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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Emoção e espírito fraterno marcam homenagem a corredor morto na USP

Por Rodolfo Lucena
23/08/14 12:37

23 manifestacao abre

Uma cerimônia emocionante, na manhã deste sábado, celebrou as homenagens de amigos, parentes e corredores em geral à memória do maratonista Alvaro Teno, atropelado e morto na semana passada enquanto treinava nas alamedas da Cidade Universitária.

A manifestação começou logo cedo, quando a viúva e os filhos de Teno, mais amigos e colegas de clube, saíram do Paineiras, no Morumbi, em caminhada em direção à USP. Em silêncio, mas carregando cartazes em memória do amigo perdido, o grupo fez o percurso em segurança. A maioria vestia camiseta preta estampada com a foto do senhor Teno.

Enquanto isso, na USP, o treino de grande número de corredores também valia como homenagem ao atleta morto. Muitos vestiam preto, alguns com a palavra “luto” escrita na camiseta.

Às 9h, corredores avulsos e o pessoal da caminhada se encontraram na praça do Relógio, onde aconteceu a concentração (na foto, filhos e a vúva de Teno). Nos cartazes, a mensagem que todos traziam no peito: “Respeito ao atleta de rua” e “Não à impunidade no trânsito”.

Um dos organizadores da homenagem disse algumas palavras, destacando que aquele movimento era uma manifestação pacífica, sem vínculos políticos nem preconceitos, em defesa da vida e da paz. Depois os manifestantes se deram as mãos e fizeram juntos uma oração.

A família, abraçada, foi para o centro do grupo. E os corredores todos, a pequena multidão ali reunida, se deram os braços e, como se fossem um só corpo, abraçaram a viúva e os filhos de Alvaro Teno.

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Corredores fazem ato de solidariedade às vítimas de atropelamento na USP

Por Rodolfo Lucena
20/08/14 16:08

Amigos e conhecidos do maratonista Álvaro Teno, que foi atropelado e morto no sábado passado, quando treinava nas alamedas da Cidade Universitária, vão realizar um ato em homenagem ao veterano corredor e em solidariedade às demais vítimas do atropelamento.

O ato está sendo chamado de Black Run (corrida de preto) e tem como adendo: “Respeito ao atleta de rua – Luto pelo atropelamento criminoso de 16 de agosto”.

A seguir, coloco a íntegra do texto da convocação do evento, já com modificações feitas pelos organizadores.

“Devido à repercussão da BLACK RUN – RESPEITO AO ATLETA DE RUA, eu em conjunto com a ATC (Associação dos Treinadores de Corrida) e companheiros de treino do Sr. Álvaro Teno, tomamos algumas providências visando a segurança de todos e principalmente, O RESPEITO AOS AMIGOS E FAMILIARES.
“Muitos se solidarizaram e querem prestar uma merecida homenagem ao Sr. Álvaro.
“Para tanto, não queremos aglomerações que ponham em risco nós, o Campus e a própria homenagem em si.
“Dentro da USP NÃO haverá mais caminhada ou corrida ou qualquer tipo de evento que obstrua as vias do Campus (devido à quantidade de pessoas esperadas).
“No lugar do cronograma antigo, as coisas funcionarão da seguinte forma:
“Complementando a rotina de treinos dos atletas do Clube Paineiras, com quem o Sr. Teno treinava, a partir das 7:30h se reunirão em frente ao clube, saindo às 8h00 em direção a PRAÇA DO RELÓGIO na USP onde 9h00 faremos uma homenagem em conjunto, abraço coletivo ou uma oração e então eles retornarão ao clube Paineiras.

“Estão todos convidados. Como o próprio Alvaro dizia: “Quanto mais gente melhor “
“Como no início, pedimos que todos usem preto.
“Aos atletas que forem treinar normalmente na USP, pedimos que usem preto também.
“As questões mais “políticas” e canais importantes que foram abertos estão sendo trabalhados junto com a ATC – que já tem diversas propostas em andamento com a Prefeitura do campus. Vamos fazer uma linda homenagem e conscientização sobre o Atleta de Rua.
“Nos vemos sábado.”

O texto é assinado por Karen KaKa Riecken,  e você encontra a convocação original AQUI. Assim que tiver outras informações sobre o evento, publicarei atualizações nesta página.

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Enterro de corredor atropelado na USP é neste domingo às 17h

Por Rodolfo Lucena
17/08/14 11:16

O maratonista Alvaro Teno, 67, atropelado e morto ontem enquanto treinava nas alamedas da Cidade Universitária, será enterrado neste domingo, às 17h, no cemitério do Araçá. O velório transcorre a partir das 12h, segundo informações que me foram transmitidas pelo treinador do senhor Teno, Carlos Cherpe.

Analista de sistemas, Teno corria havia mais de 30 anos. Agora estava se preparando para a meia maratona de Buenos Aires, no mês que vem; depois faria a maratona de São Paulo.

“Era uma pessoa muito dedicada, sempre com objetivos muito claros”, me disse Cherpe, que orientava os treinos de Teno havia seis anos, no grupo de corridas do clube Paineiras.

O veterano corredor foi o primeiro a ser atingido por um carro Toyota Corolla prata, dirigido por um motorista bêbado, segundo registro policial. Desgovernado depois de atingir Teno, o carro conduzido pelo pedreiro Luiz Antonio Machado, 43 –que foi preso em flagrante—ainda acertou três pessoas. Um quinto corredor conseguiu escapar do choque, mas levou um tombo e bateu a cabeça.

“Lembro de um carro prata atingindo um senhor e depois vindo para cima da gente, não due para fazer nada, ele estava muito perto”, me disse na manhã de hoje uma das vítimas, a biomédica Anelive Torres, 35, mães de dois filhos.

Torres estava se preparando para estrear na maratona –pretendia correr a prova de Buenos Aires em outubro—e corria com a amiga Eloisa Pires do Prado, 43, e com o treinador das duas, Andre Lyra Parmagnani.

A mais gravemente atingida foi Eloisa, que foi levada de helicóptero para o hospital Samaritano, onde passou por longas horas de cirurgia ao longo da tarde de ontem. No final do dia, segundo informações que recebi da assessoria de imprensa do hospital, ela foi para a recuperação.

O ex-treinador dela, Luiz Fernando Bernardi, esteve no hospital e informou: “As notícias são de que ela teve fraturas múltiplas nas duas pernas, rompimento de todos os ligamentos de um dos joelhos, fratura num dos ossos da face e na região do queixo. No quadril, teve perda de pele …Vai no futuro ter que fazer outras cirurgias reparadoras desses machucados”.

