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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Brasil volta ao topo do pódio na maratona do Rio

Por Rodolfo Lucena
08/07/13 11:01

Por apenas oito segundos, a história não se repetiu. Diferentemente do ocorridos nos últimos três anos, um queniano não foi o campeão da maratona do Rio. E, como se fosse a ordem do dia, o tabu também foi quebrado na meia maratona, que não via uma campeão brasileiro desde 2008.

Na prova principal, o baiano Giomar Pereira dos Santos completou em 2h18min03, oito segundos à frente do queniano Willy Kimutai. Na meia, o paulista Altobeli Santos da Silva fechou em 1h04, apenas cinco segundos à frente do queniano Eliya Sidame.

Aos 42 anos, Giomar festeja o feito: “Minha especialidade é a prova de 10 km, e por isto a vitória aqui no Rio de Janeiro é ainda mais gratificante. O momento mais complicado da prova foi na subida próxima ao quilômetro 13, mas consegui me recuperar na descida e reencontrar o bloco dos líderes. Quando cheguei ao quilômetro 38 e vi que estava entre os três melhores, pensei: ‘Tem 20 mil pessoas me esperando! Não vou perder. Vou para o tudo ou nada’. Aí deu tudo certo”, disse ele, segundo texto divulgado pela assessoria do evento.

Para o paulista Altobeli, de 23 anos, a vitória foi um prêmio à audácia: “Antes de largar, não pensava em vitória, mas, no decorrer da prova senti que estava bem. Quando cheguei ao final, no quilômetro 20, o Giovani, meu parceiro de equipe, falou: ‘Se você está bem, sai do bolo!’ Aí eu acelerei e só pensei na linha de chegada”.

A campeã da maratona foi a queniana  Letay Hadush, com 2h40min18; a melhor brasileira foi Marily dos Santos, que chegou em quarto lugar. Na meia, a vencedora foi também queniana, Ednah Mukhwana, com 1h16min08; Sirlene do Pinho, a melhor brasileira, completou na quinta colocação.

No geral, o evento (foto Divulgação), que incluiu também uma corrida para a família, reuniu 22 mil participantes, segundo a assessoria da prova.

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Professores de Itararé aprendem a correr

Por Rodolfo Lucena
05/07/13 11:54

Pois o conto eu lhe conto como o conto foi. Estava eu subindo as escadarias que me levariam a uma exposição de lembranças do Movimento Olímpico quando ouvi alguém chamar meu nome. Magricela, vestido com uma berrante camiseta de corrida verde-limão, o sujeito se apresentou: “Sou Guilherme, de Itararé!”.

Apesar de ser ainda cedo na manhã de domingo, deixei que a resposta tivesse o bom humor que não me caracteriza: “Itararé? Só conheço o Barão de Itararé, mas ele é gaúcho”, brinquei, lembrando o grande jornalista e iconoclasta de carteirinha Aparício Torelly, também conhecido como Aporelly.

Meu interlocutor sorriu amarelo: “Ele era um brincalhão. Dizia que não era barão, mas, como em Itararé também não houve batalha, dava tudo na mesma”.  É que, nos idos de 1930, quando Getúlio Vargas levantou o Sul contra o poder central, dizia-se que os chegantes seriam parados em Itararém, na fronteira de São Paulo com o Paraná, onde se daria a mais sangrenta batalha da história da América (quiçá, do planeta Terra).

A diplomacia falou mais alto, e nada de bala com bala, muito menos sangue no asfalto: “Fizeram acordos. O Bergamini pulou em cima da prefeitura do Rio, outro companheiro que nem revolucionário era ficou com os Correios e Telégrafos, outros patriotas menores foram exercer o seu patriotismo a tantos por mês em cargos de mando e desmando… e eu fiquei chupando o dedo. Foi então que resolvi conceder a mim mesmo uma carta de nobreza. Se eu fosse esperar que alguém me reconhecesse o mérito, não arranjava nada. Então passei a Barão de Itararé, em homenagem à batalha que não houve”, disse mais tarde Aporelly (1895-1971).

Eu já sabia de tudo isso, então essa conversa não foi necessária com o Guilherme, que logo passou ao que interessava: “Viemos em mais de 30 pessoas de Itararé só para correr a prova noturna de ontem –uma corrida de 10 km na Cidade Universitária, no último sábado”.

