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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Fracasso na maratona masculina coroa desastre do atletismo brasileiro no Pan

Por Rodolfo Lucena
29/07/15 12:38

Querido leitor, estimada leitora, começo pedindo desculpas pelo tempo que fiquei fora do ar. Estive no interior do interior do Brasil profundo, sem luz nem internet; em breve trarei notícias de coisas que descobri e aprendi.

Só agora, portanto, fiquei sabendo dos resultados do Brasil nos Jogos Pan-Americanos encerrados no último domingo em Toronto. Apesar de, obviamente, não ter visto nada, procurei estudar os dados para trazer para você minha opinião sobre o que aconteceu lá.

O título deste texto já dá uma pista e deixa claro minha decepção em relação às conquistas brasileiras no Pan. Não decepção como torcedor –ainda que também–, mas como avaliador que busca ter um mínimo de distanciamento crítico essencial para a prática do bom jornalismo.

Ubiratan José dos Santos foi o último colocado na maratona, Franck Caldeira nem sequer terminou a prova, vencida por um cubano com tempo de corredor amador. Os dois brasileiros citaram problemas físicos para justificar seu desempenho, mas há que lembrar que essa prova era o objetivo de ambos na temporada.

Claro que tudo pode acontecer em uma maratona e não é o caso de jogar qualquer um deles na fogueira. Mas o fato é que Ubiratan se classificou com 2h16 e alguma coisa e Franck fez 2h12 para ir ao Pan, onde a marca vencedora foi 2h17min04, o melhor resultado da vida do vencedor…

Esse fracasso “coroa” o pior desempenho do Brasil em Jogos Pan-Americanos em 44 anos, segundo levantamento feito pela ESPN. Com apenas uma medalha de ouro, o país teve agora performance similar à de 1971!!!!

Aliás, é bom que se diga: o ranking tradicional é feito assim mesmo, pela qualidade das medalhas, não pelo número. O Brasil NÃO ficou em terceiro lugar no atletismo, com suas minguadas 13 medalhas. O que importa é que, delas, apenas uma foi de ouro.

Isso deu ao Brasil um mero oitavo lugar no atletismo, atrás de Trinidad e Tobago, por exemplo (veja o quadro abaixo).

medalhas atletismo pan

Antes de prosseguir, falo ainda na maratona feminina, realizada logo no início dos jogos. Foi uma situação bem diferente: os treinadores das duas representantes brasileiras de antemão lembraram que as marcas das peruanas eram melhores do que as das brasileiras.

A corrida de Adriana Aparecida da Silva foi muito inteligente, como dá para ver pelas parciais a cada 5 km; Marily dos Santos confirmou o espírito que lhe vale o apelido de Guerreira das Alagoas. Elas perderam para corredoras que já tinha melhor retrospecto.

Claro que, de novo, na maratona como na vida retrospecto não dá medalha, mas é uma indicação das condições com que cada um entra na disputa (no caso da maratona masculina, o retrospecto era favorável aos brasileiros).

O resultado do atletismo brasileiro no Pan deveria ser encarado como o 7 a 1 da Alemanha no Brasil. Não dá para passar a mão na cabeça: é preciso encarar a realidade dos números e perceber que os prognósticos para Rio 2016 são tétricos.

Não desfaço do trabalho de ninguém. É evidente, no entanto, que o Brasil está longe de ter no esporte um desempenho condizente com suas tradições e seu potencial –a começar pelo que acontece no riquíssimo futebol.

Tudo isso é minha opinião. Há outras, que passo agora a incluir aqui no texto para que você tenha melhores condições de fazer o seu balanço.

A Confederação Brasileira de Atletismo publicou em seu site texto em que traz as seguintes palavras de seu presidente: “”Esperávamos um número maior de medalhas, tanto no total como em ouros”, disse o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, José Antonio Martins Fernandes, o Toninho. “No entanto, devemos considerar que esta edição do PAN foi a mais forte no Atletismo, desde os Jogos de Indianápolis 1987, nos Estados Unidos”, lembrou Toninho Fernandes. “É natural, assim, que as dificuldades tenham sido maiores em Toronto, do que nas edições anteriores”, observou o dirigente.

Eu conversei por internet com o presidente da Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo, Nelson Evêncio, que disse o seguinte: “O atletismo teve uma boa participação. Em número de medalhas (13) e não em número de medalhas de ouro, ficamos atrás somente dos EUA e do Canadá. Esperávamos medalhas de ouro no salto com vara masculino, feminino e na maratona masculina. No masculino, os dois atletas zeraram, no feminino a disputa foi mais forte que a disputa o olímpica e a prata da Fabiana Murer foi um ótimo resultado. Já com relação à maratona masculina, onde vínhamos em sequência de quatro ouros, o Franck alegou que teve uma lesão muscular durante a prova e o Ubiratan câimbras. O percurso era bem difícil e o clima ruim, favorecendo atletas mais lentos.”

Nelson também afirmou: “O nível técnico foi muito mais forte do que o esperado! Foram batidos 13 recordes pan-americanos.  Três atletas fizeram a melhor marca do ano em suas provas, seis dos que competiriam são líderes mundiais e vários fizeram marcas entre as cinco do mundo”.

Conversei ainda com o comentarista esportivo especializado em atletismo Cleber Guilherme, que disse o seguinte: “A participação dos brasileiros na maratona Pan Americana poderia ter sido melhor. Adriana Aparecida da Silva melhorou sua marca pessoal em relação à etapa de Guadalajara 2021, quando havia conquistado a medalha de ouro, mas desta vez trouxe prata.

“Na prova masculina, Frank Caldeira de Almeida , que foi campeão da maratona Pan Americana no Rio de Janeiro em 2007 e possuía atualmente marcas que o credenciavam a uma nova conquista de medalha abandonou a prova após sentir uma lesão.

“Poderiam ter sido duas medalhas na prova que o Brasil possui tradição afinal já são 14 medalhas desde a década de 80 como podemos observar na lista abaixo. Desta forma, nossos dirigentes deveriam ver a maratona como uma real possibilidade para trazer mais medalhas neste evento . Cabe agora investimentos em nossos melhores maratonistas do ranking nacional para que este objetivo seja atingido nas próximas edições de Jogos Pan Americanos.”

