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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Brasileiro compra tênis por preços suíços, mas tem 1/6 da renda

Por Rodolfo Lucena
13/03/13 06:49

Se alguém ainda dúvida que os preços dos tênis no Brasil são estratosféricos, chega quentinho mais um estudo a demonstrar o que sentimos no bolso, o que vemos ao fuçar em vitrines de lojas de esporte.

Os preços dos calçados esportivos no Brasil são muito semelhantes aos praticados na Suíça, embora a renda dos brasileiros seja consideravelmente menor. É o que nos revela um estudo do varejo internacional realizado pela GfK, quarta maior empresa de pesquisa de mercado do mundo, ao longo de 2012.

Os números divulgados são os seguintes: o preço médio dos tênis vendidos no Brasil gira em torno de USD$ 94,24, muito próximo do valor cobrado na Suíça, que é de USD$ 100,14.

“A questão é que pagamos por uma realidade Suíça, mesmo com renda tão inferior. Isso acontece, entre outros motivos, porque uma parcela significativa dos calçados esportivos é importada ou reúne componentes importados”, diz Claudia Bindo, gerente de unidade de negócio da GfK Brasil.

Um dos indicadores de renda que demonstram essa diferença é a renda per capita, ou seja, o valor de tudo do que é produzido no país dividido pela população. A Suíça, segundo dados de 2011 do Fundo Monetário Internacional, tem o quarto maior PIB (produto interno bruto) per capita do mundo: US$ 81.161; o Brasil está em modestíssima 54ª posição, com US$ 12.789.

No caso dos tênis de corrida, os preços são ainda maiores: a média no Brasil é de US$ 116, enquanto a da Suíça é de US$ 147. OK, aí surgiu uma diferença mais significativa, mas nem de longe perto da diferença da situação econômica da população dos dois países.

E, a julgar pelos dados dessa análise, a corrida no Brasil está longe de ser um esporte democrático. Ao contrário, a crer nos números, está bem elitizado: a pesquisa mostra ainda que, do total de calçados esportivos vendidos no Brasil no ano passado, 10% eram produtos acima de USD$ 150.

As marcas brasileiras aumentaram sua importância, crescendo de 45,5% para 47% de 2011 para 2012 , mas as marcas globais que atuam no Brasil ainda têm dominam: passaram de 54,5% em 2011 para 53% em 2012.

Acontece que as marcas brasileiras atuam principalmente nos segmentos de baixo custo, enquanto as marcas estrangeiras nadam de braçada no mundo dos tênis mais caros: segundo a pesquisa, entre as marcas locais, 85% dos produtos vendidos custam até R$ 150, enquanto entre as marcas globais essa fatia é de apenas 38%.

E o segmento que mais cresce é o de calçados para corrida, que respondia por 13% do mercado de calçados esportivos em 2011 e pulou para 17% em 2012. Itens para futebol (chuteiras) permaneceram em 13% nos dois anos, enquanto a categoria de tênis para lazer, multiesporte e outros caiu de 74% para 70% no período analisado.

Como essa é uma área em que o destaque vai para produtos mais caros, as marcas brasileiras não têm muito espaço, de acordo com o estudo: apenas 12% das vendas das marcas nacionais são nesse segmento; para as estrangeiras, os tênis de corrida representam 21% das vendas. O resultado é lógico: as marcas estrangeiras que atuam no país respondem por dois terços das vendas de tênis de corrida no Brasil.

E poderão ganhar ainda mais com o crescimento das corridas de rua, que se reflete nas vendas de tênis de corrida. “Esse segmento cresceu 35% no ano passado contra apenas 3% do mercado brasileiro total de calçados esportivos”, conclui Claudia Bindo

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Carboidrato em gel para corredor fica mais bonitinho e mais caro

Por Rodolfo Lucena
11/03/13 13:31

Em muitos aspectos, eu sou um sujeito conservador. Quando descubro alguma coisa de que gosto, tendo a ficar por ali mesmo, seja uma marca de tênis ou de refrigerante, um tipo de roupa ou um restaurante –rimou, mas de vez em quando a vida rima, não é mesmo?

Bueno, fiz esse prolegômeno para dizer que, em contrapartida, não gosto muito de mudanças em coisas que já foram aprovadas. Não tem aquele ditado de que “em time que está ganhando não se mexe”?

