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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Reflexões não natalinas sobre a corrida

Por Rodolfo Lucena
24/12/12 11:39

Corri no domingo prévio ao Natal. Não percorri os caminhos da São Silvestre nem me despachei por São Paulo inteira, mas trotei feliz em conversa deliciosa. Depois, banho e toca a fazer maratona de televisão.

Teve “Mad Men” o dia inteirinho, a primeira temporada completa, um capítulo depois do outro dessa série que trata do mundo da publicidade nos primórdios dos anos 1960, nos Estados Unidos, e avança até perto dos anos 1970. A primeira temporada, a que revi, tem como uma dos grandes destaques a disputa eleitoral de Kennedy e Nixon.

Em um  dos capítulos, há uma festa de aniversário da filha do personagem principal, o publicitário Don Draper. Reúnem-se na mansão suburbana os vizinhos e amigos –publicitários, vendedores, corretores, advogados, pequenos empresários, a classe média em ascensão para os píncaros da riqueza. Com eles, claro, estão as respectivas mulheres, todas especializadas em não fazer nada, cuidar da casa –ou seja, dar ordens a babás, cozinheiras, lavadeiras e motoristas—e falar da vida alheia.

O alvo das matracas é uma nova vizinha, divorciada e exuberante, grave ameaça à tranquilidade dos lares. O pior é que tem hábitos estranhos: caminha pela vizinhança, anda a passos ondulantes nas alamedas luxuriantes.

E ainda é abusada: apesar de saber que o convite foi pró-forma, veio à festa com seus dois filhos. Conversa com maridos sozinhos enquanto as esposas estão na cozinha; até que acaba caindo no covil das donas de casa. Trocam gentilezas até que uma das jovens matronas (uma contradição em termos, mas é isso que elas são) não se contém e pergunta:

–Quando você caminha, aonde você vai?

Surpresa com a questão, a recém-chegada esclarece: “A lugar nenhum, eu só caminho, faz bem…”

As outras não acreditam muito, mas a conversa aos poucos muda de rumo. Mesmo assim, o flanar sem rumo da divorciada parece pairar sobre todas como algo ao mesmo tempo desafiador, maluco, sem sentido e, talvez, convidativo…

Corredoras mais experientes, que começaram nessa jornada há mais de 30 anos (e mesmo mais tarde), relatam histórias semelhantes. Causavam surpresa, sofriam discriminação, eram alvo de bulha. Homens também relatam momentos em que provocaram estranheza e chegaram a ser parados por desconhecidos, gente prestativa que queria saber se estava tudo bem com a pessoa, por que o sujeito estava correndo…

Os tempos mudaram, fazer exercício em público já não provoca tanta celeuma, mas correr e caminhar permanecem atividades que têm em si um pouco de rebeldia.

Hoje se exige de cada um o máximo da produtividade, tempo integral e mais um pouco dedicados ao trabalho, ao patrão, à corporação ou ao próprio negócio. Tirar momentos, uma hora que seja, da luta pelo lucro, é quase criminoso.

Pois é necessário (até para que possamos dar mais lucro ou ganhar mais). Há que ter um tempo para si mesmo, para refletir ou suar sem pensar. Trata-se de uma forma de gostar mais de si mesmo –e dos outros, por suposto.

Nas ruas, o corredor se expõe ao mundo sem máscara. É aquilo mesmo que está ali, suas capacidades não passam daquelas, sua verdade é um passo atrás do outro.

Pode incomodar. Nas madrugadas paulistanas, ainda ouço xingamentos. Mas também há sorrisos e gritos de incentivo.

 Enfim, cada um com o seu cada qual. O certo é que, nas ruas, o corredor comunga com o mundo.

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Entrega dos kits da São Silvestre começa dia 28

Por Rodolfo Lucena
21/12/12 09:55

Quem já não aguenta mais esperar pela hora de começar a correr na avenida Paulista, fazendo sua estreia na São Silvestre, pode agora começar de verdade a contagem regressiva.

A prova “começa” mesmo no dia 28, a próxima sexta-feira, quando inicia a entrega (ou retirada, dependendo de que lado do balcão está o vivente) dos kits.