Cleber também fez uma avaliação mais ampla, que reproduzo a seguir:

“Em relação ao atletismo como um todo, falta um maior investimento nas categorias de base , entenda-se nas escolas. É necessária a formação de treinadores para este fim, no entanto são pouquíssimas possibilidades oferecidas tanto pela Confederação Brasileira de Atletismo e nas federações estaduais. Os cursos oferecidos são na maioria das vezes destinados aos treinadores que atuam nos clubes muitas vezes exigindo destes que tenham no currículo atletas em seleções estaduais ou nacionais, ficando assim um grande déficit na formação de quem realmente trabalha com a base. Enquanto esse processo não for feito, viveremos na dependência de poucos atletas. O processo é lento e se começássemos hoje só veríamos os primeiros resultados daqui a dez anos . Um exemplo disso é a Colômbia que há décadas buscou um investimento nas escolas e gerou uma parte da delegação  que disputou os Jogos  Olímpicos de Londres em 2012.”

Bom, prezado leitor, querida leitora, espero que isso já ajude a ter assunto para discussão.

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EXCLUSIVO = Entrevistas com as maratonistas olímpicas que representam o Brasil no Pan

Por Rodolfo Lucena
17/07/15 09:52

Marily dos Santos, a Guerreira das Alagoas, e Adriana Aparecida da Silva, Glória de Cruzeiro, são as representantes brasileiras na maratona feminina do Pan. Além de sua proverbial garra e resistência, as duas levam para as ruas de Toronto uma grande bagagem atlética: Marily, 37, foi a representante brasileira nos Jogos de Pequim-2008; Adriana esteve em Londres-2012.

Apesar da vasta experiência, nenhuma delas fala em vitória. Preferem lembrar que as melhores marcas do grupo que disputa a prova na manhã deste sábado são das peruanas.

Conversei com as duas por e-mail no início da semana. Marily fez a gentileza de mandar suas respostas ainda da sala de embarque, pouco antes de viajar para Toronto. Envolvida com transfers e idas e vindas, Adriana mandou suas repostas no dia seguinte. Também conversei com os treinadores das duas.

Gilmário Mendes Madureira, treinador e marido de Marily, falou com a franqueza que o caracteriza: “Não tem essa de ganhar. O peso da responsabilidade [de vitória] cai sobre as peruanas, que têm o recorde sul-americano e marca de 2h28min12, e sobre as canadenses, que competem em casa”.

Por isso, ele afirma: “Nem cogitamos buscar vitória. Temos de correr para a melhor marca atual e ver se o clima faz a parte dele. Correr 2h26 no friozinho de Berlim é bom. Quero ver nos 25 a 30 graus que está fazendo nas manhã de Toronto…”

Por sua vez, Claudio Roberto Castilho, treinador de Adriana, lembra que sua atleta enfrentou algumas dificuldades nos últimos anos: “Ela sofreu muito após os jogos de Londres. Teve lesões que acabaram causando pequenas interrupções durante sua preparação, principalmente chegando na reta final, quando atingimos volumes de quilometragem semanal altos, media de 210 km por semana”.

Dito isso, publico a seguir as entrevistas com as corredoras, começando com MARILY DOS SANTOS, que mandou primeiro suas respostas.

RODOLFO LUCENA – Como foi sua preparação para essa competição?

mara 1 marily

Foto Arquivo Pessoal

MARILY DOS SANTOS – Foi boa. Optamos por fazer no centro de treinamento que temos no sitio onde moro [em Pojuca, a 80 km de Salvador]. Aqui temos outros atletas para nos motivar e o clima quente e úmido que teremos em Toronto. Se fossemos para altitude, temíamos a mudança de clima.

Mudou algo em relação a outros períodos de treinamento para maratona?

Mudou só a forma de treinar longos. Fizemos ritmos progressivos, mas abaixo do ritmo de prova para não haver desgaste. Obtemos melhora do ritmo médio de prova aplicando velocidade só em intervalados menores. Treinos longos no calor não nos trazem boas lembranças de resultados. Como choveu muito nesse período, a umidade sempre era alta, o que por si já provoca desgaste.

A senhora é uma especialista em correr no calor. Qual sua avaliação das condições de Toronto para uma maratona?

Só verei como o clima está quando chegar lá. Há locais em que mesmo no verão o clima só esquenta mesmo depois do meio-dia. A prova será às 7h de lá, esquentando ate às 9h30. A tendência, então, é de queda de ritmo pra quem não está acostumada. Se estiver quente e úmido, a transpiração aumenta muito,  é diferente de quente e seco, onde a respiração que é mais desgastante.

Quais são suas principais adversárias nessa prova?

Não temos todo o start list. Sabemos das peruanas, Inés Melchor com 2h26 e Gladys Tedeja com 2h28, a canadense com 2h28 e a Adriana com 2h29, além de outra canadense com 2h33, então só aí já temos nível suficiente para um pelotão forte.

Como a senhora compara as condições de Toronto e Pequim?

Pequim tem a viagem, que é de 40 horas, e o clima poluído. Toronto é mais limpa. Em Pequim, estive sozinha. Não acho isso bom, pois não tem com quem dividir a ansiedade pré-prova.  Agora tem a Adriana, que é ótima companhia e pode motivar mais por estarmos na busca de objetivos parecidos.

O que a senhora aprendeu depois da experiência em Pequim?

O ritmo de prova. Mundial, Olimpíada, Pan são provas mais cadenciadas. Vale mais a táatica. Em geral, são no verão do hemisfério norte. Isso pega muitas delas de surpresa se não estão acostumadas com o clima. Todas têm marcas ótimas, mas obtidas no frio ou clima ameno. Sair no ritmo certo pode decidir uma meta.

Pelos seus cálculos, que ritmo precisa fazer para ganhar?

Não faço nunca cálculos de vitória. Falar nisso antes da prova é desmerecer o valor das adversárias, já que todas treinaram muito. Eu faço cálculos de ter minha melhor marca sempre e, se o nível é bom, isso pode ajudar.

Se conquistar o título, como pretende festejar?

Não saio com objetivo fixo, por isso nem imagino nada com antecedência. Falar muito antes de fazer não tem meu perfil. Gosto de guardar minhas metas pra mim mesmo. Cheguei aqui com meus esforços e do meu treinador, então só a ele devo expectativas. Se nem ele me cobra nada que não possa fazer, eu mesmo corro sem peso na consciência. Tudo pode acontecer. Se alcanço a meta que tracei, aí o natural aflora e comemoro sem ter pensado antecipadamente. O lugar mais alto no pódio é para apenas uma, mas a felicidade de estar representando o pais inteiro não pode ser deixada em segundo plano.  Vibrar com essa conquista já me faz uma pessoa feliz.  O que vier é lucro.

