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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Um português desbrava a maratona do Círculo Polar Ártico

Por Rodolfo Lucena
13/11/12 12:32

Hoje trago para você um relato muito bacana de um leitor português, ANTÓNIO CARLOS DA LUZ CORREIA, de 55 anos, que acaba de se tornar o primeiro corredor da terrinha a completar a  Maratona do Círculo Polar Ártico. Trata-se de uma prova que acontece desde 2001, em Kangerlussuaq, na Gronelândia e que atraiu nosso amigo CORREIA pela altísima dificuldade. Maratonista há 30 anos –na estreia, em 1982, cravou 2h33–, o atleta participou do evento inspirado na leitura de um livro de Mike Stroud, “The survival of the fittest: pessoas comuns podem fazer coisas extraordinárias!”

Muito bem. Sem mais delongas, vamos à aventura gelada de um português no polo Norte.

“Fiz uma preparação rigorosa. Li o mais que pude sobre corrida em temperaturas negativas, observei dezenas de fotografias e filmes de situações de corrida no frio, procurei falar com atletas experimentados. Integrei ao plano de treino algumas maratonas e outras provas, de trail sobretudo, com características especiais de dureza. Em fevereiro último, realizei um pequeno estágio em Oulu, no norte da Finlândia, para experimentar equipamento e fazer alguns longões. As temperaturas rondaram os -10ºC, o que não foi nada de especial, mas, outras condições meteorológicas foram mais adversas: por várias vezes, treinei sob fortes nevões e vento, chegando mesmo a ter que colocar a máscara de esqui.

O percurso da maratona é sinuoso e com características de montanha, com inúmeras subidas, íngremes e prolongadas, e descidas equivalentes. Na zona de partida, estava sombrio, frio e, por vezes, soprava um vento cortante. Enquanto esperávamos, muitos de nós saltitavam e davam pequenas corridas para afastar o frio, que rondava os -20ºC e iam-se tirando também algumas fotos. O ambiente era de animação e alegre confraternização. Dado o tiro de partida, lá arrancaram os 134 corredores.

 O trecho inicial era em estrada e subia, a caminho da calota polar. O piso estava coberto por uma camada de neve fresca que, aqui e acolá, dava lugar ao gelo. Percorrido um quilômetro e tal, começou a soprar um vento forte que pôs à prova todas as camadas térmicas do equipamento. Deixei de sentir o nariz e as rajadas laterais nos ouvidos começaram a incomodar-me. Enfiei a cabeça no capuz do blusão, puxando bem os cordões até só ficar espaço para os olhos e coloquei os óculos para que o vento não mos secasse. As mãos iam confortáveis, bem aconchegadas no duplo par de luvas que tinha calçado.

Depois de quase dez quilometros, chegamos à calota polar. O cenário alargou-se numa imensidão de branco e céu muito azul. O sol brilhava, mas, como se manteve sempre muito baixo, as nossas sombras prolongavam-se por vários metros. Corríamos agora sobre neve ou sobre gelo, um gelo escuro que despontava aqui e ali do manto de neve branquíssima. A temperatura mantinha-se próximo dos -20ºC.

Ainda ficamos na neve e no gelo por alguns quilômetros. Após uma subida acentuada, seguida de uma descida equivalente, entrámos na estrada coberta de neve e de uma fina camada de gelo. Para não escorregar, era preciso usar correntes especiais nos sapatos de corrida na neve. 

A organização bem tinha insistido na conveniência de encararmos os abastecimentos de modo diferente das maratonas urbanas. Que em vez de passarmos a correr pela mesa do abastecimento e deitarmos fora o copo mais à frente, devíamos parar, recuperar um pouco, abastecer, deixar o copo no local e seguir caminho. E assim foi, cada paragem constituiu um momento de confraternização com os membros da equipa organizadora e com os voluntários, ou mesmo com outros atletas. O meu abastecimento favorito foi a limonada quente. Bebi sempre dois ou três copos, não só por necessidade como também por gulodice.

Pouco depois de ter ultrapassado a zona da chegada da meia maratona, onde era preciso vencer uma subida nada meiga, comecei a sentir alguns sinais inquietantes na coxa direita. O receio de que pudesse estar a anunciar-se uma rotura muscular levou-me a abrandar o ritmo e a encurtar a passada.

