De desempregado a empresário de sucesso, o botafoguense Márcio Villar encarou as agruras da vida como ultramaratonista que é: metro a metro, quilômetro por quilômetro. Perdeu o emprego em meados do segundo semestre do ano passado e logo tratou de montar uma empresa, que já começa a dar bons resultados.
Contei parte da história dele em reportagem publicada nesta segunda-feira de Carnaval na Folha (leia AQUI). O pequeno texto foi resultado de uma entrevista mais extensa, que coloco a seguir na íntegra (fotos Arquivo Pessoal).

Conte um pouco sobre você.
Nasci em 28 de março de 1967 no Rio de Janeiro. Tinha três irmãos, um faleceu. Meus pais também já morreram –minha mãe faleceu em outubro passado. Meu pai trabalhou em banco e em empresas de aplicações financeiras. Sou casado e tenho uma filha de 22 anos
Ouvi falar que você é botafoguense. É isso mesmo?
Sou botafoguense, sim (rsrsrsrs). Foi uma herança que meu pai deixou para mim, seria um sonho poder correr pelo mundo com a camisa do Botafogo o representando, mas já tive uma reunião com o presidente do Botafogo, o Maurício Assunção, e ele me falou que o Botafogo não tem patrocinadores para esportes amadores. Eu brinco que faço o que faço correndo 700 km porque sou botafoguense e estou acostumado a sofrer.
Fale de você antes de ser corredor. Qual sua formação? Em que você trabalhava antes?
Sou formado em informática, com pós-graduação em análise de sistemas na PUC-RJ. No meu último emprego, uma empresa de construção, eu era responsável pela parte financeira da empresa, cuidava do contas a pagar, contas a receber, cobrança, contas bancárias, suporte de informática.
Quando e por que começou a correr?
Sabe quando tudo na sua vida vai mal? Estava tudo errado. Eu com 98 kg (tenho 1,73 m), só comendo besteiras e brigando em casa com minha filha e minha esposa por elas reclamarem de eu só comer porcaria. Sei que eu ia acabar morrendo, mas acho que é igual ao que acontece com uma pessoa viciada em bebidas ou drogas: não adianta ninguém falar, tem que partir de você, você tem que querer.
Um dia pela manhã fui pegar o ônibus para ir para o trabalho e não consegui correr até ele para subir. À noite, quando fui dormir, não conseguia ficar deitado, por causa de azia e queimação no estomago.
Levantei e fui ao banheiro. Quando me olhei no espelho, vi no monte de porcarias que eu tinha me tornado. Falei para mim mesmo: se eu não me amar, ninguém vai me amar.
Comecei a fazer uma caminhada no quarteirão em volta da minha casa, um total de 3 km, e fechei a boca. Todo dia era arroz integral, alface e peito de frango. Meu irmão fez nossa inscrição em uma corrida de 8 km em revezamento, cada um correndo 4 km. Era o ano de 2002, eu tinha 35 anos.
Como você passou às corridas mais longas?
Depois daquela primeira corrida, participava d eprovas de 5 km, sempre com o ob jetivo de baixar meu tempo. Depois entrei para a ACORUJA, que é uma equipe aqui do RJ, e fiz muitos amigos. Sempre tinha a brincadeira interna de um ganhar do outro isso foi muito bom para eu continuar a treinar. Passei para as provas de 10 k e consegui meu primeiro pódio.
Nunca vou esquecer: eu ia correndo normalmente quando vi lá na minha frente um cara com a camisa do Flamengo e pensei “perder para flamenguista nunca”. Saí na toda e eu passava ele e ele me passava e fomos brigando até o fim. Claro que ganhei dele. Para minha surpresa, fiquei em terceiro lugar na minha faixa etária graças a essa disputa.
