Relógio-telefone inteligente leva usuário ao mundo da ficção científica
03/06/15 12:00Olha, vou lhe dizer uma coisa: eu me senti o próprio Dick Tracy quando coloquei no pulso o relógio-telefone inteligente Gear S, da Samsung.
Ih, você não sabe quem é o Dick Tracy. Trata-se de um herói dos quadrinhos, séries televisas e outras médias que “nasceu” na segunda parte dos anos 1940, mas estava vivo e saudável quando eu era guri, nos anos 1960.
Era um superdetetive que se notabilizou por usar um sem número de traquitanas tecnológicas; para a época, cuida se ficção científica.
A bugiganga mais notável, que virou uma espécie de marca registrada, era um relógio-telefone, coisa do arco da velha, para não usar expressão menos adequada a circunspectos salões virtuais.
Pois o Gear S não só serve para usar como telefone como também faz um monte de outras coisas, como pesquisas na internet, medição dos batimentos cardíacos, armazenamento de fotos e acompanhamento de exercícios diversos –desde que o respectivo aplicativo esteja devidamente instalado.
O melhor de tudo, para mim, que fiz o teste analisando as qualidades e defeitos do Gear S como companheiro de corrida, é que ele prescinde do smartphone. Não sempre, não para tudo –a instalação de aplicativos, por exemplo, é feita via telefone celular, que depois transfere o programa para o relógio inteligente.
De qualquer forma, o relógio é bem conectado –tem 3G, Bluetooth e Wi-fi. Como não estava com o SIM card, nos meus testes só utilizei as conexões Bluetooth e Wi-Fi, mas foi o suficiente para perceber o poder do aparelho, que pode ser usado para fazer ligações de forma independente ou encaminhadas pelo smartphone.
Sua tela curva é gigante, em comparação com as dos relógios convencionais –arredondando, dá 4 cm de largura por 6 cm de altura. Com isso, é claro que as letras e o teclado virtual não podem ser muito grandes, mas o contraste é ótimo –por isso, mesmo sem óculos, consigo ler alguma coisa, fazendo esforço.
No caso dos aplicativos de corrida, os números principais ficam bem legíveis; em telas que são divididas, os números secundários ficam bem pequenos. Sem meus óculos de leitura (que não uso enquanto corro), eu precisei parar a corrida para identificar algumas das informações.
Do ponto de vista da aparência, o relógio é superestiloso. Para economizar energia, os números e textos só aparecem quando o usuário toca na tela (há uma opção para deixar o relógio sempre ativo, mas o gasto de energia vai para as alturas).
Com isso, o usuário fica com uma peça de vidro negro brilhante no pulso (há um versão em branco). Para meu gosto, parece algo muito chique, ainda mais que a pulseira preta de borracha superlisa acompanha o estilo. O fechamento é feito por dobradiças e pressão, como nos relógios de pulseira com elos metálicos que meu pai gostava de usar.
Tudo isso significa que ele não tem um estilão esportivo, despojado, não parece um sujeito durão como os aparelhos da Suunto ou da Timex. De qualquer forma, não é concorrente deles.
O relógio que eu peguei para testar veio com dois aplicativos esportivos além do pedômetro que fica na tela principal do aparelho. Eu ainda instalei mais um, que já havia testado anteriormente e com o qual me dei melhor.
Não vou aqui analisar o desempenho dos aplicativos de corrida. Há um farto elenco disponível,e os usuários de celulares inteligentes os vêm testando já há bastante tempo. De qualquer forma, a experiência com eles é bem diferente da que se tem ao usar um relógio GPS, que é a minha preferência.
O importante é que o Gear S libera o corredor de ter de carregar também um celular.
Apesar de meu entusiasmo com o aparelho, há coisas de que não gostei. A tela sensível ao toque, por exemplo, às vezes é sensível demais e outras vezes é uma porta –a gente aperta, estica e puxa e nada acontece. Imagino que, como o uso, a gente se adapte, percebendo quando é preciso uma pressão ou quando um leve toque resolve a questão.
Também não sou fã do sistema de recarga usado pela Samsung. Há um bercinho com conectores que têm sua contraparte na traseira da Gear S; o telefone se prende ao berço por pressão.
Como eu sou um pouco desajeitado, tive de experimentar algumas vezes até conseguir acertar o jeito certo para garantir o encontro perfeito dos dois sistemas. E aposto que, com o tempo, esse casamento irá se afrouxando –já tive aparelhos cuja recarga era feita dessa forma e chegou uma hora que não deu mais…
Pode ser que isso seja apenas idiossincrasia de minha parte –o tempo dirá. De qualquer forma, a tecnologia vestível parece que veio para ficar, ainda mais que os preços estão ficando razoáveis. Não que eu ache pouco R$ 1.499 –preço de lista do Gear S. Mas o fato é que está na faixa dos bons relógios com GPS.
Essa não é a comparação mais adequada do mundo, pois o relógio com GPS desenhado para a corrida ou para corrida e outros exercícios tem recursos que o relógio-celular não oferece; este, em contrapartida, traz um elenco de aplicativos nem sonhado pelo outro.
Vai do gosto de cada um e do tipo de uso que pretende ter.