Corredor de Gaza vence maratona na Palestina
30/03/15 11:19Ele treina driblando escombros de casas destruídos por bombas –a dele mesmo foi reduzida a pó por bombas israelenses há algum tempo. Mesmo assim, Nader Al-Masri consegue forças para prosseguir com suas corridas.
E tem se dado bem: na última sexta-feira, foi o campeão da terceira edição da Maratona da Palestina, realizada em Belém à sombra da muralha que Israel construiu na região (foto Reuters).
Os atletas correram duas voltas no mesmo percurso, pois os organizadores não conseguiram encontrar 42 quilômetros seguidos de vias não interrompidas e sob o controle da Autoridade Palestina, que governa a área.
Além da maratona, ainda havia uma prova de 10 km e uma meia maratona. No total, cerca de 3.000 atletas participaram do evento –46 deles vindos da faixa de Gaza.
O direito de ir e vir dessa população é super-restrito, controlado por Israel. Masri, por exemplo, comentou ter ficado superfeliz por ter sido autorizado pelo governo israelense a entrar na cidade para participar da prova.
Sua presença em outras competições internacionais, porém, continuará dependendo da boa vontade das autoridades. “Não posso falar sobre meu futuro, treinamento ou outras competições porque não sei quando eles vão me deixar sair de novo”, disse o corredor.
Segundo o grupo de ativistas Gisha, que acompanha questões envolvendo o trânsito de palestinos para Israel e Cisjordânia, a política de Israel sobre a movimentação de atletas da Palestina não é clara nem consistente.
Recentemente, por exemplo, o time de futebol de praia da Palestina foi proibido de viajar para participar de um campeonato no Qatar. Em relação á maratona da última sexta-feira, o Comitê Olímpico Palestino solicitou vistos para 55 atletas, e aprovação chegou dias antes da prova.
O próprio Masri já recebeu várias vezes, nos últimos anos, autorização para viajar. Chegou a treinar no estrangeiro por algum tempo, antes de representar a Palestina na maratona olímpica de Pequim-2008.
No ano passado, porém, as autoridades israelenses recusaram todos os pedidos de liberação do trânsito de corredores de Gaza.