Pelas exigências de mercado e pelas exigências de sobrevivência no mercado, porém, as empresas ficam sempre fazendo uma nova coleção da mesma coisa, o Fusca 2012, o tênis 30, o modelo 1064, mesmo que a edição 2011, 29 ou 1063 tenham sido um sucesso.

Às vezes, erram redondamente. Ou deixam de agradar parcelas de seus consumidores fiéis. Foi assim com o Nimbus 7, que eu adorava, e que ganhou um batoquinho na biqueira na edição seguinte, provocando bolhas entre o dedão e o segundo dedo… Nunca mais usei o dito cujo, em nenhum dos modelos subsequentes…

Pois agora o fabricante do carboidrato em gel Exceed resolveu dar uma repaginada no seu produto. Para resumir direto a história e contar minha avaliação, acho que a empresa botou os pés pelas mãos, além de aumentar desmesuradamente o preço do gelzinho velho de guerra.

Eu uso esse repositor energético (foto) há quase 15 anos, desde que comecei a correr maratonas. Uso nas provas e em treinos longos, de mais de 1h30; como estou ficando cada vez mais lento, você pode imaginar que sou um consumidor heavy metal. Costumava comprar em caixas com dez unidades cada uma, levando para casa duas ou três caixas de cada vez.

Funcionava tudo muito bem, a começar pelo preço: cerca de um quinto do pedido por concorrentes importados ou de outras marcas. Nos últimos anos, preço tinha ficado estável, e eu vinha pagando cerca de R$ 11 por caixa.

O gel também era extremamente fácil de usar. Com os dentes, rasgava o plástico em um das pontas e sorvia o produto, sem problemas. Sempre dava uma certa meleca, ainda mais com a minha barba, mas não tinha nenhum outro grande inconveniente: tomava água em cima, lavava as mãos e derrubava um pouco de água na barba, e segue o baile.

Pois no ano passado, quando fui fazer uma reposição do meu estoque, qual não foi minha surpresa ao descobrir que não havia mais –ou, pelo menos, não era encontrável nas lojas que eu conhecia—o conhecido Exceed em embalagem plástica.

No lugar dele, o que havia nas prateleiras eram caixas do mesmo produto, agora um pouco menos cremoso, em volume um pouco maior (passando de 20 g, se não estou enganado, para 30 g.) e em nova embalagem (foto). Além disso, muito mais caro, com preço pelo menos três vezes maior do que o da embalagem anterior.

Fiquei frustrado e indignado; tratei de comprar o primeiro produto mais barato ali disponível, o que não foi fácil. Os preços de carboidrato em gel parecem até arranjados (não estou acusando ninguém nem dizendo que há cartel, mas dá a impressão…) tal a semelhança entre eles.

Mas não foi só aí que o produto piorou. A nova embalagem, bem mais bacaninha do que a anterior e semelhante às embalagens de produtos importados, tem um mal no seu próprio DNA: é metalizada. Isso significa que, se for abrir a embalagem com os gentes, vai ter aquela sensação desagradável de faca cortando papel, de giz riscando a lousa… É muito chato.

Alguém pode dizer que a embalagem, como as de produtos semelhantes, tem uma lingueta para facilitar o corte, que pode ser feito com as mãos sem maiores dificuldades. Pois que esse alguém tente fazer isso durante uma corrida, com o corpo empapado de suor e as mãos escorregadias; outro dia, num treino, tive de usar guardanapos de papel para segurar firme o corpo da embalagem e a lingueta e poder fazer o corte com as mãos.

Mesmo sem usar os dentes para abrir a embalagem, o usuário pode se dar mal, porque a abertura é muito larga e há risco de a embalagem –que é de papel metalizado, como disse—provocar corte nos lábios.

Imagino que o fabricante tenha suas razões para a mudança –e, se quiser mandá-las para este blog, que fique à vontade–, mas este usuário não encontrou nela algum ponto positivo.

Pelo menos o produto em si continua bom, apesar de ter ficado um pouco menos cremoso, o que dificulta um pouco a ingestão. A boa notícia é que encontrei uma loja que ainda praticava os preços anteriores (ou algo perto deles) e comprei um pequeno estoque. A má notícia –para mim—é que os estoque está quase no fim…

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Dirigentes do atletismo preparam ato contra fim do estádio Célio de Barros

Por Rodolfo Lucena
08/03/13 08:22

A Confederação Brasileira de Atletismo está ampliando as manifestações contra a decisão do governo do Rio de destruir o estádio Célio de Barros, onde já foram realizadas algumas das principais competições de atletismo do país. Na próxima semana, vai fazer da assembleia geral da entidade um grande ato de protesto contra a medida.