Passei a concentrar-me no quilómetro que tinha pela frente e nada mais. Os quilómetros passaram a ser conquistados um a um, descontando mentalmente nos que teria que fazer a caminhar se o músculo cedesse. Aqui e acolá, a sensação no músculo atenuava-se e eu, quase sem dar por isso, acelerava para o meu ritmo normal. Claro que, ao fim de algum tempo, os sinais voltavam a recomendar prudência na gestão do esforço, e lá abrandava de novo para evitar tensões musculares excessivas.

A verdade é que, mesmo neste regime de contenção, os quilómetros se foram sucedendo sem grande custo aparente. O moral ia ficando cada vez mais em alta à medida que encurtava a distância que teria que caminhar se o músculo não aguentasse. De tal forma a confiança se instalou que, a 3 km da linha de chegada, ataquei, num ritmo desenfreado, a subida temível e prolongada que ali se apresentava, fazendo-a sem parar, sempre em corrida.

Chegado ao alto da elevação,  sobranceira a Kangerlussuaq, a vista do aeroporto e dos edifícios à volta, onde estava colocada a meta, deu-me um novo alento que compensou o esforço que tinha acabado de fazer.

 Algo surpreendente para esta fase da prova, estava a suar abundantemente, e as pernas já me doíam um pouco. Um ardor no peito, detectado ainda na 1ª metade, estava um pouco mais intenso e, pior que tudo, as pontas dos dedos estavam a doer-me horrivelmente. Vamos a isto! Iniciei a descida a bom ritmo, aproximando-me das casas e percorrendo a rua principal. Lá ao fundo, descortinei alguém que acenava ao corredor que ia à minha frente, dando indicação para virar à esquerda, para a meta. Estava a chegar a minha vez. Afinal, não tinha custado tanto como tinha chegado a temer que pudesse custar. Abri o blusão para mostrar o dorsal, condição para ser atribuído o tempo de corrida. Cruzei a meta, nº64 bem visível ao peito! À minha espera estavam uns 5 ou 6 corredores que tinham chegado antes e que me abraçaram efusivamente dando os parabéns! A emoção que senti foi maior do que se tivesse entrado num estádio cheio de gente a aplaudir.

Agora, parado, começaram a revelar-se todas as dores e sensações que até aí não tinham ultrapassado os limites do razoável. Ainda assim, decidi fazer uma pequena caminhada de 10-15 minutos para recuperar muscularmente. A perna direita prendia um pouco na passada, manifestando-se uma dor ligeira que confirmava que o desastre tinha estado iminente. Enquanto andava, aproveitei para incentivar outros corredores que chegavam a conta-gotas. Quando me pareceu que a caminhada tinha sido suficiente, iniciei o regresso ao hotel. A caminhar, arrefecemos muito mais rapidamente do que em corrida, e estava mesmo a precisar de cuidar urgentemente das minhas mazelas. 

Voltei para o hotel. No quarto, tirei as luvas. Estavam encharcadas. As pontas dos dedos estavam a mudar de cor e só deixaram de doer ao fim de largos minutos. Tirei o blusão e a camisola. Tinha uma chaga razoável no peito, tipo queimadura, com uma zona central mais escavada de onde saía um líquido amarelado. Debaixo do chuveiro, até dava saltos quando a água passava pela ferida. Apliquei abundantemente uma pomada apropriada. Liguei para casa a anunciar que esta maratona já estava feita. A seguir, fui ao Facebook e anunciei aos amigos que este desafio estava resolvido e, para que não restassem dúvidas, lá coloquei a foto rcom a medalha e a camiseta. Agora, podia vir a próxima aventura!”

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Nem só os rápidos correm bem

Por Rodolfo Lucena
12/11/12 15:37

O treinador de corridas Augusto César Fernandes é um sujeito curioso e dedicado aos detalhes. Dia desses, enveredou numa conversa sobre a qualidade técnica das corridas de rua.

Aquelas discussões intermináveis de “no meu tempo era melhor”, “naquela época o pessoal era mais rápido” e por aí vai. Insatisfeito de debater só baseado em observações, opiniões, foi tentar buscar dados para ilustrar o debate.

Ele pergunta “onde estão os amadores competitivos?”, mostrando que, de 2003 para cá, caiu drasticamente o percentual de corredores rápidos, capazes de percorrer dez quilômetros em ritmo forte, fazendo cada quilômetro em menos de quatro minutos.

