão ampliar os prazos para entregas de kit e desistências sem perda da vaga no ano que vem (interessados devem ficar ligados no site oficial e no site do NYRRC).

A cerimônia de pintura da linha de chegada, marcada para amanhã, foi cancelada, assim como uma conferência de imprensa com corredores de elite, que seria na quinta. A corrida infantil foi transferida para um local coberto, e a tenda no Central Park foi desativada por enquanto.

De qualquer forma, a presidenta Wittenberg diz: “Estou certa de que teremos um fim de semana sensacional”.

Tomara que ela tenha razão. Afinal, de fato, a tempestade segue seu caminho, mas deixa um terrível rastro de destruição na Costa Leste (não apenas em Nova York. Segundo a CBS, já são 16 mortes em sete Estados e cerca de 7,5 milhões de lares foram atingidos pelo apagão.

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Na selva amazônica, corrida tem onça e picada de cobra

Por Rodolfo Lucena
27/10/12 09:48

Por profissão, Marcio Villar é analista de sistemas e vive mergulhado nos mistérios dos programas de computador e da vida digital. Nas horas de folga, porém, esse carioca de 45 anos assume a identidade nem um pouco secreta de ultramaratonista dedicado a desafios aparentemente irrealizáveis. Algumas emp acaba de dobrar a Jungle Marathon, correndo 509 km em15 dias.

Apesar do nome em inglês, essa ultra muito especial é realizada na selva amazônica. Na sua modalidade normal, tem 204,5 km e é realizada em uma semana. Por seus feitos anteriores, Villar foi convidado pela organização para tentar fazer a Jungle Marathon dobrada, ou seja, ida e volta. Foi providenciado um esquema de segurança especial para garantir a integridade física, sono e alimentação para o atleta, que começou o desafio uma semana antes, largando do ponto de chegada e seguindo em direção ao ponto de largada convencional.

No percurso, correu com uma onça ao seu lado, olho no olho por 40 minutos, e foi picado por cobra –as presas da serpente, porém, ficaram apenas na parte mais dura do tênis do corredor. Bom, já falei demais. Fique agora com o relato feito por Marcio. Ele começa com um resuminho da jornada e depois conta dia a dia.

“Corri primeiro da chegada para a largada, sozinho. Correr sozinho dentro da floresta amazônica é muito complicado, mas dia a dia fui vencendo os obstáculos.

Ao fim de cada etapa, eu dormia em uma rede colocada perto da casa do presidente da comunidade. Na etapa em que era possível encontrar onças – e eu as encontrei–, a organização mandou um guia armado para me acompanhar e proteger.

Não era fácil reconhecer o percurso. O o caminho era demarcado por fitas, porém eu tinha que ter muito cuidado porque elas foram amarradas para serem vistas por quem vinha no sentido contrário e muitas vezes não dava para eu ver de longe.

No segundo dia já dei de cara com uma onça, no quinto dia fiquei sem água e tive que beber água podre do pântano, mas no setimo dia quando cheguei ao fim da primeira parte do desafio e encontrei todos atletas que iriam correr a prova comigo me senti muito forte e com a certeza que conseguiria dobrar.  Não imaginava, porém, que mesmo dobrando ainda assim chegaria em terceiro lugar . Tentei buscar o segundo mais um erro no caminho da trilha não deixou.

Se esses 15 dias fossem melhores estragaria, foi simplesmente fantástico e inexplicável, eu corria cantando e brincando.

Nos três primeiros dias, correndo solo, tive o apoio de Gilvandro Marcelo Santos Almeida, que foi o único que teve coragem de embarcar comigo nesse desafio.

Passamos por momentos difíceis, como no segundo dia, quando demos de cara com uma onça.

Cada etapa que completava me sentia mais forte. O que mais impressionava a todos é que eu acabava todo dia inteiro, sem dores musculares.

No fim da sétimo dia onde eu chegaria na largada da prova e encontraria todos atletas, ninguém acreditava que ja tinha fechado a prova porque estar muito inteiro.