Como tem acontecido em outras oportunidades, a entrega será realizada no Ginásio Estadual Geraldo José de Almeida, na Rua Manoel da Nóbrega, 1361, no Ibirapuera.

Nos dias 28 e 29 de dezembro, funcionada das 9 às 19h. No dia 30 de dezembro, véspera da prova, das 9h às 16h.

Não esqueça de que a São Silvestre será realizada neste ano em novo horário. Pela primeira vez na história, a prova terá largada pela manhã.

Atletas com necessidades especiais largam às 6h50, mulheres da elite parte às 8h40, e a massa mais a elite masculina disparam às 9h.

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Quase tudo errado na maratona de Estrasburgo

Por Rodolfo Lucena
19/12/12 11:26

“O vento zunia gelado, perverso, maldito. Irrompia entre as tramas de minha touca de lã, trespassava o tecido tecnológico das camisetas superpostas, chicoteava as grossas calças de corrida, penetrava a proteção de meu tênis e cravava agulhas de frio bem entre o dedão e o segundo dedo de cada pé. Inutilizava meus esforços de avançar, quebrava meu ânimo, cortava minha vontade. A mim, dava ganas de saltar da ponte, mas as águas rápidas, cinzentas e, por certo, glaciais do Reno desencorajavam a saída desesperada. Eu estava na Maratona de Estrasburgo, mas queria apenas sair dela e ir para a cama, para baixo de cobertas fofas, tomar chocolate quente e comer bolinho de chuva.”

Assim eu comecei o texto em que conto a minha participação na primeira edição da maratona de Estrasburgo, na França. O relato foi publicado na edição deste mês da revista “O2” (está nas bancas) e trago aqui uma palhinha da história.

Resumo da ópera é o seguinte: estava (e estou) querendo correr melhor as maratonas. Por isso, escolhi uma prova razoavelmente plana e realizada em período de clima frio, que sempre incentiva a gente a fazer um esforcinho a mais.

Fenômenos climáticos inesperados, porém, transformaram o último domingo de outubro em uma provação. Em vez de ser a minha maratona de redenção, a corrida na Alemanha começava a ser uma dolorosa jornada para a desistência, o fracasso e a depressão.

O mantra que eu repetia para mim mesmo era “quero ir embora” e “está muito difícil”, fazendo de tudo para justificar um abandono precoce. Ao mesmo tempo, ia engolindo quilômetros em ritmo lento, porém consistente.

Cheguei ao fim. E foi a glória.

Veja a história completa na “O2” e confira outras fotos na minha página no Facebook (clique AQUI).

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Alimente-se bem para fazer uma boa São Silvestre

Por Rodolfo Lucena
17/12/12 12:17

A São Silvestre deste ano traz uma grande novidade para nossos estômagos: como vai ser realizada pela manhã, muda toda a organização das refeições pré e pós-prova.

Como espero que você já tenha visto, fiz uma reportagem especial sobre a principal corrida brasileira mostrando o novo percurso e trazendo dicas para um bom desempenho na prova. O texto foi publicado na revista sãopaulo e você pode conferir a reportagem clicando AQUI.

Além disso, corri todo o novo percurso para produzir um vídeo especial para a TVFolha. A reportagem foi ao ar no último domingo e está disponível na internet. Para ver, basta clicar AQUI.

Consultei treinadores, médicos e nutricionistas para produzir todo esse material. E alguns mandaram textos muito detalhados sobre a preparação para a corrida. Eles podem ser muito úteis não só para quem vai correr  a São Silvestre mas para todos os corredores, pois as orientações valem para qualquer prova longa realizada pela manhã.

Um dos textos foi mandado pela nutricionista MARIANA MACIEL, da clínica Nutriente e da equipe Saúde&Performance. Passo a reproduzir o texto da MARIANA a partir de agora:

“Ao elaborar estas recomendações alimentares pré-prova, temos como objetivo orientá-lo a montar suas refeições com o intuito de “completar” seus estoques de glicogênio (forma sob a qual armazenamos os carboidratos para depois transformarmos em energia), fluidos, vitaminas e minerais, para que esteja tudo no seu “máximo” no dia da prova.