Isso vale tanto para provas ditas de elite, como a SP Classic (hoje também chamada de Zumbi dos Palmares), e prova com inscrição gratuita, como a São Silveira, de 8,5 km.

Augusto fez um levantamento completo e muito interessante, que você pode ver clicando AQUI. Neste blog, cito apenas as disparidades maiores: em 2003, 6,4% dos concluintes da SP Classic fecharam com ritmo de até 4min/km; em 2010, foram apenas 2,9%.

Já o percentual dos mais lentos subiu: em 2010, metade concluiu em uma hora ou mais a prova de 10 km, contra 31,7% em 2003.

Com outros índices, a tendência se repete na prova gratuita, que era mais competitiva, mas também viu o crescimento do peso dos mais lentos: em 2003, apenas 8% dos concluintes tiveram ritmo de 6min/km ou mais lento; há dois anos, esse percentual explodiu: 30,4%.

Há quem veja nisso uma perda de qualidade técnica das corridas de rua. Eu vejo aí um ganho de qualidade social: mais gente está se dedicando a esse esporte, que fica mais abrangente, mais inclusivo. É possível correr e caminhar ou seguir no próprio ritmo, sem cobrança.

Alguém pode dizer que caiu o número de concluintes em cada um das provas, o que seria contraditório com essa democratização do desempenho, mas acontece que também explodiu o número de provas.

E outra coisa: no mundo amador, velocidade não necessariamente é indicador de “qualidade”, seja lá o que isso for. Para um corredor, seguir a 7min/km é um feito olímpico, para outro pode ser um desastre. Não há régua para medir o desempenho: cada um é seu próprio juiz.

E também não há velozes, sejamos claros: qualquer um que hoje faz maratona em menos de 2h06 não pode se considerar competitivo, se competitivos foram somente aqueles em condições de disputar o recorde mundial ou competir pelo título de uma das grandes maratonas do mundo.

Somos todos corredores. Aproveitemos. Desfrutemos do vento, do ritmo e da liberdade. E vamo que vamo!

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Não há teste de sangue nos campos de treinamento quenianos, diz agência antidopagem

Por Rodolfo Lucena
09/11/12 13:53

A Wada, Agência Mundial Antidopagem, começa a levantar as cortinas de proteção que parecem estar erguidas sobre os corredores de longa distância do Quênia.

A entidade revelou que não são feitos testes do sangue dos corredores do país e outros que convergem para os grandes centros de treinamento do Quênia enquanto eles lá estão. Os atletas, que são alguns dos melhores corredores de longa distância do mundo não são testados para uso de EPO, transfusão ilegal de sangue ou uso de hormônio do crescimento.

Os testes antidoping realizados nos centros de treinamento são apenas os feitos a partir da coleta de urina dos corredores.

A informação está em declarações feitas pela Wada ao jornal britânico “The Daily Telegrapgh”: “A realidade é que as organizações antidopagem que realizam exams no Quênia –incluindo a IAAF e a regional africana da Wada—apenas testam a urina. A IAAF realiza os testes sanguíneos quando os atletas estão em período de competição ou em viagens ao exterior”.

A questão surge depois que Mathew Kisorio, um dos mais promissores atletas quenianos, foi pego em exame antidoping, acusado de uso de esteroides (anabolizantes). No mês passado, ele caiu atirando e fez declarações afirmando que o uso de EPO era generalizado do Quênia.

O uso dessa substância mimetiza, pela química, os efeitos do treinamento em altitude. O corpo do atleta passa a ser capaz de transportar mais oxigênio para as células, ampliando sua resistência –é o doping típico de corredores de longa distância.

Exames de sangue até detectam o uso dessa substância, mas apenas em um período limitado –os de sangue são mais abrangentes e capazes de apontar a presença da substância mesmo tendo passado um bom tempo da aplicação.

As declarações feitas por Kisorio e investigações e inferências feitas por uma pedaço da imprensa europeia estão levantando dúvidas sobre a honestidade dos corredores que lá treinam.

Isso é bom e isso é ruim, na minha opinião. É bom porque deixa claro que o doping vai ser perseguido e combatido em todos os lugares, mesmo em centros tidos como sacrossantos. E é ruim porque, não havendo denúncias ou casos específicos, deixa implícita a ideia de que todo mundo é bandido.

