CBAt ficará “feliz” com duas medalhas nos Jogos do Rio
01/08/14 10:41Em 2012, em Londres, o atletismo brasileiro teve sua pior participação em Jogos Olímpicos neste século. Em Atenas, em 2004, Vanderlei Cordeiro de Lima trouxe o bronze mais glorioso da história. Nos Jogos de Pequeim, Maurren Maggi desencantou e se engalanou de ouro. Há quatro anos, porém, a delegação brasileira voltou de mãos abanando…
Para o Rio, a expectativa é de melhor sorte, segundo me disse em entrevista por e-mail o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, José Antonio Martins Fernandes: “O objetivo é o mesmo que dissemos no ano passado: atingir de 10 a 12 finais no Mundial de Pequim-2015 e de 12 a 15 finais nos Jogos do Rio-2016. E ficaremos felizes se ganharmos duas medalhas olímpicas no Rio”.
Realizei a entrevista cerca de uma semana depois de o Comitê Olímpico Brasileiro ter reafirmado sua meta na próxima Olimpíada: ganhar de 27 a 30 medalhas, contra as 17 de Londres-2012, que deixaram o país em 15º lugar por número de conquistas e em 22º pela qualidade delas (leia mais AQUI).
Confira a seguir a entrevista com Toninho, como é conhecido o presidente da CBAt.
Qual o objetivo da CBAt em relação à participação do atletismo na Olimpíada do Rio?
O objetivo é o mesmo que dissemos no ano passado: atingir de 10 a 12 finais no Mundial de Pequim-2015 e de 12 a 15 finais nos Jogos do Rio-2016. E ficaremos felizes se ganharmos duas medalhas olímpicas no Rio.
Em que o senhor baseia essa expectativa?
As expectativas são as amplas condições de preparação que estão sendo dadas aos atletas brasileiros, com a realização de campings com a presença de consultores internacionais, parceria com o COB, com o Ministério do Esporte, com universidades. Além do apoio financeiro graças aos programas CBAt/Caixa e ao Programa Bolsa Pódio do Governo Federal.
O que a CBAt está fazendo para tentar tornar realidade essa expectativa?
Além do que está sendo feito, explicado acima, temos quatro Centros Nacionais em parceria com o Ministério do Esporte (Rio de Janeiro, São Paulo, Uberlândia e Fortaleza). Equipe multidisciplinar que monitora os cerca de 60 atletas, dos vários programas da CBAt, ajuda de custo a esses atletas, apoio financeiro às Federações, a 30 clubes formadores de atletas. A CBAt ainda investe em eventos nacionais, meetings internacionais, eventos regionais. E programas como MiniAtletismo, Atleta na Escola e outras ações.
Fora do trabalho oficial, institucional, o senhor vê algum clube de atletismo ou entidade privada efetivamente preocupada em trabalhar para a conquista de medalhas?
Muitos clubes estão engajados em ações para desenvolver o atletismo nas categorias de base. Cerca de 150 clubes participam dos campeonatos brasileiros de Mirins, Menores e Juvenis. No Troféu Brasil, cerca de 800 atletas melhores ranqueados participam, representando mais de uma centena de clubes. A BMFBovespa, por exemplo, dá todas as condições para seus atletas. Temos, ainda, Pinheiros, Sogipa, Orcampi, muitos clubes do interior de São Paulo, Paraná e do Nordeste.
Considerando o cenário atual do atletismo brasileiro, que modalidades o senhor acredita que podem ter chances de chegar a uma final? E a uma medalha?
É difícil prever hoje ou fazer previsões para o futuro, devido a fatores climáticos e físicos no dia do evento. Podemos dizer que no atletismo brasileiro atual estamos vivendo uma boa fase nas provas de salto com vara masculino e feminino, salto em distância masculino e provas combinadas masculina, podendo crescer ainda mais. Sempre estamos surpreendendo nas provas de fundo, na maratona especificamente, superando às vezes até os africanos. Podemos evoluir nos arremessos e lançamentos e chegar a resultados muito bons.
Considerando o cenário atual do atletismo brasileiro, o senhor vê algum atleta com chances de disputar uma medalha? Por quê?
Temos vários atletas em condições de alcançar as finais de suas provas e buscar a melhor classificação possível. Temos dois anos ainda para a definição da nossa Seleção e alguns atletas estão se firmando no plano internacional. Esperamos ter uma equipe forte, mas ainda é cedo para falarmos em nomes.
Se usarmos o número de medalhas em Olimpíada como critério de avaliação, o atletismo brasileiro vem se deteriorando ao longo do tempo. Por que isso acontece? Qual sua avaliação do desempenho do atletismo ao longo dos últimos eventos?
Na verdade, a presença brasileira em Jogos Olímpicos tem tido um padrão quanto às medalhas conquistadas. Na verdade, temos hoje um grupo muito forte de bons atletas, capazes de garantir ao Brasil a hegemonia regional e de superar continuamente nossas conquistas em eventos como os Jogos Pan-Americanos. Estamos trabalhando também para aumentar nossa base de praticantes, o que é um passo importante para termos no futuro um número maior de atletas de elite.
O senhor acredita que haverá representantes brasileiros nas maratonas? E nos 10.000 m, quais as chances de presença brasileira?
Acredito na presença brasileira sim, na maratona, pelos últimos resultados na Olímpiada de Londres e no Campeonato Mundial de Moscou. Entre outros, há pelo menos quatro atletas que podem disputar vagas, como Marilson dos Santos, Solonei Rocha, Paulo Roberto de Paula e Frank Caldeira, além da Adriana Aparecida da Silva, no feminino. Quanto ao 10.000 m, hoje não vejo possibilidade, pois há um domínio muito grande dos países da África nessa prova. Não vejo a curto prazo como algum país fora daquela região consiga colocar atletas no pódio.
É pouco mas realista!