Anelive Torres, com quem conversei hoje me manhã, rompeu os ligamentos do joelho esquerdo, teve fratura na tíbia direita e várias escoriações. Provavelmente terá de passar por outras cirurgias até começar a se preparar novamente para a estreia na maratona, adiada, mas não abandonada.

Ela teve alta do hospital ontem à noite.  E me disse que o treinador da dupla está bem; quebrou o braço, pelo que ela soube, e já saiu do hospital.

O outro corredor atingido foi o taxista Ulisses Ramos, 43, que corre há 13 anos e há dois anos treina com a equipe Branca Esportes.

Eis o depoimento de Ulisses: “Oi, Rodolfo, foi muito horrível. O carro veio em alta velocidade para cima da gente. Eu pulei para a calçada. Na hora que levantei vi as pessoas no chão, fiquei com as moças conversando. Elas estavam conscientes, mas a médica estava muito machucada principalmente as duas pernas. Muito machucada. Eu fiz uma tomografia e estou bem, mas a imagem não sai da minha cabeça”.

Grupos de corredores e entidades da área estão preparando manifestação de apoio às vítimas e de protesto contra o acidente. Assim que eu tiver informações mais sólidas, concretas e confirmadas, publico neste blog.

Volto a dizer que atropelamento provocado por motorista alcoolizado não é acidente, é crime! Quem dirige bêbado assume o risco de perder o controle do veículo, atropelar, machucar e matar alguém.

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Corredor veterano morre atropelado na USP

Por Rodolfo Lucena
16/08/14 13:16

Um acidente na manhã de hoje na USP matou um corredor e deixou feridos pelos menos outros três atletas que faziam exercícios nas alamedas da Cida Universitária, na zona oeste de São Paulo.

Eles foram atropelados por um carro; o motorista, segundo algumas pessoas com quem conversei, estaria bêbado.

16 usp 5 alvaro tenoO senhor Alvaro Teno, de 67 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu, segundo me disse seu treinador, Carlos Cherpe, que cuidava da orientação de Teno havia seis anos. O veterano atleta treinava com o grupo de corridas do clube Paineiras, o Scorp.

Sobre ele, o treinador Diego Lopes colocou em sua página em uma rede social: “Conheci o Sr. Álvaro no final da década de 90… ele competia na época as provas da Corpore contra um atleta nosso, Frei Orlando. Atualmente com mais de 60 anos, era um dos corredores mais fortes que eu já conheci… exemplo de vitalidade… e agora nos deixa após ser atropelado covardemente em um dos seus treinos rotineiros hoje na USP. Estou inconformado…”

Os outros atingidos foram um personal trainer e duas de suas alunas, conforme informações que obtive com Luiz Fernando Bernardi, da Find Yourself, ex-treinador de uma das atletas feridas.

Essa ex-aluna dele é a médica Eloísa Pires do Prado, especialista em otorrinolaringologia que atuava no Hospital São Camilo. Bernardi me contou que chegou a ficar com ela, segurando a mão da atleta, nos últimos momentos dos primeiros socorros. A corredora ferida teve de ser levada para o hospital de helicóptero. Naquele momento, ela estava consciente, mas seu estado era grave, tinha fraturas múltiplas.

A doutora Eloísa passou por longa cirurgia e, por volta das 20h, já tinha sido levada para a recuperação. Bernardi foi ao hospital, conversou com o marido da atleta e com um médico e divulgou as seguintes informações: “As noticias são de que ela teve fraturas múltiplas nas duas pernas, rompimento de todos os ligamentos de um dos joelhos, fratura num dos ossos da face e na região do queixo. No quadril, teve perda de pele …Vai no futuro ter que fazer outras cirurgias reparadoras desses machucados”.

Segundo as informações que Bernardi obteve, a médica não corre risco de morte. Ele escreveu em sua página nas redes sociais: “Vamos torcer por sua RECUPERAÇÃO … Elô .. sempre GUERREIRA … vai vencer esse desafio que encontrou na VIDA …. “.

A outra corredora é Anelive Torres, que foi atendida e, pelo que pude apurar, está fora de perigo. O personal delas, de quem ainda não tenho notícias, é Andre Lyra Parmagnani, segundo me disse Cleide Bernardi, da Find Yourself.

Outro corredor atingido foi o taxista Ulisses Ramos, 43, que corre há 13 anos e há dois anos treina com a equipe Branca Esportes.

Eis o depoimento de Ulisses: “Oi, Rodolfo, foi muito horrível. O carro veio em alta velocidade para cima da gente. Eu pulei para a calçada. Na hora que levantei vi as pessoas no chão, fiquei com as moças conversando. Elas estavam conscientes, mas a médica estava muito machucada principalmente as duas pernas. Muito machucada. Eu fiz uma tomografia e estou bem, mas a imagem não sai da minha cabeça”.

16 usp 1

Essas foram as informações que consegui apurar com fontes próximas aos feridos. Há muita coisa sendo publicada nas redes sociais. Cito aqui uma delas, sem incluir o nome do autor, porque não consegui confirmá-la. Fica o registro, porém: “Estava por lá, muito forte as cenas, muito triste o fato. Motorista bêbado e quase linchamos o desgraçado que estava rindo de tudo e todos”.

O perfil Divas que Correm publicou uma foto do momento do socorro e o comentário: “Manhã MUITO TRISTE na USP. Quatro corredores atropelados. Um foi levado inconsciente. Três imobilizados na maca, sendo duas mulheres que tinham o sonho de correr a Maratona de Buenos Aires pela primeira vez. O motorista bêbado foi preso rindo. Os corredores, revoltados, gritam e jogam pedras no carro completamente destruído. A polícia isola a área e pede calma. Até quando vamos conviver com isso?”

16 usp 2 carro

De fato, é uma tragédia, mas, como em outros casos semelhantes, que fique claro: NÃO FOI ACIDENTE. Quando alguém bêbado assume a direção de um carro está assumindo também o risco de provocar eventos terríveis como o da manhã de hoje na USP.

Deixo meu abraço a todas as vítimas, amigos e parente do senhor Teno. Peço desculpas por eventuais erros de grafia em nomes ou mesmo sobre as idades; todas as pessoas com quem falei estavam bastante abaladas, como é natural. Este texto tem o que de melhor consegui obter de informações até agora.

Reportagem da Folha atualizada às 13h18 de hoje diz o seguinte: “Luiz Antônio Conceição Machado, 43, que dirigia o Toyota Corolla prata que atropelou as cinco pessoas, foi preso em flagrante. Ele será indiciado sob suspeita de embriaguez ao volante e homicídio culposo (sem intenção). De acordo com policiais, o motorista disse ter perdido o controle após cochilar ao volante. “Fizemos o teste do bafômetro, que marcou 0,54 decigramas de álcool, acima do limite”, disse o cabo Jeferson Dias, que deteve o motorista”.

