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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Uso de DMAA provocou morte de corredora na maratona de Londres

Por Rodolfo Lucena
07/02/13 11:57

A morte da cabelereira Claire Squires, 30, durante a maratona de Londres do ano passado, foi provavelmente causada pelo uso de um suplemento que vem ganhando adeptos entre frequentadores de academia e contém um estimulante já condenado pelas entidades internacionais antidoping, o DMAA (1,3-dimethylamylamina). Segundo recentemente divulgado em Londres, Squires teria consumido o suplemento Jack3d, que foi banido no Reino Unido quatro meses depois da morte da corredora. Além de condenado pela Wada (agência internacional antidoping), o DMAA já foi proibido também por autoridades sanitárias dos EUA, Austrália e Canadá. A droga pode provocar distúrbios psíquicos e ataque cardíaco, entre outros efeitos colaterais. Apesar das proibições, o suplemento continua à venda on-line. E foi em um desses serviços do submundo digital que Claire comprou o Jack3D, segundo seu namorado disse à reportagem do jornal britânico “The Guardian”. O objetivo da jovem era conseguir melhorar seu tempo, baixando de quatro horas na maratona. Essa é mais uma triste evidência do uso de suplementos e drogas ilícitas por corredores amadores, o que também ocorre no Brasil, como já ficou evidente depois de testes feitos pelos órgãos de controle das corridas de rua no ano passado. Já falei várias vezes aqui e repito: o doping é uma m*. Não vale a pena. Claro que corredores profissionais, que estão lutando pela vida, podem concluir que o risco compensa. Mas para nós outros, amadores dedicados ou nem tanto, o negócio é aproveitar, relaxar, buscar prazer e diversão.

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Cruz Nonata vence a Copa Brasil de cross country

Por Rodolfo Lucena
03/02/13 20:22

A melhor brasileira na São Silvestre estava lá e tentava o bicampeonato, mas a experiência de Cruz Nonata falou mais alto na disputa contra Tatiele Roberta de Carvalho, que desta vez ficou apenas com o bronze.

“Minhas estratégia era tentar abrir o máximo possível já no início da prova”, disse Cruz Nonata, que completou os oito quilômetros em Rio Claro (interior de São Paulo) em 25min37.

Com isso, ela se qualificou para disputar o Sul-Americano de cross country, que será disputado ainda neste mês na Argentina.

Mas o grande objetivo da atleta em 2012 é se qualificar para o Mundial de maratona, cujo palco será Moscou.

Vamos ver.

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Encontrar um top adequado é difícil, diz ultramaratonista

Por Rodolfo Lucena
30/01/13 14:25

Pois dia desses vi, em uma rede social, a ultramaratonista ZILMA RODRIGUES DA SILVA reclamando da qualidade dos tops de corrida. Ou melhor, da falta de qualidade. Alguns provocam assaduras, outros não dão suporte adequado, enfim, a indústria, apesar de todas as suas pesquisas, parece não ter chegado ainda a descobrir um produto ótimo. Trata-se de um assunto que vem sendo discutido não só no âmbito comercial e tecnológico, mas também no cenário médico e acadêmico –já vi várias pesquisas de doutorado a respeito, especialmente no Reino Unido.

Bom, acompanhando as críticas de Zilma, que tem 39 anos, corre há nove anos e é uma especialista em provas de resistência –campeã de uma prova de 515 km na Alemanha, vencedora de uma corrida de 100 km no Egito e várias participações na Comrades, pedi a ela que mandasse para este blog um texto com suas considerações acerca da busca do top perfeito.

O texto chegou ontem e agora está aí, para sua apreciação. Agradeço à Zilma pela colaboração e espero que você aprecie.

Sem mais delongas, vamos ao texto de ZILMA RODRIGUES DA SILVA.

“Correr uma maratona não é difícil, o problema é conseguir uma roupa para realizá-la bem, saindo sem bolhas nem assaduras. Faz cinco anos que estou na estrada, tentando ir sempre mais longe e mais rápido –nunca tão rápido como eu gostaria–, e a cada novo processo de treinamento recomeça a procura de roupa adequada, especialmente tops.

