Pulseira high-tech mede passos e batimentos cardíacos, mas não fala com a internet
01/09/14 14:02Ela avisa quando alguém liga, contabiliza o número de seus passos e batimentos cardíacos, registra detalhes de suas corridas, controla o andar das músicas que tocam no seu fone de ouvido e até monitora seu sono. Cafezinho e beijo na boca, que é bom, necas –mas pode servir de assunto de conversa durante um cafezinho com alguém que lhe dê beijim.
Estou falando da Gear Fit, combinação de relógio high-tech e pulseira da boa forma lançada recentemente pela Samsung. Testei o equipamento durante as últimas duas semanas, e ele me causou boa impressão.
Claro que, como outras pulseiras atléticas ou da boa forma lançadas por um batalhão de empresas nos últimos tempos, não substitui o relógio com GPS. Isso significa que não é indicado para um corredor que queira ter registros precisos de seus treinos ou deseje usar o relógio como parceiro de treinamento.
Entretanto, como já falei a respeito da pulseira semelhante lançada pela Garmin, pode ser uma boa parceira para quem esteja tentando sair do sedentarismo. Pode ser útil para quem gosta simplesmente de dar corridinhas ou caminhadas sem compromisso, sem preocupação com treino.
Com uma elegante tela curva de pouco menos de cinco centímetros, é mais bonita e oferece mais recursos que pulseiras assemelhadas que já testei. Também é mais cara, mas a diferença de preço é relativamente pequena, considerando a oferta maior de serviços.
Sua principal lacuna, cá no meu entender, é a falta de comunicação com a internet. Seria interessante ver os registros em tela grande, poder fazer análises etc., assim como fazemos com os dados capturados por outros equipamentos, como os relógios com GPS.
Por certo, oferece um substituto, o aplicativo S Health, que cumpre a função de consolidar e armazenar as informações em algum celular Samsung –a pulseira funciona “casada” com o telefone, em comunicação permanente com ele via Blutooth. Com ele, porém, como é óbvio, o usuário fica restrito ao universo Samsung –aliás, a pulseira só funciona com celulares da marca, como seria de esperar.
Uma inovação muito boa é o sistema de monitoramento dos batimentos cardíacos, que não exige o uso da famosa e nem sempre confortável cinta com sensores para captar os movimentos do coração –isso é feito por um sensor ótico localizado na traseira do aparelho.
Algumas resenhas feitas por sites americanos reclamam da falta de acuidade do frequencímetro do Gear Fit. Não cheguei a comparar a medição feita por ele e a por cinta de monitoramento cardíaco, mas os resultados que o aparelho deu em vários treinos e, especialmente, em uma corrida em que participei, foram compatíveis com meu histórico.
Falando em corrida, é aí que mora o perigo quando se trata de precisão. Todos os registros do Gear Fit foram diferentes dos dados capturados pelo meu Garmin e também de um outro relógio com GPS que testei naquela oportunidade –o teste será publicado aqui na próxima segunda-feira.
Meu ritmo médio, por exemplo, foi de 6min19/km segundo o GPS, e 5min56/km no Gear Fit, que registrou a distância percorrida como 5,26 km (no relógio, foi 4,87 km). Outros índices, como velocidades máxima e mínima, também foram discrepantes.
Ainda que a falta de precisão seja um problema, a mim parece que as dificuldades de manejo do aparelho durante uma corrida é que efetivamente dificultam (tornam desconfortável? inviabilizam?) seu uso como parceiro de corridas. Os resultados não aparecem instantaneamente, e há que ficar batucando na tela de um lado para outro para obter as informações.
Funções que não exigem precisão ou acionamento de comandos têm melhor desempenho. A que controla o sono, por exemplo, me informou que passei imóvel 86% de minha noite de descanso; não tenho ideia que bem me faz essa informação, mas está lá…
Comunicando-se com o celular, pode controlar a mídia do aparelho, tocando músicas, avançando as faixas etc. Espero que, se o usuário fora aproveitar esse recurso, que não o faça enquanto estiver correndo na rua.
Também avisa sobre ligações telefônicas e torpedos, e pode dar respostas simples pré-gravadas. Tem cronômetro, temporizador (contador regressivo de tempo) e pedômetro.
O preço sugerido no Brasil é R$ 699, mais caro do que um modelo básico de relógio com GPS, mas razoável se comparado com outros modelos de pulseira da boa forma.
Antes de encerrar devo dizer que, como a pulseira só funciona em parceria com um telefone Samsung, usei, durante o período de testes, o celular Galaxy S5. Deste, sim, posso dizer que gostei muito. É leve, elegante, rápido e tem uma câmera fotográfica muito boa –que é o principal aspecto que avalio, pois deixei de carregar câmera durante meus treinos e corridas, usando sempre a do celular.
Além de boa definição, com imagens de 16 Mpixels, o software que controla a traz diferentes modos que são acessíveis e inteligíveis até por um taipa como eu. As imagens produzidas foram muito boas, de modo geral, mesmo em condições adversas. Os vídeos também estiveram a contento.
Olá Rodolfo,
Parabéns pela coluna, que como sempre nos presenteia com diversos assuntos relacionados ao universo da corrida.
Gostaria de fazer apenas uma pequena provocação.
1. Desde quando relógios com GPS nos dão uma informação precisa, como por exemplo km percorridos?
2. Será que existem outras variáveis que podem interferir na questão da precisão da distância percorrida?
3. Isso não seria excesso de Marketing das empresas que comercializam tais produtos?
4. É possível várioss modelos de relógios com GPS marcarem distâncias diferentes de um mesmo percurso?
5. Por quê será que algumas instituições como a AIMS, Organizações de provas de Clubes de Corrida nacionais e internacionais, Federações e Confederações de Atletismo não utilizam estes equipamentos para marcação de provas oficiais?
Abs,
José
obrigado pela leitura e pela mensagem. Os GPS não dão informaçãoes exatas, aceitas por órgãos públicos para fins legais, mas seus registros são suficientemente precisos para o uso por corredores amadores como nós. Há diversas variáveis que interferem no resultado, desde climáticas até topográficas e urbanísticas (quantidade de prédios em uma região). Cada empresa faz a propaganda como bem quiser, mas, em geral, as marcas colocam avisos de que seus registros não devem ser usados para medições legais. Sim, para a pergunta 4. A pergunta 5 deve ser respondida pelas entidades citadas