De hoje a 23 de dezembro:

Neste período, é hora de se preocupar com os micronutrientes (vitaminas e minerais) para que você esteja com bons níveis no dia da prova. Por isso, capriche na variedade de frutas, verduras e legumes. Faça o prato muito colorido e variado.  Mesmo que você não goste muito desses alimentos, eles são essenciais para garantir que todas as reações químicas do seu organismo ocorram adequadamente. O ideal mesmo seria sempre se alimentar com grande variedade deles… mas nesse período eles são imprescindíveis!

Quanto aos macronutrientes (gorduras, carboidratos e proteínas), não há necessidade de alteração do seu padrão habitual.

Apenas preste muita atenção porque a São Silvestre é uma prova num período particular do ano, quanto costumamos ter muitos encontros e comemorações. Normalmente, essas festividades são “recheadas” de comidas gordurosas.  Cuidado para não abusar das gorduras e ganhar peso!

Na semana que antecede a prova:

Gradativamente você deve aumentar a ingestão de carboidratos, eles lhe fornecerão a energia necessária para a prova. Esta energia ficará estocada como glicogênio nos músculos e fígado e depois será “reconvertida” em glicose para ser utilizada durante a prova.

 Tente variar os alimentos fontes de carboidrato uma vez que eles são a base da sua alimentação. Exemplos: Pães, biscoitos sem recheio, massas, grãos, cereais matinais, arroz, batata, farinhas, frutas (variando o máximo possível) e doces de frutas.

O seu treinador com certeza lhe orientou quanto aos treinos, porém preste atenção à programação: à medida que você diminui o volume e intensidade dos treinos,  a sua necessidade calórica também diminui. Uma dica prática seria diminuir em torno de 100 calorias para cada 1,5 Km diminuído.

Evite “inovar” em termos de alimentação nesta semana. Agora, o que conta é a experiência e a certeza do que já foi testado.

Evite preparações muito fortes e condimentadas.

Mantenha horários regulares de alimentação, de preferência o mais próximo possível do que ocorrerá no dia da prova

Beba muito líquido. Dê preferência à água e aos sucos naturais. Diminua o consumo de bebidas alcoólicas, cafeinadas (café principalmente) e refrigerantes.

No dia anterior à prova:

Nesse dia, o objetivo é manter no máximo os estoques de glicogênio, por isso,  mantenha o mesmo padrão alimentar da semana anterior (rico em carboidratos) e apenas descanse!

Continue bebendo muita água e sucos naturais.

Mais do que nunca, é imprescindível que os horários das refeições sejam respeitados e que sejam todas realizadas. Faça o café da manhã, o lanche da manhã, o almoço, o lanche da tarde e o jantar, com um intervalo médio de duas horas entre um e outro.

Não experimente nenhum alimento e/ou preparação nova.

Como você não vai treinar, a sua ingestão calórica também deverá ser menor (porque seu gasto é menor). Procure ingerir por volta de 2.000 a 3.500 calorias por dia. Jamais extrapole o padrão que você já vinha seguindo.

Não se “empanturre”. Fracione bem suas refeições e se preciso leve consigo alimentos como: pães, biscoitos sem recheio, frutas naturais ou secas, sucos, sanduíches, balas. Opte sempre por alimentos pobres em gordura.

No jantar, procure ingerir em torno de 500 a 1.000 calorias, sempre enfatizando carboidratos e minimizando ao máximo o consumo de gorduras, fibras e também de proteína. Uma macarronada ao sugo, um copo de suco natural e um doce de fruta seria perfeito!

Prefira realizar as refeições num restaurante que você já tenha experimentado anteriormente e não tenha tido nenhum problema.

Evite alimentos causadores de gases como feijão, leguminosas, brócolis, etc.

Evite alimentos laxativos como mamão, ameixa, figos e óleos. Eles podem causar diarreias e desconfortos intestinais!

Não ingira nenhum tipo de bebida alcoólica e minimize ao máximo o consumo de cafeína. Ambos são substâncias diuréticas (provocam a eliminação de água) e também podem interferir no metabolismo do glicogênio no fígado.