Já sofria bastante antes, quando me preparava para maratonas e fazia longos de até 30 km. Agora, porém, fazendo longos de até 80 km, basta entrar no banho para perceber –sentir!—os estragos provocados pela roupa.

Já usei top modelo nadador, que dá um suporte ao busto quando estou correndo, mas as costuras abaixo dos seios causam irritação na pele, chegando a provocar uma feridinha muito ardida. Testei de várias marcas e também os sem marca, sem grande diferença.

O modelo de com cinco pontos de sustentacão era uma boa promessa, a julgar pelo que dizia a vendedora: “as tiras interconectadas trabalham para criar um sistema de sustentação macia e confortável”.  Ok. Corri 10 km, 20 km, 25 km, de repente deu aquela ardidinha básica. Não acreditei que pudesse ser o top tão caro, cheio de controles de qualidade… Pois após meus 45km mais uma vez estava com outra bela marca –as costuras das laterais foram as culpadas dessa vez.

Em 2010, segundo a médica que me atendeu, quase que um top acaba com minha corrida e comigo. Senti uma dor no km 30. Quando olhei estava tudo roxo e inchado bem no peitoral. Terminei a prova entre trancos e barrancos e fui direto para o atendimento médico. A médica explicou que o top fez uma pressão muito forte causando o inchaço. Durante três semanas, fiquei inchada e com dor passados.

Depois tentei descobrir qual foi o problema do top, que é desses sem marca. Não encontrei e voltei a treinar com ele, sem registrar quase nenhum problema. Corri a mesma prova no ano passado e usei esse top ao fazer 203 km na Grécia, não acvonteceu nada de diferente, talvez por ele estar já amaciado pelo uso.

Em 2011, para a Comrades, testei 20 tops de diferentes modelos, cores e marcas e sempre acontecia algo. Um dia fui correr 65 km com um top de uma marca megafamosa, ele simplesmente arrancou um tampo do meu ombro e quase triturou meus seios. Faltando uma semana para viagem, comentei com uma colega, que falou que  havia comprado um sem marca que treinou com ele que não fez machucado. No treino seguinte, ela me deu de presente o top, que tem um ajuste perfeito nos seios, não deixa ficar balançando e suas alças são um pouco mais largas.

Testei o top na Comrades e não tive problemas com atrito. “Achei o que eu precisava”, pensei na época. Voltei para os treinos longos e, mais tarde, em uma prova de 515 km, o top que tinha sido o salvador da Pátria passou a ser o vilão. Aprendi então que

realmente não tem como dizer que existe top perfeito. A mulher que corre ultramaratonas  sofre.

O que eu procuro em um top é o seguinte:

*Visual: Além de seguro e confortável, o top deve ser visualmente viável. Com design esportivo – porém, com engenharia de um sutiã –, ele deve garantir que a mulher sinta-se bem vestindo apenas a peça durante a prática do esporte.

*Dimensão do corpo: É quase impossível comprar um top valendo-se apenas dos tamanhos P, M e G do mercado. As dimensões do modelo vão além e devem levar em conta o tamanho do tórax, do busto saliente e a distância entre o ombro e mamilo.

*Modelagem: Ela deve ser ajustável ao biótipo de cada mulher, protegendo as mamas do impacto sem comprimir demais. Ou seja, o ajuste deve ser perfeito.

*Compressão e sustentação: Apenas comprimir o seio não é sinônimo de sustentá-lo em relação ao impacto. As definições devem trabalhar juntas para produzir um top seguro e confortável.

*Nível de sustentação: Dependendo do tamanho do busto e do impacto da atividade física, maior é a necessidade de sustentação. Por isso, o ideal seria o modelo informar para qual prática é mais indicado.

*Alças: As mais finas podem cortar a pele durante o exercício. As alças devem ser grossas e confeccionadas de tecido confortável. Para evitar dores nas costas, o ideal são os modelos com desenho em “X” atrás.

*Painéis de ventilação: Durante a prática de esportes, o top impede que o suor caia e o deposite no centro do peito. Essa água em contato com um tecido mais grosso corta a pele.  Para evitar o problema no top protótipo há um tecido respirável (mas não transparente) no centro.