Na prova normal depois, foi superação dia a dia, no oitavo e nono dia foi tudo bem, no décimo dia tive uma caída de rendimento depois do CP2 e foi para mim a parte mais difícil da prova, foi o único momento que achei que não conseguiria dobrar a prova.

Para piorar as coisas, por mais de 40 minutos corri entre o CP3 e CP4 com uma onça me acompanhando.

Peguei a faca na mão e teve momentos que tive que sair da trilha da corrida para tentar fugir da onça. Foi quando pisei numa cobra. Por sorte, ela mordeu a parte dura do tênis.

Fui na raça, tirando forcas de onde não tinha para terminar essa etapa, com muita dificuldade consegui finalizar e comi muito para me fortalecer.

O décimo primeiro dia terminei muito bem e me preparei muito para os dois próximos dias que seria a etapa longa de 108 km por charcos, praias, pântanos, trilhas e mata fechada.

O mais fantástico e inexplicável é que  eu corria cantando e brincando, mesmo já tendo corrido por 11 dias, na etapa longa eu sabia que ali que era o pulo do gato: , se eu quisesse conseguir algo mais na prova que somente dobrar correndo os 509 km essa era a hora.

Um atleta chegou a comentar que eu estava tomado nesse dia, da largada ao CP5 eu me mantive entre os três primeiros, mas na chegada ao CP 5 fui ultrapassado por um inglês.

Ele, porém, demorou muito a sair do CP e aproveitei para recuperar o terceiro lugar e fui em busca dos dois primeiros. No CP8 cheguei a ficar somente 15 minutos atrás deles, porem entre o CP8 e CP9 peguei um caminho errado e perdi muito tempo e no CP10 estouraram duas bolhas na sola dos pés e tive que me contentar com o terceiro lugar.

Depois de cruzar a linha de chegada, passando uma meia hora que caiu a ficha e tive uma crise de choro que não parava: quando eu imaginaria, há 10 anos atrás com meus 98 kg, que um di a eu conseguiria dobrar uma das ultras mais difíceis do mundo correndo 509 km e ainda sim ficando em terceiro geral contra atletas de todo mundo.”

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Paula Radcliffe perde patrocínio, mas descarta aposentadoria

Por Rodolfo Lucena
22/10/12 06:24

Sem resultados expressivos no último ano e, aparentemente, sem chances de medalha na próxima Olimpíada, a recordista mundial da maratona acaba de perder um de seus patrocinadores. Paula Radcliffe não vai mais receber recursos da Loteria Nacional da Grã-Bretanha (mal comparando, são os serviços oficiais de apostas que, tal como no Brasil, reservam uma parcela de seus recursos para apoiar o esporte).

Ao fazer o anúncio, a entidade disse que Radcliffe não é considerada uma candidata a medalhista no Rio-2016 e, por isso, seu contrato não será renovado.

Radcliffe, 38, reagiu com a sua habitual elegância. Disse que já esperava que o patrocínio fosse suspense e garantiu que isso não afetaria em nada seus projetos de continuar correndo.

“Nem penso em aposentadoria”, disse ela. E perguntou: “Vocês acham que vou desistir depois de tanto esforço em trabalhos de fisioterapia e treinamento especial para voltar a correr?”

A última vez que vi Radcliffe em um programa ao vivo na TV foi durante as transmissões da maratona de Chicago. Ela apareceu como convidada especial, concedeu uma rápida entrevista e seguiu seu caminho. Estava muito simpática e vestia uma botinha ortopédica.

Tomara que ela possa mesmo voltar a correr.

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Aos 81 anos, Ed Whitlock corre maratona em 3h30min28

Por Rodolfo Lucena
16/10/12 05:27

Ele conseguiu novamente. A máquina de quebrar recordes não deixou por menos na maratona de Toronto, no último domingo. Ed Whitlock, engenheiro de minas aposentado, esmigalhou o recorde mundial da maratona para maiores de 81 anos. Completou a prova em gloriosas 3h30min28!!! A marca anterior era de 3h47min04, o que já é bom para mais de metro –o meu recorde pessoal é de 3h53min22…

Parece que, para Whitlock, nascido na Grã-Bretanha mas hoje correndo pela bandeira do Canadá, onde vive há décadas, quebrar recordes é como trocar de camisa. Ele foi o primeiro homem de mais de 70 anos a correr a maratona em menos de três horas. Disso já se passaram mais de oito anos, e  ele continua lépido e fagueiro.