A coisa ficou ainda mais interessante quando ele me disse que eram quase todos professores de escolas públicas, que estavam começando a treinar, aprendendo a correr. E que financiavam a viagem com o apoio do povo da cidade: venderam rifas e pizzas ao longo do mês para conseguir recursos para o transporte e as inscrições.

Então achei que era uma história que merecia ser contada e até tirei uma foto do grupo que, naquela manhã domingueira, também ia visitar a exposição sobre os Jogos Olímpicos –falando nisso, foi muito bacana, pena que acabou no domingo passado.

A turma tinha 22 corredores –nove fizeram o percurso de 5 km–, inteirando 34 no total, com agregados (filhos, cônjuges, torcida), contou o Guilherme, que por nome completo é Guilherme Marques Gorski. Formado em educação física, esse professor de 47 anos trabalçha como supervisor de ensino no município, que fica a cerca de 360 km da capital paulista. Corredor desde 2002, tem 16 maratonas nas costas e é o inspirador da Equipe 28 de Agosto – 100% Itararé, que tem por objetivo incentivar os itarareenses a praticar atividade física.

Desde o ano passado, um dos pontos fortes do grupo é ensinar professores a correr, como nos conta Guilherme:  “Diretoria de Ensino da Região de Itararé, algumas professoras coordenadoras e funcionários se interessaram pela prática da corrida e resolvi convidá-los para participar”.

Para incentivar a turma, colocaram como meta a prova de 10 km que integra a Maratona Internacional de São Paulo daquele ano. Foi uma beleza, orgulha-se Guilherme: “No dia 17 de junho de 2012, 16 atletas da nossa equipe completaram o percurso. Na maioria, era um pessoal que nunca havia corrido nem mesmo praticado alguma atividade física regularmente, e isso chamou a atenção dos demais colegas”.

A conquista virou assunto no trabalho, na cidade: “No dia após a corrida, voltando ao batente, combinamos de todos irem vestindo a camiseta da prova e levando a medalha conquistada. Não deu outra, muitos outros foram contaminados e começaram a participar dos treinos coletivos, que sempre fazemos nos finais de semana”.

As chefias apoiaram a mensagem se espalhou. “Em outubro de 2012, fomos em 36 corredores para a etapa São Paulo do Circuito de Corridas de Rua da Caixa, que teve a largada e chegada no Estádio do Pacaembu. Nessa prova conseguimos dois pódios nas categorias por faixa etária”.

Apesar do apoio das chefias locais e regionais, o grupo não tem suporte financeiro para bancar viagens. “Resolvemos vender pizzas para arrecadar o dinheiro para custear o transporte e hospedagem de todo o pessoal. A dificuldade nos uniu ainda mais. Fizemos parceria com uma padaria e vendemos as pizzas feitas por ela, recebendo uma comissão em cada pizza vendida. Cobrimos todas as despesas e ainda teve uma sobra, que investimos no transporte dos alunos das escolas estaduais, que levamos para a São Silvestrinha”.

E assim a equipe segue correndo, aprendendo e ensinando a lição um pouco mais e melhor a cada dia.

Poética, a frase acima seria um bom fecho para este texto, não fosse a minha vontade  de ainda falar alguma sobre Itararé, o Barão, não a cidade nem o grupo de corridas. O cara foi um figuraço e merece ser mais conhecido.

Era especialista em frases prenhes de ironia, veneno e verdade: “A pessoa que se vende recebe sempre mais do que vale” é demolidora, enquanto “Triste não é mudar de ideia, triste é não ter ideias para mudar” serve como dica de vida.

Vale a pena ler “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”, uma seleção de textos de humor publicados por Aporelly no seu jornal-veneno, o “A Manha”, que tinha como slogan “Quem não chora não mama”. O prefácio é de Jorge Amado, que foi comunista como o Barão. Aporelly também é o inspirador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

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Adidas lança tênis diferenciado com preço mais diferenciado ainda

Por Rodolfo Lucena
03/07/13 17:06

Mil reais. Ou, para ser preciso, R$ 999,90. Esse é o preço sugerido para o novo tênis de corrida da Adidas voltado para o que a empresa chama de “mercado premium”. Foi desenvolvido a partir de propostas partidas do Brasil, tendo o usuário brasileiro como alvo, segundo foi dito em coletiva de lançamento nesta quarta-feira.