O texto também informa: “Segundo a PM, por volta das 9h, o motorista do carro perdeu o controle e atingiu cinco pessoas que corriam na rua, próximo ao portão 1, o principal do campus. Após atingir as pessoas, o veículo invadiu a calçada e bateu numa árvore. De acordo com Dias, testemunhas relataram que ele tentou da marcha ré para sair com o carro, mas foi impedido por frequentadores do campus.”

Uma corredora afirmou: “Nossa, agora que estou lembrando. Travei a imagem da minha memória. Eu vi um rapaz sair de maca, com a perna toda enfaixada e o rosto todo machucado, mas de olhos abertos e espertos”. Também disse que havia mais do que quatro ambulâncias no atendimento.

16 usp 3 ambulancias

 

As fotos aqui publicadas foram produzidas por uma das editoras do perfil Divas Que Correm, que fez comentário sobre o meu texto e autorizou o uso das imagens. No perfil “Divas…” , no Facebook, há outras fotos. O retrato do senhor Alvaro Teno foi publicado originalmente no perfil da jornalista Roberta Palma.

A Folha publicou vídeos produzidos por corredores que estavam no lacal. Veja a reportagem e as cenas clicando AQUI.

Lembro que fiz este texto logo que soube do caso e fui fazendo edições e alterações ao longo do dia, sempre com a melhor informação conseguida no momento. Continuamos na torcida pela melhora dos feridos. Fica a solidariedade aos amigos e familiares do senhor Teno

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Quarentona e mãe de dois filhos, corredora se torna a mais velha campeã europeia de atletismo

Por Rodolfo Lucena
13/08/14 10:00

13 jo pavey quarentona Menos de um ano depois de ter dado à luz seu segundo filho e 39 dias antes de completar 41 anos, a britânica Jo Pavey deu um show de resistência e velocidade ao vencer na noite desta terça-feira (11) a prova de 10.000 m no Campeonato Europeu de atletismo (foto AP).

Com a vitória na competição, realizada no Letzigrund Stadium, em Zurique, ela se torna a mais velha campeã europeia  de atletismo da história.

Há dez dias, Pavey já tinha mostrado que não estava ali para brincar: conquistara a medalha de bronze nos 5.000 m.

Feliz da vida depois do ouro na prova mais longa, ela ainda deu a volta olímpica carregando nos braços a sua mais nova bebê, Emily, de 11 meses.

Na prova, a atleta resolveu escapar do pelotão quando ainda faltava uma volta para o final. Ao longo dos 400 metros decisivos, sofreu o ataque da francesa Clemence Calvin, mas conseguiu resistir às investidas da corredora, 16 anos mais jovem do que a campeã.

Assim, Pavey desbanca a russa Pavey desbanca a russa Irina Khabarova como mais velha medalhista de ouro nos 80 anos do Europeu de atletismo. Khabarova intregou a equipe russa que venceu o 4x100m em 2006, quando tinha 40 anos e 27 dias.

Apesar da evidente alegria pelo recorde, a britânica foi contida na hora de comentar: “É um índice muito bacana de conquistar. É uma grande honra”, disse ela.

Pavey é a própria mãezona, mesmo nos treinos, costumeiramente feitos em família. Os exercícios são orientados por seu marido, também seu técnico, que costuma levar Emily no colo. Enquanto issso, o mais velho, Jacob, 4, imita a mãe fazendo arrancadas e tiros rápídos numa pista secundária.

Estavam todos em Zurique. “Foi muito emociontante tê-los comigo”, disse ela, que é uma competidora muito consistente: nunca terminou em posto abaixo do quinto em todas as provas anteriores que disputou em campeonatos europeus.

Na prova deesta terça, era a quinta mais rápida, mas, como já se sabe, retrospecto não ganha jogo. Ela correu por fora, na pista dois, a maior parte do tempo. Ficou um tempão no pelotão perseguidor e, com duas voltas para o final, alcançou o terceiro posto. Ao som do sino, mandou ver. O resto é história.

Apesar da alegria e de seu espírito discreto, não deixou de contar a guerra que ocorre no meio do pelotão: “Aposto que muita gente está me criticando por ter corrido por fora a maior parte do tempo, achando que eu poderia fazer um tempo melhor. Acontece que eu levava pisadas cada vez que tentava entrar no pelotão. Cheguei a ficar preocupada…

Sobre a última volta, ela comentou: “Comecei segurando, tentando fazer uma volta mais controlada, para não perder o gás na reta final. Mas eu não sabia onde as outras meninas estavam, então disse para mim mesma: manda ver e vai com tudo, que você não vai se arrepender”.

De fato. O tempo cravado, 32min22s39, e a medalha de ouro provam o acerto de sua decisão.

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Mulheres são mais bem ritmadas que homens na maratona

Por Rodolfo Lucena
11/08/14 16:30

As mulheres são muito mais equilibradas do que os homens quando se trata de manter o ritmo na maratona. Provavelmente, isso é verdade em outros aspectos da vida, mas em relação à maratona nós temos prova cabal, baseada na verdade fria dos números.

Pelo menos é o que nos faz crer estudo realizado por um grupo de cientistas de diversas instituições médicas dos Estados Unidos e publicado na edição de julho de “Medicine & Science in Sports & Exercise”.

Pesquisadores da at Marquette University, da Mayo Clinic e da and Grand Valley State University reuniram dados de concluintes em 14 maratonas, desde provas de massa, como a de Chicago e a da Disney, até provas menores. Foram realizadas em diferentes condições: calor, frio, asfalto plano ou traçado ondulado. No total, conseguiram informações sobre os tempos de 91.929 concluintes, de todas as faixas etárias; 42% eram mulheres.

Fizeram uma análise bastante simples, pegando o tempo de cada correr na meia maratona e seu tempo final.

Se o corredor faz a segunda parte mais ou menos no mesmo tempo em que correu a primeira, é porque conseguiu calibrar bem o esforço, mantendo um ritmo semelhante em todo o percurso.

Se reduziu o tempo na segunda etapa, fazendo o que se chama de “split negativo”, o cara ou a moça é um sujeito de ponta, praticamente, profundo conhecedor de si mesmo e da aplicação de forças durante a prova. Isso é raro; em geral atletas de elite são os poucos que conseguem negativar na maratona.

O mais comum é que o amador faça a segunda etapa em um tempo maior do que a primeira. A diferença entre os tempos é que vai nos dizer o quanto o atleta conseguiu calibrar seu ritmo adequadamente.