O Célio de Barros e Parque Aquático Júlio Delamare, que integram o Complexo Esportivo do Maracanã, serão demolidos para atender as exigências da Fifa para a Copa do Mundo de 2014, segundo representante do governo do Rio.

Eles deverão ser reconstruídos em outra área, no bairro de São Cristóvão. “Serão centros de treinamento muito modernos, com academias, vestiários, ginásios, salas de musculação, fisioterapia”, disse o secretário da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Regis Fichtner.

Isso não satisfaz a comunidade do atletismo, segundo a CBAt. No seu site, a entidade diz ter recebido informações de que dão conta de que o local que deverá ser oferecido em compensação ao atletismo e à natação não comporta as duas modalidades. “O espaço daria para construir uma pista inadequada, jamais um Estádio. Não é razoável, não é admissível”, afirma a CBAT.

A entidade reivindica: “A expectativa é de que o Governo do Rio reverta a sua posição. Que mantenha o Célio de Barros. Ou que, pelo menos, construa um Estádio de porte médio para a modalidade que, na Cidade Maravilhosa, deu ao País os medalhistas olímpicos José Telles da Conceição, Robson Caetano e Arnaldo de Oliveira, além de uma lista inumerável de medalhistas em mundiais, copas do mundo, pan-americanos, sul-americanos. Com projeto a ser discutido junto à comunidade desportiva e com prazo curto de construção, para evitar prejuízos maiores. Não pode ser um arremedo de Estádio”.
A assembleia geral da CBAT será na próxima sexta. Segundo a entidade, estarão presentes atletas e ex-atletas, medalhistas olímpicos e treinadores, dirigentes de clubes e de federações estaduais e ainda representantes da IAAF, a entidade que dirige o atletismo no mundo.

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Palestra gratuita debate estilo de corrida

Por Rodolfo Lucena
07/03/13 13:15

Fisioterapeutas e profissionais que trabalham com atividade física, além de corredores, podem se interessar pela palestra sobre o método “Força Dinâmica”, que será dada pelo fisioterapeuta Marcelo Semiatzh e pelo treinador Alexandre Blass no próximo dia 15 de março, às 19h30, em São Paulo.

Eles são os criadores do método, que integra reabilitação e treinamento e “procura desenvolver a harmonia do gesto motor por meio do aperfeiçoamento da transmissão de forças no corpo”.

A frase, que copiei do folheto que anuncia a palestra, parece genérica demais. Em resumo, é o seguinte: tentar fazer com que a força empregada num determinado movimento seja usada completamente (ou quase) em benefício dele.

Quem corre com o tronco reto, por exemplo, ou “sentado”, está dispersando força.

A palestra, como disse, é gratuita, mas é preciso fazer inscrição. Para mais informações e para as ditas inscrições, você deve ligar para (011) 3085-6145 ou (011) 99609-0639 ou pelo e-mail forcadinamica@forcadinamica.com.br

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Doping e violência eleitoral abalam vida dos quenianos

Por Rodolfo Lucena
06/03/13 13:16

Pelo menos 15 pessoas já morreram em conflitos durante a eleições presidenciais do Quênia, realizadas na última segunda feira.

A apuração está lenta, surgindo acusações de fraude; com cerca de metade dos votos já contada, a liderança está com o vice-primeiro-ministro, Uhuru Kenyatta, que é acusado de crimes contra a humanidade.

Há receio de que eventuais protestos contra os resultados eleitorais provoquem nova explosão de violência, como a que deixou mais de mil mortos nas eleições de 2007.

Ao mesmo tempo, as autoridades quenianas estão tendo de enfrentar outro abalo, que pode ser prejudicial para a imagem do país e para o bem estar de muitos de seus cidadãos corredores: três atleta quenianos de nível internacional foram pegos no doping e afastados de competições oficiais.

Há informações de que também uma corredora foi pega usando drogas proibidas, mas seu nome ainda não foi divulgado.