Alguns mais céticos dirão que a verdade é essa mesma: não há ninguém puro no atletismo de alto rendimento. Mesmo correndo o risco de passar por ingênuo, sou a favor do dito de que todo mundo é inocente até prova em contrário. Mas, uma vez provada a culpa , a punição deve ser rápida, de acordo com a lei.

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Conheça os candidatos a Atleta do Ano

Por Rodolfo Lucena
08/11/12 10:08

Saiu a lista da IAAF com os atletas indicados a Atleta do Ano. Mal comparando, é como a lista dos indicados para o Oscar: os atletas finalistas saíram de uma votação feita por um colégio eleitoral integrado pela elite da cartolagem do atletismo internacional. Os mais votados chegam agora à hora da verdade.

Participaram da seleção conduzida pela IAAF (a Fifa do atletismo) cerca de 2.400 pessoas: conselhos da IAAF, representantes de cada uma das federações nacionais filiadas a ela, membros de comitês e comissões, embaixadores, representantes dos atletas, atletas top mundiais, funcionários da IAAF e até alguns jornalistas selecionados.

Este seu criado não votou em nada, o que não significa que não tenha opinião. Sem discutir se os finalistas deveriam ser mesmo os finalistas, vamos a eles.

Entre os homens, chegam à reta final foram Usain Bolt, que dispensa apresentações, o queniano David Rudisha (recordista mundial e olímpico dos 800 m, campeão mundial e olímpico da distância) e o barreirista norte-americano Aries Merritt.

As damas finalistas são a reluzente norte-americana Allyson Felix, ouro olímpico nos 200 m, a britânica Jessica Ennis, campeã olímpica do heptatlo, e a neozelandesa Valerie Adams, multicampeã do arremesso de peso.

Bom, vou jogar os búzios, fumar um cachimbão, olhar as cartas e sacudir as moedas do i-ching. Duvido que, depois dos três ouros olímpicos, alguém tire de Bolt a honraria, mas, cá comigo, gostaria de ver eleito o Rudisha (preferiria, mesmo, alguém dos 10.000 m ou da maratona, mas nenhum chegou à indicação…).

Da mesma forma, o peso da mídia britânica pode forçar a balança a favor da moça do heptatlo, que virou uma espécie de namoradinha do Reino Unido durante a Olimpíada. Sem deixar de lado a Felix, que chega como fênix e também é fortíssima candidata a papar o título. Estampa para o papel, com certeza ela tem.

Como você já deve ter percebido, nenhuma delas é minha candidata. Até a Olimpíada, nunca tinha ouvido falar da neozelandesa –e depois dos Jogos também fez-se silêncio sobre ela. Mas achei sensacional seu desempenho de elegante giganta em Londres, seu entusiasmo com a prova e alegria de competir (foto Comitê Olímpico da Nova Zelândia).

Ela é bicampeã olímpica de sua modalidade e nasceu em Rotorua, o que já a torna ainda mais simpática para este escriba –lá participei de uma ótima meia maratona e, depois, circulei pelas inusitadas fazendas de gêiseres (a história está contada em detalhes no meu livro “Maratonando”). É um lugar sensacional, inusitado, que nos permite perceber um pouquinho da turbulência que rola nas entranhas da terra.

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Torcedores correm em solidariedade ao Palmeiras

Por Rodolfo Lucena
06/11/12 13:42

Torcedor que é torcedor não quer saber se o time o time está para ser campeão, mal das pernas ou caindo tabela abaixo: quem está na chuva é para se queimar, como dizia o outro. E os corredores palmeirenses deixaram isso bem claro no último domingo, indo mostrar no asfalto seu apoio e solidariedade ao alviverde.

Foram 2.800 pessoas, segundo os organizadores, que participaram da Palmeiras Run, mais um evento da série Futebol Run, que ainda terá corridas dedicadas ao Santos e ao São Paulo –a prova de estreia foi dos corintianos.

A largada das provas –havia corridas de 4 km e 8 km para os adultos—foi em frente ao estádio Pacamembu, na praça Charles Miller, zona oeste de São Paulo. Antes da partida, a turma se apertou nos bretes como se fosse arquibancada de estádio de futebol.