Dito isso, vamos aos resultados gerais. No cômputo total, os homens reduziram o ritmo bem mais do que as mulheres –uma diferença de 25% conta o dito sexo forte. Especificamente, em média os homens fizeram a segunda parte da maratona 16% mais devagar do que a primeira; as mulheres, em média, foram 12% mais lentas na segunda metade.

Se você é um defensor da causa masculina, segure-se firme da cadeira, porque aí vem mais chumbo. Se você é uma prendada leitora, prepara-se para aquecer seu coração de alegria. Os resultados seguintes são ainda mais laudatórios da capacidade feminina de não perder o ritmo –ou, ao perder, não desabar no asfalto.

Depois dos já citados resultados gerais, os pesquisadores resolveram furungar um pouco mais nos dados. Descobriram o que podemos chamar de redutores pesados, gente que fez a segunda parte beeeeem mais lentamente do que a primeira. Quem teve diferença de 30% ou mais na segunda etapa entrou nessa categoria  –por exemplo, um sujeito que fez a meia em duas horas e fechou em 2h36 ou mais se enquadra nessa categoria.

Aí os homens mostraram que são apressadinhos mesmo, que saem correndo mais rápido do que deveriam ou que não conseguem se equilibrar direito no ritmo: cerca de 14% dos concluintes homens se enquadram nessa categoria de redução pesada, contra apenas 5% das mulheres.

Essa disparidade de ritmos foi registrada em todas as faixas etárias e tempos de conclusão, mesmo entre os mais rápidos. Entre os mais lentos, a diferença aumentou: no pelotão do mundo, as mulheres eram bem melhores do que os homens no que se refere ao equilíbrio de ritmo.

Todos esses dados se referem a uma edição das provas analisadas. Isso levou os pesquisadores a se perguntarem se não poderia haver uma distorção. Talvez uma quantidade extra de corredores menos experientes em uma ou algumas das maratonas compiladas bagunçasse a estatísticas.

Para contornar o problema, conseguiram dados históricos aleatórios de um grupo menor de atletas – também aleatório, ou seja, não foram os pesquisadores que escolheram o grupo analisado mais profundamente; a base de dados usada tinha informações sobre 2.929 concluintes de algumas provas ao longo de anos.

Se você está pensando que experiência ajuda, pode tirar o cavalinho da chuva.

O que os pesquisadores descobriram é que, independentemente do número de provas no currículo, a diferença se mantinha. Ou seja, avaliando homens e mulheres com a mesma experiência tendem a apresentar a mesma diferença de ritmo inicialmente registrada, com os homens reduzindo mais segunda etapa dos que as mulheres, que mantêm ritmo mais constante.

 

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Nova superultra brasileira já tem candidato a campeão

Por Rodolfo Lucena
08/08/14 10:12

“A era 135 já foi, agora será 175 milhas. E escreva aí…essa eu vou ganhar.”

A mensagem acima foi uma das primeiras que recebi quando começou a ser divulgada a “morte” da ultramaratona BR 135, prova de 217 km disputada na serra da Mantiqueira e tida como uma das mais difíceis e complexas do país.

Com o fim daquela prova, surgiu sua sucessora, ainda mais longa e, provavelmente, com desafios ainda maiores, muito além da distância. Trata-se da BR135+, que terá 175 milhas de pura montanha, como a prova original.

Ao que vejo nas redes sociais, a extensão não intimidou um bom grupo de corredores, que já se organizam para enfrentar a nova competição. Quem me mandou aquela mensagem foi o triatleta e ultramaratonista Reinaldo “Tubarão” Bassit, também conhecido como nutricionista de primeira e treinador de atletas superfocados em desempenho, além de empresário.

A meu pedido, “Tubarão” ampliou aqueles comentários, fazendo observações sobre o que ele espera da nova prova. A partir de agora, fiquemos com o texto do candidato a campeão, a quem agradeço pela colaboração.

“A-C-A-B-O-U, esse foi o e-mail que o comandante Mário Lacerda enviou a todos os atletas no dia 26/07/2014 às 18h23. Isso significava que a BR 135 (217 km de corrida a pé, realizada na Serra da Mantiqueira e com 10 mil metros de subidas acumuladas) não aconteceria mais.

“Depois de 10 anos fazendo a alegria dos ultramaratonistas considerados verdadeiros “loucos”, foi essa a notícia que eu também recebi. Ao ler isso, confesso que fiquei chocado e, que Deus me perdoe, eu senti a mesma coisa que uma pessoa sente quando fica ciente da morte de um amigo ou parente –lógico, em menor proporção.

“Depois de já ter feito a BR 135 seis vezes e ter ficado em segundo lugar numa delas, eu tenho uma ligação muito especial e espiritual com essa prova. Como eu já relatei em outra oportunidade, é lá (BR 135) que nós encontramos a nossa verdadeira alma. E como eu sempre digo, não fui eu quem escolheu essa prova, mas sim, essa prova que me escolheu.

“Além disso, o meu sonho sempre foi ganhar a BR 135, e todos que me conhecem sabem que eu estou fazendo a minha lição de casa e venho evoluindo para a chegada desse grande dia. Eu sonho com isso todos os dias desde quando eu participei desse evento pela primeira vez.

“Neste ano, ganhei a Ultramaratona dos Anjos e, ao cruzar a linha de chegada, procurei não me emocionar muito, porque para mim essa vitória faz parte de um treino e uma evolução para chegar ao meu principal objetivo. Fiquei guardando a minha emoção para explodi-la no momento mais especial da minha vida, ou seja, ganhar a BR 135.

“No entanto, com essa notícia, eu quase vi o meu sonho escoar por água abaixo. Digo quase porque, no dia seguinte, vi uma postagem dizendo que a prova tinha mudado – aumentaram a distância de 135 milhas para 175 milhas.

“Quando eu soube dessa notícia, fiquei mais feliz do que nunca, pois sei que agora as minhas chances de ganhar aumentaram devido à minha característica física. Agora a prova está mais para um cara forte do que para um cara rápido, a grosso modo falando.

“Assim, o que eu posso dizer agora é: `Go Hard or Go Home` [NR: vá com tudo ou vá para casa, em tradução livre] – e vamos para a vitória…”

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Campeã da primeira maratona olímpica feminina corre em busca de histórias

Por Rodolfo Lucena
06/08/14 10:01

06joan vale esta O que é mais difícil, correr uma maratona ou entrevistar a campeã da primeira maratona olímpica 30 anos depois de a prova ter sido realizada? É uma pergunta retórica, você não precisa responder, mas o fato é que eu penei para trazer para você esta entrevista.