O que o brasileiro quer?, perguntei eu. “O brasileiro é louco por muito amortecimento e gosta de tecnologia visível”, afirmou Caio Amato, gerente da adidas do Brasil para o mercado de corridas.

E, pelo jeito, também gosta de pagar caro.

Tecnologia visível está clara no Springblade, nome do produto que chega às lojas brasileiras no mês que vem. O nome se refere à sua estrutura de sustentação: uma tradução razoável seria “mola feita de lâminas”.

E é disso mesmo que se trata: a sola do Springblade é um conjunto de 16 lâminas de plástico especial, cada uma delas com um pezinho de borracha não menos especial.  Por causa desse formato, a resposta do tênis ao impacto no solo é uma propulsão à frente. De acordo com o material de divulgação, isso cria “uma sensação de retorno explosivo de energia”.

A estrutura toda me parece muito rígida, mas isso é uma sensação de quem apenas teve o calçado nas mãos (não tinha o meu número para experimentar). Segundo a empresa, o amortecimento é até maior do que no seu topo de linha Boost, e as lâminas são flexíveis e resistentes. Amato disse que o Springblade tem bala para mais de 600 quilômetros.

Pelo menos, a empresa não promete que ele corra por você. Ao contrário, Amato deixou claro que o Boost dá um retorno maior de energia –em outras palavras, o Sprinblade “é mais lento”. Por causa disso, seu uso deve ser mais cansativo, em longas rodagens, que o do atual top de linha no mercado de corridas.

Inicialmente, o Springblade estará disponível no Brasil, nos EUA e alguns países da América Latina.

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Aos 92, morre na França maratonista que foi a “sombra” de Zatopek

Por Rodolfo Lucena
01/07/13 12:13

O campeão da maratona olímpica de Melbourne-1956, Alain Mimoun, morreu na noite de quinta-feira última em Champigny-sur-Marne, um subúrbio de Paris.

Mimoun nasceu em 1º de janeiro de 1921, na Algéria, que na época era colônia da França (portanto os lá nascidos tinham nacionalidade francesa). Vinha levando uma vida ativa, dentro das possibilidades –em 2004, foi um dos atletas que carregaram a tocha olímpica durante a passagem da chama por Paris.

Ele foi um dos primeiros corredores de longa distância vindos da África.

Na Olimpíada de Londres-1948, enfrentou nada menos que um então quase desconhecido soldado tcheco, Emil Zatopek. Ficou para trás nos 10.000 m e, além da medalha de prata, sentiu o gosto amargo da derrota.

Dois anos depois, tentou dar o troco no campeonato europeu. Sem sucesso, ficou novamente em segundo, agora nos 5.000 m e nos 10.000 m, perdendo para Zatopek.

Treinou o que deu para a Olimpíada seguinte, pensando em se recupera nas provas de pista. E aconteceu o que se sabe: em Helsinque-1952, Zatopek se consagrou como o maior corredor de fundo da histórica olímpica, com ouro nos 5.000 m, ouro nos 10.000 m e ouro na maratona. Para Mimoun, restou a glória de ser conhecido com a sombra da Zatopek (na foto AP, ele está atrás do grande tcheco nos 10.000 m em Helsinque).

O francês não era brasileiro, mas não desistia fácil. Voltou a enfrentar Zatopek em 1956, nos Jogos de Melbourne. Dessa vez, a roda da vida girou a seu favor. Tornou-se campeão olímpico da maratona, mas não saiu da pista até a chegada de seu rival, que completou em modesto sexto lugar. Pediu um abraço e recebeu: “Para mim, valeu mais do que a medalha”, disse então Mimoun.

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Cuidado: cansaço detona a biomecânica de corredores novatos

Por Rodolfo Lucena
28/06/13 11:08

O título deste texto parece óbvio –e talvez seja mesmo. A diferença é que o senso comum acaba de ser brindado com comprovação médica e científica. Melhor: com a demonstração de como a mecânica da corrida é modificada pela cansaço. O que pode ajudar o corredor a fazer o ajuste necessário.