Essa foi a entrevista com MARILY. Publico agora a entrevista com ADRIANA. As duas primeiras perguntas foram respondidas pelo treinador dela. As demais são da própria atleta.

RODOLFO LUCENA  – Como foi a preparação para essa competição?

mara 1 adriana e claudio

Adriana e Claudio – foto Arquivo Pessoal

CLAUDIO CASTILHO – Diferentemente das preparações anteriores, fizemos um bloco especial de apenas oito semanas. Poderia ser considerado pouco tempo se não contarmos o fato de que ela fez uma preparação maior, de 14 semanas, para correr a maratona de Nagoya no inicio de março. O foco foi basicamente em otimizar e poupar o corpo da Adriana, já que havia uma boa base e ela ainda vai disputar mais uma maratona neste ano, em outubro, no Campeonato Mundial Militar na Coreia.

Mudou algo em relação a outros períodos de treinamento?

Houve uma preocupação maior para equilibrar o trabalho de percepção e força muscular como um fator preventivo. Ela sofreu muito após os jogos de Londres. Tevelesões que acabaram causando pequenas interrupções durante sua preparação, principalmente chegando na reta final, quando atingimos volumes de quilometragem semanal alta, média de 210 km por semana. Já nesta preparação, fizemos apenas dois longos de 40 km, alternando ritmos dentro da mesma sessão, nunca como apenas treinos contínuos.

Antes da maratona em que quebrou seu recorde pessoal, a senhora fez um treino de 28 km puxada por homens em ritmo muito forte. Repetiu a dose agora? Por que?

ADRIANA APARECIDA DA SILVA – Desta vez, não. Tivemos duas razões para isso: 1) Treinei as quatro semanas finais, das oito totais do bloco especial, sozinha na altitude de Paipa, e o Cláudio não tinha como mandar atletas homens para realizar este trabalho comigo. 2) A outra é que na altitude não dá para treinar o longo em ritmo de prova, considerando que estava a 2.600 m e os meus longos o Cláudio pedia para eu subir e realizar a 3.200m, ainda mais alto. Desta vez, ele colocou um treino na segunda-feira  pré-prova, dois dias após minha descida. Forem três 3 tiros de 5km em que eu tive a companhia de dois atletas que treinam no grupo. Foram ritmo progressivos de um para o outro, começando o primeiro a ritmo de 3’36”km e finalizando o último sub 3’30” de média.

Quais suas principais adversárias nessa prova? 

As peruanas estão muito bem, a Inés Melchor é a atual recordista sul-americana com um tempo ótimo de 2h26, obtido em 2014 na maratona de Berlim. Neste ano ela já correu 2h28 e fez os 10.000 m de pista para 31’50 em uma prova nos EUA. A outra peruana, a Gladys Tejeda, também melhorou muito e foi segunda colocada na maratona de Roterdã neste ano, também com a marca de 2h28. Tem uma canadense com 2h33 no ranking mundial e me parece que vai disputar a prova. Logicamente, a própria Marily, a outra atleta que estará representando o Brasil e que também é muito experiente, já tendo participado dos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008 e com um recorde pessoal de 2h31 na maratona.

Procuro não ficar pensando muito nas outras atletas, esse é um trabalho que o Cláudio faz e me passa no momento certo, me concentro nos resultados dos treinos que realizo e fixo nos ritmos que o Cláudio coloca como meta para mim na prova.

Como a senhora compara as condições de Toronto e Guadalajara, onde venceu a maratona do Pan-2011?

Guadalajara foi um inferno de tanto calor, mas no fim isto me ajudou bastante, porque suportei o clima e aconteceram muitas quebras. Em Toronto imaginamos uma condição não tão ruim de clima e pode acontecer uma prova mais rápida. Além do horário da largada ser pela manhã, e não como foi no Pan anterior, no período da tarde.

Pelos seus cálculos, que ritmo precisa fazer para ganhar?

É difícil dizer, mas pela lógica teria que correr perto do meu personal best 2h29, ainda assim não estaria nada garantido. Mas, como aconteceu em Guadalajara, tudo pode acontecer. O recorde pan-americano a meu ver será quebrado novamente e acreditamos que não só pela campeã da prova como talvez por mais uma ou duas atletas.

Temos uma idéia do ritmo que farei em função dos treinos e testes que realizei, mas o Cláudio só fecha isso comigo na véspera da prova, após os estudos que ele vai fazendo das atletas, do clima e de mim também.

Se a senhora conquistar o bi, como pretende festejar?

Fico tão concentrada na prova que não consigo pensar no que fazer na comemoração. Prefiro pensar nisso após e se acontecer a conquista. Mas que vamos comemorar de alguma forma, isso vamos. O Cláudio está me ensinando que devemos sempre aproveitar esses momentos e comemorar o esforço todo.

 

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Conquistas do judô refletem preparo especializado, diz médico da delegação

Por Rodolfo Lucena
16/07/15 07:17

“O trabalho com os atletas do judô começou um mês antes dos jogos Pan Americanos quando foi definida a lista definitiva dos atletas que iriam a esta competição. Para cada um desses atletas, foi escolhido um atleta de apoio que iria com eles para auxiliar no treinamento. Também foram convocados os atletas da base que ficariam na ajuda na no período de aclimatação.”

01 mateusIsso é o que nos conta o ortopedista MATEUS SAITO, médico que acompanhou a delegração brasileira de judocas que foi ao Pan em Toronto.

Doutor Mateus, que teve de sair apressadamente do grupo porque fraturou o joelho numa disputa amadora de basquete, escreveu este artigo especialmente para nosso blog. Aqui ele conta os bastidores, muito do que foi feito para que os atletas chegassem a Toronto em sua melhor forma e com as melhores condições para competir. Fiquemos, pois, com o texto que ele enviou diretamente de sua cama de recuperação. Obrigado, Saito, o blog +Corrida agradece.

01 mateus treino

Fotos Mateus Saito

“A concentração foi feita em Mangaratiba, litoral sul do Rio de Janeiro, próximo Angra dos Reis, onde a confederação brasileira de judô e o Comitê Olímpico Brasileiro farão aclimatação para os jogos Olímpicos do Rio de janeiro em 2016.