Não porque a norte-americana Joan Benoit-Samuelson seja um dragão furioso e mal-humorado. Ao contrário, a elétrica corredora, hoje ostentando elegantes cabelos prateados, é de uma enorme simpatia. O problema é que ela não para: aos 57 anos, completados nos último dia 16 de maio, continua correndo em altíssimo nível. Além das corridas, cumpre uma apertada agenda de palestras e aparições públicas, participação em eventos e atividades domésticas.

Mesmo assim, tive a satisfação de ser incluído na lista de seus afazeres no dia 21 de julho passado. Teria 30 minutos para a entrevista por telefone, que uma série de desacertos acabou por reduzir para 15 minutos de teleconferência. Depois de a assessora de imprensa fazer  as apresentações na teleconferência, terminou dizendo que me restavam 13 minutos e meio.

Fiz o possível. Espero que você goste.

Antes de começar a leitura, porém, vamos relembrar um pouco a trajetória da campeã da primeira maratona olímpica feminina, realizada nos Jogos de Los Angeles no dia 5 de julho de 1984 (foto no alto).

Joan Benoit Samuelson começou a correr no ginásio em sua cidade natal de Cape Elizabeth, no Maine. Logo foi destaque regional e quando, entrou no Bowdoin College, sua carreira decolou, tornando-se atleta laureada competições nacionais de cross country.

Estreou na maratona em Boston, em 1979, estabelecendo então a melhor marca do percurso e a melhor marca norte-americana na distância. Quatro anos mais tarde, voltou a Boston para cravar a melhor marca do mundo. E, em 1984, foi a primeira campeã e primeira recordista da maratona olímpica feminina.

Ao longo da carreira, lidou com várias lesões, que enfrentou com galhardia. Em 1984, por exemplo, venceu a seletiva olímpica dos EUA apenas 17 dias depois de ter passado por uma artroscopia no joelho. Sua enorme capacidade de recuperação não era exatamente uma novidade: estabeleceu a melhor marca mundial apenas dois anos depois de ter sido submetida a uma cirurgia no tendão de Aquiles.

Mesmo depois de “aposentada” da elite internacional, continuou correndo forte. Em 1983, aos 46 anos, foi a vencedora da meia maratona do Maine. Tem vários recordes na faixa etária; seu pior tempo foi na maratona de Atenas em 2010 (3h02), mas ela ainda tinha o corpo cansado da maratona de Chicago, que correra 21 dias antes.

Bueno, vamos à entrevista (imagens cedidas pela Nike).

Qual a importância de ter surgido a Maratona Olímpica para mulheres?

Bem, eu fui a primeira vencedora da primeira maratona feminina realizada em Jogos Olímpicos, realizada em Los Angeles, no meu território natal, nos Estados Unidos. Foi muito importante para mim participar. Muitos dos assim chamados especialistas na área acreditavam que, se uma mulher corresse mais do 1.500 metros, que era a maior distância permitida em competições, teria prejuízos físicos e nunca mais poderia ter filhos ou competir em outros eventos.

A senhora participou do movimento pela criação da maratona olímpica feminina?

Não, na realidade não. Eu tive a sorte de estar no lugar certo na hora certa. Tivemos diversas pioneiras nessa área que contribuíram para essa virada e tornaram o evento possível. A mulher que tentou correr a maratona de Boston, Roberta Gibb, e Kate [Kathrine] Switzer [primeira mulher a correr na maratona de Boston com registro oficial], e pessoas como Miki Gorman [vencedora das maratonas de Boston e Nova York no finalk dos anos 1970], Jaqueline Hansen, que participou do movimento para convencer o Comitê Olímpico Internacional, e Nina Kuscsik, primeira mulher a correr a maratona de Nova York e a vencer a de Boston. NEntão, houve um conjunto de mulheres que, digamos assim, abriram as comportas…

Kathrine Switzer afirmou que sua vitória mudou o jeito de o mundo pensar sobre as limitações das mulheres…

Eu dou o crédito a Roberta Gibb (Bobby Gibb), porque ela foi realmente a primeira mulher a  correr a maratona de Boston. Kathryn correu um ano depois, mas estava no lugar certo na hora certa para que o mundo prestasse atenção, pois foi quando Jock Semple tentou tirá-la do asfalto. O namorado dela veio em seu socorro, e houve aquelas imagens que ficaram famosas… Mas o fato é que Roberta Gibb havia corrido Bostone terminou antes de Kathryn… Então, sendo nativa da Nova Inglaterra e conhecendo Bobby, que na verdade é uma grande artista, escultora e tem vários PhDs… Ela, na verdade, fez o troféu para a seletiva norte-americana para a maratona olímpica feminina, que foi realizada em Olimpia, Washington. Eu me sinto muito privilegiada por ter uma de suas esculturas. Não foi Kathryn sozinha, não foi Bobbi sozinha, foi uma combinação de acontecimentos e um grupo de pessoas que tornaram possível a maratona olímpica feminina.

O que a senhora lembra primeiro quando falam de maratona olímpica feminina?

Eu lembro… A Nike mandou pintar um mural com a minha imagem, em tamanho gigante, em uma das paredes logo fora do Coliseu (em Los Angeles); e lembro de estar correndo uma maratona em San Diego, e alguém me perguntou se eu queria ir ver o mural, era o inverno antes da Olimpíada, e eu falei que não na hora, porque eu não queria provocar a sorte. Se eu visse o mural, imaginei, poderia ficar um tanto impressionada… Mas depois eu decidi ir vê-lo e foi totalmente “uau!”. Depois daquilo eu pensei: aqui há uma empresa que está pondo muita fé em mim e não quero desapontá-la… E então eu tive aquele problema com o joelho, pouco antes da maratona seletiva para a maratona olímpica. Passei por uma cirurgia no joelho apenas duas semanas antes da seletiva e aquela imagem do mural ficou na minha cabeça, ficava pensando sobre ela e foi isso que me ajudou a enfrentar os problemas no joelho… Eu sabia que não havia ninguém treinando tão duro quanto eu, e eu não me importava de treinar forte… Eu era muito apaixonada por correr –e ainda sou, eu jamais imaginaria que, 30 anos depois daquela maratona eu ainda estaria correndo competitivamente, mas estou… É a paixão que tenho por esse esporte que me mantém, e as histórias em que posso participar hoje…

Na maratona olímpica, a senhora viu a chegada de Gabriele Andersen?