O estudo comprobatório foi publicado no Journal of Science and Medicine in Sport e divulgado no site da “Runner`s World”. Segundo a avaliação de um grupo de cientistas da Alemanha e da Escócia, ao cansarem, os corredores menos experientes tendem a inclinar mais o tronco para a frente, enrijecer a lombar, deixando-a mais reta, e pronar de forma mais acentuada –isso significa aumentar o movimento do calcanhar para dentro.

Essa é uma combinação explosiva, pois pode dar origem a uma série de lesões que é melhor a gente nem começar a listar.

A pesquisa se apresenta como inovadora por avaliar a forma dos corredores (sua biomecânica) depois de cansados. Trabalhou com corredores iniciantes –supostamente, corredores mais experientes já passaram desse estágio e têm mais consciência de sua forma durante o exercício.

A principal mudança na forma foi o grande aumento da inclinação do tronco para a frente, o que faz com que o corpo se torne ainda mais pesado e contribui para o tal endireitamento da lombar (reduzindo bastante sua curvatura natural).

“O corredor deve ficar atento à sua forma durante os treinos”, recomenda o doutor Evert Varhagen, um dos condutores do trabalho. “O treinamento não deve ser apenas para melhorar a velocidade e a resistência mas também para desenvolver uma boa postura de corrida.” E conclui: “Quando cansado, é melhor ir um pouco mais lento, mas focar na boa biomecânica, tentando manter o equilíbrio”.

Acho que mesmo corredores mais experientes dão essa caidinha quando o bicho pega. Um treinador me deu uma dica que é bem didática e fácil de seguir: mantenha a cabeça longe das coxas. No cansaço, você vai inclinando o tronco para a frente, e as pernas já não se movem tão rapidamente: visto de lado, o corredor exausto tende a parecer um “c”. É a hora de fazer das tripas coração, erguer o tronco, olhar para o horizonte e empurrar o chão.

Como diz o povo: Vamo que vamo. E saravá!

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Hotel dos EUA cria cargo de recepcionista de corredores

Por Rodolfo Lucena
26/06/13 10:54

Vai dizer que este não é o emprego de seus sonhos: ficar o dia inteiro disponível para correr por aí, rodando com pessoas interessadas em ouvir suas explanações e piadas [algumas são meio sem graça, aposto], viajando para participar de corridas com tudo pago… Ô lê lê, que beleza!

Tem o lado B: você vai precisar também cuidar de inscrições de seus clientes, organizar a retirada dos kits e garantir que tudo mundo volte são e salvo.

Ah, e você vai ter de disputar a vaga com mais de 500 outros candidatos. Todos já têm várias maratonas nas costas (pelo menos meia dúzia) e completaram pelo menos uma no ano passado, o que é uma das exigências do cargo.

Gostou? Pena que não é aqui no Brasil, e sim nos Estados Unidos. A rede Westin, que tem cerca de 200 hotéis pelo país afora, resolveu criar a função de recepcionista de corredores, que vai cumprir as funções já descritas acima.

É efeito do DNA da rede, que tem sede em Seattle, Estado de Washington, que tem um povo muito disponível para o esporte, apesar do frio que faz na região (e da chuva, todos os dias, segundo a lenda). Foi lá que nasceu o grupo Marathon Maniacs, cujo nome (maníacos por maratona) dispensa outras explicações.

É consequência também do crescente número de corredores nos EUA e da grana que esse povo movimenta: no ano passado, as lojas especializadas em calçados de corrida faturaram US$ 94 milhões, segundo o Leisure Trends Group, serviço de pesquisas usado pela National Sporting Goods Association. Pode não parecer muito, mas lembre-se de que não é o total de vendas de produtos para corrida, e sim apenas o das lojas  especializadas.

“A maioria de nossos clientes é de viajantes a negócios, que passam alguns dias na semana. Muitos deles gostam de correr, e nós resolvemos fornecer serviços específicos para eles”, disse o vice-presidente de marcas da rede Westin, Bob Jacobs, também um corredor.

O nome do primeiro funcionário a ocupar o cargo será anunciado no dia 19 de julho.