Os atletas condenados são Wilson Loyanae Erupe e Nixon Kiplagat Cherutich, suspensos por dois anos, e Moses Kiptoo Kurgat, por um.

Erupe testou positive para EPO, que melhora a capacidade do sangue de transportar oxigênio, e Cherutich usou nandrolona, um anabolizante; não foi divulgada a droga usada por Kurgat.

Dos três, o de mais destaque no cenário internacional é Erupe, que no ano passado ganhou a meia maratona do Rio e venceu a maratona de Seul com o bom tempo de 2h05min37.

Para alguns, o anúncio da descoberta de corredores quenianos usuários de doping é apenas a ponta do iceberg. Moses Kiptanui, tricampeão mundial dos 3.000 m com obstáculos e atualmente técnico de atletismo, afirma que é comum entre seus compatriotas o uso de substância proibidas para melhorar o desempenho atlético.

“Há um bom número de atletas usando drogas. Querem ganhar dinheiro de qualquer jeito”, afirmou ele à BBC. E ainda botou mais pimenta na história, afirmando que há corrupção generalizada no sistema de fiscalização das trapaças no mundo, não apenas no Quênia: “Se você pagar um propina, um resultado negativo desaparece”.

A Federação Queniana de Atletismo repele essas acusações, dizendo que testes e investigações estão sendo feitas –no final do ano passado, mais de 40 atletas quenianos de nível internacional passaram por testes feitos de surpresa. Segundo os dirigentes quenianos, as ditas maçãs podres descobertas estão sendo punidas, como atestam os recentes casos de suspensão.

Além disso, se a busca de prêmios e dinheiro é um incentivo que leva alguns a usarem drogas, mas cada vez mais o uso de doping pode redundar em perdas financeiras, à medida que as punições fiquem mais amplas.

A World Marathon Majors, entidade que coordena uma espécie de Mundial com as maiores maratonas do mundo –Nova York, Chicago, Berlim, Boston, Londres e Tóquio, além do Mundial e da Olimpíada–, vai obrigar que vencedores eventualmente pego no doping não apenas percam seus títulos mas também tenham de devolver os prêmios e outras compensações financeiras que tenham recebido.

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Algumas considerações sobre meias de corridas

Por Rodolfo Lucena
04/03/13 09:49

Eu adoro meias. Nas lojas de artigos esportivos, sempre vou ver os novos tênis de corrida e, em seguida, dedico atenção à área de meias. Não só porque gosto de ficar com os pés quentinhos mas também porque aprendi, a duras penas, que meias ruins podem acabar com a corrida do vivente.

O aprendizado foi longo. Nas minhas primeiras corridas, usava meiões de futebol, do Grêmio, é claro. O ajuste era perfeito, a parte do pé tinha bastante elástico ou seja qual for o material usado, de modo que ficava tudo bem apertado, sem bolhas nem áreas que pudessem causar atrito maior do que o indispensável.

O problema era a parte de fora do tênis, o cano da meia. Vinha quase até o joelho e ainda tinha uma cobertura extra, que dobrava sobre a própria meia, como um acabamento de arrumação de lençol…

Nas primeiras corridas, tudo bem. Mas, à medida que a meia era submetida a sucessivas lavagens, o ajuste na perna ia ficando mais relaxado, e uma perna nunca era igual à outra. Para piorar, vários corredores mais experientes não se furtavam de dar opiniões não solicitadas, dizendo que a meia era ruim porque fazia muita pressão na perna (veja que, hoje em dia, há especialistas que afirmam justamente o contrário…).

Um desses “conselheiros”, ao passar por mim nas 10 Milhas do Rotary em Paranapiacaba, sugeriu que eu baixasse os meiões para não me prejudicar… Fiquei com muita raiva do cara, tanto que, 15 anos depois,  ainda me lembro da opinião mal vinda; de qualquer forma, minha resposta foi fazer o que eu pude para passar dele e deixá-lo bem para trás. Foi difícil, mas consegui.

Donde se conclui que, na minha modesta opinião, ninguém deve fazer comentários não solicitados sobre a corrida do outro. Muito menos piadinhas, como dizer: “Mijando, hein???!!!”, quando um sujeito está se aliviando durante uma corrida. Mas voltemos às meias.

Percebi que, em algum momento, precisaria aposentar as tais meias de futebol. Para a minha primeira maratona, não sabia o que usar. Encontrei umas meias brancas com elastano ou coisa que o valha e resolvi experimentar.