EXEMPLO DE CARDÁPIO:

Café da manhã: 1 copo de café com leite, sanduíche de pão com queijo branco e peito de peru, 1 porção de fruta com cereal

Lanche: 1 copo de suco, 1 pacotinho de biscoito integral

Almoço: salada variada. arroz e feijão, purê de batata ou mandioquinha, Carne magra (alcatra, file mignon ou patinho) ou frango sem a pele ou peixe, 1 copo de suco natural, 1 porção de fruta ou doce a base de fruta sem creme ou queijo (exemplo:bananada, goiabada, etc.)

Lanche: 1 copo de água de coco, Sanduíche de ricota temperada com azeite e ervas

Jantar: vegetais cozidos, massa sem recheio (exemplo espaguete) com molho de tomate ou vegetais, 1 copo de suco natural, 1 porção de fruta ou doce a base de fruta sem creme ou queijo(exemplo:bananada, goiabada, etc.)

Ceia: 1 copo de suco de frutas, torradas com geleia ou mel

No dia da prova:

Tome o café da manhã ou a última refeição antes da corrida 3 horas antes da hora programada para a largada. É importantíssimo que esta refeição seja realizada e no horário certo pois, do contrário, você estará se utilizando de suas reservas de glicogênio e se sentirá cansado antes do tempo. Um bom café da manhã deve ter pães (não integrais), geleia de frutas, frutas, mel, suco. Se desejar, até uma bebida isotônica

Ingira de 100 a 200g de carboidrato, um pouco de proteína e o mínimo possível de gorduras.

 Quanto aos líquidos, tome pelo menos 2 copos até 2 horas antes da prova.  Isso será suficiente para equilibrar seus estoques e ainda eliminar o excesso, se necessário.

Exemplo de cardápio: 1 copo de suco natural, banana amassada com pouca aveia (exemplo: 1 colher de sopa) e mel, 2 fatias de pão com queijo branco e geleia

MAS ATENÇÃO: A TOLERÂNCIA ALIMENTAR É MUITO INDIVIDUAL. O IDEAL É VOCÊ SEGUIR O CARDÁPIO QUE JÁ TESTOU EM PROVAS ANTERIORES!

Durante a prova:

Faça o que você está acostumado a fazer em treinos longos em termos de alimentação.

Beba muita água (ideal a cada 15 ou 20 minutos).

Ingira carboidratos líquidos ou sólidos, dependendo do seu costume (o ideal é de 30 a 60g de carboidrato ou 120 a 240 calorias a cada hora de corrida).

Se você estiver acostumado com bebidas isotônicas e/ou géis de carboidrato (sempre acompanhados de água), eles são uma boa alternativa para a reposição de água, minerais e energia para a prova.

Após a prova…

Assim que terminar a corrida, inicie imediatamente a sua recuperação nutricional e física:  beba o máximo de líquidos que você puder

Comece a repor o seu estoque de glicogênio, ingerindo de 50 a 100g de carboidratos nos trinta minutos após o término da corrida. Uma boa opção seria 2 copos de qualquer bebida isotônica, gel de carboidrato, bananas ou outras frutas, sucos de fruta com açúcar ou mel, biscoitos do tipo água e sal ou pães que não sejam integrais.

Repita este pequeno lanche a cada duas horas. O objetivo é que se consuma 600 gramas de carboidrato dentro de 24 horas.

Na hora do jantar, também inclua alguma fonte de proteína, mas preferencialmente alguma carne magra.

Seguindo estas recomendações, certamente seus estoques de glicogênio serão refeitos, permitindo uma boa recuperação e garantindo o seu bem estar para a volta aos treinos e para – com certeza-  a próxima prova!”

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Ultramaratona reduz o cérebro, dizem cientistas europeus

Por Rodolfo Lucena
14/12/12 12:00

Olhaí, quando alguém comenta que os ultramaratonistas não batem bem da cabeça talvez não esteja muito longe da realidade. O sujeito fica tanto tempo correndo que até o cérebro pede água e vai minguando, minguando…

Pelo menos esse é o resultado de um estudo feito por cientistas europeus usando como cobaia corredores que participaram da Transeuropeia, uma ultramaratona gigante realizada por etapas.