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Melhor maratonista do mundo dá um banho também nos 10.000 m

Por Rodolfo Lucena
24/06/13 17:05

Você pode não concordar, preferindo talvez o recordista mundial Patrick Makau, mas muita gente boa pelo mundo afora aposta suas fichas em Geoffrey Mutai como o melhor maratonista do planeta na atualidade.

Com lesões incomodando seu desempenho nos últimos anos, ele não tem sido exatamente o mais rápido do mundo –título que ganhou ao vencer a maratona de Boston em 2011 cravando 2h03min02, marca que não valeu para recorde por causa das características do percurso da prova norte-americana.

Pois agora parece que Mutai recuperou seu espírito matador. No campeonato nacional do Quênia, no fim de semana, mandou ver nos 10.000 m. Do alto de seus 31 anos, deixou todo mundo comendo poeira e fechou em 27min55s3. E disse que, se não for incluído na seleção nacional para o Mundial de maratona, vai tentar uma vaga na prova de pista. O que ele quer é representar seu país na Rússia, em agosto.

“Mão há nada que dê mais alegria a um atleta do que correr por seu país. Já conquistei muitas coisas; meu desejo agora é ser lembrado por representar minha pátria.”

Suas chances são fortes, pois o bicampeão mundial Abel Kirui não vai defender seu título por causa de uma lesão. E Wilson Kipsang abriu mão da competição para tentar beliscar o recorde mundial em Berlim, em setembro.

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Corredor muda de assunto e fala de crianças e tecnologia

Por Rodolfo Lucena
21/06/13 08:14

Talvez você não saiba, mas por muitos anos fui o editor de Informática (mais tarde, Tec) na Folha. Com muita satisfação, continuo fazendo colaborações eventuais: neste mês, produzi uma reportagem escolas para crianças de menos de quatro anos que estão usando tablets como ferramenta de ensino. O texto de abertura da matéria publicada no impresso você encontra AQUI.

As entrevistas que fiz foram todas muito interessantes, mas uma teve o vigor do depoimento pessoal: falei com uma jovem que criou um blog para falar sobre a experiência de ser mãe, seu aprendizado diário e as travessuras do filho. A entrevista foi publicada no jornal, mas em formato resumido. Agora, publico o texto editado completo, seguido por dicas que podem ser úteis para quem tem filho pequeno.

Lucas, 2, convive com a tecnologia desde antes de nascer. Quando sua mãe descobriu estar grávida, começou um blog para registrar a nova vida; mais tarde, ela colocava músicas do YouTube para o bebê ouvir na barriga e observava os movimentos em reação. Hoje, o garoto já se diverte sozinho com alguns de seus aplicativos preferidos.

“O nascimento de Lucas foi uma boa revolução na minha vida”, diz Vanessa Cavasotto Leite, 36. Formada em turismo e atualmente estudando direito em Criciúma, ela conta nesta entrevista, realizada por e-mail, um pouco sobre o uso da tecnologia em família.

FOLHA – Quando você começou a oferecer para o Lucas brinquedos tecnológicos?

VANESSA CAVASOTTO LEITE – Os gadgets fazem parte da nossa rotina, estão presentes na nossa volta, então o Lucas sempre teve acesso a eles. Primeiro com o celular (iPhone) e em seguida com o tablet (iPad). Ele começou a usar mesmo com sete meses.

Quais os primeiros aplicativos que ele usou?

O primeiro aplicativo com que o Lucas “interagiu” foi o BabyPiano, um instrumento simulado com teclas coloridas e sons. Ele reagia com entusiasmo ao perceber que tocando nas teclas produzia sons diferentes.

Antes, já na gravidez, eu colocava músicas do aplicativo YouTube para o bebê ouvir na barriga e observava os movimentos em reação (é provado cientificamente que os bebês escutam e reconhecem vozes e sons dentro da barriga). Outro contato do Lucas com gadgets antes mesmo que ele pudesse interagir foi com um aplicativo que emite white noise, som estático que promete ajudar a acalmar o bebê e fazê-lo relaxar para dormir melhor, abafando sons externos. Tínhamos também o aplicativo Relax Melodies, que tem som de útero materno, música de ninar e muitos outros barulhinhos.

Como se desenrolou a interação dele com o tablet?