O hotel providenciou instalações para treinamento físico para treinamento específico do Judô e acomodação para os atletas, isolando-os da agitação do dia-a-dia, permitindo uma alimentação balanceada e todo o acompanhamento multi profissional que a CBJ oferece.

Houve acompanhamento de nutricionista, psicólogo, preparador físico, médico, fisioterapeuta, psicólogo, e os melhores técnicos.

O controle do peso é um ponto crucial para a preparação do atleta. Se ele chegar à competição muito pesado, ele é desclassificado. Se chegar muito leve, ficará em desvantagem em relação ao seu oponente.

Os atletas das seleções de base sub 18 e sub 21 em preparação para o Campeonato Panamericano sub 18 e sub 21, que seria será realizado na Costa Rica. Esses atletas tiveram a oportunidade de treinar com medalhistas olímpicos como Tiago Camilo e Mayra Aguiar, seus ídolos

A delegação partiu do do hotel onde estava hospedado e foi para o ano para aeroporto do Galeão. No aeroporto do Galeão estrategicamente fica localizada a sede da Confederação Brasileira de Judô, onde os atletas puderam deixar alguns pertences que não iria para o Canadá.

Depois de dez dias em Mangaratiba a delegação seguiu para a Universidade de York já em Toronto no Canadá.

O termo original para essa função do atleta de apoio é “ukê” , o atleta que ajuda o principal a aperfeiçoar os seus golpes. Optou-se por essa formação para evitar que um atleta principal se lesione ao apoiar outro.

Na Universidade de York montou ser uma base para o time Brasil. Essa base continha entre outras coisas um chef treinado em Saquarema onde aprendeu a fazer o feijão e arroz com tempero brasileiro. Essa alimentação era supervisionada pela nutricionista da base e pelas nutricionistas da confederação .

01 mateus vilaOs atletas iam para a vila Pan-Americana dois dias antes da sua luta assim em cada atleta teria mais tempo para treinar o máximo possível antes de ir para sua competição como médico responsável zelar pela saúde deles.

Sou médico ortopedista, especializado em cirurgia da mão. Também tenho o título de medicina esportiva. Esta formação me permite atender aos casos gerais de trauma e aos detalhes das lesões da mão, estrutura complexa que é a arma de muitos dos atletas.

Na VilaPpan-Americana, boa parte do piso térreo do prédio do Brasil foi destinado ao departamento médico, onde médicos e fisioterapeutas do cobre das modalidades trabalhar em conjunto para reabilitação e manutenção da saúde desses atletas.

A vila contava com uma policlínica com ressonância magnética, exames de ultrassom e laboratoriais. Também continha uma farmácia que dispensava os medicamentos prescritos para os atletas.

O refeitório apresentava nos tipos de comida tentando satisfazer o paladar de todos os países americanos. Uma inovação este ano foi nomear as diferentes ilhas de comidas com os nomes de bairros ou áreas conhecidos da cidade.

01 mateus frutas

Uma boa surpresa neste ano foi a redução do espaço preservado para os refrigerantes em relação ao espaço da água, isotônico e suco de frutas. Também não havia a presença de fast food na praça de alimentação.”

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Polícia do Canadá acaba com treino de ciclistas brasileiros em local proibidão

Por Rodolfo Lucena
13/07/15 16:02

01 marcosAtenção, atenção, muita atenção. Aqui volto eu com mais uma reportagem exclusiva do que está rolando nos Jogos Pan-Americanos em curso em Toronto. Isso porque meu amigo MARCOS SANCHES, que mora na dita cuja cidade, encarnou um repórter competentíssimo e não só manda notícias como conta como o Pan está impactando a vida da cidade. Então, chega! Sem mais delongas, fique com o texto que o MARCOS mandou para a gente.

“E os jogos Pan Americanos enfim começaram. Eu estive entusiasmado desde o começo e fiz questão de comprar alguns ingressos logo que eles foram colocados à venda, mas desde então não parei – hoje mesmo comprei ingressos para mais dois eventos. Os eventos que já fui foram muito divertido e os que virão prometem muito mais.

Um dia antes da abertura oficial dos jogos fui conferir o Nado Sincronizado de times, no qual depois o Brasil acabou terminando em quarto lugar.

A antecedência com que peguei o metrô para it ao Centro Aquático provou-se desnecessária. A cidade de Toronto planejou bem o transporte de ida e volta aos locais de evento – transporte público de qualidade, confortável, eficiente, bem sinalizado e a melhor parte – não precisa pagar. Isso se confirmou nos dois seguintes eventos que atendi – Judô e Ginástica Artística.

O único ponto fraco é que, na saída dos eventos, fica uma muvuca nos pontos de ônibus porque saem todos juntos quando o evento termina – aí pode haver um pouco de fila e espera.

Desses três eventos, apenas a Ginástica Artística vendeu todos os ingressos; Judô e Nado Sincronizado contaram com muita arquibancada vazia.

A preocupação com a segurança também tem sido alta – na entrada dos eventos todos passam por uma rápida revista, como a dos aeroportos, que não chega a causar muita espera ou transtorno. Os voluntários do Pan têm sido em geral muito atenciosos e totalmente dispostos a ajudar ou fazer uma piadinha para descontrair.

A percepção de que os Canadenses não estão dando muita importância para o Pan tem ressoado em todo lugar e atingiu seu clímax com a publicação de um artigo sobre o tema no “ The New York Times” (clique AQUI para ler o artigo original, em inglês).

Talvez seja o caso de eles não acharem o evento importante o suficiente, ou talvez por causa do multiculturalismo de Toronto – grande parte da população é nascida na Europa e Ásia e provavelmente para eles o Pan é pouco interessante. E, seja como for, parece improvável que algo mude daqui em diante.

marcos Medalha 5 melhor

Presença brasileira nos eventos não falta. Encontramos muitos brasileiros no judô, e muitas bandeiras nacionais na Ginástica Artística feminina de times, onde o Brasil ficou como bronze (fotos Marcos Sanches/Reprodução).

marcos vale esta flaviaAliás o Brasil roubou parte da cena na ginástica, parte por conta da briga por posições com o Canadá, parte pela nossa ginasta Flávia Saraiva de apenas 15 anos, com cativante rosto de criança e performance de adulta.

E numa última notícia, a delegação brasileira tem mantido a polícia de Toronto ocupada.