Eu tenho a impressão de que esse estudo já foi publicado anteriormente, impressão essa reforçada pelo fato de que a pesquisa foi feita com corredores que estiveram na edição de 2009 da Transeuropeia.

Mas a reportagem a respeito foi publicada na edição do  último dia 10 da revista alemã “Der Spiegel” e traduzida pelo meu amigo Fábio Shiro Monteiro, que toca violão em terras germânicas, mas está sempre atento a alguma novidade do mundo do podismo.

Bom, vamos ao que diz o texto, segundo a tradução que o Fábio mandou especialmente para este blog:

“Corredores de extremas distâncias consomem mais reservas do que eles imaginam, e seus cérebros ficam menores. Esse encolhimento espantoso foi descoberto pelos médicos Wolfgang Freund e Uwe Schütz, juntamente com outros colegas de Ulm, ao examinarem dez participantes da ultramaratona Transeuropeia de 2009. Os esportistas correram 64 etapas em dias seguidos, cada uma delas de 70 km em média, do sul da Itália ao Cabo Norte.

“Os cientistas usaram um aparelho móvel de ressonância nuclear magnética para mapear as consequências desse esforço físico na cabeça dos atletas. Resultado: o volume da massa cinzenta diminuiu continuamente; depois de 4.000 km, a perda foi em média de 6%.

“Os médicos atribuem o encolhimento da massa cerebral à imensa demanda de energia do corpo. Freund acha que, aparentemente, o tecido cerebral também é metabolizado: “Os corredores gastam reservas de gordura de todos os cantos.”

“Para consolo dos esportistas, os neurônios não morrem, apenas encolhem. Oito meses depois da ultramaratona, os cérebros recuperaram seu tamanho original.”

Ufa!!!  Ou seja: lavou, tá novo!

No texto não há referências a ultramaratonas curtas (o que parece ser uma contradição em termos), mas acho que quem faz apenas cem quilômetros ou provinhas de 24 horas ou 48 horas não tem tanta perda.

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Uma maratona na prisão de San Quentin

Por Rodolfo Lucena
12/12/12 13:20

A prisão de San Quentin, a única da Califórnia que ainda mantém o corredor da morte, já foi vista em filmes e vídeos sem conta. Pois é também palco para maratonas de verdade. A mais recente foi realizada no mês passado, quando 21 detentos participaram de uma corrida intramuros, dando volta após volta em um dos páteos da prisão.

No total, foram 105 voltas em concreto duro e desnivelado, enquanto os outros prisioneiros cuidavam de sua vida, andando por ali e observando os colegas que botavam os bofes para fora…

Os corredores fazem parte de um clube de corrida, o Mil Milhas de San Quentin, que funciona desde 2005. Eles largam depois do sinal do treinador, Frank Ruona, que trabalha lá como voluntário.Também colaborando está o campeão das duas últimas edições: machucado, Eddie Herena, de 29 anos, ajuda a contar as voltas dadas pelos corredores.

Quem vê sua figura miúda não imagina a sua capacidade de violência: Herena está preso há oito anos e tem ainda sete a cumprir, condenado por esfaquear um home até a morte. Os outros corredores também cometeram crimes violentos, buscam na corrida uma fonte de liberdade.

“Sua cabeça fica vazia, os pensamentos voam”, comenta Herena

No domingo de visitas, há vários eventos disputando a atenção dos presos de San Quentin. Além da corrida, há jogos de tênis contra equipes de uma universidade, cerimônias religiosas e sessões de tai chi.

Enfrentando o calor, os corredores lutam para continuar volta após volta. Um dos favoritos não consegue manter o ritmo e cai fora antes da metade da prova. É compreensível, pois passou os últimos oito dias antes da prova trancafiado na solitária, castigado por causa de brigas com outros presos…

O sol bate mais forte, outro preso-corredor desiste. É um condenado à prisão perpétua por assassinato. Começou a correr para perder peso e tentar ganhar tranquilidade: “Aqui há muita coisa que tira você do sério, muita briga, filas, incomodação…”.