Logo fomos conhecendo outros aplicativos direcionados aos bebês e às crianças e selecionando aqueles que despertavam o interesse do Lucas. Quando bebê, na maioria das vezes, ele esperava que a gente interagisse por ele com o aplicativo, era uma atividade passiva onde ele aguardava a gente selecionar o aplicativo, abrir e no máximo ele tocava numa figura ou outra. Com o tablet, ele já conseguia encontrar o aplicativo mais facilmente e escolher ativamente, com a própria mãozinha, virar páginas, fechar aplicativo e escolher outro.

Ele pede o tablet para brincar?

Sim, ele pede o tablet. Mesmo antes de falar, quando balbuciava palavras, ele já pedia por um ou outro aplicativo, expressando as preferências. Até os dois anos, por exemplo, ele pedia muito pelo aplicativo da “cocó” (Galinha Pintadinha), com músicas da famosa turminha. Hoje ele é bem mais ativo no tablet. Gosta dos aplicativos em que ele pode interagir, como os de quebra-cabeça, jogos de memória e historinhas interativas.

Não estipulamos um limite de tempo de uso do tablet. Em geral, o Lucas não fica mais que 30 minutos direto brincando com o gadget, ele cansa e volta para os carrinhos, o brinquedo preferido ainda.

O momento que ele fica mais tempo com o tablet são durantes nossas viagens de carro a Porto Alegre, que duram aproximadamente 3h. Mesmo assim ele não chega a ficar 1 hora com o iPad, pois cantamos, lemos historinhas nos livros que adora, conversamos sobre a paisagem, ele tira uma soneca e o tempo passa.

Como é, no geral, a rotina do Lucas?

Moramos em apartamento, então sempre que faz sol eu procuro levá-lo a uma pracinha aqui perto para brincar ao ar livre, correr, pular…

Na rotina do Lucas tem muita brincadeira com carrinhos, que são o brinquedo que ele mais gosta. Também procuro deixar ele experimentar e brincar com os objetos da casa (que não oferecem perigo obviamente), como panelas, colheres e um móvel onde ele pode riscar (criança adora desenhar nas paredes).

Nessa rotina tem lugar especial para leitura: o Lucas tem seus livros preferidos, que lemos todas as noites e muitas vezes durante o dia, conforme ele demanda. Ele vai para a escola e brinca com outras crianças, o que eu considero muito importante para o desenvolvimento intelectual e, principalmente, para o aspecto emocional. Ou seja, na vida do Lucas tem um pouco de tudo que uma criança pode e deve brincar.

 

OS DEZ MAIS DE LUCAS

Com comentários feitos por sua mãe, Vanessa

1. Pequerruchos: vídeos musicais de cantigas de roda brasileiras muito divertidos. Lucas adora e já aprendeu a cantar os refrões. É ótimo para viagens mais longas.

2. Agnitus: mesmo sendo em inglês, os gráficos facilitam o entendimento da criança, e as atividades são bem variadas e educativas. Excelente, pois ajuda até na aprendizagem de hábitos de higiene, como escovar os dentes, tomar banho. Também trabalha formas geométricas, cores, frutas e jogo de memória.

3. Toca Train: um trenzinho em que a criança toca o apito do trem, regula a velocidade, para e recebe passageiros, para e recebe carga e passa por um túnel. É bem legal, porque criança nessa idade (dois anos) adora trens e túneis.

4. Toys Monte: simula jogos de encaixe em madeira. É pedagógico, estimula o raciocínio lógico e habilidades cognitivas de raciocínio e memória.

5. Veículos quebra-cabeça para crianças e miúdos: também no estilo quebra-cabeça, como o Toys, com os mesmos benefícios de aprendizagem, mas com mais elementos e veículos, que crianças adoram: trator, carro, avião, trem etc.

6. Turma da Galinha Pintadinha: já virou um clássico da geração do Lucas, com canções próprias e outras tradicionais cantigas de roda da cultura nacional.

7. Families 1 (da First App): um jogo educativo que trabalha o desenvolvimento das habilidades cognitivas: classificação, generalização, conceituação, abstração. Também trabalha o desenvolvimento de habilidades motoras finas e a percepção visual. Como brincamos juntos, ajudamos a nomear as famílias, objetos, cores. A criança deve identificar num conjunto de figuras quais pertencem a um grupo ou família central e colocá-la no grupo a que pertence.