Resumo da ópera: cheguei ao km 38 com uma enorme bolha no meio do pé direito, a quem até hoje culpo por não ter feito sub4h no meu debute maratonístico (fiz 4h00min20, se não me falha a memória; na foto, está 00min35, mas eu já tinha passado da linha…).

Bom, rodei por diversas meias disponíveis cá por estas bandas até que visitei a feira da Two Oceans Marathon, minha primeira ultra. As meias apresentadas pelo estande da germânica Falke era por demais atrativas, e acabei comprando. Pela primeira vez, lá em 2002, via meias desenhadas especialmente para cada pé, fofas, com amortecimento extra no calcanhar e mais um fofinho no meio do pé.

Ainda fiz um pouco de * doce, argumentando comigo mesmo que a gente não deve usar nada novo em provas, muito menos no debute no mundo das ultramaratonas, uma prova de 56 km com uma subida de 5 km para rei da montanha nenhum botar defeito. Mas a Eleonora rapidamente me convenceu a usar as tais meias, já que elas pareciam tão boas, tão melhores do que qualquer coisa que eu jamais havia usado.

E eram mesmo e são mesmo. Por isso, fica aqui minha primeira dica. Se algum dia você vir meias Falke à venda, dê uma olhada, experimente, avalie o preço –elas costumam ser caras.

Minha segunda experiência com meias importadas foi pela internet: fiquei vendo resenhas das meias Kayano, da Asics, e queria muito experimentá-las (tinha comprado apenas dois pares da Falke, que já estavam pelas tabelas, apesar de usá-las só em superlongões ou maratonas). Quando Eleonora viajou com as meninas para Nova York, pedi que me trouxesse um par.

Exagerada, trouxe seis! Dei um para meu irmão e até hoje ainda tenho quase todos os outros pares. Fui usando cada um até a exaustão; quando perdiam um pouco da elasticidade, deixava para provas mais curtas. Elas lembravam as Falke no uso de acolchoamento especial em partes da meia e também tinham bom ajuste. Mas era de cano curto, quase invisíveis, e imaginava que iriam ser engolidas pelos tênis nos puxa-e-repuxa da corrida. Nada disso aconteceu, e as meias são muito boas mesmo.  Com elas, fui me adaptando a usar meias de cano curto ou mesmo essas ditas invisíveis, que parecem estar mais em voga.

A vantagem das compras no exterior é o custo: as meias Kayano, que custavam cerca de US$ 15, era vendidas aqui por R$ 60 na época em que as ganhei. Mas hoje há modelos importados ou produzidos aqui no Brasil com preços razoáveis e bom desempenho.

Ultimamente, por exemplo, venho usando em algumas provas mais longas um modelo da Mizuno vendido a menos de R$ 20 em lojas especializadas, o que me parece ótimo custo/benefício.

Praticamente todas as marcas passaram a oferecer meias de corridas desenhadas especialmente para cada um dos pés, o que ajuda a não deixar espaços e melhora o ajuste. Muitos modelos também vêm com amortecimento extra –não sei se ajuda alguma coisa em relação ao impacto, mas é muito bom, especialmente para andar em casa, sem tênis (não se deve fazer isso com as meias da maratona, mas às vezes eu faço…).

Em suma, vejo que a oferta de boas meias de corrida nas lojas brasileiras melhorou muito nos últimos dez anos. Os preços estão bem mais razoáveis, e a qualidade é aceitável ou boa mesmo em produtos vendidos em pacotes com dois ou três pares.

Bom, isso não vale para as atuais estrelas do mercado, as meias de compressão. Elas chegam a custar R$ 200 (mesmo no exterior são caras, por mais de US$ 50), e para mim pouco importa se funcionam ou não –há muita polêmica a respeito. Eu não pago mais de R$ 30 numa meia de corrida e pronto.

Talvez, porém, para quem faça repetidamente longos voos, valha a pena comprar meia de compressão. Elas evitam ou reduzem o inchaço dos pés, segundo me dizem. Mas, para essa função, há aquelas meias para grávidas que são bem mais baratas.

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A volta do maratonista que não correu

Por Rodolfo Lucena
28/02/13 11:16

Essa confusão toda da troca de datas da maratona de São Paulo me lembrou de uma passagem que enfrentei no último fim de semana: fui a Montevidéu correr uma meia maratona que acabou cancelada, transferida para este domingo agora.