*Linhas: O fio que compõe o tecido deve ser fino, sem costura aparente e sem entrar em contato com a pele. Quanto mais grosseiro o material do top, maior é o prejuízo do contato com o suor, o impacto e o atrito do material com a pele.

*Tecido: Além do ajuste perfeito e elástico, ele deve ser leve para não irritar a pele.”

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Pela primeira vez na história, cinco corredores terminam a mesma maratona em menos de 2h05

Por Rodolfo Lucena
25/01/13 15:36

Minha Santa Ingrácia da alta velocidade! O ano mal começou e quenianos e etíopes já estão arregaçando na maratona. Hoje em Dubai os caras abusaram: os cinco primeiro colocados na prova masculina correram abaixo de 2h05. É a primeira vez que isso acontece em uma maratona, segundo informa o site da IAAF, a Fifa do atletismo.

E o mais impressionante, para o senso comum que indica ser a maratona uma prova de atletas mais experientes, o segundo colocado tem apenas 19 anos. Com 2h04min49, Berhanu Shiferaw cravou o melhor tempo da história para sua faixa etária.

Foi ele, por sinal, que puxou a fila ao longo da prova, correndo nos calcanhares dos coelhos, reclamando para o povo soltar a chinela, que ele estava a fim de correr. Mas, se infernizava os coitados dos marcadores de ritmo, não conseguia se livrar de seus compatriotas, que vieram correndo todos juntos em uma mesma balada: imagine só um pelotão de liderança que faz a prova em uma média de 2min58/km e ninguém quebra!

Foi um outro garotão que afinal conseguiu se safar. Estreante em maratonas, o também etíope Lelisa Desisa, de 23 anos, escapou do grupo a bem dizer na marca do km 42, seguindo para fechar em 2h04min45. Outros dois etíopes ocuparam o terceiro e o quarto lugares; o primeiro queniano chegou em quinto lugar. Era também um debutante em maratonas, Bernard Koech, que chegou longuíssimos oito segundos depois do campeão.

Só espero que todos eles passem com honras também nos exames antidoping.

Quanto às mulheres, foi mantida a tradição, com a Etiópia vencendo do primeiro ao quinto. A favorita Tirfi Tsegaye, campeã de Paris e vice em Berlim no ano passado, honrou as previsões e venceu com boa margem, apesar de ter aliviado o ritmo depois do km 30. Ela sentiu a mudança nas condições climáticas e não conseguiu romper a barreira das 2h20.

A seguir, os cinco primeiros colocados tal como divulgado pela IAAF:

Homens
1 Lelisa Desisa (ETH) 2:04:45
2 Berhanu Shiferaw (ETH) 2:04:48
3 Tadese Tola (ETH) 2:04:49
4 Endeshaw Negesse (ETH) 2:04:52
5 Bernard Koech (KEN) 2:04:53
Mulheres
1 Tirfi Tsgaye (ETH) 2:23:23
2 Ehitu Kiros (ETH) 2:23:39
3 Amane Gobena (ETH) 2:23:50
4 Aheza Kiros (ETH) 2:24:30
5 Belaynesh Oljira (ETH) 2:25:01

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Depois de 18 meses sem correr, Marina vira Pateta

Por Rodolfo Lucena
22/01/13 12:51

Calma, calma, não estou ofendendo a digníssima leitora e colaborado deste blog. É que essa empresária e ex-dentista resolveu abusar das corridas e enfrentou, como outros quase 300 brasileiros, o Desafio do Pateta. Para os não iniciados, trata-se de uma promoção do mundo Disney, que realiza a cada início de ano um festival de corridas, com maratona, meia maratona e provas mais curtas. Quem faz a meia no sábado e a maratona completa no domingo, leva a medalha do Pateta, além das duas respectivas.

Já se passaram quase dez dias do evento, mas muitos ainda lambem as feridas e, principalmente, festejam suas múltiplas medalhas. Basta circular pelas redes sociais para ver um monte de gente com chapeuzinho de Mickey e outros acessórios fazendo poses engraçadas. Uma delas é a nossa leitora MARINA KURIKI, 50, que começou a correr há dez anos.

