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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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Correr é pura poesia: há que ter fúria, engenho e arte (e um tantão de amor)

Por Rodolfo Lucena
17/11/14 10:33

E agora?, me pergunto eu, no meio de uma corrida: que é que eu estou fazendo aqui? É a hora em que as dores batem, os músculos repuxam, a idade pesa, a sede castiga, o suor resfria, a respiração se entrecorta, o coração solavanca, e a mente, apesar de tudo, comanda: vamo que vamo!!!!

A corrida tem dessas coisas, exige da gente engenho e arte, fazer das tripas coração, como se diz nas ruas, e buscar dentro de si alguma coisa de bom que ainda reste depois do cansaço, do desânimo e do fracasso. É quando, sem mais nem porquê, a gente se vê sorrindo, rindo, dando até um salto no ar e dizendo: pernas, para que te quero (a gramática não é escorreita, mas as pernas entendem o chamado geral).

A corrida, lembro-me agora quando consigo, aos poucos, voltar a treinar alguns quilômetro sem parar, é um ato de entrega, uma declaração de amor à vida. Vamos às ruas sem lenço nem documento, sem gravata, carteira recheada, títulos honoríficos ou galardões empresariais: cada um é simplesmente o que resta de si quando ninguém está olhando.

Por isso, há tanta alegria e descoberta. Muitos de nós nos vemos seres melhores, mais capazes de entender as pequenas (e as grandes também, por suposto) falhas do dia a dia, ver que nem sempre tudo da certo –mas que, quando da certo, há que aproveitar até a última gota.

Apesar disso, correr não faz, por si, gente mais bacana. Há entre os corredores políticos corruptos, patrões gananciosos e empedernidos, chefes brutais, homens violentos, mulheres trapaceiras e um sem número de pequenos escroques e criminosos de todo o tipo, como motoristas que invadem o acostamento e maratonistas que cortam caminho.

Também há os generosos, os apaixonados, os solidários, trabalhadores anônimos que construímos um mundo em que vale a pena viver, apesar de todos os percalços. Há o povo que avisa quando alguém está com o cadarço desamarrado, há a mulher que dá o braço para quem tropeçou, o homem que massageia o coração de alguém que passa mal.

Somos, então, de tudo um pouco. Em cada treino, nos descobrimos perdedores e vencedores, em cada prova nos saímos campeões; e, se a pegada for mais dura, difícil, complicada, dolorosa, encontramos no fundo do peito um resto de fúria que nos reergue no asfalto, na trilha, na areia.

É quando, sem olhar para trás, a gente diz mais uma vez: vamo que vamo!

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Comentários

  1. Jaime Paixão dos Santos comentou em 18/11/14 at 17:48

    Eu,que participo de tantas corridas, e quando estou em faze de recuperação de alguma lesão , não tenho nenhum problema em sair ou melhor largar la atrás e ir cantado , brincando com os outros atletas,mais comportamentos são diferentes ja ouvi palavrões e etc… De pessoas que ali estão mais com certeza não possui o espírito esportiva que a corrida propicia.

  2. Adriana Lima comentou em 18/11/14 at 8:28

    Excelente texto! Tocante e motivador, fala com uma parte profunda de nós e nos deixa lições.

  3. Sidney Poeta Dos Sonhos comentou em 17/11/14 at 19:16

    É isso, Rodolfo Lucena!

    Obrigado pelo artigo.

    Sidney Poeta Dos Sonhos
    (Amante da Liberdade)
    Santos/SP

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