Corredores lentos vivem mais, diz estudo
04/02/15 17:14Cada vez que vejo surgir um novo estudo sobre o impacto da corrida na saúde do vivente, já começo a tremer nas bases. Maratona faz mal para o coração, ultramaratona detona o cérebro, por exemplo, são descobertas de pesquisas científicas que já tive a oportunidade de comentar por aqui.
Independentemente desses resultados, porém, médicos e profissionais da área de saúde em geral são unânimes em recomendar a atividade física com um santo remédio para combater uma série de males e como forma de, de modo geral, ficarmos mais saudáveis.
Uma coisa, porém, é a atividade física; outra, muuuito diferente, é praticar esporte. Naquela, se busca a moderação, o conforto, o bem-estar; neste, o desempenho, a superação, o ampliar dos limites do corpo. Com o que vêm as lesões, as contusões, os ossos quebrados, tendões rompidos, coração dolorido e cérebro maltratado.
Um estudo realizado por pesquisadores da Dinamarca, que recebeu superexposição ao ser comentado num blog do “The New York Times”, confirma essas teses genéricas.
Em resumo, conclui que corredores lentos, que praticam seu esporte com moderação, vivem mais que sedentários; quem treina corrida com intensidade e frequência altas, porém, tem expectativa de vida similar à dos sedentários.
Os resultados estão longe de ser conclusivos, alertam os próprios autores do trabalho publicado nesta semana no Journal of the American College of Cardiology. O objetivo da pesquisa foi tentar descobrir qual é a “dose” ideal de exercício.
Eles não fizeram uma nova pesquisa: analisaram dados do Copenhagen Heart Study, que monitorou por cerca de 12 anos 1.098 corredores saudáveis e 3.950 não corredores. Ao final do trabalho, 28 corredores e 128 sedentários tinham morrido.
Antes de prosseguir, deixe-me meter uma colher torta de não especialista. Esses números me parecem muito semelhantes, pois as taxas de mortalidade são de 2,55% para os corredores e de 3,24% para os não praticantes. Mas o fato é que a diferença entre esses índices é de cerca de 27%.
Tiremos, pois, minha colher torta da confusão e voltemos ao estudo dos nossos amigos dinamarqueses.
A primeira conclusão é que, como visto acima, corredores têm taxa de sobrevivência maior do que os sedentários.
Mas os corredores que praticam o exercício com intensidade –mais de quatro horas por semana em um ritmo mais forte que cinco minutos por quilômetro– tem taxa de mortalidade que não difere estatisticamente da taxa dos sedentários.
Segundo os pesquisadores, a dose mais favorável para reduzir a mortalidade é praticar corrida de uma hora a uma hora e vinte minutos por semana, com a carga dividida ao longo de até três dias. Sempre em ritmo lento, em torno de sete minutos e meio por quilômetro.
Isso pode ser muito bom para o coração, mas não dá camisa para ninguém que queira participar de corridas.
Aliás, talvez os resultados não sejam os mais precisos do mundo, como advertem os pesquisadores, notando que há uma série de problemas com os dados utilizados.
Um deles é que os dados dos hábitos dos corredores eram informados pelos próprios participantes e podem não ser exatos.
Além disso, a amostra de 127 praticantes de corrida em alta intensidade pode ser muito pequena para permitir generalizar conclusões sobre taxas de mortalidade.
Concluindo, os pesquisadores recomendam novos estudos para avaliar essa questão.
Na minha modesta opinião, essa recomendação de fato é pertinente.
Bom, já que eu meti minha colher torta duas vezes ao fazer o relato do tão incensado estudo dinamarquês,deixe-me concluir com mais uma observação pessoal: pelos critérios da pesquisa, este seu lerdo blogueiro é um praticante de corrida de alto coturno.
Alto lá, que fique claro: estou muito longe de manter um ritmo de cinco minutos por quilômetro e provavelmente jamais chegarei a isso mesmo em distâncias curtas. Em contrapartida, me dedico ao esporte muito mais do que quatro horas por semana… No meu caso, aliás, uma dose de quatro horas não dá nem para tirar as teias de aranha das engrenagens.
