Quarentona e mãe de dois filhos, corredora se torna a mais velha campeã europeia de atletismo
13/08/14 10:00Menos de um ano depois de ter dado à luz seu segundo filho e 39 dias antes de completar 41 anos, a britânica Jo Pavey deu um show de resistência e velocidade ao vencer na noite desta terça-feira (11) a prova de 10.000 m no Campeonato Europeu de atletismo (foto AP).
Com a vitória na competição, realizada no Letzigrund Stadium, em Zurique, ela se torna a mais velha campeã europeia de atletismo da história.
Há dez dias, Pavey já tinha mostrado que não estava ali para brincar: conquistara a medalha de bronze nos 5.000 m.
Feliz da vida depois do ouro na prova mais longa, ela ainda deu a volta olímpica carregando nos braços a sua mais nova bebê, Emily, de 11 meses.
Na prova, a atleta resolveu escapar do pelotão quando ainda faltava uma volta para o final. Ao longo dos 400 metros decisivos, sofreu o ataque da francesa Clemence Calvin, mas conseguiu resistir às investidas da corredora, 16 anos mais jovem do que a campeã.
Assim, Pavey desbanca a russa Pavey desbanca a russa Irina Khabarova como mais velha medalhista de ouro nos 80 anos do Europeu de atletismo. Khabarova intregou a equipe russa que venceu o 4x100m em 2006, quando tinha 40 anos e 27 dias.
Apesar da evidente alegria pelo recorde, a britânica foi contida na hora de comentar: “É um índice muito bacana de conquistar. É uma grande honra”, disse ela.
Pavey é a própria mãezona, mesmo nos treinos, costumeiramente feitos em família. Os exercícios são orientados por seu marido, também seu técnico, que costuma levar Emily no colo. Enquanto issso, o mais velho, Jacob, 4, imita a mãe fazendo arrancadas e tiros rápídos numa pista secundária.
Estavam todos em Zurique. “Foi muito emociontante tê-los comigo”, disse ela, que é uma competidora muito consistente: nunca terminou em posto abaixo do quinto em todas as provas anteriores que disputou em campeonatos europeus.
Na prova deesta terça, era a quinta mais rápida, mas, como já se sabe, retrospecto não ganha jogo. Ela correu por fora, na pista dois, a maior parte do tempo. Ficou um tempão no pelotão perseguidor e, com duas voltas para o final, alcançou o terceiro posto. Ao som do sino, mandou ver. O resto é história.
Apesar da alegria e de seu espírito discreto, não deixou de contar a guerra que ocorre no meio do pelotão: “Aposto que muita gente está me criticando por ter corrido por fora a maior parte do tempo, achando que eu poderia fazer um tempo melhor. Acontece que eu levava pisadas cada vez que tentava entrar no pelotão. Cheguei a ficar preocupada…
Sobre a última volta, ela comentou: “Comecei segurando, tentando fazer uma volta mais controlada, para não perder o gás na reta final. Mas eu não sabia onde as outras meninas estavam, então disse para mim mesma: manda ver e vai com tudo, que você não vai se arrepender”.
De fato. O tempo cravado, 32min22s39, e a medalha de ouro provam o acerto de sua decisão.