Recorde mundial de um brasileiro nos 100 km completa 20 anos em 2015
28/01/15 17:43Mais para a frente, quando estivermos perto da data exata, pretendo contar a história com mais detalhes. Mas não posso deixar de lembrar que neste 2015 comemoram-se 20 anos do que talvez seja o primeiro recorde mundial de um brasileiro em provas de longa distância. Disse talvez porque sempre pode haver alguma marca menos divulgada –mas eu não a conheço.
O recorde é na modesta distância de 100 km, e o recordista é o santista Valmir Nunes, que completou neste janeiro 51 anos.
Pois no dia 16 de setembro de 1995, na cidade holandesa de Winschoten, ele correu a distância em 6h18min09. É a quarta melhor marca de todos os tempos, e Nunes é o terceiro cemquilometrista mais veloz da história –à frente dele estão o recordista mundial, o japonês Takahiro Sunada (6h13min33 em 1998, no Japão), que também é dono da terceira melhor marca, e o belga Jean-Paul Praet (6h16min41).
O tempo de Valmir ainda é recorde sul-americano –de fato, é a melhor marca das Américas, mas IAAF divide nosso supercontinente em duas regiões.
O que não quer dizer que o melhor ultramaratonista brasileiro faça sempre tudo certo. Neste último domingo (25), por exemplo, ele abandonou uma corrida de 160 km por desidratação –ou seja, não soube administrar os recursos que tinha ou não conseguiu avaliar a tempo a gravidade da situação em que se encontrava.
Liderou as 100 Milhas Coldwater, no Arizona (EUA) até a metade do percurso. Já vinha mal, porém, e não conseguiu prosseguir.
“Com 65 km, estava bem distante do segundo, cerca de 6 km à frente, comecei a sentir sede e os postos de hidratação eram distantes. Senti os braços formigarem e dificuldade para respirar, até para caminhar, isso com 80 km. Pensei em todos que me ajudam a fazer o que amo, como a Kelly (esposa) e a Natasha (filha), pedi ajuda e apaguei”, contou Valmir, segundo material distribuído por sua assessoria de imprensa.
Ele teve de ser hospitalizado. “No hospital, foi constatado pelos médicos que meu corpo não tinha água. O susto foi grande, mas já estou bem”, disse.
Ele apela para a filosofia: “A vida é assim. Vivemos o dia a dia. Um dia feliz, outro triste e tudo passa”. E não joga a toalha: dia 7 de março volta aos Estados Unidos para as 100 Milhas da Carolina.