Ex–obesa despacha 33 quilos e debuta na meia maratona
06/03/15 12:52Ao longo desta semana, vi algumas redes sociais inundadas por fotos de uma moça sorridente, fazendo pose de corredora que acabara de quebrar o recorde mundial. Tinha imagens dela correndo, com amigos, com o marido, mordendo a medalha…
Em algumas cenas, não havia sequer legenda. Outras mostravam a tradicional dupla “antes” e “depois”. Prestei mais atenção em uma que contava que a tal moça tinha acabado de fazer sua primeira maratona e estava feliz da vida.
Então despachei mensagens para ver se ela queria contar seu debute aqui para o blog. CRISTIANE SAMPAIO foi supersimpática e concordou logo. Ela tem 36 anos, é jornalista por formação e empresária na área de comunicação –tem um escritório de assessoria de imprensa.
Fiquei sabendo que a conquista da medalha da meia maratona internacional de São Paulo talvez tenha sido a menos importante no rol de realizações da corredora, que já fora uma moça obesa de mais de cem quilos e agora rodava pelo asfalto livre, leve e solta.
Vou parando por aqui, senão contarei toda a história. É melhor deixar que a CRISTIANE faça o relato.
Acompanhe a seguir o texto que ela gentilmente mandou para este blog e que também serve como minha homenagem a todas as mulheres, gordas e magras, grandes e pequenas, de todas as raças, cores e credos, todas guerreiras por um mundo melhor. Salve 8 de Março, Dia Internacional da Mulher!
“Minha história com a corrida vem da minha história de emagrecimento e um novo estilo de vida para sair da obesidade.
Acordei chorando no dia 7 de setembro de 2013 (Independência do Brasil, mas também o aniversário do meu marido). Mais um ano havia se passado, e eu não tinha conseguido emagrecer –pelo contrário, havia engordado mais ainda.
Nunca tinha sido obesa nem magrela, passei a maior parte da minha vida com um peso saudável, que oscilava um pouco, mas nunca havia chegado àquela situação. Depois de cerca de seis anos de efeito sanfona, naquele 7 de setembro a balança marcava o meu maior peso, 101 quilos!
Na festa de aniversário do meu marido, não tinha roupa que me servisse, acabei repetindo o “modelito” preto e largo de sempre! Acabou a festa, baixei as fotos e de novo caí em prantos! Eu não me reconhecia nas fotos! Fui dormir arrasada com a minha própria incapacidade de cuidar de mim mesma!
No começo da semana seguinte, falei sobre o assunto com uma amiga que me perguntou se eu conhecia a dieta do médico francês, Dr. Pierre Dukan. Falei que não. Ela mandou para minha casa de presente o livro a respeito da dieta.
Eu estava bem desacreditada de tudo, há alguns meses estava em depressão e com crises de síndrome do pânico, tudo pela minha péssima condição de saúde e pela imagem que eu via no espelho e não gostava.
Naquele momento, eu aceitaria fazer qualquer coisa para emagrecer (exceto tomar remédios tarja preta, pois já tinha tomado, emagreci e engordei mais ainda depois de parar a medicação). Em 14 de setembro de 2013, comecei minha dieta.
Fui ao médico e fiz exames completos. Eu estava com obesidade grau um (com Índice de Massa Corpórea – IMC de 34,94; esteatose avançada (que é gordura no fígado, já em vias de partir para outros órgãos); glicemia e colesterol nas nuvens.
A médica aprovou a dieta que eu escolhera e me acompanhou em todo o processo. Foram seis meses e meio para a perda de peso, eliminei 35 quilos, saindo dos 101 para os 66 quilos. Atualmente, continuo na mesma dieta, que é para sempre, só que agora em outra fase, a de consolidação (manutenção do peso). E agora estou com 68 quilos, pois ganhei dois quilos de massa magra –hoje, além de correr, eu faço ballet clássico e musculação funcional.
No começo da dieta, porém, eu não fazia absolutamente nada de atividade física porque nem sequer conseguia subir a rua da minha casa a pé, pois já ficava extremamente ofegante.
Eu tinha dificuldade de locomoção, estava muito inchada, com inflamação causada pelo excesso de carboidratos ruins, pela má alimentação.