É bem possível que só houvesse eu de estrangeiro, pois era uma corrida quase paroquial, organizada por um grupo de pais corredores para arrecadar fundos para uma escola do interior uruguaio, no distrito de Canelones.

Ela me atraiu pelo nome, Rocas y Vides, rochas e parreirais, e por que se encaixava perfeitamente na minha planilha de treinos. Além do que, um pulinho a Montevidéu sempre é um passeio gostoso e mais barato do que passar um fim de semana no litoral norte de São Paulo.

Bueno, pois me fui. A prova seria no domingo, cheguei na sexta à tarde e fui logo dar uma corridinha para desenferrujar os ossos. Coisinha leve, 40 minutos olhando as belezas do Rio da Prata, sentindo o vento morninho, porém poderoso –logo que comecei a enfrentá-lo, perdi quase um minuto por quilômetro, que fui recuperando aos poucos–, e bebendo um pouco da história local ao passar pelos prédios da Ciudad Vieja, cidade velha.

Pois qual não foi minha surpresa ao ver, quando passava pela orla, um certo “Espacio Libre Luiz Carlos Prestes”, homenagem dos hermanos ao Cavaleiro da Esperança. Achei muito bacana, mesmo que o tal espaço fosse modesto ao extremo, como você pode ver na imagem abaixo. Em compensação, era livre e abraçado pelo rio da Prata…

Passei o sábado na maciota, conheci dos corredores envolvidos na divulgação da corrida, que me falou maravilhas da região e garantiu que seria uma corrida hermosa para mais de metro. Era o que eu também esperava e fui dormir cedo para aguentar o rojão do dia seguinte –minha última prova longa tinha sido a São Silvestre, se é que dá para se chamar a SS de prova longa; depois, fizera um treino de 18 km havia uns 15 dias e só; o resto era rodagem lenta.

 Apesar de meu esforço para descansar, a moçada local não deixava: a uma quadra do meu hotel tinha uma balada que mandava ver no som altíssimo. E não era o pior: o que incomodava mesmo era a cantoria desafinada e ruidosa do pessoal que ficava na rua…

E foi irritado que acordei no meio da noite com mais um barulhão, que imaginava ser da garotada enfezada e animada por muita cerveza. Mas eram trovões poderosos, chacoalhando os céus e anunciando tempestades.

Menos mal, pensei, a chuva deve desanimar os cantantes e embalar meu sono; até de manhã, já terá passado…

Que nada: ainda fui várias vezes acordado por trovões e percebia o céu riscado por raios. Foi quando comecei a pensar que a prova seria muito arriscada, pois era em terreno aberto, campos, sem prédios ou para-raios que pudessem defender os corredores –logo veio à lembrança o caso dos namorados mortos por uma descarga elétrica celeste em uma praia paulista…

Bueno, se tivesse a corrida, iria correr, então o melhor era tentar descansar, apesar dos raios, trovões e da cantoria, que a chuva não tinha intimidado os festeiros…

Pouco antes de o despertador me chamar, toca o telefone: o corredor que havia sido meu anfitrião no dia anterior avisa que a prova fora cancelada por causa do temporal e da tempestade elétrica, que tornava a região pouco segura.

Fazer o que, não é? Podia sair correndo pela orla, mas ainda estava chovendo forte.

Mas fazia silêncio. A balada tinha terminado ou se desmilinguia… Então, só havia uma opção: virar para o lado e dormir o quanto desse. A meia maratona Rocas e Vides, para mim, já é passado. Espero que os que forem neste domingo aproveitem e se divirtam muito.

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Corredores protestam contra mudança de data da maratona de São Paulo

Por Rodolfo Lucena
26/02/13 10:56

As redes sociais estão bombando com gente reclamando da mudança de data da maratona de São Paulo, que estava marcada para 28 de abril e foi transferida para seis de outubro. A mudança foi anunciada ontem pelos organizadores, em um texto que tentava mostrar que isso seria muito bom para os atletas.

Ao que parece, os corredores não compraram a ideia; ao contrário: afirmam que isso prejudica seus planos de treinamento e lembram que muita gente já estava começando os treinos específicos para a prova. Afinal, como sabemos, a preparação para uma maratona não é apenas ir dar um pulinho ali na esquina, mas envolve meses de preparação e planejamento.