Como muitos de nós, ficou “viciada” nas corridas: já fez 11 maratonas e provas ainda mais longas, em trilhas. Nos últimos tempos, enfrentou algumas adversidades, mas saiu inteira e foi festejar na Disneylândia, como ela nos conta no texto a seguir.

“Depois de quase 18 meses sem poder correr,por conta de uma  pneumonia e lesões antigas  que  resolveram aparecer todas juntas, consegui retomar os treinos em agosto de 2012. Não tinha ficado parada, investindo na bicicleta e na musculação, o que provavelmente ajudou na volta aos treinos.

“Tudo correndo bem, resolvi festejar o retorno enfrentando um novo desafio: tentar me transformar em Pateta. Apesar do curto tempo de preparação, consegui fazer quatro longos de 30 km e rodagens durante a semana de 12, 15 ou 18 km.

“Sabia que terminaria, nunca deixei de completar uma maratona, e essa seria a décima primeira.

“Hoje, depois que tudo passou, penso que o grande Desafio do Pateta pra mim foi conseguir fazer tudo o que queria em um curto período de tempo. São parques para conhecer, compras para fazer, era preciso aproveitar e ver tudo o que era possível. Com isso,  todo o preparo que precede uma maratona não foi obedecido. Pelo contrário: nada de descanso, nada de hidratação, nada de alimentação correta…

“A chegada foi na quarta à tarde e logo iniciamos a loucura das compras. Na manhã seguinte, retirei o kit e aproveitei as promoções da feira: dá para comprar tênis pela metade dos preços encontrados em lojas brasileiras.  

“O complexo é imenso e completo, e a distribuição dos kits é organizada e muito rápida. Os atendentes, sempre sorridentes e educados, nunca perdiam a paciência com as pessoas que não falavam inglês.  Isso foi um fato que me impressionou do início ao fim do Desafio, a quantidade de voluntário, a grande maioria de pessoas da terceira idade.

“No kit do Desafio, haviam três camisetas de mangas compridas  de ótima qualidade e diferentes cores, cada um com seu personagem. Meia Maratona, Pato Donald. Maratona, Mickey e a tão cobiçada camiseta laranja, do Pateta. No kit da Family Run, camiseta de malha e mangas curtas.

“Dormia pouco, andava muito, comia de forma irresponsável e nada de descanso. Na sexta 11.01, fomos para a Family Run. Como estávamos hospedados no Complexo Disney, ônibus da organização vem nos buscar e depois nos deixam no hotel novamente. O serviço é de extrema eficiência, a espera é curta, nunca passa dos oito minutos.

“A largada acontece de madrugada ainda. Estava escuro, mas o clima era muito agradável, fomos presenteados com calor todos os dias. Famílias inteiras participam dessa festa. A corrida é realizada dentro do Epcot, e com vários personagens da Disney, e as filas para as fotos eram imensas. As pausas para as fotos são inevitáveis.

“Depois da prova, distribuição de medalhas e kit lanche, sem nenhuma fila e nem atropelos. O kit lanche era uma caixinha lacrada, com bolachinhas, um pote com creme de queijo, barra de proteína, coockie de chocolate, barra de chocolate amargo, lenço umedecido para limpeza das mãos, balinha de goma. Além de banana, isotônico e água. Esse kit foi distribuído nas três provas.

“No sábado, dia da meia maratona, acordamos de madrugada, pois a largada seria às 5h30. Largada e chegada no Epcot, passando por alguns parques do Complexo. Guarda-volumes imensos, eficiente e rápidos na entrega e na retirada. Novamente, organização excelente, atletas divididos em currais, e todos respeitam seu curral, nada de tentar invadir o outro curral porque seu amigo está lá.

“As largadas também são intervaladas, isso evita os atropelos no percurso e na chegada também. Cada curral que larga é presenteado com a queima de fogos e o Mickey nos desejando boa sorte. Água e isotônicos em abundância, servidos em copos, sempre com sorrisos dos voluntários. Vários postos de hidratação, dois postos com bananas e muito postos médicos, onde era possível encontrar vaselina, analgésico, um gel que dizem que gelava até a alma, pra os que estavam com dores. Eu não precisei.

