Aos 59 anos, jornalista perde peso, ganha musculatura e faz em Brasília seu primeiro cross urbano
08/06/15 13:39As redes sociais têm muita coisa chata: invasão de privacidade, propaganda enganosa, notícias mentirosas e por aí vai. Mas também propiciam muita alegria e satisfação, às vezes até uma viagem no tempo, quando a gente encontra personagens do passado, dos tempos de infância, do período da escola, dos bancos universitários, das primeiras lutas sindicais.
É um passeio de volta para o futuro, para aproveitar a data de hoje –a data de destino na viagem no tempo do garoto personagem do filme “De Volta Para o Futuro. Bueno, o que importa é que a gente descobre no que se tornaram aqueles amigos de outras épocas.
A Márcia Turcato, por exemplo, foi colega de faculdade, batalhamos juntos no Dabico –o Diretório Acadêmico de Biblioteconomia e Comunicação–, participamos de assembleias no sindicato dos jornalistas, aquela coisa toda. Cada um seguiu seu caminho.
Só agora, em tempos de redes sociais, é que fiquei sabendo que ela tinha dois nomes entre o primeiro e o último (fica sendo, portanto, Márcia Beatriz Dieckmann Turcato). Mora em Brasília, a quase 40 km do Congresso Nacional, no meio do mato/cerrado, onde é visitada por pássaros e uma família de micos-estrela.
Nas horas vagas, corre. Neste último sábado, pela primeira vez, participou de uma competição que também é pioneira, novidadeira: o cross urbano. E agora, conta para nós como foi a experiência. Fiquemos, pois, com o texto da Márcia, que tem dois cachorros e já visitou a Antártida duas vezes (fotos Arquivo Pessoal).
“Fiz meu primeiro cross urbano, aos 59 anos de idade. Foram seis quilômetros no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. Nunca havia participado de um.
“Entrei na academia de ginástica em outubro de 2014, depois de pedir demissão de um cargo de chefia em uma agência de regulação do governo federal. Quase quatro anos chegando bem cedo e saindo tarde. Agora trabalho como consultora de Comunicação Social, faço meu horário.
“Depois de perder cinco quilos extras, adquiridos enquanto eu era chefe, ganhar musculatura e massa óssea, fazer um check-up e estar tudo ok, comecei a treinar corrida.
“Primeiro uns minutinhos e ficava morta. Depois mais um pouco e de pouco em pouco peguei gosto pela coisa. Os instrutores da academia incentivaram, deram dicas de respiração, de postura, de ritmo, de passada e eu fui aumentando minha velocidade e meu tempo na esteira. Em cinco meses já estava em ponto de bala.
“Uma amiga, Bethyzabel Araújo, 38 anos, foi quem deu o empurrão ao incentivar nossa inscrição em uma prova de 5Km na Esplanada dos Ministérios. Fomos e gostamos. Fechei a prova em 37’.
“Logo depois fizemos outra prova de 5km no Pontão do Lago Sul, mais técnica. Fechei em 34’. E resolvi fazer a inscrição para o Cross Urbano e uma corrida de 10km no Lago Sul, dia 28 de junho.
“Serão meus primeiros 10km de prova. Mas já fiz duas vezes essa distância em treinamento com um grupo coordenado por Letícia Somensi, uma gaúcha da serra italiana, que vive em Brasília, tem a academia Citrus Move, onde eu treino, e é maratonista.
“Com a Letícia nos meus ouvidos, incentivando, e propondo desafios a todo o instante, fechei o Cross Urbano deste último sábado (6/6) em 42’. Não gostei do meu tempo. Tenho certeza que posso baixá-lo. Mas que provinha difícil!
“Eu nunca havia entrado no estádio Mané Garrinha. Achei que haveria confusão na Copa Fifa 2014 e não comprei ingresso. Me arrependi. Correr o Cross Urbano era a chance conhecer o estádio na intimidade.
“A largada foi na área externa, perto do estacionamento, em seguida fiz toda a volta e entrei em um túnel de acesso dos ônibus das delegações, depois passei por rampas, que subidão! Mais rampas! Que descidão!
“Entrei na pista de atletismo que circunda o gramado. Emocionante! Saí por um túnel e cheguei no nível das arquibancadas. Havia um acesso em caracol, ascendente, no caminho. Caminhar, jamais! Subi correndo, calculando que deveria faltar só um quilômetro para o encerramento. Acertei. Logo alcancei a linha de chegada, a água, a banana e o descanso!
“Felizmente corri com meu cinto com três garrafinhas com água. Essa prova só tinha um ponto de hidratação no quilômetro três. E Brasília já está no período de estiagem, com sol a pino.
“Compreendi que o treino é o grande empurrão para a gente obter bons resultados, que a amizade é que nos impulsiona e que o companheirismo não te deixa correr sozinha. Falando nisso, fiquei muito feliz de ver meu companheiro, Adeildo Bezerra, na largada da prova, fotografando minha corrida.
“Correr é um conjunto de fatores que te faz ir longe, veloz, feliz e com o pensamento livre. É um momento em que o corpo é uma coisa e teu pensamento outra. Quem manda você correr é a sua mente, o corpo só obedece, submisso a sua vontade.
“Quando eu tinha 20 e poucos anos, em Porto Alegre, eu corria. Corri alguns anos, uma média de oito quilômetros. Depois parei, por conta de trabalho. Quando mudei para Brasília e fui morar no Plano Piloto, com 34 anos, corria no Eixão. Depois mudei para a cidade satélite de Taguatinga e passei a correr no Pistão Sul. Voltei para o Plano Piloto e parei de correr.
“Passei para a natação por um tempo e depois fiquei uns dez anos participando de competições off road, como piloto. Não corria na rua havia uns 15 anos ou mais. Amei retornar, agora com técnica, orientação e como competidora. Não pretendo sair da pista!”