Depois que perdi os primeiros 15 quilos, já comecei a me sentir bem mais disposta e vi que era a hora de fazer alguma atividade física. Afinal, depois que atingisse o peso ideal eu precisaria de algo para me ajudar a manter o peso.
O mais fácil e prático na época para mim era caminhar na esteira que eu já tinha em casa e que nunca tinha sido usada. Comecei caminhando na esteira, aí revezava com a rua.
A caminhada ficou cansativa, eu sentia a necessidade de acelerar, de aumentar a velocidade na esteira. Um belo dia, um ano e três meses atrás, que comecei a correr.
Parece bobagem, mas para quem vinha da condição física que eu estava, era uma vitória correr sem parar 100, 200, 300 metros que fossem! Eu não aguentava muito tempo, então revezava entre corrida, trote e caminhada.
Procurei por sites, blogs, grupos em redes sociais que abordassem o tema corrida e comecei a me informar sobre treinos. Comprei um livro de treino de corrida para iniciantes e segui toda a planilha do livro!
Uma amiga maratonista me incentivou a ir para a rua.
Fui e é incrível. Foi apaixonante poder correr sentindo o vento no rosto, poder correr bem mais leve, sem aqueles quilos todos, poder correr usando uma bermudinha justa, uma blusinha mais justa. Sei que é difícil explicar, nem tem muito como explicar, simplesmente eu me apaixonei pela corrida.
Com uma amiga do grupo de dieta, fiz a primeira prova de cinco quilômetros. Logo vieram outras, consegui correr dez quilômetros; De repente, vejo na TV que as inscrições para a São Silvestre estavam abertas! Pensei: será que eu consigo correr 15K?
Li muito a respeito, conversei com várias pessoas do meio e segui uma planilha de treino especificamente para quem ia fazer a primeira São Silvestre! Fui extremamente disciplinada.
Eu já havia perdido todo o peso que precisava, já estava no meu peso ideal. A questão não era mais emagrecer, era a paixão que adquiri mesmo pela corrida, ao ponto de fazer duas tatuagens em homenagem à corrida!
Fiz a São Silvestre e fui bem, corri sem parar os 15K em 2h03. Terminei a corrida cansada, mas consegui bater minha meta pessoal que era correr sem parar.
Passada a São Silvestre, com o orgulho e satisfação veio um efeito estranho… parecia que faltava algo! Ok, fiz a São Silvestre, e agora? Ficou um vazio…
Eu precisava de um novo desafio. Aí veio a Meia Maratona Internacional de São Paulo. Só que eu não tinha feito mais que 15K ainda para correr os 21K da meia. Então, fui treinar, simples assim! Não tem outro jeito, só treinando! Nos treinos consegui fazer até 18K.
Como a Meia de SP vem no começo de março, logo depois de Carnaval, pega a gente um pouco despreparado, porque eu treino direito, me alimento corretamente, mas também viajei de férias em janeiro e emendei com o Carnaval, então, naturalmente meu corpo estava em outro ritmo. Por isso, fiquei com medo mesmo da Meia, quase me arrependi de ter feito a inscrição.
Aí eu pensei, bom, eu não sou atleta profissional, não tenho que dar satisfação para nenhum patrocinador, não vou competir com ninguém a não ser comigo mesma… então, vou lá correr, no máximo o que pode acontecer é eu não aguentar, aí eu sigo caminhando (pensava assim, mas já com as minhas três metas pessoais na cabeça e no papel):
1) Correr minha primeira meia maratona.
2) Fazer minha primeira meia maratona correndo 100% do percurso, sem caminhar!
3) Fazer minha primeira meia maratona abaixo de 3h.
Se eu falar que eu não fiquei ansiosa, é mentira, mas estava infinitamente mais calma do que às vésperas da São Silvestre ou até mesmo de outras corridas de menores percursos. Fiz muito um trabalho psicológico comigo mesma. Pensei: treinei, estou me alimentando corretamente, fazendo corretamente o processo de hidratação, enfim, não tenho com o que me preocupar!
Nesse meio tempo tive uma grata e feliz surpresa! Meu marido, Aurelio Ferreira Brasil Filho, começou a correr também!
Quando eu comecei a correr, ele marcava comigo meus tempos, me ajudava nas planilhas de treino, mas só ajudava na parte teórica! Ele mesmo não corria nada, não fazia atividade física. Ele está no peso ideal, tem uma saúde excelente, mas não fazia atividade física agora depois que parou de jogar o futebol dele.