Daí veio a meia maratona, Depois, o sonho de todo corredor de fazer uma maratona. Treinei tanto que baixou minha imunidade. Peguei uma gripe forte e febre, fazendo a maratona com 39 graus de febre. Um amigo meu falou que quando acabou a maratona eu desviava até de palito de fósforo.
Por que você gosta de correr?
Ainda pergunta por que? Se não fosse a corrida eu já tinha morrido de tanta porcaria que eu comia, a corrida me fez conhecer pessoas, lugares, mudar de vida, ter saúde.
O que a corrida faz com você e com seu corpo?
Graças à corrida, eu nasci novamente, sou outra pessoa. Um dia que nunca vou esquecer foi quando minhas calças já estavam enormes, caindo, e fui no shopping comprar uma calça nova. Meu manequim era entre 46/48 ai pedi à atendente uma calça 44. Quando a vesti, deu tranquilamente. Aí, por curiosidade, pedi uma calça 42 só para eu ver se entrava. Quando e coloquei e deu certinho, eu saí ligando para todo mundo e contando, minha vontade era sair berrando pelo shopping de alegria.
O que me deixava triste é que as pessoas falavam que era fogo de palha, que logo eu ia voltar a comer besteiras e engordar novamente, virar de novo o Mocotó, que é como eles me chamavam no trabalho.
É isso que procuro passar para as outras pessoas nas palestras que eu dou: se eu consegui, todos podem. Não sou melhor do que ninguém, só acreditei em mim e fui em busca dos meus sonhos.
Quando você passou a fazer longas distâncias?
Depois que eu corri a maratona e acabei destruído, recebi um e-mail informando que iria ter uma Ultramaratona de 24 horas em São Caetano, em São Paulo. Eu não acreditei. Pensava “como pode uma pessoa correr 24 horas?”. Todo dia eu abria esse e-mail e lia e falava para mim mesmo: “Um dia vou fazer uma coisa dessas”. Porém um dia ao ler falei para mim mesmo: “Um dia droga nenhuma, vai ser agora” e fui lá e fiz minha inscrição.
Os meus amigos de corrida ficaram debochando de mim, dizendo que eu ia correr duas horas e dormir 22 horas, que eu ia correr de fralda geriátrica, que eu quase morri na maratona imagina o que ia acontecer em uma prova de 24 horas.
Isso só me motivou mais ainda para não dar esse gostinho para eles. No dia, para minha surpresa, em minha primeira 24 horas corri 166 km, ficando em primeiro lugar na minha faixa etária.
Eu não acreditava, chorava feito criança de tanta alegria e aí ferrou: fui cada vez querendo mais e mais
O que o levou a fazer longuíssimas distâncias, dobrando e triplicando?
Essa historia é meio estranha, eu tinha acabado de chegar dos Estados Undios, onde tinha participado da Badwater 135 (217 km), uma ultramartona realizada no deserto do Vale da Morte com 55ºC de temperatura.
Como tinha ganhado a inscrição das 24 horas do RJ, pensei: “Vou lá para rever os amigos e correr um pouco”. Minha ideia era fazer só seis horas como treino porque só tinha dez dias que tinha chegado do deserto.
Comecei só trotando e batendo papo minha colocação era uns sessenta e pouco. Porém depois de seis horas eu senti que encaixou e continuei.
Quando estava amanhecendo o dia, eu estava em terceiro geral. Ultrapassei o terceiro colocado, que era um grande amigo meu, eu pedi desculpas para ele por ultrapassá-lo.
Continuei correndo, já no segundo lugar, e vi que o primeiro não aguentava mais, chegou a cair no chão de cansado. Eu parei, dei a mão a ele, pedi para ele levantar que eu não queria ultrapassá-lo, que faria o resto todo da prova ao lado dele para ele vencer.
Depois disso fiquei em casa pensando: “Eu amo correr, mas não quero disputar com amigos”. Resolvi criar meus próprios desafios, dobrando e triplicando as provas, pois ai a disputa é unicamente contra meu corpo. Hoje faço desafios de 400, 500, 600 e ate 700 Km, de preferência em ambientes extremos.