“Parei em alguns pontos pra fotografar os parques e personagens, e isso fez com que meu tempo fosse alto, mas estava ali realizando um sonho, e nesse sonho não cabia recordes pessoais. Corri solta, sem dores, feliz e cheguei “sobrando“, como falamos aqui no Brasil. Entrega  de medalha eficiente, as pessoas colocam a medalha em nossos pescoços e nos parabenizam com entusiasmo.

“Depois da meia, mais passeios e compras.

“Fomos dormir às 23h e acordamos novamente às 2h de domingo. A excitação era grande, e o pouco período pra descanso não foi um problema. Novamente a eficiência e organização são destaques, tudo  muito tranquilo. Uma prova com mais de 20 mil atletas e nenhum incidente.

“Na largada, mesmo esquema da meia, currais, fogos e o Mickey. O percurso inicial é quase o mesmo da meia. Quando o percurso quer ficar monótono, eis que surge uma banda, um personagem, um coral, sempre uma atração. Somos aplaudidos quase que o percurso todo. E os voluntários sempre nos incentivando, sempre querendo ajudar.  Paro em alguns pontos pras fotos, ando em alguns trechos, me emociono várias vezes.

“Por volta do km 30, encontro meu namorado, que largou no curral B –eu saí no E–, e fomos juntos até o final. Quando faltavam umas três milhas (+-5 km), encontramos o professor Luis Tavares e  terminamos juntos com as bandeiras do Brasil.

“A emoção é muito grande, só penso que voltei, que posso correr novamente, que os 18 meses parada foi só um pesadelo. Recebo a medalha da maratona, maravilhosa. Mas, quando recebo a medalha do Desafio, lágrimas em abundância escorrem no rosto de uma forma incontrolável. Eu venci, eu sou Pateta!”

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Atleta biamputado completa ultra de 217 km em 62,5 horas

Por Rodolfo Lucena
21/01/13 10:40

Os números jamais vão refletir o tamanho do esforço e da conquista do norte-americano Andre Kajlich, 33, que ontem se tornou o primeiro atleta biamputado a completar a terrível ultramaratona Brazil 135, disputada na serra da Mantiqueira, passando por cidades de São Paulo e Minas Gerais.

Ele completou os 217 km da prova em 62 horas e meia, sendo aplaudido por um pequeno grupo de entusiastas que o esperava no centro da cidade mineira de Paraisópolis, ponto final de uma jornada que começou há dez anos, quando Kajlich, então um jovem estudante de química em uma universidade de Praga, sofreu o acidente que o deixou quase à morte.

Depois de uma noite de baladas, acabou não se sabe como caído nos trilhos do metrô e foi atropelado pelo trem. Acordou três semanas depois, sem nem um tiquinho da perna esquerda e com apenas parte da direita, que foi amputada um pouco acima do joelho. Estava com as costelas quebradas, os pulmões perfurados e o fígado atingido. Sobreviveu.

Aos poucos foi se recuperando. Um ano depois, começou a caminhar com próteses. Em 2008, ampliou seus horizontes participando de um triatlo. Para encurtar a história, que já contei aqui neste blog: com sua cadeira de rodas, foi campeão do Ironman de Kona no ano passado e duas vezes medalhista de prata no Mundial de paratriatlo.

Na última sexta-feira, iniciou o que talvez tenha sido sua mais difícil empreitada depois do acidente, uma ultramaratona que inclui subidas até uma altitude de 1.600 m, no pico do Gavião, além de passagens por trilhas em que é preciso andar em fila indiana.

Em vários pontos, ele desceu de sua cadeira especialmente construída para esse desafio, amarrou-se a ela e, arrastando-se pelo chão, puxou a cadeira até chegar a um ponto onde pudesse rodar com ela.

Outros contratempos incluem peças quebradas e pneus furados, que acabaram fazendo com que a jornada durasse ainda mais tempo e se enchesse de tensão. Foi várias vezes atendido pela ambulância, sendo atendido para tratar machucado nas mãos –é com ela que Andre movimenta seu equipamento.

Um dos envolvidos na ultramaratona, Jarom Lee Thurston, registrou assim a chegada de Andre: “Ele conseguiu! Aqui se fez história e eu fui testemunha. Andre Kajlich acaba de terminar uma das mais difíceis ultramaratonas de montanha do mundo, um esporte dominado por atletas que usam as duas pernas, e ele não tem nenhuma. Foram 135 milhas (217 quilômetros) em 62,5 horas. É um feito que acredito ser a principal notícia da década em esportes de resistência”.