8. Kids Cars: é bem legal para encorajar a criança a começar a interagir com o tablet, pois simula uma garagem ou oficina onde a criança pode escolher as rodas do carro, trocar a cor, trocar o veículo, consertar o motor e dirigir até a outra garagem. Foi um dos primeiros aplicativos com que o Lucas brincou e brinca até hoje.

9. Thomas: do famoso trenzinho, tem vários aplicativos, mas o principal é o Hero Rails, que tem desenho animado, jogo de memória, quebra- cabeças e figuras para pintar. É bom por ter várias atividades.

10. Talking Pocoyó: do famoso menininho vestido de azul. Esse é muito legal, pois a criança interage bastante com o boneco. Quando a criança conversa com o Pocoyó, ele repete o que a criança falou com uma voz engraçada. A criança brinca com instrumentos musicais, escolhe a dança do boneco e adivinha qual animal o Pocoyó está imitando. Bem divertido mesmo.

PARA SABER MAIS, clique em Blog do Luke

 

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Motoristas nervosos xingam maratonistas em Porto Alegre

Por Rodolfo Lucena
20/06/13 12:33

Pois é, aconteceu logo em Porto Alegre, minha terra natal. No domingo passado, dia em que foi realizada a mais tradicional maratona deste país, que chegou à sua 30ª edição de forma ininterrupta, os motoristas da cidade demonstraram pouca paciência com as interrupções do trânsito.

É o que me conta o advogado Herivelto Francisco Gomes, 49, que reclamou do “mau humor” dos motoristas. “Eles estavam muito, mas muito impacientes com o fechamento dos cruzamentos, vários deles até xingaram os corredores”, conta o corredor, que completou na cidade sua 12ª maratona.

Alguns motoristas chamaram de “vagabundos” os maratonistas, diz Herivelto, lamentando também a falta de público ao longo do percurso da prova.

Em compensação, as mudanças que notou no trajeto da corrida –ele havia corrida a maratona de Porto Alegre em 2010—foram para melhor. “Ainda é o percurso mais rápido do Brasil, a organização da prova é excelente e o clima é sempre agradável”, diz, mesmo considerando que neste ano o dia estava “bem úmido e passava aquela falsa sensação de que não precisava se hidratar tanto”.

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Veterinário larga as drogas e descobre a maratona

Por Rodolfo Lucena
19/06/13 12:28

A maratona de Porto Alegre, realizada domingo passado, foi uma marco na vida do jovem veterinário CLEBER CASTILHANO VILARES. Foi sua quinta prova de 42.195 metros e celebrou seu quinto ano livre de drogas. Especializado em avicultura industrial, esse profissional de 32 anos trabalha oito horas por dia e dá um jeito de treinar seis vezes por semana. Ele mandou para este blog um relato de sua trajetória de redescoberta da vida, que publico a seguir.

“No dia 8 de julho de 2008, após dez anos de uso de drogas, decidi mudar o caminho da minha vida e tentar ficar apenas um dia sem usar drogas. A retirada doeu muito, foram dias intermináveis de crise de abstinência. Minha meta sempre “ficar apenas um dia sem usar” e um dia de cada vez foi passando e levando a dor embora.

Dois meses depois, em setembro de 2008, experimentei um novo vício em minha vida. Completei minha primeira prova, uma corrida de 5 km em Ribeirão Preto (a 330 km da capital), vizinha a Jardinópolis-SP, onde moro.

Em março do ano seguinte, corri outra prova de 5 km. Percebique gostava muito de correr, mas não com a língua para fora e por pouco tempo. Descobri a maratona: meus olhos brilhara e minha mente já foi projetando correr uma maratona em comemoração a data de um ano limpo de todas as drogas incluindo o álcool.

Minha estreia na maratona seria no Rio em julho de 2009. Fiz um check-up geral para saber se as drogas haviam causado algum efeito colateral.

Os exames não acusaram nenhuma sequela, até a hora da consulta com o ortopedista. Seu diagnóstico tinha ares definitivos: “Cleber, você tem 10 cm de distância entre o joelho esquerdo e o direito (pernas de cowboy), isto impede que você possa praticar corrida de rua. Haverá um grande desgaste terá nas articulações, provocando artrose nos joelhos. Procure outro esporte”.