Foi o ídolo Marcos quem deu o sinal para a disparada geral; depois, tirou fotos com os torcedores-corredores. E se emocionou com as manifestações de solidariedade: “Esse tipo de manifestação é muito emocionante. Fico muito agradecido por todo esse carinho. Mas não só por mim, é também pelo clube que vai ter um jogo importante dentro de algumas horas (em Araraquara). Nós acreditamos que vamos escapar dessa situação complicada”, disse ele no domingo.

Sendo um evento familiar, a corrida do palmeiras –como as demais etapas da Futebol Run—teve um espaço para a criançada. A Verdão Kids teve distâncias de 50 m e 100 m (fotos Estudioretrato/Divulgação).

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O povo de Nova York manteve a tradição

Por Rodolfo Lucena
05/11/12 11:04

Navegando pela internet, ainda buscando informações sobre a situação de Nova York depois da tempestade Sandy e da maratona cancelada (mas realizada de outra forma), vi comentários muito emocionados de um corredor peruano, SEBASTIAN SCHROTH. Resolvi tentar entrar em contato com ele, pedindo que mandasse sue relato para meu blog. O resultado é o texto que você vê a seguir. Desde já, peço desculpas a ele e a você, leitor, por algum eventual erro de tradução (ele mandou o texto em espanhol, é claro). E agradeço ao SEBASTIAN pela participação neste espaço.

Se mais delongas, vamos ao relato dele.

“Sou peruano, tenho 26 anos e sempre pratiquei esportes de maneira amadora, sinto que vim ao mundo para me expressar pelo esporte, o esforço físico e a competição, seja contra mim mesmo, seja contra outros adversários. Isso sempre me motivou.

Em junho passado, resolvi correr a maratona de Nova York com um amigo de infância. Começamos a treinar juntos sem muita ideia de qual plano seguir e muito menos informações sobre alimentação e outros detalhes importantes para a preparação. Acabamos nos somando ao grupo Peru Runners, onde consegui não apenas o treinamento, a constância e a disciplina necessários como também um grupo de amigos que tornaram minha experiência maravilhosa do início ao fim.

Depois de treinar quatro meses e meio, chegamos a Nova York depois da tormenta e sabendo que eram grandes as possibilidades de que a prova fosse cancelada. Quando, enfim, soube da confirmação da notícia, foi devastador. Na feira, saltava de um lado para outro: todo meu esforço e minhas perspectivas se esfumaçaram da mesma maneira que a tormenta Sandy deixou Nova York às escuras.

Naquele momento, não estava seguro do que fazer, se simplesmente aproveitar essa maravilhosa cidade de Nova York ou aproveitar a energia acumulada e correr como fosse possível. Meu corpo deu a resposta: eu estava programado para correr 42 km no domingo 4 de novembro de 2012.

Assim, na manhã de domingo fomos ao Central Park para completar essa etapa. Qual não foi nossa supresa (minha e e dos colegas do Peru) ao ver que iriáimos correr com milhares de outros corredores de diferentes nacionalidades. E que o povo de Nova York também estava lá e iria manter a tradição, apoiando os corredores durante todo o percurso, entregando a nós água, bananas, pretzels, gels, barras energéticas, com uma energia tão desinteressada e sincera que muitos de nós tivemos de conter as lágrimas.

A cidade de Nova York e sua gente transformaram uma corrida frustrada em uma maratona única. Não haveria maneira de ter uma  experiência tão grandiosa se a maratona oficial não tivesse sido cancelada.

No trajeto dos 42 km, acabei enfrentando a famosa “parede”: quando cheguei aos 33 km, senti que não tinha forças para seguir, que não conseguiria terminar a maratona. Mas me dei conta de todo o contexto, lembrei-me de tudo que havia treinado e passei a correr com a mente e não com as pernas, minha cabeça correu por mim os últimos 9 km por mim.

Agora sou 42,2 km mais forte e descobri que tudo é possível se alguém se propõe a realizar. A todos que lerem este relato, peço que sonhem e que tentem converter esses sonhos em objetivos realizados: a única coisa que precisam fazer é decidir dar o primeiro passo.”

 

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Apesar de tudo, corredores fazem maratona em Nova York

Por Rodolfo Lucena
04/11/12 17:28

Quem disse que a maratona de Nova York não ia acontecer? Apesar do cancelamento da prova oficial, milhares de corredores foram hoje ao Central Park, no coração da ilha de Manhattan, para fazer o que tinham sonhado ao longo dos últimos meses: correr 42.195 metros no coração do mundo, na Big Apple, na Cidade que Nunca Dorme.

