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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Brasileiro que venceu Paul Tergat dá dicas para enfrentar a São Silvestre

Por Rodolfo Lucena
27/12/14 11:51

Tem gente que gosta de fazer de cada campeão da São Silvestre um ídolo. Se for brasileiro, então, o cara vira o rei da cocada preta com calda de chocolate branco e leite condensado.

Foi o que aconteceu com Emerson Iser Bem, que derrotou nada menos do que o queniano Paul Tergat para vencer a São Silvestre de 1997. Loiro de óculos escuros, o cara logo virou famoso.

Bom, tem um porém: o homem é colorado. Mas é boa pessoa. Aliás, não sei porque o “mas”: há muito colorado gente boa, assim como há muito gremista que não presta, e o contrário também é verdadeiro, somos todos água e um dia vamos evaporar juntos, como diz a canção de John Lennon e Yoko Ono.

Bueno, mas o assunto não é futebol. Falávamos de corrida e corredores, do Emerson Iser Bem, que hoje está com 41 anos e continua a fazer o que seu nome manda, agora trabalhando com uma assessoria esportiva.

Com a gentileza que sempre o caracterizou, respondeu a algumas perguntas que fiz sobre a corrida, analisando o percurso e dando dicas para iniciantes. Em vez de apresentar o resultado  em forma de entrevista, coloco agora as resposta de Iser Bem como texto corrido, como uma contribuição de luxo para este blog.

Espero que lhe seja útil, mesmo que não vá correr a São Silvestre deste ano. Ah, e se você quiser conhecer mais sobre Emerson Iser Bem, o homem que derrotou Paul Tergat, confira ampla reportagem que escrevi sobre ele e saiu publicada na edição de dezembro da revista O2.

Chega de conversa. Acompanhe, a partir da próxima linha, a análise feita por EMERSON ISER BEM e a orientação que ele dá aos amadores.

 

APROVEITE CADA KM DA SÃO SILVESTRE

 

“AO LONGO DA HISTÓRIA, a São Silvestre sofreu várias alterações no traçado, distância e horário, mas sempre foi um percurso extremamente técnico. Agora não é diferente. O percurso em si me parece um pouco mais lento em relação ao trajeto que incluía a descida da rua da Consolação.

A descida ali era mais longa e com isto se aproveitava uma maior distância em declive para correr rápido. Lembro-me de ser muito comum observarmos no antigo percurso passagens sub 8min para a marca dos 3 km. No início do atual percurso também existe uma forte descida, mas possivelmente mais íngreme e com isso há menos distância para se correr descendo.

Outro ponto que pode comprometer a velocidade é quantidade maior de curvas de noventa graus ou menos. Nesse novo percurso isso acontece muito.

Entretanto com a largada acontecendo pela manhã a temperatura tende a ser melhor do que na época que largávamos às 17h.

Antes o sol permanecia aquecendo o piso o dia inteiro, além do calor do ar o asfalto ficava extremamente quente. Agora pelo menos não dá tempo de o asfalto aquecer muito.  Isto certamente é um fator que ajuda muito para correr mais rápido. Assim, uma coisa pode compensar a outra.

Um problema que sempre existiu na SS e outras provas desse porte é a largada. Ainda não existe uma correta divisão de pelotões por ritmo de largada. Muitos corredores lentos se posicionam na frente e isso pode ser muito perigoso.

De uma forma geral a SS não é prova para se fazer tempos bons. Apenas os que largam nos pelotões destinado à elite podem aquecer adequadamente e se posicionar para largar na frente. Os demais, ou aquecem ou se posicionam. Então já iniciam a prova comprometidos.

Para os demais participantes, imensa maioria, é muito difícil desenvolver qualquer ritmo no início, pois sem a divisão por ritmo o congestionamento é grande e só permite correr um pouco mais livre na descida já com 1,5 km de prova. E é justamente ali que o corredor amador deve ter cuidado.

Descer muito rápido certamente irá comprometer a sequência da prova. Os atletas de elite devem estar preparados para isso, mas mesmo estes, se exagerarem na velocidade de descida, acabam sucumbindo.  É essa descida rápida que vai causar as dores musculares que farão a prova ser lembrada por alguns dias por quase todos os corredores.

A SS também precisa de muita atenção e uma boa reserva de energia para o terço final, a partir do final da avenida São João. Nesse ponto inicia uma sequência de curvas e logo depois a famosa subida, sem a qual a SS não seria a SS.

Durante todo o percurso, muitos pontos bem legais que os corredores mais rápidos não vão apreciar, mas que mostram muito de São Paulo. Dentre eles o Estádio Pacaembu, o Memorial da América Latina, o cruzamento da Ipiranga com a São João e vários pontos muito famosos da capital paulista.

Ao final o melhor de tudo. Entrar correndo na Av Paulista, no último dia do ano, é algo muito especial. Tive essa experiência de duas maneiras. Uma como atleta profissional, onde a emoção foi realmente marcante e até inexplicável. Outra foi alguns anos depois, já como um participante comum, sem outra pretensão que não a de completar o percurso, fechar mais um ano na vida, comemorar isso correndo. Também foi uma emoção, diferente, mas não menos especial. Talvez até pela relação que tenho com a prova, sua história. De qualquer forma a SS sempre foi especial.

Para aproveitar bem a corrida, o atleta amador deve cuidar de aumentar o descanso e fazer refeições leves pelo menos dois dias antes da prova. Naturalmente são atitudes a serem respeitadas sempre. O sono é fundamental. Sempre.

Muitos corredores moram em lugares distantes e vêm para São Paulo alguns dias antes. É natural querer aproveitar a estadia e conhecer e a cidade. O correto seria ficar um pouco mais e deixar o turismo para depois da prova.

Se isto não for possível, programe meio dia para turismo que exija caminhar ou ficar em pé (como fazer compras, visitar museus) e o restante do tempo para atividades que possam ser feitas sem nenhum esforço físico (como o teatro, por exemplo).

O hábito de mentalizar a corrida que irá fazer sempre trará bons resultados. Preparar-se emocionalmente para o que pode acontecer na prova certamente ajudará.

Quem já correu a SS sabe que fazer boas marcas é sempre difícil. Ainda mais quando a cada ano aumenta o número de participantes e a quantidade de pessoas na rua dificulta correr rápido.

Como mencionei antes, é bem complicado se posicionar em um local da prova onde permita correr rápido logo no início. Se isto não for possível e perder muito tempo nos primeiros quilômetros é preciso tomar cuidado para não tentar recuperar isso correndo muito rápido quando a pista estiver mais livre. É preciso fazer isso de forma gradativa.

A SS é uma grande festa e fazer parte desta festa já é um prêmio. Procure aproveitar cada quilômetro, cada passada. Você está fazendo parte DA HISTÓRIA DA SÃO SILVESTRE.”

 

 

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Comentários

  1. Erling Walter Simeon comentou em 01/01/15 at 12:39

    Que conselhos e orientacoes maravilhosas de alguem com vasta experiencia como Emerson, tenho feito exatamente isso e completei a prova tranquilo. Parabens ao grande campeao Emerson Iser Bem!!!

  2. Manoel Pereira comentou em 28/12/14 at 14:58

    Já estou sonhando com esta corrida, muito grato pelas dicas, sou iniciante e quero completar o percurso sem surpresas desagradáveis!

  3. José ribeiro comentou em 28/12/14 at 13:08

    Muito bom comentário. Em 2015 irei correr a marahtona de NY e pra terminar o ano bem fecho com a SS. este texto irá servir de estratégia. Obrigado feliz ano novo.

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