O que isso tem de bom?
O bom é que você aprende a conhecer seu corpo e a trabalhar sua mente a seu favor. Eu sempre falo que somos capazes de fazer coisas que nem imaginamos.
Há pessoas que nem tentam e acham que não conseguem, o “será que consigo?” já te faz um derrotado. Quando a gente faz o que ama, se dedica, tem determinação, foco, comprometimento, não tem como dar errado. O resultado é só consequência natural.
Existe treino para correr 700 km? Claro que não, é minha mente que me leva aonde eu quero. Eu aprendi a trabalhá-la para isso e também ensino isso na minha palestra.
O que tem de ruim?
Duas coisas são ruins. A primeira é que, nessas grandes distâncias, às vezes fico de 10 a 15 dias fora de casa e longe da família. A outra coisa é a falta de patrocínio, na ultramaratona não tem premiação em dinheiro. Minha especialidade são ambientes extremos (onde há riscos); hoje em dia, se a prova tem 200 km, eu dou três voltas (corro 600 Km).
Por favor, fale um pouco das ultramaratonas mais estranhas e gigantescas que fez. Qual a mais longa?
A maior distância foi triplicar a Ultra dos Anjos, a prova tem 235 km de montanhas na Serra da Mantiqueira. Em 2011, ganhei a prova. Em 2012, eu cheguei para correr a prova e o criador do caminho dos Anjos tinha um carro antigo (Rural) e eu fiquei apaixonado pelo carro.
Falei para ele: “Quer apostar essa Rural comigo, que eu dou duas voltas na prova, correndo 470 km?”. Ele não acreditou e apostou. Eu larguei sozinho e corri os primeiros 235 km. Depois larguei novamente com todos os atletas para a prova normal (eles descansados e eu já tinha corrido os 235 km) e mesmo assim cheguei em segundo lugar geral, dando um total de 470 km e levando a Rural para casa.
Aí voltei agora em 2013 (ano passado), e esse mesmo cara tinha uma F75(Rural pickup). Falei para ele: “Você quer apostar sua F75 na minha Rural, que eu dou três voltas na prova (705 km)”?
Acho que ele pensou que ia recuperar a Rural dele, coitado kkkk…
Lá fui eu. Corri 235 km, depois mais 235 km, dando 470 km, e aí depois larguei para a prova de 235 km com todos os atletas, eles descansados, e eu já tinha corrido 470 km. Mesmo assim ainda cheguei em terceiro lugar geral e a F75 está aqui na garagem da minha casa, foram 705 km de montanhas.
A mais difícil?
Nesse caso são duas.
Uma foi dobrar a Jungle Marathon, correndo 509 km dentro da Floresta Amazônica. É uma prova de sete dias com os grandes corredores de aventura do mundo. Nos sete dias em que corri a prova oficial, o pessoal do staff espantava os bichos, mas, nos sete dias em que corri sozinho, eu era a caça. Tive que fugir de onça, que me seguiu por muito tempo, pisei em cobra, bebi água de pântano. Mesmo largando para a prova oficial com os outros atletas do mundo já tendo corrido sozinho os 254,5 km, ainda cheguei em terceiro lugar geral e me tornei o único atleta do mundo a dobrar a Jungle Maratohn.
A outra prova mais difícil é a Arrowhead, uma prova de 217 km na divisa dos EUA e o Canada onde corro puxando um trenó por uma floresta congelada pegando até 50ºC negativos (cheguei a aceitar a morte nessa prova, tendo ficado com pés, mãos e peito congelado, mas me recuperei e ainda busquei o sexto lugar). Só falta dobrar essa prova para ser o único no mundo a dobrar todas as provas da Copa do Mundo de ambientes extremos, pois eu fui o primeiro atleta do mundo a completar todas.
Falando nisso, liste algumas de suas conquistas.