Eu não conhecia Gabriele antes da maratona. Depois de vencer a prova, eu saí direto da pista para o teste de dopagem e para as entrevistas. Vários jornalistas perguntaram o que eu pensava da situação dela, e eu disse que sabia que ela era um pouco mais velha e que o fato de ter completado a prova na primeira maratona olímpica feminina era algo realmente especial… Eu não tinha ideia do que tinha acontecido, do problema de desidratação que ela havia enfrentado no final…

Depois da coletiva, alguém me contou o que aconteceu… O importante é que ela foi competente e coerente para recusar ajuda na hora da chegada, porque ela realmente queria completar a primeira maratona olímpica feminina sem auxílio externo –que a teria desclassificado.

Por outro lado, se ela tivesse morrido ou sofrido sequelas por causa de seu estado, eu fico me perguntando se hoje teríamos uma maratona feminina na Olimpíada…  Ainda bem que ela conseguiu terminar e logo se recuperar…  O resto, como se diz, é história.

Trinta anos depois daquela vitória, a senhora continua correndo forte, quebrando recordes na faixa etária… O que a mantém competitiva? E qual a importância da corrida para a senhora?

Tudo tem a ver com a paixão. Eu gosto de dizer, nas minhas palestras, que, se você não tem paixão, você não tem fogo; e, se você não tem fogo, você não pode inflamar nada. Então é realmente a minha paixão pelo esporte e pela possibilidade que ele me dá de contar histórias…

Por exemplo, em 2008, quando a seletiva para a maratona olímpica foi realizada em Boston, imaginei que aquela seria minha última maratona competitiva e então coloquei um objetivo de correr a prova em menos de 2h50 aos 50 anos… Foi em Boston que corri minha primeira maratona, em 1979. Então pensei: isso é uma história… Eu conquistei o objetivo almejado, de sub2h50. Saí dali satisfeita, pensando que tinha corrido minha última maratona competitiva.

Daí, no ano seguinte, recebi uma ligação de Mary Wittenberg, diretora da maratona de Nova York, me convidando para correr a maratona de Nova York. Era o 40º aniversário da maratona de Nova York e o 25º aniversário de minha primeira presença lá, então pensei: legal, eu vou correr. A imprensa indagava se eu não tinha corrido no ano anterior minha última maratona competitiva…  Eu falei que também tinha pensado isso, mas nunca disse o que “competitiva” significa…

Então  no ano seguinte houve Chicago, e era 10/10/10, e o 25º aniversário de meu melhor tempo, e pensei, aí há uma história, então corri Chicago… Tudo tem a ver com a história que rola…

Dias depois, naquele mesmo mês, fui a Atenas, era o 2.500º aniversário da Batalha de Maratona. Seria  coisa que eu nunca tinha feito antes, nunca tinha corrido duas maratonas no mesmo mês… Mas era o 2500º aniversário da Batalha de Maratona e eu disse a mim mesma que queria estar lá…..

Então, há dois anos, corri a maratona de Boston com minha filha, a primeira vez que corri lado a lado com ela, eu nunca havia imaginado que isso seria possível (foto abaixo). 06 joan e filha Depois, no ano passado, foi o 30º aniversário de meu melhor tempo em Boston, então tentei correr Boston em no máximo 30 minutos a mais do que meu melhor tempo… Eu tinha de fazer sub2h52, o que eu consegui…  E isso passou, foi esquecido, por causa da tragédia que ocorreu.

Neste ano voltei a Boston com meus dois filhos, para celebrar os 30 anos de minha conquista olímpica, nunca tinha imaginado correr uma maratona com meus dois filhos. O objetivo era cada um terminar com uma diferença máxima de 30 minutos do outro, 30 anos depois da minha vitória…. Conseguimos: meu filho correu em 2h50, eu corri em 2h52 e minha filha em 3h15, então deu tudo certo… Para mim, tudo tem a ver com a história que cada maratona carrega, é o que me motiva hoje…

Então, nada de pensar em aposentadoria…

Bem, nunca diga nunca, mas eu diria… Estou procurando pela próxima história… Eu já disse que, quando eu não conseguir mais correr com uma diferença de no máximo uma hora em relação ao recorde mundial masculino da maratona é quando eu vou parar de correr. Mas vamos ver… Eu não quero chegar mancando ou sofrendo, quero correr correndo. Quando eu não puder mais correr de verdade uma maratona, é quando acho que vou parar. E vou ficar aplaudindo da calçada…

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Determinação e luta marcam primeira maratona olímpica feminina

Por Rodolfo Lucena
04/08/14 11:21

Neste cinco de agosto se completam 30 anos da primeira maratona olímpica feminina, realizada nos Jogos de Los Angeles-1984.

A norte-americana Joan Benoit Samuelson venceu com grande vantagem, estabelecendo o primeiro recorde olímpico na modalidade e nova melhor marca mundial –na época, a IAAF (a Fifa do atletismo) ainda não usava a palavra recorde para o melhor tempo da maratona no mundo.

Mas a imagem que ficou foi a da suíça Gabriele Andersen, que chegou mais de 20 minutos depois, alquebrada, quase desmaiando, com as pernas tortas. No limite de suas forças e da consciência, ela ainda conseguiu recusar ajuda e cruzar a linha sem auxílio para entrar para história com uma das 44 mulheres que completaram a prova naquele dia de forte calor e sol intenso.

A epopeia de Gabriela ilustra, de certa forma, a própria luta das mulheres contra a exclusão. A maratona era território proibido para elas desde que a prova foi inventada e teve a primeira disputa na primeira edição dos Jogos de nossa era, em 1896 em Atenas.

Já naquela época, porém, as mulheres se recusaram a aceitar a discriminação. Uma delas disputou palmo a palmo uma das provas classificatórias para Atenas-1896, mesmo sabendo que seu tempo não seria considerado. Outra desafiou todas as proibições e largou na prova oficial, minutos depois dos homens, seguindo pelas beiradas do caminho. Foi impedida de entrar no estádio, mas, para garantir que a distância total da prova seria cumprida, deu uma volta completa no Panathinaikos.

Sabia-se, portanto, desde sempre, que mulheres eram tão capazes quanto os homens de correr longas distâncias. Apesar disso, uma suposta fragilidade feminina foi alegada ao longo de quase nove décadas para justificar a exclusão.

Nos anos rebeldes da década de 1960, porém, isso aos poucos caiu por terra. Sem pedir licença a ninguém, Roberta Gibbs participou da maratona de Boston; depois, Kathrine Switzer cumpriu o percurso devidamente registrada. A novata maratona de Nova York, nos anos 1970, aceitou mulheres, assim como provas realizadas na Europa.

Os cartolas olímpicos, porém, não se dobraram. Empresas esportivas e patrocinadores de corrida se somaram a atletas, intelectuais, artistas e especialistas da área médica para pressionar pela abertura. Nos últimos anos da década de 1979, surge o Comitê Internacional de Corredores, que chegou a ser presidido pela brasileira Eleonora Mendonça, uma das pioneiras da área.