Centenas foram ainda mais fiéis ao seu sonho inicial e, logo cedo, tomaram as barcas para Staten Island, de onde sai a corrida oficial. Lá, vestindo seus shorts e camisetas de corrida, se dirigiram para as localidades mais atingidas pela tempestade Sandy e foram oferecer a ajuda que fosse necessária aos trabalhos de reconstrução e recuperação.

Logo cedo, corredores das mais diversas nacionalidades foram se encontrando em pontos do Central Park, como se tivessem combinado. Tiraram fotos, deixaram roupas para ajudar as vítimas da tormenta e começaram suas corridas. Grupos de italianos se alongavam em frente ao Plaza Hotel, os alemães se concentraram no Columbus Circle, relata a AP (que produziu a foto que ilustra esta mensagem).

Logo começou a corrida, organizada de acordo com a vontade de cada corredor. Alguns seguiam no sentido horário, outros no oposto. “Muita gente simplesmente queria terminar o que havia começado”, disse à AP Lance Svendesen, que organizou uma maratona alternativa chamada Run Anyway. Pouco antes das 9h, seu grupo já tinha dado a largada para cinco ondas de corredores, que partiram da linha de chegada da maratona oficial. “Acho que já saíram pelo menos 600 pessoas”, disse ele.

De certa forma, foi uma volta às origens, pois a primeira Maratona de Nova York, em 1970, foi realizada inteiramente dentro do Central Park. Dela participaram 127 corredores.

Desde então, a prova foi realizada religiosamente, ano após ano. Até este novembro, quando os organizadores e o prefeito da cidade consideraram que não havia clima para a realização do evento em uma cidade que ainda chora seus mortos e a destruição provocada pela tempestade.

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NYC, a maratona que não aconteceu

Por Rodolfo Lucena
04/11/12 12:17

Corredores profissionais, atletas amadores, empresas, patrocinadores, prestadores de serviço –todos eles foram pegos de surpresa quando, na tarde de sexta-feira, o prefeito de Nova York e a organização da maratona da cidade anunciaram o cancelamento da prova, para que a cidade ficasse totalmente focada nos trabalhos de reconstrução depois da tormenta Sandy. Um desses corredores frustrados, tristes foi Ricardo Pini, 46, consultor patrimonial que trabalha em São Paulo. Ele começou a correr em 2006 e só 28 meses e 50 provas mais tarde estreou na maratona. Foi em Roterdã; depois vieram as maratonas de Chicago, São Paulo, Porto Alegre e Buenos Aires. Agora seria a vez de Nova York, mas a tormenta não permitiu.

A partir de agora, acompanhe comigo o texto que Pini mandou para este blog contando um pouco de seus sentimentos e do que viu em Nova York nos últimos dias.

 “O inimaginável cancelamento da Maratona de Nova York vai ficar marcado na história.

Para mim, foi o último golpe na semana mais complicada da minha recente vida de corredor maratonista. Foi o tiro de misericórdia na minha preparação de dez meses voltada para fazer o meu recorde pessoal numa prova casca grossa como NY.

Passei pela longa espera pela confirmação do voo, do cancelamento da minha hospedagem e da confirmação da nova acomodação a menos de nove horas do embarque, da fila de quase uma hora esperando táxi para Manhattan, enfim, uma luta enorme para ter chance de botar em pratica tudo que estudei e treinei.

Mesmo tendo feito quase tudo que era possível para atingir minha meta, fui pego de surpresa, a pois a natureza tem seus próprios plano. Apareceu Sandy no caminho do centro do universo e, sem tomar conhecimento da programação local, trouxe um rastro de destruição por boa parte dos cinco bairros da grande Nova York, bairros que são cruzados pelas corredores ao longo da Maratona.

Até o momento foram 41 mortes, sendo que 19 em Staten Island, local onde começa a festa da Maratona, que está devastada, ainda enterrando seus mortos. Difícil pensar que seria ali o inicio de uma prova que tem por grande atrativo o povo nas ruas, são sempre mais de 1 milhão de pessoas nas ruas gritando, torcendo e incentivando os anônimos que correm essa prova maravilhosa.

Mesmo sendo difícil de engolir um cancelamento a menos de 48 horas da largada, em vista dos fatos, sou obrigado a acatar e repensar meus planos, e dar uma boa revisada na cartilha dos valores que me foram ensinados e que devem nortear nossas atitudes e ações.