Disse que não compete com ninguém, corre apenas contra o relógio. Uma frase meio perdida, porém, revela que o bom velhinho corre com sangue nos olhos: “Quando a gente passa alguém, é muito bom para o ego”, disse com um sorriso.

Acrescentou: “O problema é que hoje (domingo) mais gente me passou do que eu fiz ultrapassagens”.

A frase mostra apenas que nosso herói pode ser bom de corrida, mas é ruim de soma: ele deixou para trás mais de 4.000 pessoas na prova canadense. Terminou no sensacional 407º lugar numa prova que teve cerca de 4.500 corredores.

Ainda no terreno da terceira idade, quem mais uma vez disse presente foi Fauja Singh, 101. O indiano que vive na Grã-Bretanha fez a maratona no ano passado, aos 100 anos, mas neste ano ficou apneas na prova de 5 km, para que mais gente pudesse acompanhá-lo. Afinal, sempre que ele aparece numa corrida a coisa vira uma comemoração.

Também na prova de 5 km, mas para crianças, houve um feito comovente, talvez o mais emocionante de toda a jornada canadense. Foi a hora de chegada de Owen Derby, um garoto de sete anos acometido de paralisia cerebral.

Ele percorreu toda a distância usando um andador e foi recebido com beijos, abraços e muito choro de alegria, orgulho e emoção.

Não é para menos, não???
A corrida tem dessas coisas, é um desafio a cada metro e uma conquista a cada instante.

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Maior corrida do mundo reúne quase 70 mil atletas na Austrália

Por Rodolfo Lucena
11/10/12 09:08

As maratonas de Berlim e Chicago, que acabaram de ser realizadas, são uns portentos das corridas de rua: cada uma teve mais de 45 mil inscritos e são ambas candidatas a recordes em número de concluintes –vamos aguardar a maratona de Nova York para ver o que vai rolar.

Mesmo essas três gigantes se apequenam frente a corridas de menor distância, quando o critério do poder é o número de concluintes.

Pois a maior prova do mundo em número de concluintes, de acordo com o site RunningUSA, tem apenas um terço da distância da maratona: é a City2Surf, em Sydney, Austrália, em que nada menos que 68.929 corredores conquistaram sua medalha no ano passado (abaixo, imagem Divulgação).

Se você gosta de correr com as massas, confira AQUI o site oficial da prova e comece a sonhar com 2013.

Falando em massas, a segundo maior corrida do mundo é na Itália. Trata-se de uma prova de quatro quilômetros, gostoso divertimento. La Stracittadina é corrida em março no coração de Roma e teve, no ano passado, 65 mil concluintes. Não consegui entrar no site oficial da prova, mas este AQUI traz mais informações sobre essa corrida.

Bueno, confira a seguir a lista das dez mais de acordo com as estatísticas da RunningUSA. A única maratona nesse seleto grupo é a de Nova York, que teve 47.133 concluintes no ano passado.

Lugar

Concluintes  

Corrida

Local  

Data em 2011
1 68.929 Sun-Herald City2Surf   14K Sydney, AUS 14/08
2 65.000 Stracittadina Fun   Run 4K Rome, ITA 20/03
3 61.000 JPMorgan Corporate   Challenge: Frankfurt 3.5 Mile Frankfurt, GER 15/06
4 56.425 Cursa El Corte Ingles 11K Barcelona, ESP 03/04
5 55.077 Atlanta   Journal-Constitution Peachtree Road Race 10K Atlanta, GA, EUA 04/07
6 51.303 Lilac Bloomsday Run   12K Spokane, WA, EUA 01/05
7 49.213 Dick’s Sporting   Goods BolderBOULDER 10K Boulder, CO, EUA 30/05
8 47.133 ING New York City   Marathon New York, NY, EUA 06/11
9 43.954 Zazzle Bay to   Breakers 12K San Francisco, CA,   EUA 15/05
10 42.895 Göteborg   Half-Marathon Göteborg, SWE 21/05

 

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Brasileiro é o melhor não africano no Mundial de meia maratona

Por Rodolfo Lucena
09/10/12 09:01

Giovani dos Santos, 31, foi o corredor não africano com melhor resultado no Mundial de meia maratona, realizado no último sábado na bela cidade de Kavarna, na Bulgária. Ele completou a prova em 1h02min32, o que lhe valeu a 14ª posição.