Em 1981, finalmente, o Comitê Olímpico Internacional cedeu: a maratona feminina seria incluída no programa dos Jogos de Los Angeles.

E aí deu-se o que se deu. Ao longo dos últimos dez anos, de vez em quando eu tentei encontrar Gabriele Andersen. Cheguei a conversar com o gerente do hotel onde durante algum tempo ela comandou uma loja de flores. Finalmente, no mês passado, o círculo se fechou. Ela me concedeu uma entrevista por e-mail, que teve os principais trechos publicados na edição deste domingo na Folha.

Gabriele nasceu na Suíça em 20 de março de 1945. No ano anterior, seus pais tinham fugido da Alemanha nazista, trazendo dois filhos pequenos. Ao longo da Segunda Guerra, a família viveu na Alemanha e na Aústrioa, sempre tentando escapar da carnificina. Na fuga para a terra natal do pai, a família Scheiss levou o que restava de suas posses e um par de velhos esquis de madeira, que tivera as pontas queimadas em um incêndio de um abrigo bombardeado.

Depois de uma reforma executada pelo próprio pai, foi neles que Gabriela aprendeu a esquiar, ainda uma menininha. E seguiu uma vida dedicada ao esporte, acabando por se transforma em símbolo de resistência e garra. Nesta entrevista, ela relembra os Jogos de 1984, fala sobre sua vida e carreira.

O que é a primeira coisa que vem à sua mente quando a senhora pensa na maratona olímpica?

Penso em como fiquei desapontada por não ter conseguido fazer uma boa corrida naquele dia tão especial.

 O que aconteceu com a senhora no final da prova?

Sofri de exaustão causada pelo calor, desidratação e tive muita dificuldade para controlar os movimentos de minhas pernas por causa de fortes câimbras.

O que a senhora se lembra do desenrolar da prova?

Eu me senti muito bem ao longo da prova, seguindo o ritmo que havia planejado. Depois de 15 milhas (24 km), eu estava em 15º lugar, segundo me disse meu marido, e era exatamente o que eu havia imaginado. Então, depois de 22 milhas (cerca de 35 km), comecei a sentir muito calor, o corpo quente, mas mesmo assim conseguia correr.

Quando passei pelo túnel, para entrar no estádio, fiquei satisfeita de estar fora do sol por alguns instantes, mas também pensava que eu precisava água para beber e para jogar no meu corpo. Naquela época, porém, havia apenas quatro ou cinco postos de hidratação ao longo do percurso, e os corredores não podia receber nenhum auxílio externo, não podíamos receber nada entre os postos.

Saindo do túnel, entrando no estádio, eu fiquei realmente chocada com o calor intenso e o brilho do sol. Eu tive de caminhar e mesmo isso foi ficando cada vez mais difícil, porque passei a ter fortes câimbras nas pernas por causa da desidratação. Mas eu sabia que eu precisava fazer apenas uma volta e meia na pista e estava determinada a conseguir completar, ainda que várias vezes o pessoal da organização tenha perguntada se eu queria ajuda ou se eu queria desistir.

Naquela condição, por que a senhora recusou ajuda?

Eu estava determinada a terminar a maratona, sabendo que não teria outra chance, pois já estava com 39 anos. Por isso é que eu digo que, além de estar em boa forma física, o atleta precisa estar com a mente forte, preparada para aguentar a dor e o sofrimento e focar no seu objetivo maior, no que realmente deseja.

O que aconteceu depois de sua chegada?

Depois de passar a linha de chegada eu me deixei cair ao chão, sabendo que eu havia completado. Fui colocada numa maca e levada para a área de primeiros socorros, no túnel, onde recebi gelo e soro. No início, eu estava com muita dor, sofrendo muito, mas depois de uma hora comecei a me sentir melhor, e depois de duas horas pude ir para a Vila Olímpica. Na manhã seguinte eu me senti muito bem. Saí para uma corrida leve e depois ainda nadei um pouco.

A primeira maratona olímpica feminina só veio a ser realizada quase 90 anos depois da prova masculina. A que a senhora atribui isso?

Nunca pude entender por que as pessoas pensavam que mulheres não poderiam correr maratonas. Não é uma questão de força bruta, e as mulheres já vinham se saindo muito bem em natação de longa distância. Então acho que era apenas uma questão de o Comitê Olímpico Internacional ser mesmo muito conservador.

Quando a senhora correu sua primeira maratona?

Corri minha primeira maratona na Alemanha em 1973, quando tinha 28 anos. Na época, eu competia em provas de pista, e a maior distância era 3.000 m. Como eu comecei a correr muito tarde, com 25 anos, nunca cheguei a ser muito rápida e me dava melhor em distâncias mais longas. Então, no final daquela temporada de pista, uma amiga e o meu treinador me encorajaram a tentar correr uma maratona. Lembro que corri de agasalho e terminei muito forte, vencendo a prova.

A corrida é algo muito simples, não precisa de equipamento sofisticado, você pode correr em qualquer lugar, não precisa gastar muito tempo –em resumo, uma maneira muito prática de se manter em forma. Além disso, ajuda a limpar a cabeça, dá um tempo para reflexão. A maratona é o objetivo máximo de muitos corredores, para testar não apenas sua capacidade física, mas também sua força mental.

Como a senhora chegou à equipe olímpica da Suíça?

Eu sempre fui uma corredora, exceto por eventuais temporadas de esqui alpino na Suíça. Mas, como cresci em Zurique, nunca tive muitas oportunidades para esquiar. Eu acabei me tornando professora de esqui depois de me mudar para Flagstaff, nos Estados Unidos, quando também pratiquei um pouco de esqui cross country. Morando nos Estados Unidos, eu não tinha mais técnico, e corria apenas por diversão, até mesmo maratonas.

Quando mudei de Flagstaff, no Arizona, para Sun Valley, em Idaho, passei a esquiar mais (cross country) e a participar menos em corridas, competindo por vários anos.

Então, em 1981, tive um acidente enquanto esquiava e quebrei o pulso, o que me impediu de continuar esquiando. Na primavera de 1983, corri uma maratona em Boise e fiz um tempo que me qualificava para participar da seletiva olímpica dos Estados Unidos. Até aquele momento, nunca tinha passado pela minha cabeça correr a maratona olímpica, porque eu já tinha 38 anos. Mas, com aquele resultado, resolvi entrar em contato com a federação suíça para ver quais eram as exigências de qualificação. No final de 1983, passei a integrar a equipe olímpica da Suíça.