Pensando friamente, entendo tanto a presidenta do NYRR, Mary Wittenberg que tentou realizar o seu evento até o final, tentou transformar a prova num grande Teleton, negociou com patrocinadores a doação de valores e produtos para as vitimas do furacão e usou pesadamente o peso dos US$ 340 milhões que a cidade arrecada, sendo o maior evento da maior cidade do planeta.

Mas o tiro saiu pela culatra, pois o prefeito Michael Bloomberg que mesmo tendo feito um pronunciamento às 13h de sexta-feira confirmando a prova, voltou atrás e cancelou o evento menos de quatro horas depois, pressionado que estava pela opinião publica, moradores, etc… que não concordavam com a festa num momento crítico como esse.

A cidade que tem o maior público festejando a Maratona, neste ano achou que não estava no clima para a festa.

A impressão que tive desde que cheguei em NYC é que, mesmo com o ocorrido a cidade está, como eles mesmos diriam em ”pretty good shape” (em boa forma), pois, se existe um local durão, que aguenta o tranco, essa cidade é NYC, que é porreta para enfrentar situações criticas.

Quando cheguei a Manhattan vindo pela QueensBorough e desci na Segunda Avenida próximo da rua 62, vi muita, mas muita gente andando. Eram 18h30 18:30, não tinha metrô e poucos ônibus circulavam.

O lado sul está sentindo muito, ali sim a coisa está preta, passei por lugares totalmente sem luz, e isso faz toda a diferença, pois sem luz, internet, comércio, transporte, segurança etc…risco total, mas a policia se faz presente, no meio do breu sempre aparece um carro de policia.

A coisa está melhor onde estou hospedado, Hell`s Kitchen, perto do Columbus Circle, estou a menos de uma quadra do local onde a grua estava pendurada, com policiais na minha porta 24 horas por dia.

Aqui tem eletricidade, minha internet vai bem, lojas e restaurantes funcionam. O metrô não funciona, mas tem uma boa porção de taxis como sempre, mas a gasolina está escassa, por isso a questão do transporte vai piorar antes de melhorar.

Só pra se ter uma ideia, na saída da Expo da maratona, às 17h de sexta-feira, tentei pegar uns 15 taxis, todos recusaram pois ou só iam para o norte, preferencialmente Middle East ou Upper East Side ou porque não tinham combustível para fazer a corrida. Os ônibus, na grande maioria, não estão funcionando.

Enfim, veja como é o destino, me fez fazer o maior esforço, treinar horrores, perder peso, me preparar e adivinha, mesmo com o cancelamento chego à conclusão que, mesmo sem a prova, só ganhei com este ano de Maratona, pois hoje percebo que, de fato, o duro não é correr uma Maratona, mas sim se preparar para ela, como muitos sempre me falavam.

A prova é a ultima e derradeira etapa, que, no meu caso e de outros 47 mil corredores, não vai acontecer.

Mas eu vou ser feliz em alguma outra Maratona em breve, e só ganhei com mais esse ciclo de preparação, de onde saio forte, magro, com novos amigos e com mais experiência, pronto para o que vier.

Não deu esse ano em NYC, paciência, mas em breve eu volto. Tomara que todos se recuperem e que a cidade fique bem.”

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Maratona de Nova York é cancelada

Por Rodolfo Lucena
02/11/12 20:03

Dois dias depois de bancar a realização da maratona de Nova York, o prefeito Michael Bloomberg voltou atrás e decidiu cancelar a corrida. A notícia foi divulgada pelo New York Times e distribuída pelas agências internacionais.

Desde que a tormenta Sandy se abateu sobre Nova York, surgiram polêmicas sobre a realização da prova. Bloomberg, inicialmente, se alinhou com os que consideravam importante manter a corrida, apesar do momento difícil, dramático, que vive a cidade.

Recebeu muitas críticas, boa parte delas argumentando que os recursos da cidade deveriam ser dirigidos todos, sem exceção, para os trabalhos de recuperação.

No comunicado oficial do prefeito Bloomberg e da presidente do NYRRC, Mary Wittenberg, distribuído na tarde de hoje, essa ideia é contestada: “Ainda que a realização da prova não fosse exigir o redirecionamento de recursos empregados nos trabalhos de recuperação da cidade, é evidente que [realizar a corrida] vem causando muita controvérsia e divisão”.