A equipe brasileira de ciclismo saiu para um treino e logo os atletas estavam na rampa que dava accesso para a Don Valley Parkway, uma das principais rodovias da área metropolitana. Se sentiram em casa e deram com o pé no pedal.

Acontece que no Canadá é expressamente proibido andar de bicicleta em rodovias, e logo a polícia tava no pé deles. Diz-se que foram levados para treinar em um lugar seguro (leia AQUI reportagem publicada na imprensa local).

E no mais o Pan vai de vento em popa. Estou ansioso para ver o futebol feminino Brasil X Canadá, principalmente agora que o Brasil bateu o Canadá por 4X1 no masculino. E também tem vôlei brasileiro na minha lista de eventos – expectativas alta para os próximos dias!”

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Com protesto de taxistas, Toronto se apronta para os Jogos Pan-Americanos

Por Rodolfo Lucena
06/07/15 09:03
01 marcos

Marcos Sanches por ele mesmo

Exclusivo, inédito, extraordinário!

Só aqui você encontra notícias sobre os bastidores do que acontece em Toronto nestes dias que antecedem os Jogos Pan-Americanos e o Parapan. Isso porque contamos com a luxuosa colaboração do superestatístico e sensacional corredor MARCOS SANCHES, que há oito anos está baseado na pacata cidade canadense.

Ele já escreveu várias vezes aqui no blog e é meu conhecido há mais de dez anos –juntos criamos a equipe NOSSA TURMA, de corredores dedicados, sem chefes nem carteirinha, que ainda hoje gera frutos pelo mundo.

Bom, sem mais delongas, compartilho com você o texto de SANCHES, que nos fala um pouco sobre a preparação e os perrengues em Toronto. Para deixar ainda mais clara a separação do que é texto meu e o que é texto dele, segue primeiro uma fotinho do estádio onde serão realizadas competições de arco e flecha.

 

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Estádio onde os arqueiros vão competir – foto Marcos Sanches

“Em 2007, enquanto os Jogos Pan-Americanos aconteciam no Rio, eu embarcava para o Canadá com bilhete só de ida. Hoje os jogos de Toronto me fazem lembrar também que oito anos já se passaram.

Agora, minhas expectativas são bem maiores do que foram no Rio, afinal vai ser muito fácil ir aos eventos desta vez, tanto que já comprei ingresso para competições em que nunca nem me interessei, tipo o futebol para cegos – Brasil X Venezuela.

Sim, porque em Toronto não se fala Jogos Pan-Americanos, se fala “Pan AM and Para-Pan Am Games”, a importância dos esportes paraolímpicos é sempre ressaltada. E que venha o time do Brasil, para levar medalhas, sem medo do frio que já é passado.

A imprensa falou mais e mais sobre os jogos, mas raramente perguntou se a infra-estrutura estaria pronta a tempo.

A confiança na capacidade de organização de tão grande evento pareceu sempre em alta, sustentada também pela experiência do sucesso nas Olimpíadas de Inverno em 2010. Ainda em 2014, as Olimpíadas de Inverno de Sochi, na Rússia, depois a Copa do Mundo do Brasil fizeram os canadenses questionarem se o custo do Pan valia a pena.

2015 chegou e os jogos ficaram fora do radar na maior parte do tempo, a não ser talvez pela constante preocupação com o trânsito em um constante questionamento sobre como os turistas e atletas se locomoveriam de um lado para o outro no “trânsito caótico de Toronto”.

Eu, quase me divertindo, pensava que eles talvez devessem visitar o Rio, e então eles ficariam calmos. Mas, por ironia do destino, uma batalha está sendo travada entre motoristas de taxi e o Uber, tal que os taxistas ameaçam entrar em greve durante o Pan se o Uber não for proibido.

Essa batalha atingiu seu clímax ontem quando o Uber ganhou uma decisão na Justiça e teve permissão para continuar operando. Então a greve dos taxistas paira no horizonte.

No entanto, num esforço para manter o trânsito fluindo, o transporte público será de graça para quem tiver ingresso para eventos, e não tem porque não usar.

Se você me perguntasse, eu diria que o canadense está preocupado em receber bem o pessoal de fora, em ter a cidade bonita, o trânsito movendo, o metrô funcionando, em serem admirados e sair bem na foto.

Eles não estão tão preocupados com os jogos em si, pelo que vejo. Exemplo é que no dia 1º de Julho, que foi o feriado do Dia do Canadá (igual dia da Independência para nós), os ingressos entraram em promoção, pois mais da metade ainda não tinha sido vendido e parecia haver preocupação nesse sentido.

Também é fato que uma parte da população está brava pelas mudanças no trânsito, outra parte que diz que vai deixar a cidade para fugir da “muvuca” e outra parte continua desconsolada porque a Copa do Mundo de Futebol Feminino, que acabou de ser realizada no Canadá, não veio para Toronto por causa do Pan.

No geral o Canadense parece mais entusiasmado com a chegada do verão do que com o Pan.

Claro que também tem a galera que não vê a hora de os Jogos começarem. Tipo eu.

Brincadeira a parte, certamente tem muita gente na expectativa, que não faz muito barulho. Falta uma semana para a abertura e, embora a cidade pareça normal, a mídia mostra que as expectativas são altas. Mas é difícil dizer quantos realmente se importam mais com os jogos do que como o seu dia a dia será afetado pelos eventos.

No que me cabe, estou tranquilo, sei que a organização vai de vento em popa. A minha preocupação foi com os ingressos: apesar de não ser fanático, de não acompanhar nenhum esporte realmente de perto, eu precisava ter certeza que conseguiria ir em alguns eventos, talvez simplesmente para respirar um pouco da atmosfera esportiva. Então comprei ingressos cedo.  Mas não para a maratona (e sim para um jogo de futebol entre deficientes visuais).

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Campo de rúgbi e futebol para deficientes visuais (foto Marcos Sanches)

Tanto a Maratona quanto as competições de atletismo são eventos que eu prefiro ver pela TV.

Mas, no caso das maratonas do Pan deste ano, estou planejando pegar a bicicleta e ir ver a Maratona em algum ponto do percurso.

O percurso da Maratona será bastante bonito, começando e terminando às margens do Lago Ontario. O percurso também entra no High Park, o principal parque de Toronto, onde os corredores enfrentarão um pouco de subida. Me parece que o percurso inclui 4 voltas, o que estou chutando pois não achei descrição detalhada.