Depois da Olimpíada, como seguiu sua carreira?

Depois da Olimpíada, ainda corri por mais alguns anos, fiz várias maratonas –Nova York, naquele mesmo ano, umas duas no Japão e mais outras nos Estados Unidos. Acho que ainda correi uma dúzia de maratonas antes de me aposentar, o que aconteceu em 1991, depois de uma cirurgia no joelho. Ainda continuei a correr por alguns anos, como amadora, mas por volta do ano 2000 decidi praticar outros esportes: voltei ao esqui cross country e passei a praticar mountain bike. Competi por vários anos e ganhei vários Mundiais de veteranos.

Que tipo de mensagem sua decisão pode ter passado?

Que as mulheres podem correr maratonas e, mesmo que tenham problemas, são capazes de superá-los sem efeitos negativos permanentes.

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CBAt ficará “feliz” com duas medalhas nos Jogos do Rio

Por Rodolfo Lucena
01/08/14 10:41

Em 2012, em Londres, o atletismo brasileiro teve sua pior participação em Jogos Olímpicos neste século. Em Atenas, em 2004, Vanderlei Cordeiro de Lima trouxe o bronze mais glorioso da história. Nos Jogos de Pequeim, Maurren Maggi desencantou e se engalanou de ouro. Há quatro anos, porém, a delegação brasileira voltou de mãos abanando…

Para o Rio, a expectativa é de melhor sorte, segundo me disse em entrevista por e-mail o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, José Antonio Martins Fernandes: “O objetivo é o mesmo que dissemos no ano passado: atingir de 10 a 12 finais no Mundial de Pequim-2015 e de 12 a 15 finais nos Jogos do Rio-2016. E ficaremos felizes se ganharmos duas medalhas olímpicas no Rio”.

Realizei a entrevista cerca de uma semana depois de o Comitê Olímpico Brasileiro ter reafirmado sua meta na próxima Olimpíada: ganhar de 27 a 30 medalhas, contra as 17 de Londres-2012, que deixaram o país em 15º lugar por número de conquistas e em 22º pela qualidade delas (leia mais AQUI).

Confira a seguir a entrevista com Toninho, como é conhecido o presidente da CBAt.

 Qual o objetivo da CBAt em relação à participação do atletismo na Olimpíada do Rio?

O objetivo é o mesmo que dissemos no ano passado: atingir de 10 a 12 finais no Mundial de Pequim-2015 e de 12 a 15 finais nos Jogos do Rio-2016. E ficaremos felizes se ganharmos duas medalhas olímpicas no Rio.

Em que o senhor baseia essa expectativa?

As expectativas são as amplas condições de preparação que estão sendo dadas aos atletas brasileiros, com a realização de campings com a presença de consultores internacionais, parceria com o COB, com o Ministério do Esporte, com universidades. Além do apoio financeiro graças aos programas CBAt/Caixa e ao Programa Bolsa Pódio do Governo Federal.

O que a CBAt está fazendo para tentar tornar realidade essa expectativa?

Além do que está sendo feito, explicado acima, temos quatro Centros Nacionais em parceria com o Ministério do Esporte (Rio de Janeiro, São Paulo, Uberlândia e Fortaleza). Equipe multidisciplinar que monitora os cerca de 60 atletas, dos vários programas da CBAt, ajuda de custo a esses atletas, apoio financeiro às Federações, a 30 clubes formadores de atletas. A CBAt ainda investe em eventos nacionais, meetings internacionais, eventos regionais. E programas como MiniAtletismo, Atleta na Escola e outras ações.

Fora do trabalho oficial, institucional, o senhor vê algum clube de atletismo ou entidade privada efetivamente preocupada em trabalhar para a conquista de medalhas?

Muitos clubes estão engajados em ações para desenvolver o atletismo nas categorias de base. Cerca de 150 clubes participam dos campeonatos brasileiros de Mirins, Menores e Juvenis. No Troféu Brasil, cerca de 800 atletas melhores ranqueados participam, representando mais de uma centena de clubes. A BMFBovespa, por exemplo, dá todas as condições para seus atletas. Temos, ainda, Pinheiros, Sogipa, Orcampi, muitos clubes do interior de São Paulo, Paraná e do Nordeste.

Considerando o cenário atual do atletismo brasileiro, que modalidades o senhor acredita que podem ter chances de chegar a uma final? E a uma medalha?

É difícil prever hoje ou fazer previsões para o futuro, devido a fatores climáticos e físicos no dia do evento. Podemos dizer que no atletismo brasileiro atual estamos vivendo uma boa fase nas provas de salto com vara masculino e feminino, salto em distância masculino e provas combinadas masculina, podendo crescer ainda mais. Sempre estamos surpreendendo nas provas de fundo, na maratona especificamente, superando às vezes até os africanos. Podemos evoluir nos arremessos e lançamentos e chegar a resultados muito bons.

Considerando o cenário atual do atletismo brasileiro, o senhor vê algum atleta com chances de disputar uma medalha? Por quê?

Temos vários atletas em condições de alcançar as finais de suas provas e buscar a melhor classificação possível. Temos dois anos ainda para a definição da nossa Seleção e alguns atletas estão se firmando no plano internacional. Esperamos ter uma equipe forte, mas ainda é cedo para falarmos em nomes.

Se usarmos o número de medalhas em Olimpíada como critério de avaliação, o atletismo brasileiro vem se deteriorando ao longo do tempo. Por que isso acontece? Qual sua avaliação do desempenho do atletismo ao longo dos últimos eventos?

Na verdade, a presença brasileira em Jogos Olímpicos tem tido um padrão quanto às medalhas conquistadas. Na verdade, temos hoje um grupo muito forte de bons atletas, capazes de garantir ao Brasil a hegemonia regional e de superar continuamente nossas conquistas em eventos como os Jogos Pan-Americanos. Estamos trabalhando também para aumentar nossa base de praticantes, o que é um passo importante para termos no futuro um número maior de atletas de elite.

O senhor acredita que haverá representantes brasileiros nas maratonas?  E nos 10.000 m, quais as chances de presença brasileira?

Acredito na presença brasileira sim, na maratona, pelos últimos resultados na Olímpiada de Londres e no Campeonato Mundial de Moscou. Entre outros, há pelo menos quatro atletas que podem disputar vagas, como Marilson dos Santos, Solonei Rocha, Paulo Roberto de Paula e Frank Caldeira, além da Adriana Aparecida da Silva, no feminino. Quanto ao 10.000 m, hoje não vejo possibilidade, pois há um domínio muito grande dos países da África nessa prova. Não vejo a curto prazo como algum país fora daquela região consiga colocar atletas no pódio.

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