As fotos aqui publicadas são reprodução de imagens colocadas na página de Thurston no Facebook.

 

 

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Cadeirante dos EUA enfrenta ultramaratona na serra da Mantiqueira

Por Rodolfo Lucena
19/01/13 12:27

O norte-americano Andre Kajlich, de 33 anos, é o primeiro cadeirante a se aventurar pelas estradas, grotas e montanhas que integram o percurso da Brazil 135, considerada por muitos a mais difícil ultramaratona do Brasil. Prova classificatória para a temível Badwater, nos EUA, tem 217 km e começou ontem em São João do Boa Vista, na divisa entre São Paulo e Minas.

Não consegui falar com ninguém, ainda, para saber em que pé está a corrida. Mas vale aquele ditado: “O milagre não é que eu consegui terminar, o milagre é que tive coragem de estar na linha de largada”. Para Kajlich, com quem conversei na última quarta-feira, em São Paulo, o surpreendente mesmo é estar vivo, pois suas chances de sobrevivência eram mínimas depois do acidente que o deixou sem a perna esquerda e com apenas parte da coxa direita, além de muitas cicatrizes pelo corpo todo.

Ele conta como foi: “O acidente aconteceu quando eu tinha 24 anos, em dezembro de 2003. Tivemos uma festa em minha casa, em Praga, onde eu estudava química. Fiz burritos para todos, e daí saímos para as baladas. Normalmente a gente ficava fazendo festa a noite toda, tomava café na rua na madrugada. Finalmente, quando cada um pegou seu caminho, eu disse tchau para um amigo e acordei três semanas depois em um hospital, sem as pernas. Ninguém sabe como aconteceu, mas eu caí nos trilhos do metrô, o condutor me viu, mas não pode fazer nada. Basicamente, o trem inteiro passou por cima de mim.”

Ele continua: “Quando me tiraram dos trilhos, eu estava praticamente morto, sem pressão sanguínea, e mesmo assim eles foram capazes de me salvar. Muito sortudo. Perdi toda a perna esquerda, e a direita foi cortada uma pouco acima do joelho. Quebrei costelas, o pulmão foi perfurado, o fígado também foi atingido. Quase perdi o braço esquerdo, quebrado perto do cotovelo. Os médicos pensaram que eu jamais seria capaz de me movimentar. Talvez pudesse andar de cadeira de rodas e comandar o corpo para poder, por exemplo, lavar as mãos”.

E mais: “Não houve um momento em que acordei e me vi sem as pernas. Eu estava inconsciente e tinha momentos de lucidez, aos poucos recobrava a consciência e depois desmaiava novamente. Finalmente, quando comecei a perceber o que tinha acontecido, fiquei muito preocupado com o futuro, sem saber o que eu seria capaz de fazer. Não sabia se seria capaz de andar ou se algum dia poderia ser feliz novamente”.

Depois de quase três meses no hospital, foi transferido de volta para os EUA, para sua família: os pais são tchecos, emigraram em 1967, Andre nasceu em Edmonds, no Estado de Washington, em 1979. Em um ano, já conseguia caminha com pernas mecânicas e bengala, também começava a dominar melhor a cadeira de rodas (foto Silva Júnior/Folhapress).

Voltou a Praga para terminar o curso e continuar as festas. Acabou se apaixonando por Mariana, uma fotógrafa romena um ano mais velha que ele. Namoraram e, quando Andrés enfim viu que era hora de voltar mesmo aos EUA, em 2008, casaram. Ele já praticava um pouco de esporte na cadeira de rodas e fazia algumas caminhadas, além de gostar de nadar.

Tudo isso deu um quilo: nos EUA, participou de um triatlo de revezamento e adorou: “. Era muito bom sentir o coração batendo forte novamente. A partir dali eu fui em frente, tive sucesso.”