“Q louco, virou moda desconsiderar corredor q se programa p treinar”, escreveu uma corredora (não vou citar nomes porque, apesar de os comentários serem públicos, não pedi autorização para usá-los). “Que Beleza!!! Zona pouca é bobagem!!!”, emendou outro.

Um experiente treinador deitou o verbo: “Mudar a data de uma maratona nove semanas antes é quase que adiar o casamento na véspera…” E ainda ironizou: “São só 6 meses de diferença. Dá pra prolongar o ápice da forma!!!”

Bem, segundo o comunicado divulgado pelos organizadores, a mudança ocorre “por conta das obras do Monotrilho e dos grandes eventos que estão por vir”. Em seguida, especifica: “A alteração, além de proporcionar a melhoria do evento, ainda possibilitará que a Maratona se consolide no terceiro trimestre, que não conflita com a reestruturação dos órgãos públicos competentes, com as obras do monotrilho na Av. Jornalista Roberto Marinho que reduziram a área de infraestrutura da prova, e com os espaços de divulgação de grandes eventos do calendário internacional que acontecem no país como a Meia Maratona de São Paulo, Copa das Confederações, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos.”

Se as obras atrapalham a realização da maratona no trajeto atualmente proposto, por que não mudam o percurso, que já sofreu várias alterações ao longo de sua história? E as obras já não estavam em andamento quando a maratona foi inicialmente marcada?Quanto aos outros eventos, eles já estavam previstos, já se sabia que iram acontecer quando a data da maratona foi marcada.

Conversei com a assessoria da prova, que apenas reafirmou os motivos expostos no comunicado, dizendo também que o objetivo é “consolidar” a prova no segundo semestre –o que quer que isso signifique. Também me disseram que estão recebendo muitos telefonemas com reclamações de corredores insatisfeitos com a troca.

Volto agora ao texto do comunicado. Falando de outras alterações no desenho da prova, afirma: “A primeira delas diz respeito ao percurso, com Largada e Chegada no Ibirapuera, no mesmo ponto, como já aconteceu em 2007 e foi aprovada pelos corredores”.

Ora, se a organização constatou, em 2007, que os corredores aprovavam esse esquema, por que não o manteve? Preferiu fazer um projeto que não era aprovado pelos corredores?

A frase seguinte do comunicado levanta dúvida semelhante: “Esta mudança acabará com a necessidade de deslocamento dos competidores através das linhas de ônibus”. Se consideravam ruim esse deslocamento, por que fizeram, até agora, um percurso com largada e chegada em locais muito distantes, exigindo o transporte de volta ao final da prova?

Bom, em contrapartida, há reivindicações dos corredores que finalmente parecem chegar aos ouvidos dos organizadores, que prometem largadas em ondas a partir das 8h25.

Já o horário continua muito ruim, prejudicando sempre os mais lentos, que vão largar ainda mais tarde por conta das partidas em etapas (o intervalo entre as saídas não está informado no regulamento).

Não está no regulamento, mas aparece no comunicado a informação de que “ao longo do percurso de 42,2 km, os atletas terão dez pontos com atrações musicais, dois  postos de hidratação com isotônicos, dois de distribuição de gel, 18 postos de Água, dois inéditos postos de distribuição de carboidratos naturais ou frutas secas”. Quero ver! E espero que a água seja gelada, não quente como a oferecida na São Silvestre…

O comunicado diz ainda que as inscrições já feitas estão válidas para a prova de outubro (alguém esperava que isso fosse diferente?). Não está escrito, mas o assessor de imprensa da Yescom me disse por telefone que também é possível pedir restituição do dinheiro, se o inscrito não aceitar a troca de data. Para saber mais, entre em contato com a organização usando o botão “Fale Conosco” no site oficial da prova, AQUI.

O  comunicado dos organizadores da prova não se refere, porém, a um outro aspecto que vem sendo levantado por leitores deste blog: quem paga o prejuízo dos corredores de fora da cidade ou do Estado, que já compraram passagens e fizeram reserva de hospedagem. Alguns leitores dizem que vão procurar informações sobre o que diz a legislação do consumidor sobre casos como esse. O prejuízo pode ser bem maior do que a simples inscrição na prova.

