Técnicos dão orientação final para a “São Pampulhestre”
29/12/14 10:34Não, arguto leitor, sagaz leitora, você não leu errado. Também não está sendo criada uma nova corrida no último dia do ano.
“São Pampulhestre” foi a resposta irônica que alguns corredores deram ao erro dos organizadores da mais importante e mais tradicional corrida de rua do país. Se você ainda não viu as reclamações nas redes sociais, nem te conto o que aconteceu.
Conto, sim: quando foram retirar seus kits, no sábado, muitos corredores perceberam que, no número do peito, apesar de seu nome estar correto e o número ser o esperado, a prova estava identificada como Volta da Pampulha, e não São Silvestre (ao lado, uma das tantas fotos divulgadas na internet).
Houve grita geral, e a organização acabou por emitir comunicado informando que houve um “bug” (falha, problema) no processo de impressão, mas que já estava corrigido. Também disse que os corredores prejudicados poderiam trocar seus números.
Cá entre nós, eu acho que a empresa deveria entregar em casa o número correto, com um pedido de desculpas. Mas tenho a impressão de que isso não é exigido pela Lei de Defesa do Consumidor, a julgar pelos tantos recalls da indústria automobilística, por exemplo, em que o comprador/usuário é responsável por levar seu carro para o conserto.
De qualquer forma, seria uma medida simpática, mas não foi a escolhida pela Yescom.
Bueno, talvez a saraivada de críticas a que foi submetida, inclusive com a criação do sardônico nome para a prova, já tenha sido uma punição considerável.
Não sei.
O que sei é que, faltando dois dias para a corrida, muita gente já está nervosa (ou continua nervosa) com os preparativos finais para a largada.
Pensando nisto, falei com alguns treinadores para ouvir deles conselhos para esses momentos de tensão.
Marco Antonio de Oliveira, treinador do maratonista olímpico Paulo de Almeida Paula (um dos Gêmeos), acha que a tensão é totalmente desnecessária. Isso porque ele simplesmente não recomenda a ninguém correr a São Silvestre.
Sobre o percurso da São Silvestre, por exemplo, ele diz “na questão fisiologia e biomecânica, continua ‘podre’ . Sim, ela é muito rápida para pegar lesão”.
Coerentemente, Marcão afirma: “ Minha principal dica para os ditos corredores amadores que vão correr a São Silvestre é: não corra a São Silvestre, pois você corre o risco de entrar em 2015 com lesão”.
Bom, tudo bem, mas o fato é que o sujeito já está inscrito e quer participar da festa (ou bagunça).
Nesse caso, diz Claudio Roberto Castilho, treinador da campeão pan-americana da maratona, Adriana Aparecida da Silvaa, o melhor é não pensar em fazer tempo, não buscar desempenho, mas sim alegria: “A logística para largar bem na frente não compensa e põe a perder qualquer chance de resultado. Ficar aguardando tanto tempo, apertado e de pé, desgasta demais fisicamente. Oriento para os que ainda assim querem correr, que curtam a prova, não se estressem com a multidão e a falta de espaço…a ordem é se divertir”.
Muito bem, mas não custa ter algumas dicas mais específicas. Aqui entra a palavra e a experiência do presidente da Associação dos Treinadores de Corrida de Rua de São Paulo, Nélson Evêncio. Confira a seguir alguns pontos para você se dar bem nos preparativos finais para a corrida e mesmo durante a prova. Eis o que nos diz Evêncio.
“CALCULAR O TEMPO que irá demorar para chegar com folga de casa até a largada e já estudar o tipo de transporte que utilizará, sendo o Metrô o mais aconselhável. Não ingerir bebidas alcoólicas, frituras e refrigerantes na véspera, descansar bem, dormir cedo, acordar pelo menos 3 hs antes da largada e tomar um bom café da manhã. Não esquecer o número de peito e o chip de cronometragem!
Uma coisa que observo todos os anos é que muita gente já vai a prova com a roupa que irá correr, esquecendo de levar uma camiseta seca para trocar após a corrida, arriscando ficar doente. A organização da prova fornece guarda-volumes. Leve uma sacola com a roupa seca dentro!
Se quiser correr para fazer um bom tempo, procure chegar pelo menos 1:30 antes da largada e posicionar-se o mais próximo possível a faixa, levando uma garrafa de água para hidratar-se neste período. Se não quiser correr para fazer tempo e é bem difícil correr para fazer tempo nesta prova, dada a largada tumultuada, pense em divertir-se e em terminar a prova sem sofrimento.
A prova tem 15km, com descidas e subidas. O começo engana um pouco, pois é onde estão a maioria das descidas. Mesmo que esteja sentindo que está muito fácil, espere os primeiros 5 quilômetros, na altura da Rua Margarida, pois ali já começam os primeiros trechos de subida e aonde você saberá como realmente estará o organismo no dia!
Não se esqueça que além da Avenida Brigadeiro Luis Antonio, há 2 trechos difíceis antes: o Viaduto Rudge e a ladeira em frente ao Largo São Francisco.
Vá para prova com a alegria de quem vai a uma festa e não com a preocupação de quem vai prestar um VESTIBULAR OU CONCURSO!”
Rodolfo, a falta de respeito começa no regulamento: tudo é cortesia, chip, camiseta, número. Corri pela segunda vez a SS na minha opinião está longe de ser uma Corrida, a Globo transformou este evento num grande circo. Este ano o maior absurdo foi a aglomeração que se formou no fim da Pacaembu, quem vinha correndo teve que parar por quase 10 minutos, pois colocaram o primeiro posto de água na estreita Rua Margarida. É triste pois a SS é a única “corrida” do Brasil coberta pela mídia, mas está longe de ser um evento técnico ou de relevância para o amador que leva o esporte a sério.
Essa prova era à noite, depois à tarde, agora de manhã, na próxima mudança certamente será de madrugada (tipo 5 da manhã). Será tão forte a pressão da mídia e/ou das empresas de propaganda a ponto de acabar com a prova mais tradicional do Brasil? O nome já erraram, só falta transferi-la para o Rio de Janeiro, pretensa capital do esporte, ou mudar o dia de São Silvestre (é só acertar com o papa Francisco).
Fui retirar o kit e fui extremamente bem atendido. #orgulho. Não tive o problema da Pampulhestre. O meu número está ok. O maior problema dessa prova, ainda são os milhares e milhares de pipocas. Deveria se buscar uma forma de moralizar isso de uma vez por todas.
O ‘bug’ não me surpreende, é o padrão Yescom.
Sigo a recomendação do treinador Marcão, não corro.
Melhor, corro a Corrida São Silvestre de Brasilia. Esta, uma gostosa corrida de fim ano que reune amigos que costumam correr no PArque da Cidade.