Enquanto ele conta sua história, outros desistem também, até que finalmente um deles consegue completar as 105 voltas. É Stephen Leibb, 56, preso há 31 anos por assassinato.

Ele festeja sua conquista. E sonha com a liberdade condicional, que talvez lhe seja anunciada antes do Natal.

“Lá fora, vou continuar correndo”, promete ele.

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Novo livro sobre Haile chega em breve

Por Rodolfo Lucena
11/12/12 10:16

“Imperador da Longa Distância” é o título de um novo livro sobre Haile Gebrselassie, o etíope ex-recordista mundial da maratona e de um monte de outras distâncias (se não me falha a memória, ele estabeleceu 27 recordes mundiais ao longo da carreira).

O livro foi apresentado pelo próprio Haile em sua página no Twitter: “Foi sensacional receber a fantástica prova do livro”, escreveu ele.

Haile colocou no ar uma foto em que aparece segurando o livro ao lado de Jiro Mochizuki, fotógrafo japonês baseado em Paris e especializado em atletismo.

 

Só isso já dá uma boa ideia do que deve ser o livro, que parece ter ótima qualidade de impressão. Para deixar as coisas mais claras, Haile também escreveu: “Meu amigo Jiro fez um livro sobre minha carreira, como fotos de meus primeiros anos e também de meus grandes sucessos”.

Além de contar as novidades, Haile também usa sua página no Twitter para comentar o andamento de sua vida esportiva, que não está indo lá muito bem.

Como você deve ter visto na internet, o grande corredor não conseguiu completar a mararatona de Fukuoka no mês passado. Ele afirma: “No km 32, eu não conseguia mais movimentar direito a  minha perna esquerda  e fui obrigado a parar. Meu treinamento foi bem e eu não tinha nenhum indicador de que um problema desse tipo pudesse ocorrer”.

De fato, parece que o corpo do veterano campeão lhe pregou uma peça, pois pouco antes tudo parecia correr bem: “Eu me sentia bem e tranquilo, o ritmo estava muito bom”. No km 25, porém, as coisas começaram a mudar: “Aos poucos, a parte superior de minha perna esquerda começou a apresentar câimbras”.

Ele continua um guerreiro, a julgar pelo que afirma na sua página: “Vou ver qual foi o problema e correr outra maratona, pois sinto que estou em boa forma”.

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Confira teste de nova videocâmera para uso em corrida

Por Rodolfo Lucena
07/12/12 09:28

Já está à venda no Brasil uma nova videocâmera especial para uso em corridas e outros esportes. É a Xtrax SD20, uma concorrente da mais conhecida GoPro. Como a rival, é uma minicâmera do tamanho de duas caixas de fósforo juntas, e pode ser conectada a acessórios que permitem que o corredor a leve na cabeça ou no peito. Há acessórios também para montagem da câmera em bicicleta e até pranchas de surfe.

Testei a câmera por cerca de um mês, fazendo uma série de filmagens e fotos (ela também capta imagens paradas). Gostei bastante, apesar das óbvias limitações desse equipamento quando comparado a uma câmera de vídeo convencional.

A qualidade da imagem produzida é muito boa, mas a operação, ainda que simples, não é exatamente intuitiva, como promete o anúncio de lançamento do equipamento.

A SD20 tem apenas quatro botões, o que é uma maravilha para usuários toscos como este seu blogueiro. Mesmo assim, há pegadinhas.

Os quatro botões são o liga/desliga, gravar (e parar a gravação), fotografar e o de áudio. O quarto botão é que complica as coisas para quem, como eu, não lê manual: com ele na posição Vox, a câmera passa a filmar assim que capta ruídos, o que é muito bom. Em contrapartida, deixa praticamente inoperante a função de capturar imagens paradas (só descobri isso depois de consultar os universitários, quero dizer, os técnicos da empresa que traz para o Brasil essa câmera da AEE.

Bom, mas para filmar, que é o que importa, não há segredo. Ponha a câmera na cabeça, ligue o equipamento, aperte o botão de gravação e saia pelas alamedas do mundo a filmar o que vier pela frente.