Um dia, em um sábado à noite, falei para ele que acordaria domingo bem cedo para correr na rua, aqui nas imediações do meu bairro mesmo. Ele falou: eu vou junto!
Aí ele foi de bicicleta me acompanhando porque ele já andava de bicicleta. Depois começou a fazer a esteira em casa, e eu passei a ser a treinadora dele rsrsrsr!
Começamos a correr juntos algumas vezes por semana na rua e ele manteve os treinos na esteira quando não ia para a rua comigo. Criei um grupo de corrida no Facebook, o “Corra, Magrela, Corra!”, e, periodicamente, marcamos treinos no Parque do Ibirapuera. Ele começou a ir junto e a correr também com a gente.
Na Meia Maratona, ele foi nos 5 km e eu nos 21 km. Foi muito legal mesmo. Corremos juntos parte dos 5K. Quando chegou a hora de ele virar à direita, e eu seguir em frente no trajeto dos 21K, fiquei muito emocionada!!!
Como ele fez os 5K, ele teve um tempo para ficar esperando. Quando cheguei, depois de 2h48 (dentro de minha meta), ele me deu parabéns e confessou: “O que a gente não faz por amor?”.
Ele e eu estamos correndo pelo nosso amor, e eu estou correndo pelo amor que tenho por mim mesma, para nunca mais me machucar como fiz ao chegar aos 101 quilos.
Agora, o próximo passo é treinar para reduzir o tempo em 10 e 15K para fazer mais algumas provas de 21K com um tempo bem melhor do que na Meia de SP. Depois, partir para a tão sonhada Maratona! Não sei quanto tempo isso vai levar, mas também não quero saber agora, vou um dia de cada vez!”
Com essa historia de superaçao ,vou seguir.pois tomo muito remedio pra emagrecer. mas vicio de alcool, peso 104kl,vou comecar a gostar de mim
Minha história é muito patecida com a sua…
Chorei lendo seu relato…parece que fui eu quem escrevi.
Parabéns
Belíssima estória!!!Eu, como corredora que sou ,compreendo esse vício MARAVILHOSO!Disciplina é fundamental e o prazer de correr imprescindível!!!!Parabéns querido casal!
Parabéns pela conquista! Nosso maior desafio é nos superar, sem olhar ao redor. Exemplo para todos os acomodados.
Parabéns, Cristiane! Também sou jornalista, também sou assessora de imprensa, também corro e faço balé. É a paixão que nos move!
Que linda historia!! Minha amiga, Cristiane Sampaio, uma vencedora, com certeza virao muitas outras, mas a maior vitoria vc ja teve, de mudar tudo aquilo que te fazia mal, e buscar ser feliz….admiravel!!
Parabéns,tu és um exemplo, siga correndo, correr é realmente apaixonante.
São histórias como esta que nos dão motivação para sempre se renovar.
E começar de novo.
E nunca desistir.
Parabéns.
Parabéns por sua coluna e matéria inspiradora.
Ode a todos os lutadores de plantão e em especial a todas nós, Mulheres!
Que esta emocionante história da Cristiane, sobre superação e amor à vida sirva de exemplo à todas as mulheres que por não temerem suas limitações vão à luta! FELIZ DIA DAS MULHERES!!!
Fiquei muito emocionada com o relato. É incrível como pessoas se apaixonam pela endorfina que rola depois da corrida, de um execício físico. Parabéns à Cristiane! Espero que eu consiga, também, encontrar essa disciplina dentro de mim para mudar tantos hábitos de vida.
Parabéns, muita força e superação, que sua história sirva de exemplos para pessoas que querem e precisam perder peso. A vida com um corpo saudável é muito melhor em todos os aspectos, inclusive no estético, fazendo bem para auto-estima de um modo geral.
Mega orgulho desta Menina, isso mesmo, vejam o sorriso de menina…Menina vitoriosa e exemplo de vida e superação
Parabéns à Cristiane! Passei pela mesma situação e consegui emagrecer 35kg e já estou indo para minha quarta meia maratona. Já estou treinando para fazer minha primeira maratona e a corrida de rua e a dieta viraram meu projeto maior e melhor projeto pessoal.