Nas corridas de longa distância, calor mata mais que coração, diz estudo de Israel
20/10/14 11:17Tenho visto muita gente se congratular como “guerreira” por ter enfrentado os mais de 30 graus registrados neste último domingo durante a maratona de São Paulo. Não tiro o mérito de ninguém, que todos o têm, mas diria que, mais do que guerreiros, são sobreviventes.
Falo isso baseado em investigação divulgada recentemente feita por pesquisadores de Israel. Reconhecendo a cada vez maior popularidade corridas de longa distância, de 10 km até a maratona, resolveram analisar os riscos a que são submetidos o corpo pelo esforço prolongado.
O resultado pode ser surpreendente: não são problemas cardíacos a principal causa de mortes ou hospitalizações para tratamento de condição agora em corredores. O vilão, querido leitor, estimada leitora, é o CALOR.
Os atletas de resistência, que correm provas de 10 km e mais longas, têm DEZ VEZES mais probabilidade (em relação a um grupo de controle), a sofrerem distúrbios provocados pelo calor.
O texto que li, em espanhol, fala de “ataques de calor severos”. O doutor Julio Abramczyk, grande amigo que me encaminhou o texto, explica o que é o problema: “Durante a maratona, em dias bem quentes pode surgir uma alteração na função cerebral de controle da temperatura corporal, elevando-a anormalmente. Em resumo: surge um distúrbio da temperatura corporal, cuja elevação anormal (febre bem alta) pode levar a um distúrbio cerebral, provocando a parada cardíaca que pode levar à morte”.
O estudo dos pesquisadores da Universidade de Tel Aviv alerta ainda que a complicação pode provocar a falência dos rins e de outros órgãos.
Para chegar a essas conclusões, os médicos analisaram dados sobre as mortes e internações hospitalares ocorridas em 14 corridas de longa distância (provas de 10 km) realizadas na capital de Israel de março de 2007 a novembro de 2013.
Dos quase 140 mil corredores envolvidos no evento, apenas dois tiveram de ser internados ou atendidos por causa de problemas cardíacos, o que surpreendeu os pesquisadores. Nenhum dos casos relacionados com o coração era potencialmente mortal.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores encontraram 21 casos de pessoas que sofreram o tal “golpe de calor”. Duas pessoas morreram e 12 tiveram de ser internadas em estado grave.
Os pesquisadores israelenses disseram acreditar que muitos casos provocados pelo calor possam ser confundidos com problema cardíaco por terem sintomas muito similares, e a correta identificação da causa do problema precisa ser feita com medição da temperatura central.
Por isso, propõem que esse procedimento passe a ser incorporado à rotina dos paramédicos no atendimento de urgência. O tratamento imediato e adequado poderia, dizem, minorar ou cortar as consequências do golpe de calor.
Muito bom levantar esse tema.
Alguns organizadores e muitos corredores, vêm nas provas ao sol ardente um desafio e não um risco eminente.
Muitos colegas correram a maratona de São Paulo no dia 19 e não tiveram condições de fazer um tempo esperado, Alguns fadigaram e todos disseram que foi insano.
Temos períodos no ano em que essas provas têm muito menos chance de ser tão quente, mas os organizadores parecem não querer ver.
Tive o prazer de correr nesse domingo a Maratona de Amsterdam, cujo clima e organização estavam perfeitos.
Já na maratona de São Paulo, muitos maratonistas ficaram sem água a partir dos 35k.
Rodolfo,
Eu sou um dos “sobreviventes”, como você bem definiu.
Uma Maratona nas condições de ontem é completamente desumana.
Nunca vi tanta gente passando mal e caminhando já no km 30.
Mas enfim, para não me alongar muito, isso parece não ser preocupação dos organizadores da Maratona de SP.
Abraços