A câmera usa uma lente grande angular, a chamada olho de peixe, que gera imagens de 180º, o que dá uma distorção bacana, deixando a cena meio abaulada. Nos meus vídeos, tentei aproveitar esse recurso, mas é preciso ser um artista melhor do que eu para ter sucesso. Então fiquei no ramerrão, como você pode conferir clicando AQUI para ver o vídeo que fiz. No caso, o maior problema não é a câmera, mas o cineasta.

 

Para a boa qualidade da filmagem, o principal cuidado é conseguir uma boa fixação da câmera na cabeça. O acessório para isso não vem com o equipamento (isso que a empresa se jactar de oferecer 20 acessórios na caixa (veja abaixo)… logo o que importa para o corredor não vem….). Custa R$ 114,90 –a câmera sai por R$ 999.

O usuário novato deve fazer vários testes antes de sair a filmar para valer, numa corrida, por exemplo. Isso porque às vezes a gente pensa que a câmera está num ângulo, e ela está noutro (foi o que aconteceu no vídeo que coloquei aqui…).

O sistema de fixação permite ajustes, mas, mesmo apertando ao máximo a pobre cabeça do corredor cineasta, ainda tem algum jogo. E é superquente, fica totalmente empapado de suor depois de qualquer corridinha (mas é melhor do que os capacetes que usei em outros filmagens).

Há também a opção de levar a câmera no peito, usando um outro sistema de fixação. Achei bem pior do que o da cabeça, treme muito mais, por causa dos movimentos do tórax e dos braços, além de captar um monte de lixo (num dos vídeos, meu braço ficou aparecendo quase o tempo todo…)

É bom conferir se a câmera está mesmo ligada antes de colocar toda aquela parafernália na cabeça. Se colocar primeiro, vai ter de tatear na câmera para encontrar os botões certos.

Para evitar isso, aliás, a empresa inclui no pacote um controle remoto, que é bem tosco do ponto de vista de design, mas resolve o problema. Tem apenas três botões: filmar, parar e fotografar. Em todos os testes que fiz, funcionou bem, mas, no caso da filmagem, eu sempre ia conferir se a luzinha vermelha indicadora de máquina em funcionamento estava mesmo piscando.

A máquina também vem com um visor e comandos para operação dos menus da câmera e definição das configurações desejadas. Trata-se de um módulo independente, que pode ser acoplado à câmera, mas não é imprescindível para sua operação. Deixa o equipamento um pouco mais gordinho, mas não faz grande diferença no peso do produto.

A boa qualidade do vídeo se repete da qualidade das imagens paradas. Produz ótimas fotografias, desde que as condições gerais estejam também ótimas (iluminação, distância do objeto focado etc.); nos testes que fiz, não gostei dos resultados com zoom –as imagens ficaram distorcidas, supergranuladas ou desfocadas, mesmo com a câmera fixa. Por causa da lente, às vezes produz resultados inusitados e inesperados, como o do autorretrato que mostro abaixo.

No material de imprensa de divulgação, está dito que ela funciona sob a água. Para isso, vem com uma caixinha estanque em que a câmera deve ser colocada para as filmagens subaquáticas. Não testei essa habilidade, mas recebo a informação de que as filmagens são possíveis a até 30 metros de profundidade.

Do ponto de vista de preços, é bem competitiva, especialmente por já vir com vários acessórios (menos o que interessa mais diretamente ao corredor).

Para saber mais sobre o produto, confira o site oficial AQUI.

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Calibre o corpo para a São Silvestre

Por Rodolfo Lucena
06/12/12 11:09

Faltando pouco mais de três semanas para a São Silvestre, está mais do que na hora de dar aquela calibrada nos treinos, fazer os aprontos e ajustes necessários para ter uma boa presença na mais importante e tradicional corrida de rua do país.

Neste ano, pela primeira vez na história, a São Silvestre será realizada pela manhã. Mas vá tirando o cavalinho da chuva se imagina que isso vai garantir um clima mais ameno: se tivermos céu aberto, o sol vai castigar com vontade. Para você te ruma ideia, hoje fui saí para correr às 7h30 e, quando chegou as 9h, já estava me arrastando. Isso que meu treino inclui caminhadas.