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Sistema de inscrições para a maratona de Chicago entra em colapso

Por Rodolfo Lucena
21/02/13 13:38

A maior maratona do mundo não conseguiu resistir à avalanche de corredores que queriam participar do evento em 2013: o site da maratona entrou em colapso nesta semana horas depois de iniciado o processo de inscrição. Imagine isso na Copa, diria alguém (aliás, muita gente disse em mensagens no Facebook).

Em alguns casos, houve muita demora para completar o processo de inscrição; em outros, o corredor se viu inscrito várias vezes.

Segundo os organizadores, o site Active.com já reembolsou 99% dos registros feitos em duplicata –e as vítimas já deveriam ter recebido e-mail com as informações.

Excluindo os casos de duplicação, ainda restam 15 mil vagas para a corrida, que será realizada em outubro. Há expectativa de que as inscrições sejam reabertas a partir de segunda: os organizadores já avisaram que, antes disso, nem pensar.

Interessados em tentar uma vaga na corrida devem ficar visitando o site ou conferindo a página da prova no Facebook.

E, se você estranhou que eu disse que a maratona de Chicago é a maior do mundo, lembre-se de que não houve a prova de Nova York no ano passado, por causa dos efeitos do furacão Sandy na cidade. Assim, a corrida da Cidade dos Ventos é a atual campeã em número de concluintes.

Os números de concluintes no ano passado, nas cinco mais concorridas maratonas, foram os seguintes:

37.437 – Chicago  
36.672 – Londres
34.678 – Tóquio
34.377 – Berlin  
32.980 – Paris

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Menino de 9 anos corre maratona na Antártida

Por Rodolfo Lucena
19/02/13 09:31

Eu não venho dizendo que está cada vez menor a idade de ingresso nas maratonas? Agora um menino norte-americano de nove anos está numa empreitada de tirar o fôlego de muito adulto em boa forma: correr uma maratona em cada um dos sete continentes.

Antes de continuar, tenho a dizer que, lá pelo quarto ano primário, no milênio passado, quando estudei a geografia do mundo, eram cinco os continentes –e a eles me refiro em meu livro “Maratonando – Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes”.

Nos dias que correm, porém, os norte-americanos lançaram a moda dos sete continentes: consideram América do Norte e América do Sul como dois continentes e incluem ainda a Antártida. O que dá os tais sete, que alguém já disse ser conta de mentiroso, mas eu não confirmo nem sei de onde veio essa história.

O que eu gostaria de saber é por que a América Central não entra nos cálculos ou se consideram que a dita cuja está incorporada a uma das outras. Também o Ártico deveria ser considerado, a seguir a lógica deles. De qualquer forma, o certo é que há até um Clube dos Sete Continentes, que inclui maratonistas que correram pelo menos uma prova nas Américas (Norte e Sul), Antártida, Europa, África, Ásia e Oceania. Há até recordes pelo tempo somado de cada prova e pelo tempo total gasto para realizar toda a empreitada (inclui viagens).

Se você for professor de geografia e puder esclarecer o caso, seja bem-vindo e desculpe pela ignorância.

Bueno, se ninguém impedir, logo o pequeno Nikolas Toocheck (foto Arquivo Pessoal) vai integrar esse seleto clube dos maratonistas dos tais sete continentes. Em dezembro passado, correu uma maratona em Delaware, nos Estados Unidos, e achou tudo muito divertido –percorreu certos trechos de mãos dadas com o pai, outros com a irmã, enfim, uma festança.

E tudo dentro do melhor espírito da benemerência: ele corre para arrecadar fundos para uma ONG que doa casacos para crianças pobres, como explica na sua página dedicada ao projeto Running The World for Children (Correndo o Mundo pelas Crianças, clique AQUI para vê-la).

Ele e a família estão tendo alguma dificuldade para organizar seu calendário de maratonas porque a maioria das provas não aceita inscrição de menores de 18 anos. Os organizadores da White Continent Marathon, porém, acharam que a presença do menino seria bacana para o evento, e lá se foi o garoto.

Apesar da pouca idade, o menino é um experiente corredor. Aos cinco anos, participou de uma prova de cinco quilômetros, mas encarapitado nos ombros do pai. Um ano depois, foi para o asfalto com as próprias pernas e não parou mais: já correu mais de cem provas em distâncias que vão de 400 m até a maratona.

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