À frente dele, atletas de Ruanda, da África do Sul, da Eritreia, do Quênia e da Etiópia. Todos rendendo homenagens a Zersena Tadese, que conquistou seu quinto título mundial –o quarto na meia maratona. Recordista na distância (58min23 em 2010), completou em 1h00min19, o que é impressionante considerando as condições climáticas: alta umidade e temperatura em torno de 30 graus.

Isso talvez seja uma das causas da performance decepcionante dos brasileiros. Mesmo Giovani, que lutou bravamente e saiu em posição honrosa, ficou aquém de sua melhor marca, que é 20 segundos mais forte que o tempo cravado na Bulgária.

Os demais que completavam o quarteto –José Márcio Leão, Gilmar Silvestre Lopes e Luís Fernando de Almeida Paula – não completaram a prova. Na sua página no Facebook, Almeida Paula reclamou bastante da alimentação e relatou problemas estomacais. Além dos três brasileiros, outros cinco atletas não conseguiram chegar ao fim. No total, largaram 86 corredores.

Na prova feminina, que começou duas horas da prova masculina, as quatro representantes brasileiras completaram meia maratona. Mesmo assim, o time brasileiro ficou na oitava –penúltima—colocação por equipe. A melhor representante nacional foi Sueli Silva, 35, que chegou em 1h17min31, o que lhe valeu o 36º lugar entre as 59 atletas que completaram a prova –apenas uma das que largaram não conseguiu ir até o final.

A vencedora foi a etíope Meseret Hailu, 22, que cravou 1h08min55 depois de uma batalha feroz, metro a metro, com sua compatriota Feyse Tadese, que completou um segundo mais tarde.

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Cenas de jornalismo explícito na maratona de Chicago

Por Rodolfo Lucena
08/10/12 14:23

A maratona de Chicago foi sensacional, a começar pelo número de participantes: 45 mil inscritos, com as mulheres representando 45,4% do total. Houve recorde do percurso e tanto a prova feminina quanto a masculina tiveram chegadas emocionantes, disputadas até o fim.

Uma beleza, mas o que mais chamou a atenção deste velho jornalista não foi nada disso, e sim a estupenda cobertura televisiva propiciada pela NBC Chicago, que acompanhei pela internet sem o menor sofrimento (AQUI).

Começo falando do aspecto técnico, sobre o qual pouco sei: a transmissão chegou ao meu computador doméstico, que se liga à internet por uma conexão mirreca de 2 Mbps, praticamente sem soluços, solavancos ou interrupções. Foram raros até mesmo os momentos em que a imagem demorou um tempo para aparecer ou para pegar o foco.

Além disso, tudo muito claro, nítido, mesmo com o constante movimento dos objetos filmados e com a ágil troca de câmeras. Imagino que a TV use algum método de compactação de dados que permita essa transmissão escorreita mesmo para os donos de internet molambenta; em comparação, a transmissão via internet da maratona de Boston, da qual assisti um pedaço no primeiro semestre, fica muito atrás…

Bueno, dito isso vamos ao que interessa: a cobertura jornalística. Gente, foi o máximo.

No comando das operações, havia três caras que sabiam do que estavam falando. Talvez não conhecessem muito dos corredores, mas liam o guia de mídia da prova (muito bom, por sinal) e resolviam o problema. Faziam brincadeiras entre si, trocavam comentários e ficavam o tempo todo espertos.