Primeiro atleta do mundo a completar a Copa do Mundo de ambientas extremos (provas de 135 milhas -217 km- em montanha,neve e deserto)
Único atleta do mundo a triplicar a ultramaratona dos Anjos – 705 Km (Serra da Mantiqueira)
Único atleta do mundo a triplicar a Brazil 135 – 651 Km (Serra da Mantiqueira)
Único atleta do mundo a dobrar a Jungle Marathon – 509 Km (Floresta Amazonica)
Recordista em mais de 20 horas da Double da Badwater – 434 Km (deserto do Vale da Morte)
Primeiro sul-americano a completar a Arrowhead – 217 Km (com 50 negativos)
Fale de seu livro. O que você conta nele?
Eu queria contar para as pessoas minha história e poder motivá-las a mudar de vida também, a saírem do sofá e acordarem antes que seja tarde. O nome do livro é “Desafiando Limites” e nele eu conto a historia de como saí dos 98 kg e me tornei o primeiro atleta do mundo a completar a Copa do Mundo de ambientes extremos (quando eu conseguir dobrar a Arrowhead, vai sair o segundo livro, só com as ultramaratonas dobradas e triplicadas)
Como foi feita a edição?
Entrei em contato com uma editora. Queriam publicar o livro vendendo a R$ 30 e me darem R$ 3. Eu falei: “Eu faço a história e eles que ganham o dinheiro?” Não aceitei, entrei em contato com uma gráfica por indicação de uma amiga e cotei preço para pagar do meu bolso a publicação.
Vi que, se eu fizesse mil livros, sairia quase pela metade do preço de fazer 200 livros, mas pensei “o que vou fazer com tantos livros? Vai ficar tudo em casa encalhado”. Resolvi apostar e mandei fazer os mil livros. Tive apoio da Gaffa MKT Comunicação que diagramou e corrigiu os erros para mim de graça.
Como foram as vendas?
Foi surpresa total, divulguei no Facebook que estava vendendo meu livro. Era muito trabalhoso o processo: a pessoa me mandava um e-mail com o CEP, eu entrava no site dos Correios, calculava o frete, enviava de volta para a pessoa o valor a ser depositado com meus dados bancários, a pessoa fazia o depósito, me enviava o comprovante e o endereço, eu colocava no Correio e enviava para pessoa o número para rastreamento.
Mesmo com todo esse trabalho vendi os mil livros em 45 dias. Só na minha mão, fiz o lançamento durante a entrega do kit da Maratona do Rio de Jneiro (tenho que agradecer os organizadores que foram fantásticos comigo) e só nesse dia vendi 200 livros.
O que tem o livro a ver com sua loja on-line?
Resolvi montar a loja virtual para facilitar as vendas. Na loja virtual já calcula o frete automaticamente, avisa quando pagou e já me dá os dados para o envio e baixa do estoque automaticamente.
Com o livro, vieram os convites para palestras. Resolvi abrir a empresa para poder emitir nota Fiscal para as empresas que me contratam. Também faço uma venda casada de dar a palestra com distribuição do livro para as pessoas (caso seja de interesse da empresa) que assistem.
O livro já estava praticamente escrito, com os relatos das ultras, faltava o início, como tudo começou. Aí entrei em contato com um amigo que é escritor, Denilson Monteiro, e nos encontramos e foi montando capitulo a capitulo.
Hoje o livro está na segunda edição. Não tem em nenhuma loja, só na minha (confira AQUI). Custa R$ 30 mais o frete, sendo que já está perto de esgotar a segunda edição, já foram vendidos mais de 1.800 livros.
Então a empresa foi criada para vender seu livro. Como está hoje?