Sucesso é pouco: teve uma evolução impressionante em seu desempenho esportivo. Passou a treinar forte, entrou em competições de paratriatlo, fez um meio Ironman e se classificou para o pai de todos, o Ironman de Kona, no Havaí. Tirou o segundo lugar em 2011, foi campeão em 2012. E é bom também em provas curtas: foi medalhista de prata nos Mundiais de paratriatlo de Pequim-2011 e Auckland-2012.

Com as conquistas, chegaram mais apoios. No início, ele tirava do seu salário –trabalha com pesquisas em medicina de reabilitação na Universidade de Washington, em Seattle—e contava com contribuições de parentes e amigos. Tudo muito necessário: só as próteses que usa para caminhar custam mais de US$ 100 mil. E ele caminha bem.

“Não consigo correr, mas talvez seja o melhor caminhante do mundo com esse nível de amputação”, diz ele. Tão bom que vem sendo convidado pelo Exército dos EUA para ajudar nos trabalhos de reabilitação de soldados feridos nas guerras em que o país participa.

Kajlich não cansa de procurar novos desafios, como a Brazil 135, que conheceu ao ouvir no rádio uma entrevista de outro atleta cadeirante, o brasileiro Carlos Moleda. Ficou entusiasmado, entrou em contato com os organizadores e tratou de treinar. Não sabia exatamente como se preparar, mas subiu montanhas nevadas com sua cadeira de rodas, enfrentou gelo e barro e vai fazer o que der na serra da Mantiqueira.

“Acho que em alguns trechos terei de sair da cadeira e puxá-la com uma corda”, diz ele, que montou um equipamento especial para enfrentar trilhas, usando rodas de mountain bike em sua cadeira e martelando o equipamento até que ficasse do jeitinho que ele considerava adequado.

E vai para a luta com um sorriso: “Depois de meu acidente e do processo de recuperação, aprendi que esses grandes desafios, cheios de incertezas, são realmente onde você aprende mais, eles te dão os momentos mais definitivos da vida. Eu aprendi muito com tudo isso, de forma que hoje vejo meu acidente de uma forma muito positiva, por causa das poderosas experiências de vida que pude ter depois, como o Ironman ou esta Brazil 135. Essas conquistas me dão base e consistência para enfrentar os próximos desafios”.

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Elite internacional já se alinha para a maratona de Boston

Por Rodolfo Lucena
17/01/13 18:45

Os quenianos Wesley Korir e Sharon Cherop vão tentar o bicampeonato na mais antiga maratona do mundo, mas terão forte competição.

No masculino, Korir terá pela frente nada menos que Moses Mosop, que já meteu 2h03min06 lá mesmo nas colinas de Boston, mais o sempre perigoso Robert Kiprono Cheruiyot, que levou o título de 2010, além dos americanos Ryan Hall e Meb Keflezighi.

Já Sharon Cherop vai enfrentar a dupla etíope Aselefech Medessa Mergia, bicampeã de Dubai, e Meseret Hailu Debele, recordista da maratona de Amsterdã. Para não deixar por menos, há ainda as queridinhas da casa, Shalane Flanagan e Kara Goucher.

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Atletas protestam contra demolição do estádio Célio de Barros

Por Rodolfo Lucena
14/01/13 12:08

Atletas, treinadores e amigos do esporte participaram ontem de uma manifestação de protesto contra a demolição do estádio Célio de Barros, no Rio de Janeiro, palco de treinos e competições de atletismo. Os manifestantes pediam o cancelamento da demolição da Escola Municipal Friedenreich, do prédio que abrigou o Museu do Índio, e do Parque Aquático Júlio Delamare. Todos os prédios fazem parte do complexo do Maracanã.

O estádio de atletismo ser derrubado para as obras de adequação do estádio do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016.

Na sexta-feira, a Confederação Brasileira de Atletismo emitiu nota sobre o projeto e convocando a manifestação. Assinado pela presidente da entidade, Roberto Gesta de Melo, o texto diz o seguinte:

“Muito já se falou e ainda se falará do Estádio Célio de Barros, um dos templos do Atletismo nacional, no Rio de Janeiro. Isso não será, talvez, suficiente para que o Governo do Estado do Rio reveja sua decisão de demolir uma das mais tradicionais praças esportivas do País. Assim, na cidade que será a sede dos Jogos de 2016, os atletas do mais importante dos esportes olímpicos já não têm um espaço adequado para treinar.