Num dado momento, um deles dormiu no ponto e falou que os quatro do pelotão de liderança, na prova masculina, eram etíopes. No mesmo instante em que eu berrei aqui em casa, avisando que um dos quatro era queniano,  um outro sujeito do comando das transmissões corrigiu seu colega. O primeiro não se deu por achado, mas aí foi conferir e pediu desculpas…

Bom, se a coisa estava legal, ficou sensacional quando chamaram a convidada especial: nada menos que a recordista mundial da maratona, Paula Radcliffe. Extremamente simpática, sentadinha no banco, sem vergonha de mostrar o pé protegido por uma botinha ortopédica. Fez comentários pertinentes, conversou com um e outro, ganhou seu dia e foi para casa cuidar da vida, deixando o pessoal do comando das transmissões enlevado –um lá só faltou pedir autógrafo para a britânica.

Bom, a prova feminina era acompanhada, narrada e comentada por nada menos do que Joan Benoit Samuelson, a campeã da primeira maratona olímpica da história (Los Angeles-1984). Ela narrava e não se esquivava a dar opinião sobre o estado das corredoras; por volta do km 40, se bem me lembro, cravou suas fichas na etíope.

A partir dali, às vezes parecia triste ao ver que Atsede Baysa não só não conseguia escapar de Rita Jeptoo como também era ultrapassada pela queniana. Na curva final, chegou a dar um berro de entusiasmo quando a etíope fez a ultrapassagem e se acalmou ao perceber que a queniana dava o troco e parecia seguir para a vitória…

A emissora tinha repórteres por todo o percurso, dando informações sobre o que iria acontecer ou já tinha acontecido naquela determinada área, que também era apresentada (esse é um bairro muito bacaninha, segundo me dizem, falou uma repórter, deixando claro que não era do pedaço).

Também fizeram gravações com personagens emblemáticos e apresentaram os clipes em momentos menos dramáticos da cobertura. Eu preferiria passar sem, mas, pelo menos, os clipes era interessantes, ainda que melosos, e não atrapalharam muito quem queria acompanhar o desenrolar da prova.

Os comentaristas não deixavam de ser bem humorados. A certa altura, ao chamar um intervalo, um deles avisou: “Lembro aqui a frase do ex-governador da Califórnia para dizer: `Nós voltaremos`”. De fato, a frase “I`ll be back” era do personagem do filme “Exterminador do Futuro” interpretado por Arnold Schwazenegger (ou Governator, como foi chamado quando no cargo público).

Na chegada da prova masculina, os caras não conseguiram conter seu entusiasmo, estavam torcendo mesmo. Não por um corredor, mas pelo recorde ou por ainda mais emoção na chegada.  A empolgação foi tão grande ou maior na chegada da elite feminina.

Como internetelespectador, eu me senti recompensado e respeitado. E fiquei pensando que não é difícil fazer um bom trabalho de cobertura de uma corrida, com qualidade jornalística e algum entretenimento; claro que é mais caro do que deixar dois caras num estúdio comentando o que eles veem na TV, sem repórteres que os alimentem de dados e sem câmeras que cubram as disputas que se desenrolam no percurso.

Ah, não dá para esquecer o site da maratona de Chicago, acompanhando ao vivo o desenrolar dos acontecimentos, colocando os tempos dos líderes a cada cinco quilômetros de forma quase instantânea (AQUI) –usava sistema semelhante (talvez fosse a mesma base, mas não posso garantir) ao empregado pelo site da maratona de Berlim, mas a entrada de dados estava mais rápida (pelo menos no olhômetro).

Para finalizar, não posso deixar de falar um pouco da prova, certo?

Tsegaye Kebede se tornou o primeiro etíope a vencer em Chicago e destruiu o recorde da prova com uma diferença de 59s, fechando em 3h04min38. Seu perseguidor e compatriota Feyisa Lilesa chegou a tentar assumir a ponta, mas cada golpe era devolvido em dobro pelo baixinho. De qualquer forma, com seu tempo de 2h04min52 (também abaixo do recorde anterior), ganhou US$ 40 mil de bônus por tempo –o bônus de Kebede pelo recorde foi de US$ 50 mil.