O melhor mesmo é desligar das previsões do tempo: quem está inscrito vai correr de qualquer jeito, então o melhor é se preparar bem.

Quem tem o privilégio de receber orientação de treinador especializado deve seguir à risca as dicas do profissional. Os melhores técnicos de amadores, hoje em dia, se preocupam primeiro com a saúde de seus pupilos e, depois, com o desempenho; aliás, tenho para mim que essa é a única maneira de acabar por conseguir bons resultados mantendo um corpo saudável.

A maioria, porém, treina por conta própria ou seguindo planilhas vistas em revistas ou na internet.

 Vou dar aqui minha colher torta, informando o que pretendo fazer. Veja lá, hein! Não sou treinador, apenas um corredor com alguma experiência que estou a compartilhar meus planos para estes dias que antecedem a São Silvestre.

De hoje até o dia 26, pretendo fazer uns dois ou três treinos de ladeira. Nada de tiros em subida e descida, mas algo que envolva resistência e força. Um percurso que gosto de fazer é descer a Sumaré em direção à Francisco Matarazzo e ir até o parque da Água Branca. Lá dou duas voltas no perímetro e depois inicio o meu retorno, subindo a Pacaembu para, quando já estiver cansado, pegar a rampa da Major Natanael ou a da Cardoso de Almeida, que não é tão íngreme, mas é mais longa e também exige bastante força.

Uma outra opção é ir até o estádio do Pacaembu, rodar umas cinco vezes na praça Charles Miller e depois fazer a volta no estádio; duas séries dessas já dão um treininho para ninguém botar defeito.

Além disso, como sou muito fraco para o calor, pretendo fazer pelo menos um treino por semana em horário mais quente, rodando devagar ou caminhando por uma hora, uma hora e meia. A ideia é fazer esse treino na hora da prova. Todos os demais treinos procuro fazer bem mais cedo, para que o desempenho seja melhor e o corpo não sinta tanto, facilitando a recuperação.

O importante é não exagerar nem ficar pilhado, achando que não está com treino suficiente, pois isso pode fazer com que a pessoa tente fazer coisas para as quais não está preparado.

Estes dias, repito, são dias de ajuste, de acerto. O treino já está feito, qualquer coisa que a gente fizer agora não vai melhorar muito, mas pode estragar o que já foi construído. Então cautela, caldo de galinha e respeito com os sinais do corpo são muito importantes nesse momento.

Para variar, mas não custa relembrar. Beber bastante água, comer bem e dormir bastante são fundamentais para que o corpo consiga executar o que foi planejado e treinado.

Aliás, vou repetir aqui uma frase que o ex-campeão da maratona de São Paulo Diamantino dos Santos me disse em uma entrevista: “Treinar, todo mundo treina. Ganha quem comer melhor e dormir melhor”. A gente pode não estar perseguindo o primeiro lugar, mas chegar inteiro, saudável e feliz é a nossa vitória.

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Passaporte biológico prova uso contínuo de doping, diz Corte de Arbitragem

Por Rodolfo Lucena
05/12/12 09:38

O perfil sanguíneo de atletas, que consta no seu chamado “passaporte biológico”, é totalmente válido como prova para punição por uso continuado de substâncias dopantes. Essa é a decisão da Corte de Arbitragem do Esporte (CAS, na sigla em inglês), que acatou recurso da Federação Internacional de Atletismo e aumentou a pena da atleta grega Irini Kokkinariou.

A atleta já tinha sido punida com suspensão por dois anos pela federação de seu país, com base no seu perfil sanmguíneo anormal no período de 2009 a 2011.

A IAAF concordou com a condeção, mas achou a pena insuficiente por considerar que havia agravantes. Além do uso repetido de substância dopantes, a atleta estaria envolvida em esquema de dopagem mais amplo. O período de suspensão foi aumentado para quatro anos e todos os resultados dela, desde 2 de julho de 2009, passam a ser desconsiderados.

Irini Kokkinariou tem 31 anos e compete em provas de 3.000 m e 3.000 m com obstáculos.

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