“Os prejuízos na preparação dos atletas para os próximos Jogos Olímpicos são enormes. O trabalho dos técnicos sofrerá com a falta de um espaço para prosseguir os treinamentos. Os atletas de Atletismo, que estão entre os que mais conquistas já deram ao Brasil, são também os que, em maior número, vêm das camadas mais humildes da população. E serão eles os maiores prejudicados com o fim do Estádio.

“Há tempos que a Confederação Brasileira de Atletismo alerta as autoridades para o fato de que a cidade olímpica do Rio de Janeiro não poderia dispor do Estádio Célio de Barros, sem que antes uma praça esportiva de semelhantes condições estivesse à disposição do Atletismo carioca. No entanto, vimos, na imprensa, que o Estádio já está lacrado e os atletas não têm mais lugar para treinar.

“O Estádio Célio Barros é parte importante de nossa história atlética. Ali, no Complexo do Maracanã, onde ele se situa, grandes eventos nacionais e internacionais foram disputados. Suas arquibancadas, lotadas, viram brilhar nomes como Joaquim Cruz, Maurren Maggi, Fabiana Murer, José Luiz Barbosa, Robson Caetano da Silva, Arnaldo de Oliveira Silva, Claudinei Quirino e tantos outros que engrandeceram o esporte brasileiro.

“O Troféu Brasil de Atletismo, principal evento do esporte-base nacional, teve inúmeras edições levadas a efeito no “Célio de Barros”. Assim como Campeonatos Ibero-Americanos e Sul-Americanos. Além do Grande Prêmio Brasil, que trouxe ao Rio de Janeiro campeões olímpicos e recordistas mundiais, como Sergey Bubka, Mike Powell e Michael Johnson, entre tantos outros.

“Insistimos em que, se o Governo do Rio não desistir da demolição deste valioso patrimônio esportivo, deve erguer nova praça atlética, para que os prejuízos sofridos pelos atletas cariocas e brasileiros não prejudiquem de forma definitiva a preparação para o Rio 2016.

“Entretanto, crendo ainda em uma mudança de posição dos governantes do Rio de Janeiro sobre o assunto, conclamamos todos os amantes do Atletismo e do desporto em geral, assim como os defensores das tradições da Cidade Maravilhosa, para participar da caminhada épica em defesa desse patrimônio histórico, a realizar-se no próximo domingo, dia 13 de janeiro, a partir das 08 horas, a ser iniciada na frente do Célio de Barros.”

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São Paulo e Rio festejam datas magnas correndo

Por Rodolfo Lucena
11/01/13 09:49

Se alguém ainda duvidava que corrida virou uma festa, as duas maiores cidades do país estão aí para provar: comemoram suas datas mais importantes com provas de rua.

O Rio de Janeiro começa antes. Faz no próximo dia 20 sua tradicional Corrida de São Sebastião, que é o padroeiro da cidade.

Eu sempre fiquei curioso para saber o que esse santo, que em geral aparece todo flechado, tinha a ver com a Cidade Maravilhosa. Pois me contam que a relação se dá porque, na época da invasão dos franceses ao Rio, São Sebastião teria aparecido, de espada em punho, para ajudar os defensores da cidade, um Exército formado por índios e portugueses.

O percurso da corrida é aquele batidinho, no Aterro do Flamengo. No ano passado, corri pela primeira vez aquela competição. Estava um calor dos demônios. Então quem se inscrever já sabe que não pode reclamar de não saber do clima adverso. Para saber mais, clique AQUI.

Também batido é o percurso da corrida que se integra às comemorações do aniversário de São Paulo, no próximo dia 25. Fica ali no entorno do Ibirapuera, passando por marcos como o Monumento às Bandeiras (foto), que já recebeu dos paulistanos apelidos mais galhofeiros.

O Troféu Cidade de São Paulo é também tradicional, a prova chega à sua 16ª edição, e o calor deve ser figura garantida (mas vai saber, o clima nesta cidade é imperscrutável; ontem fez um frio de botar casaco de lã…).

Para saber mais e, se for o caso, fazer sua inscrição, o site oficial é AQUI.

 

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