Vamo que vamo!
o bom é correr despreocupadamente e se divertir e não ficar escravo de tempo kilometros e gps. veja só um exemplo o ciclista belga para quem conhece EDDY MERCKX que foi o maior ciclista do seculo 20 se submeteu a uma operação no coração a pouco tempo atras, nem completou 70 anos e ja apressenta problemas no coração, e olha que foi um ciclista que tinha uma condição cardiorrespiratoria de um cavalo de corrida, neste criterio os medicos e especialista não chegaram até hje a uma marca segura aonde devemos treinar com segurança vascular ideal, do mais esqueçamos estes criterios e sguimos em frente com nossa corrida diaria e vamos ser felizes.
É isso aí, marcio
Lembrei de um livro de um médico fisiologista sobre o qual um amigo havia comentado comigo.
Esporte Mata!
http://www.saraiva.com.br/esporte-mata-1385796.html
è, esse livro é bem antigo, mas tem teses interessantes.
Post muito interessante Rodolfo Lucena. Os dados históricos não são muito bons, Phidippides aos 40 anos, depois de completar o que seria a 1a Maratona balbuciou: “Joy, nós vencemos” e depois ‘bateu as botas’.
Coincidentemente pensei sobre isto essa semana e comecei a pesquisar com quantos anos e qual o motivo da morte de Emil Zátopek, Paavo Nurmi, dentre outros iniciantes :). Meu pensamento inicial era, eles tinham um ótimo condicionamento físico, saúde impecável, coração perfeito…
O resultado da pesquisa foi, morte aos 76, 78…Trombose, Acidente vascular e por aí vai. Claro que não dá para associar um fator ao outro sem um estudo estatístico mas confesso que fiquei com um pulga atrás da orelha.
Aí, com minha síndrome de doutorando (em computação!) lá vou eu atrás de artigos científicos. Em 1975 Dr. Thomas Bassler diz que se você é capaz de completar uma maratona está praticamente imune a morte por doença cardíaca coronária. Mas, alguns anos depois e até a atual geração de corredores, o que li nos resumos dos artigos é que exercícios de resistência excessivos como maratona, ultramaratona, triatlo PODEM causar fibrose miocardial, arritmia, calcificação arterial e o diabo a quatro.
Mas o interessante é que eles sempre terminam dizendo mais ou menos assim: os conceitos ainda são de certa forma hipotéticos e há alguma inconsistência nos resultados relatados. Se eu escrevo uma conclusão dessas nos artigos da minha área, levou um Rejected na certa. Mas os caras estão trabalhando com saúde, então talvez as coisas devam caminhar assim.
Mas há alguns artigos que salvam a pele de nós, corredores. Achei este bem interessante: “CrossTalk opposing view: Prolonged intense exercise does not lead to cardiac damage” (http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1113/jphysiol.2013.257147/full)
Ao fim, o que me parece (vou meter minha colher torta aqui, hehehe) é que não há ainda muitos estudos conclusivos neste sentido, e há duas correntes, uma que acredita que exercícios de resistência excessivos são vantajosos para a saúde e outra corrente que acredita que não o são.
Enquanto eles estudam e tentam encontrar uma resposta definitiva, a gente continua fazendo o que gosta, correndo, pedalando e se divertindo.
Pablo Tibúrcio, corredor amador e iniciante no pedal.
exatamente, concordo com tudo q vc falou; eles pesquisam, não chegam a teses definitivas, a gente corre e se diverte
Kenneth Cooper já dizia nos anos 70 que se você corre mais que 24 km por semana já está buscando mais que o necessário para ter saúde, provavelmente está querendo competir.
Aquela tabela de pontos dele ainda é útil para pensar num limite, ou seja, evitar mais que 30 ou 35 pontos por semana se só quer saúde.
a questão é que boa parte dos corredores corre peloi prazer, não pela saúde