Estarei lá para ver nossos atletas Adriana Silva, Marily dos Santos, Ubiratan dos Santos e Franck Caldeira. No atletismo de pista, entre outros eventos, assistirei aos 10.000 m com Daniel da Silva e Giovane dos Santos.

Se você planeja baixar em Toronto, recomendo que venha tranquilo. Talvez seja uma boa ideia alugar um carro para ver outras atrações alem do Pan, mas, para os eventos do Pan, eu sugiro simplesmente usar o transporte público, que é também uma forma de experimentar a cidade. Mesmo eventos fora de Toronto serão servidos muito bem pelo transporte público. E então aproveite, que vai ser legal!”

 

 

 

 

 

 

 

 

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Brasileiro quebra recorde mundial de corrida em esteira

Por Rodolfo Lucena
04/07/15 16:26

O brasileiro Marcio Villar, do Rio de Janeiro, quebrou no final da manhã deste sábado o recorde mundial de corrida de sete dias em esteira.

Com tênis rasgados para poder suportar o inchaço dos pés e lutando com as lágrimas que teimavam em se misturar com o suor, às 11h ele completou 827,16 km, distância mais do que suficiente para entrar no Livro dos Recordes.

Ele desbanca o francês Pierre-Michael Micaletti, que era o dono do recorde –segundo o Guinness, fizeram 822,31km em esteira em sete dias. A marca ainda precisa ser homologada para entrar no Livro.

Mas isso, acreditam os organizadores do desafio, não deverá ser problema, pois toda a jornada de Marcio foi documentada e acompanhada por muita gente.

01 marcio villar

Marcio Villar durantye o desafio – Foto Divulgação

Além do público observador, vários atletas foram prestar solidariedade ao recordista, correndo algumas horas ao seu lado durante o período.

Quando enfim desceu da esteira instalada no Américas Shopping, no Rio de Janeiro, Marcio agradeceu ao apoio: “Sem todos que vieram ao shopping prestigiar e apoiar durante a semana eu não teria conseguido. Hoje com certeza é o dia mais feliz da minha vida. Já estou cadastro no Guinness desde 2011 para tentar esse recorde e agora consegui. Podem me chamar de louco, suicida, mas isso é amor e dedicação. Eu consegui, realizei um sonho”, disse ele, segundo material distribuído à imprensa.

 

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Aos 59 anos, corredora debuta nos dez quilômetros

Por Rodolfo Lucena
30/06/15 12:47

Outro dia eu apresentei para você minha ex-colega de faculdade MÁRCIA TURCATO, que estava voltando às corridas depois de uma montoeira de anos dedicada exclusivamente ao jornalismo. Pois agora ela, que mora em Brasília, completou aos 59 anos sua primeira prova oficial de 10 km. O relato é este que está a seguir, para nossa satisfação. Fique, pois,  com o texto nque Márcia gentilmente mandou para este blog.

01 marcia

Marcia Turcato em sua estreia em prova oficial de 10 km (Arquivo Pessoal)

“Bora correr! Esse é o meu mais novo grito de guerra. É uma guerra do bem. Aqui não tem mortos, nem feridos e nem vencidos. São todos vencedores. Eu me incluo nesse grupo de gladiadores dos novos tempos. É um combate em prol de mais prazer, de mais saúde, de mais amizades, de mais afinidades, de novos horizontes e de novos roteiros. Está decretado o fim da chatice!

É com este espírito que eu voltei a correr aos 59 anos de idade, depois de ficar parada por uns 15 anos por N motivos. A gente sempre tem algum motivo para parar. O motivo sempre é forte o suficiente para colocar algemas em nossos tornozelos e nos impedir de ir em frente.

Mas quando eu resolvi mudar o rumo de minha vida, em outubro de 2014, ao pedir demissão de um cargo de chefia em um órgão do governo federal, e passar a trabalhar como consultora de comunicação social autônoma, disse para mim mesma que a opção por voltar a correr seria um caminho sem volta.

Recomecei com provas de 5 km, estimulada por uma amiga, e parti para os treinos de 10 km com o incentivo da equipe da Citrus Move, a academia onde faço musculação e Pilates. Com o apoio desses profissionais que se tornaram amigos queridos, do grupo adorável com quem treino e do meu companheiro, parti para os 10 km. Hoje (domingo, 28/06) foi minha estreia oficial na prova Etapa Lago Sul do Circuito Brasília de Corrida de Rua.

A temperatura estava ótima às 08h, por volta dos 17 graus, e com um solzinho muito agradável. A Etapa Lago Sul é considerada uma prova rápida já que o percurso é todo plano, sem dificuldades. E lá fui eu, pensando em tudo que havia treinado: respirar bem, abrir as passadas, erguer os ombros, encolher a barriga e dar uns corridões de vez em quando.

O primeiro quilômetro é sempre desanimador, mas serve pra gente aquecer. No terceiro quilômetro peguei embalo, no quinto estava tudo muito fácil. No sétimo pensei:

– Essa prova não vai terminar nunca!

Mas logo eu vi a placa indicativa do quilômetro 8 e chegar ao décimo, confesso, foi moleza! Fechei o circuito em 1h8’.

Pensei mil coisas enquanto corria: ganhei na Loto Fácil, reformei minha casa, fiz umas quatro viagens ao exterior, escrevi um livro, lancei um blog de corrida, adotei uns 20 cachorros e ainda planejei correr as próximas provas com a Piaba, a cadelinha de amigos, uma vira-lata, que é bem rápida e adora passear, porque os meus cachorros, Pisco e Tupã, já estão idosos e não dão conta de correr 10 km.

Como é bom correr! A gente tem tantas ideias, faz tantos planos e volta pra casa um pouquinho cansada, com muita fome e com o coração repleto de alegria. Bora correr!”

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Maratonistas brasileiros se aventuram nas lonjuras da Noruega

Por Rodolfo Lucena
26/06/15 15:08

A Noruega é um países mais bacanas que eu já visitei. Adorei caminhar pelas ruas de Bergen, andar pelos corredores do Museu da resistência em Oslo e, principalmente, participar em Tromso da Maratona do Sol da Meia Noite.

Quando estive lá, em 2003, tinha acabado de estourar duas hérnias na parte baixa da coluna, então nada de maratona para mim. Eleonora e eu fizemos a corrida familiar, ambos vestindo a camiseta do Grêmio.