Frustrado, procurei outro médico, que fez avaliação mais profunda: “Você é a prova viva de que tudo que eu aprendi na medicina sobre joelhos não se trata de uma verdade absoluta. Você adaptou seu movimento de corrida  às suas pernas tortas, por isso não sente dores. Está liberado para correr”, disse ele.

Retornei aos treinos para a maratona, com disciplina espartana – muito diferente de como eu levava outros aspectos de minha vida, em que sempre seguia em frente um dia de cada vez. Cheguei ao Rio para realizar meu grande e ambicioso sonho, porém um pico acentuado de ansiedade me fez acordar com crise de vômitos alguns minutos antes da tão esperada prova.

Senti uma dor fortíssima de frustração, desilusão e impotência enorme, mas minha esposa me deu forças e apoio. Consegui aceitar naquele dia as minhas limitações e não fui anestesiar o sentimento de dor com alguma droga.

Reavaliei meus erros e recomecei a treinar para a maratona do Rio de Janeiro de 2010, desta vez orientado por um treinador. Após correr, sentir câimbras, caminhar e correr, eu cruzei a linha de chegada do meu grande sonho. Completei a prova em 4h19.

Foi o sentimento mais profundo que já tive em toda a minha vida. Chorava e não entendia o que estava sentindo. O filme da minha vida passava em várias cenas pela minha cabeça, todas as batalhas, tombos, sacrifícios, tudo havia valido a pena ter sido vivido daquela forma para sentir um êxtase daqueles após a linha de chegada. Foi um sentimento que droga nenhuma me proporcionou com tamanha intensidade e com o gosto da realidade. Foi lindo saber que a vida compensava muito ser vivida.

Três meses depois, fiz a maratona de Buenos Aires: 3h29!!!

Mas os excessos cobraram sua dívida. Em 2011, tive uma crise psicológica de overtrainning, não tinha mais prazer em correr. Parei totalmente de correr por quatro meses até que consegui voltar.

Em maio de 2012, completei a maratona de São Paulo. Após quebrar e sofrer com câimbras, posso dizer que aquela prova foi meu grande professor em maratonas. Aprendi que a maratona merece o meu respeito.

Mantendo os treinos, voltei à maratona de Buenos Aires: 3h02 (foto Arquivo Pessoal). Aquele tempo era surreal em minha cabeça, demorou uns 15 dias para eu ficar convicto de que havia conseguido me credenciar para correr a maratona de Boston em 2014.

Comecei acreditar que seria possível fazer um sub3h se continuasse com a mesma filosofia de manter um peso e uma porcentagem de gordura baixos. Após a São Silvestre de 2012 (em 1h01), iniciei a preparação para a maratona de Porto Alegre deste ano. Foram 5 meses e 15 dias de treinamento, 1.609 km rodados e apenas duas provas disputadas (meia maratona da Corpore em 01h23 e 10 km da volta USP Ribeirão em 39min).

Eu me sentia bem treinado. O sonho de ser um sub3h piscava de hora em hora na véspera da prova.

Saí controlando o ritmo e segurando com muita força mental a tentação de acelerar no primeiro trecho de 10 km da prova. Estava me sentindo bem, leve, com muita facilidade no piso reto e plano e a temperatura baixa. O aprendizado da maratona de São Paulo sempre me vinha à cabeça: “Respeite a maratona, você vai acertar as contas com ela é no final”.

A cada 10 km eu diminuía cinco segundos no meu ritmo. Passei a meia em 1h27, estava bem, porém apreensivo aos sinais que meu corpo emitia durante a prova. Após o km 30, meu ritmo ficou mais intenso (3min55/km) e fui seguindo firme vendo alguns atletas andando, outros correndo torto como um zumbi e fui avançando e queimando minhas últimas reservas.

Cruzei a linha de chegada com o split negativo projetado e resultado final de 2h50min41. Tive o 49° lugar entre aproximadamente 1.300 concluintes.

O sonho de ser um sub3h estava concretizado na capital gaúcha. O esporte resgatou mais uma pessoa da morte, a vida foi celebrada na minha quinta maratona em cinco anos de abstinência total do uso de drogas.

A corrida venceu as drogas.”

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