Na prova feminina, de novo a comprovação de que não vale a pena ir pro pau desde o início da corrida. Vou contar um segredo para você, meu caro leitor, minha prezada leitora: só ganha a maratona quem passar a fita em primeiro lugar.

Parece que a ótima corredora queniana Lucy Kabuu não sabia disso; ficou o tempo todo se esfalfando na liderança, muitas vezes guerreando contra a candidata a tetracampeã Liliya Shobukhova, para morrer na praia.

No final, a disputa ficou entre Rita Jeptoo e a etíope Atsede Baysa, que seguraram a ansiedade por mais tempo –no km 25, para você ter uma ideia, as duas estavam a mais de quatro minutos da líder. No 30 chegaram ao bloco da frente e, a partir do 35, Baysa começou a atacar.

Quando faltavam 200 metros para a chegada, Jeptoo estava alguns passos à frente e parecia prestes a vencer. Baysa encostava, mas a queniana mantinha a frente.

Cá comigo, acho que ela pensou que estava pelada a coruja e festejou antes de cruzar a fita, levantando os braços em sinal de vitória. Foi quando a Baysa meteu os peitos, literalmente, encostando o tórax e rompendo a faixa instantes antes da rival.

Os tempos oficiais de 2h22min03 e 2h22min04 não refletem a diferença. Essa é uma situação em que eu gostaria de ver os centésimos de segundo. De qualquer forma, a crer na informação divulgada pela prova, foi a chegada feminina mais apertada da história.

Antes de encerrar, lembro ainda um outro elemento sensacional da prova de Chicago: a alegria do Kebede pela vitória. Em geral, a elite da maratona costuma ser controlada, fria, encarando tudo como um trabalho e dizendo estar muito feliz com a vitória sem nem sequer dar um sorriso… Kebede não: seus olhos brilhavam, ele galopava pela área de chegada festejando com o público e, na entrevista, não cansava de repetir “2h04”…

Exorcizou o demônio de sua derrota para Wanjiru, nessa mesma maratona de Chicago, quando os dois batalharam palmo a palmo e o jovem queniano levou a melhor. Aliás, Kebede lembrou o fato, mas tudo se esfarelava diante de sua alegria, de seu sorriso farto no corpo minúsculo.

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Campeão de Boston quer domar Chicago e enfrentar a pobreza

Por Rodolfo Lucena
05/10/12 12:33

O campeão da maratona de Boston larga domingo em Chicago em busca da vitória, de melhorar sua marca e de conseguir mais divulgação para o combate à pobreza em seu país. Wesley Korir, que estreou em maratonas há quatro anos, exatamente na Cidade dos Ventos, como Chicago é conhecida, dirige uma fundação filantrópica que trabalha para melhorar a saúde e a educação das crianças quenianas.

Hoje prestes a completar 30 anos, ele chegou aos EUA para fazer faculdade, com uma bolsa de estudos, e continuou por lá depois. Debutou na maratona como um João Ninguém, largando com o povão, e acabou num sensacional quarto lugar, que num zastrás o elevou à elite internacional. Vai tentar baixar de 2h06.

“Quero ajudar meu país a se tornar um lugar melhor para viver”, diz ele. “No Quênia, a gente não corre por diversão nem para perder peso. A gente corre para fugir da pobreza”, resume.

Ele parece ser um grande cara, mas a marca que persegue não dá camisa a ninguém em Chicago, a não ser que os de melhor retrospecto quebrem pelo caminho, como aconteceu em Boston.

O favorito é o baixinho Tsegaye Kebede, da Etiópia, que tem como melhor marca 2h05min18; seu compatriota Feyisa Lilesa não é de se jogar fora: tem 2h05min23. Mas não tem se dados bem nas última provas.

Entre os quenianos, o destaque é Levy Matebo, que correu 2h05min16 em Frankfurt no ano passado; neste ano, ficou em segundo em Boston, atrás do já apresentado Korir.

Na prova feminina, a russa Liliya Shobukhova vai atrás de sua quarta vitória seguida, feito inédito na história dessa prova. Ela era favorita na maratona olímpica, mas abandonou com fortes dores no estômago.