Pois agora meu amigo, dedicado leitor e globe trotter por vocação CARLYLE VILARINHO me conta que participou da tal corrida em Tromso, que fica acima do Círculo Polar. Não só ele: outros cinco brasileiros também se aventuraram pelas lonjuras norueguesas.

Não tive dúvidas em pedir um relato da prova ao CARLYLE, que não só gentilmente concordou como fez algumas honrosas citações ao meu trabalho. Me deixou num mato sem cachorro: se corto as partes do texto em que ele fala de mim, alguém vai dizer que é falsa modéstia. Se mantenho o texto original, há quem vá me chamar de cabotino.

Como eu sou casca grossa e há muito tempo decidi fazer o que eu achasse melhor em cada circunstância, mantenho o texto original do Carlyle e agradeço pelas menções.

Dito isso, paro de escrever e deixo você com o texto de nosso amigo maratonista.

01 carlyle

Carlyle com sua medalha (Arquivo Pessoal)

“Foi no livro “Maratonando”, do Lucena, que tomei conhecimento da Maratona do Sol da Meia Noite, a “Midnight Sun Marathon Tromso” que  ele correu lá em 2003. E foi também no blog do Lucena que, pela primeira vez, li sobre a Maratona da Islandia, a Ilha de fogo e gelo 26/08/2008 http://rodolfolucena.folha.blog.uol.com.br/arch2008-08-01_2008-08-31.html. Ambas me despertaram enorme curiosidade, anotei na minha lista de prioridades: maratonas que tenho que um dia correr.

Neste ano resolvi seguir os passos, as pegadas, do Guru Lucena. A Maratona do Sol da Meia Noite, em Tromso, foi agora, no último sábado, 21 de junho. A Maratona da Islandia, em Reykjavik  acontecerá no proximo dia 22 de agosto.

Eu não podia correr a primeira e esperar pela segunda, dois messes depois, lá perto do polo norte.  Então ,  optei por correr a “Midnight Sun Marathon Tromso”.  E, como não sei quando poderei voltar por aquelas bandas e correr também  a Maratona da Islandia, decidi  usar a Islandia como uma etapa para me aclimatar ao ambiente  boreal, baixa temperatura – entre 6ºC e 11ºC – dias sem fim, sempre sol, sem luas ou estrelas no verão.

Em cinco dias na Islandia corri pelas ruas de Reykjavik, corri e fiz trilhas ao longo do Golden Circle (um roteiro de aproximadamente trezentos km de natureza exuberante e paisagem única) e experimentei muito da ótima culinária local. Come-se muitíssimo bem naquela terra, confira aqui no site do Slow Food da Islandia http://slowfood.is/slow-food-guide/.

Da Islandia e de Reykjavik viajei para Trondheim, na Noruega, onde  mora meu filho. Lá fiz  outras corridinhas de aproximadamente  oito km, algumas trilhas e então com meu filho, a Rita e a Eloise, fomos para Tromso.

Chegando a Tromso, no aeroporto local tomamos um taxi para nosso hotel – uma cabana em um camping muito bom, fora da ilha.  http://www.tromsocamping.no/en/. Deixamos as malas e fomos andando para o local da retirada do kit. No caminho, no asfalto, vi uma marcação em azul e deduzi que se tratava da marcação do percurso da maratona. Ao cruzar a ponte lá estava a marcação em azul e um numero 22, deu para sentir o que me esperava no dia seguinte.

A entrega do kit é em um edifício público, de fácil acesso. O kit é basicamente o peitoral com o chip e uma sacola com um jornal da prova e outros folhetos de divulgação. Quem quiser camiseta da prova tem que comprar.

Kit na mão fomos bater perna pela cidade. E como a noite nunca chega, por volta da meia noite fomos para o alto de um monte com geleiras em degelo contemplar o “por do sol” lá de  cima.

O fim da tarde início e da  noite do sábado agita a ilha de Tromso. O tempo esta ótimo, perfeito para correr, sol e temperatura em torno de  7ºC. Corredores  de diversa idades e países se concentram no centro da cidade.

Aléḿ da maratona, mais cedo tem uma Corrida Infantil, depois uma outra de 5km e uma outra de 10km. A largada da maratona é as 20:30h e ás 22:30 começa uma meia maratona. Uma prova não interfere na outra, é tudo muito organizado.

Antes de cada prova, em um palco,  um grupo de professores de educação física comanda um aquecimento bastante animado.

Começa a maratona. Os primeiros três km são na ilha, terreno plano. Então cruzamos a ponte – uma elevação de 40 metros- e entramos no continente. Pegamos uma rua/estrada e vamos em frente, quase linha reta, com alguma discreta elevação, por sete km. Chega-se a um determinado ponto e retorna na mesma via. Ao longo do trecho famílias, crianças, nas calçadas incentivando os corredores, alguns colocam mesas com água e comidinhas.

Neste primeiro trecho me sinto muito bem. Após cruzar a ponte encontrei o pace de 4 horas, segui na cola dele por um tempo, por um km ou pouco mais. Estava tão bem que não tive paciência  e acelerei o passo, passei pelo pace e fui embora. Corria entre 5:30 e 5:40, quase constante.  Me bateu uma boa expectativa de completar a prova abaixo de quatro horas. Me sentia todo pimpão.

Corrido o primeiro trecho voltamos a cruzar a ponte de volta a ilha de Tromso, outra subidinha de 40 metros. Na parte da descida da ponte, quase no final da mesma, novamente vejo aquela marcação dos 22 no asfalto. Não é que eu já tivesse corrido 22 km, mas que é a distância que me falta percorrer. Sim, lá a marcação da quilometragem é em ordem decrescente. Enquanto corria me perguntei diversas vezes: marcação em ordem decrescente é melhor ou pior do que a tradicional, crescente? Não cheguei a nenhuma conclusão.

Na ilha o percurso passa  pela rua debaixo da rua da chegada e vai embora, rumo ao aeroporto. A estrada vai contornando a ilha, bem próxima ao mar de um lado, com os montes cheios de neve no outro lado, no continente.  Corre-se aproximadamente 2,5 km em linha quase reta e chega a um dos extremo da ilha.

Uma curva meio fechada e  chega no outro lado da ilha. Aqui são mais 7,5 km, outra vez quase reto, apenas duas curvas um pouco mais significativas para quebrar a monotonia até chegar ao aeroporto. Contorna o aeroporto e faz-se todo o mesmo percurso de volta. Mais dez km para ganhar a linha de chegada. E neste trecho não tem casas, não tem crianças nem incentivadores nas calçadas.