Por causa disso, acharam melhor suspender o evento: “Não queremos ter uma sombra sobre a corrida ou os seus participantes. Não podemos permitir que controvérsias sobre um evento esportivo –mesmo um tão importante quanto esse—tire a atenção de todo o importantíssimo trabalho que está sendo feito para recuperar a cidade dos efeitos da tempestade”.

Os corredores de elite, seus treinadores e agentes foram chamados para uma reunião com a direção da prova, que fez a eles o comunicado. Segundo Claudio Castilho, treinador da brasileira Adriana Aparecida da Silva, depois do anúncio “houve choro de muitos”. “Nunca vi coisa igual”, afirmou ele em sua página no Facebook, onde também postou a imagem acima.

Esta é a primeira vez que a prova é cancelada desde 1970. A maratona foi realizada mesmo em 2001, meses depois do ataque terrorista que derrubou as torres gêmeas em Nova York.

 

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Conheça os favoritos da maratona de Nova York

Por Rodolfo Lucena
02/11/12 14:50

Tá bom, jogo se ganha no campo, maratona é maratona, retrospecto não dá medalha e o escambau, mas sempre alguns contendores se destacam pelos seus feitos e são apontados como favoritos nas disputas em que participam.

Não é diferente na maratona de Nova York, que será realizada neste domingo depois de uma semana de incertezas por causa da destruição que a tormenta Sandy provocou na cidade.

Houve vozes, por sinal, que defenderam que a prova não deveria ser realizada, para que a cidade dirigisse todas as suas forças aos trabalhos de reconstrução. O próprio prefeito, Michael Bloomberg, porém, deu sinal verde e defendeu a realização do evento pela importância que tem para a cidade e também como símbolo de perseverança em meio ao desastre.

Bueno, voltando aos corredores. A dupla principal é de quenianos: Wilson Kipsang, dono do segundo melhor tempo da história em circuitos reconhecidos pela IAAF para efeito de recorde, enfrentará Moses Mosop, que ostenta o segundo melhor tempo da história em maratonas –sua marca foi estabelecida em Boston, cujo trajeto não é avalizado pela IAAF para efeito de recorde.

É pouco ou quer mais? Nova York tem um trajeto mais difícil que os das maratonas em que os recordes mundiais são batidos, exige mais força, determinação. Por isso, nem sempre o corredor mais veloz no retrospecto consegue superar o mais determinado ou de melhor estratégia. Um deles é o etíope Gebre Gebremariam, sujeito determinado como poucos, campeão em 2010; outro é o norte-americano Meb Keflezighi, que ganhou em 2009.

Sem querer puxar a brasa para a sardinha verde-amarela, ninguém de sã consciência pode descartar o brasileiro Marílson Gomes dos Santos, apesar de seu melhor tempo estar apenas na casa das 2h06… Suas duas vitórias em Nova York são credencial suficiente para deixar isso evidente. E, neste ano, ele parece bem confiante; pelo menos, suas declarações demonstram expectativa de bom desempenho.

Na prova feminina, a campeã olímpica Tike Gelana sai do casulo e adentra o circuito das grandes maratonas do mundo com pompa e circunstância (até o momento em que escrevo, porém, não vi confirmação da chegada dela à Nova York).

Os nova-iorquinos deverão torcer por uma estrangeira que é quase prata da casa: a etíope Buzunesh Deba, que mora no Bronx e foi a segunda colocada no ano passado, perdendo por pouco para Firehiwot Dado.

Há ainda Edna Kiplagat, a única, além de Gelana, que tem sub2h20 no currículo, e a medalhista de bronze Tatyana Arkhipova, outra especialista em provas casca grossa.

A prova terá ainda a dupla brasileira campeã do pan-americano, Adriana Parecida da Silva e Solonei Rocha da Silva.

Haverá transmissão ao vivo pela SporTV3. Na programação disponível na internet, diz que o horário é 12h30. Eu vou ligar pelo menos uma hora antes, pois a largada da elite está prevista para as 9h40, horário local, o que dá 11h40 cá nestas plagas. E a largada feminina será às 9h10 no horário local.

Bueno, estarei ao vivo no Twitter fazendo meus comentários. Clique lá e dê também os seus pitacos. O endereço é twitter.com/rrlucena, @rrlucena ou simplesmente clique AQUI.

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