No ano passado, venceu com 2h18min20, a terceira melhor marca da história da maratona feminina. A vice do ano passado, Ejegayehu Dibaba, da Etiópia, volta para tentar lhe dar o troco, e a veloz queniana Lucy Kabuu (2h19min34) é outra contendora respeitável.

No total, segundo os organizadores, a prova deve atrair 45 mil participantes.

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Mundial de meia maratona tem cenário maravilhoso

Por Rodolfo Lucena
04/10/12 12:21

Está certo que o Rio é a Cidade Maravilhosa, mas Kavarna também não é de se jogar fora. Confesso a minha ignorância: até alguns meses atrás, quando começaram a sair as notícias sobre o Mundial de meia maratona, nunca tinha ouvido falar dessa cidade turística da Bulgária. Hoje, já sei coisas que talvez nunca mais me sejam úteis.

A cidade foi fundada por colonos gregos no século 5 antes de Cristo e, 400 anos depois, foi parcialmente destruída: exatamente a parte em que moravam os ricaços caiu no mar Negro.

Mais uns 200 anos e conseguiram deixar tudo mais ou menso na boa, agora já sob o domínio dos romanos, que eram os reis do mundo naquela época. Vou parar por aqui, lembrando apenas que, no início deste século, os rochedos de Kavarna viraram palco para bandas de rock, em festivais que atraíram a juventude europeia.

Agora, vamos ao que interessa: neste sábado, a cidade recebe o Mundial de meia maratona. Oito brasileiros foram convocados pela CBAt e embarcaram há dois dias; desde ontem estão em terras búlgaras. Agora parece que está tudo bem, mas, logo ao chegar, passaram alguns perregues, segundo registros nas redes sociais.

Mas o que não mata engorda, e a turma lá está seca para correr bem. O mais rápido da seleção masculina é Giovani dos Santos, com 1h02min12 de recorde pessoal; os demais são José Márcio Leão, Luís Fernando de Almeida Paula e Gilmar Silvestre Lopes.

A equipe feminina tem Sueli Pereira da Silva, Sirlene Sousa de Pinho e Roselaine de Souza Silva, além da caçulinha da turma, a maranhense Adriana Cristina da Luz, de apenas 19 anos, mas cheia de títulos: é campeã brasileira dos 5.000 e dos 10.000 m sub-23 e do Sul-Americano de Meia Maratona (Paraguai, em agosto).

“Vai ser o meu primeiro mundial e não vejo a hora de competir com algumas das melhores atletas do planeta”, disse a garota.

De fato, tantos as moças quanto os rapazes terão oportunidade ímpar de encontrar a nata da elite internacional.

No feminino, as quenianas têm quatro dos cinco últimos títulos por equipe. São lideradas pela nossa conhecida Pasalia Chepkorir Kipkoech, 23, que ganhou a meia do Rio com 1h07min17. A esquadra queniana tem ainda, entre outras, a veterana Lydia Cheromei, de 35 anos, que corre como uma menina: foi segunda em Praga neste ano com 1h07min26.

As etíopes serão formidáveis adversárias, como sempre, mas a mais rápida das concorrentes das quenianas nesta temporada é a norte-americana Shalane Flanagan (1h08min52).

No masculino, segundo o site da IAAF, a grande dúvida parece ser se Zersenay Tadese, da Eritreia, vai ganhar com recorde mundial ou sem. Dono do atual recorde, ele tem quatro títulos mundiais na distância. Chega aos 30 anos mandando bem: no primeiro semestre, venceu em Lisboa com 59min34.

Para levar o quinto título, terá de derrotar os quenianos, que não são fracos não, como você sabe. Um deles é Eliud Kipchoge, 27, que estreou na distância no mês passado e cravou 59min25. Dois anos mais novo, Stephen Kibet Kosgei é também mais veloz, chegando à bela cidad búlgara credenciado por uma vitória em 58min54.

Quando a gente vê esses números, pensa logo quão lentos ainda são os representantes brasileiros. Mas o jogo é para ser jogado e é participando de eventos assim que os atletas do país podem buscar chances de crescer.

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