Este segundo trecho é bem mais ondulado do que o primeiro, ao menos é a sensação que trago comigo, que me marcou. Já no km 25, ainda faltando outros 17km como me lembra a marcação, já não consigo manter o ritmo. As passadas não rendem, as panturrilhas doem, parecem encurtadas. Primeiro corro a 6:00, depois a 6:30. O pace me alcança, tento segui-lo mas não consigo. Lá se foi o sonho do sub quatro.

Os corredores da meia maratona estão espalhadas entre os maratonistas, isto é bom pois não corremos sozinhos. Se  alguém corre por perto ajuda a gente ser corajoso, a não desanimar, a pensar duas vezes antes de querer andar.

No km 30 o incomodo da dor falou mais alto e no posto de abasteciemtno dei uma paradinha, e o ritmo já caiu para 7:00 e 7 alto. Agora pequenas elevações no relevo parecem grandes montanhas. . No km 35 sou vencido pela primeira vez, ando um pouco e o tempo bate em 8:40. Consigo retomar e correr na casa dos sete novamente. No km 38 outra vez dou uma parada e outra caminhada.

Enquanto ando no km 38 uma brasileira me alcança e me encoraja. Pego carona com ela, Denise Polonio, de São Paulo, e por um km ou mais consigo acompanha-la. Mas ainda que lenta ela esta  mais inteira que eu, e vai embora. Chego ao km 40 e sinto que é possível completar em menos de 4:40h. Isto me anima e então não paro mais, vou firme.

Quando chega na cidade, faltando 1,5km para a chegada, entro na rua principal correndo praticamente sozinho. A medida que avanço noto a presença de  pessoas nas calçadas a  gritar incentivos. Ouço o chamado do meu filho e correndo faço pose para as fotos. Vou fechar em menos de 4:40h e neste momento isto é muito bom.

Cruzo a linha de chegada com 4h38min26 e recebo uma linda medalha. Mais uma maratona completada. Mais uma vez meu filho me esperando na chegada de uma maratona.

É uma 1:10h da manhã, o  sol esta alto, a temperatura na casa de 7ºC. Pegamos um taxi e voltamos para casa com mais um sonho realizado.

A prova foi vencida pelo queniano Antony Mugo em 2:26:14h, seguido pelo autraliano Grant Schmidlechner, com 2:39:14h. Oitocentos e sessenta e seis maratonistas completaram a prova, seis deles brasileiros.

Antes de escrever este texto li no blog que o Velho Guru Lucena também terminou sua maratona da meia noite, mas desta vez, neste fim de semana, lá no Alasca. Gostei do relato, já esta na nova lista de desejo. Parabéns, meu Guru.”

 

OBSERVAÇÃO: Agora sou eu escrevendo de novo. Se você não leu o relato da prova no Alasca, confira lá no meu blog de corredor aposentado. BASTA CLICAR AQUI

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Juventude abandona atividade física quando começa a trabalhar, diz pesquisa

Por Rodolfo Lucena
23/06/15 04:21

Mais da metade dos brasileiros realiza algum tipo de atividade física regular, fazendo exercícios ou praticando esportes pelo menos três vezes por semana, pelo menos trinta minutos de cada vez.

É o que mostra levantamento realizado pelo Ministério do Esporte e divulgado nesta terça-feira no lançamento de uma campanha nacional para convocar o país para a prática de esportes. Segundo os números informados, 45,9% da população pesquisada é sedentária. É menos da metade, o que parece bom, mas o número absoluto é assustador: 67 milhões de brasileiros de 14 a 75 anos.

Outro dado preocupante é o que mostra o altíssimo índice de desistência por parte dos jovens.

O grupo de pessoas que deixaram de fazer esporte ou atividade física é maior entre os jovens de 16 a 24 anos. São 45% nessa faixa etária que declararam o abandono. Segundo a pesquisa, isso significa que quase 90% dos brasileiros deixam a prática esportiva até os 34 anos.

O principal motivo alegado pelos entrevistados para o abandono foi a falta de tempo (69,8%). Isso sugere que a maioria das pessoas deixa de ser um praticante na hora em que sai da escola para o mundo profissional.

A turma dos veteranos também está devagar. De acordo com a pesquisa, 64%  dos brasileiros com idades de 65 a 74 anos se declaram sedentários. Eu estou fazendo a minha parte para combater esse marasmo: confira clicando AQUI para conhecer meu blog de aposentado corredor.

Aliás, devo dizer que acabei de completar uma duríssima maratona no Alasca depois de mais de dois anos sem sequer pensar em treinar para corridas de longa distância. Está tudo contado lá no blog, que traz também várias fotos bacanas.

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Palestra gratuita analisa estilo de corrida

Por Rodolfo Lucena
19/06/15 04:19

Está meio em cima do laço, mas, se você correr, é possível que ainda consiga uma vaga para assistir a uma palestra gratuita sobre estilo de corrida na manhã deste sábado, dia 20.

O tema oficial pode até assustar: INFLUÊNCIA DA ASSIMETRIA CORPORAL NO TREINAMENTO E NA REABILITAÇÃO. Mas a gente sabe do que se trata, não é mesmo: nunca a perna direita e a perna esquerda se comportam da mesma maneira. Até os movimentos de cada um dos braços durante a corrida às vezes é diferente.

Como cada lado do corpo, cada membro funciona diferente, o trabalho que faz e as cargas que recebe são diferentes. Eu que o diga: meu lado esquerdo está sempre malparado.

Quem vai falar sobre isso é o fisioterapeuta Marcelo Semiatzh, da equipe Força Dinâmica, que há anos estuda o movimento humano, é especializado em reeducação postural e faz doutorado na USP em  biologia celular.

A palestra será na sede da Força Dinâmica, rua Prof. Rubião Meira 79, pertinho da estação Sumaré do metrô linha verde. Mais informações pelos telefones 3085 6145 ou 99609 0639 ou pelo e-mail contato@forcadinamica.com.br

Ah, eu não vou estar presente porque exatamente nesse dia 20 completo meu primeiro desafio como aposentado: correr uma maratona depois de dois anos sem ter tido sequer condições de treinar para uma dessas saborosas provas (saiba mais sobre o meu desafio no Alasca clicando AQUI).

Tomara que você consiga vaga na palestra. Vale a pena.

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