A empresa foi criada em setembro de 2013. Começou com os livros. Depois eu vi que muitos atletas entravam em contato comigo querendo saber o que eu uso nas provas, qual roupa, qual mochila, qual meia, qual tênis…
Eu tinha uma fabricante de artigos esportivos que era minha patrocinadora havia quatro anos, fiz o contato para a minha loja passar a vender os produtos dela, pois se um produto aguenta 700 km, o quanto vai durar em um atleta que corra 5 km, 10 km, 21 km e maratona? Eu ainda brincava com a empresa dizendo que iria me tornar seu maior vendedor. Lógico que não sou, mas chego lá.
Também tenho fornecedoras de tênis de corridas e calçados especiais, para neve e trilha.
No momento, vendo produtos de seis fabricantes, cerca de 160 produtos. Estou fechando contrato com uma sétima fornecedora, vou chegar a oferecer mais de 200 produtos na minha loja on-line.
As coisas não estão tão rápidas porque comecei tudo sozinho e sem dinheiro. Não tenho sócio, então faço tudo com os pés no chão porque vendendo ou não os boletos têm de ser pagos. Quando tem grandes corridas ou ultras, eu monto minha loja para vender nos eventos e isso ajuda muito, vendo em um dia o que levo para vender em dez na loja. Vou às assessorias esportivas oferecer, nas academias, não fico esperando cair do céu em casa.
Quando tudo isso começou você tinha acabado de ser demitido, não é? O que aconteceu?
Eu trabalhava na área financeira de uma construtora. A Construtora parou de construir e foi mandando um a um embora até sobrarem somente eu e o contador. Como é o contador que fecha a empresa, chegou minha vez. Eu já sabia que um dia isso ia acontecer, já esperava, mas foi muito triste trabalhar em uma empresa 12 anos e vê-la ter esse fim.
Qual sua situação hoje? Como estão as vendas?
Não posso reclamar, é gente do Brasil todo que compra na loja, tenho clientes de Manaus, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo, além do Rio de Janeiro. Hoje faturo uns 25% a 30% a mais do que quando estava empregado, mas isso não é nada ainda, estou engatinhando.
As vendas dependem muito dos tipos de prova. Minha especialidade é corrida de grande distância em ambientes extremos, mas tenho artigos para todos os tipos de corrida. Os atletas entram em contato comigo pedindo dicas da corrida o que usar, o que comer, e estou sempre à disposição de todos para ajudar no que for possível.
Além da loja, você trabalha também como palestrante. Como é essa atividade?
Quando eu abri a minha empresa já abri como comércio e serviços, para poder das as palestras, que se chama “Desafiando os Limites Para Vencer”. É uma palestra motivacional.
Já falei para 200 pessoas. Em dezembro passado, dei uma palestra para os 40 melhores funcionários de uma empresa. Terminou com o diretor em lagrimas me contratando na mesma hora para uma palestra para 200 funcionários, na Costa do Sauípe. No fim da minha palestra fui aplaudido de pé pelos 200 funcionários e fiquei mais de uma hora autografando meu livro e tirando fotos. Foi inesquecível ver a reação das pessoas e todas vindo falar comigo e saírem vibrando.
Qual seu planejamento a longo prazo ou a médio prazo?
Cada vez ter mais produtos e fabricantes para atender mais pessoas e passar a vender produtos de outros esportes. Pretendo no fim do ano abrir uma loja física porque infelizmente tem fabricantes que não vendem para quem tem somente loja virtual, já tomei não de duas empresas.
E nas corridas, quais seus planos para este ano?
A cada Rei e Rainha do Mar (são três edições por ano), eu faço 100 km na areia (foto) e em troca a organização doa 10% do arrecadado para o Hospital Pro Criança Cardíaca. Todos os anos, faço um desafio para o INCA (Instituto Nacional do Câncer) de no mínimo 200 km, para arrecadar fundos para o hospital. Fora esses, estou vendo para o meio do ano uma prova de mais ou menos 500 km no exterior e em setembro vou tentar bater o recorde mundial de sete dias em esteira, que atualmente é de um francês, com 822 km.