Inchada, delegação brasileira volta sem medalhas das Bahamas
26/05/14 09:09Uma nutricionista e uma psicóloga, dois massagistas, dois fisioterapeutas, um médico e o diligente trabalho de nove treinadores integrantes da comissão técnica não foram suficientes para que o Brasil trouxesse uma medalhinha de sua participação na primeira edição do Mundial de revezamentos, realizada neste fim de semana em Nassau, nas Bahamas.
No total, a comitiva brasileira teve nada menos do que 19 acompanhantes, que deram apoio a 20 atletas –duas equipes masculinas e duas femininas, cada um com cinco componentes. Nas pistas, o desempenho brasileiro foi apenas mediano, ainda que possa festejar a classificação para o Mundial de atletismo, no ano que vem.
A vaga era garantida para quem chegasse à final, e todas as equipes brasileiras disputaram a prova decisiva de sua modalidade –o país, está, portanto, garantido nas provas de 4×100 m masculina e feminina e 4×400 m masculino e feminino na competição de Pequim-2015.
Em entrevista por e-mail, na semana passada, o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, José Antonio Martins Fernandes, me disse que esperava “bons resultados”, sem especificar o que isso significava.
Sobre o tamanho da delegação, ele afirmou: “Entendemos que a equipe seja adequada” (a resposta de Fernandes, na íntegra, está AQUI).
Como você deve ter lido aqui no blog, a delegação brasileira parece ter um largo descompasso entre o número de atletas e o de acompanhantes, comparado com delegações que o Brasil enviou para outras competições e com delegações de outros países.
A CBAt mandou para o Sul-americano de cross country, no Paraguai, apenas sete acompanhantes para 23 atletas. Em Nassau, o Canadá teve os mesmos 20 atletas que o Brasil, mas a delegação tinha apenas sete acompanhantes; para 39 atletas, a Jamaica levou 11 pessoas no suporte (saiba mais AQUI).
Quanto aos resultados do Brasil, não foram nada excepcionais, ainda que tenham demonstrado um bom esforço dos atletas. Em todas as provas classificatórias, as quatro equipes cravaram o melhor tempo da temporada.
Por um lado, isso é bom. Afinal, a simples presença na final garantia a classificação para o Mundial de Pequim. Mas deixa um sabor amargo de algo que foi sem ter sido –sabe aquela história do “tem, mas acabou”? É mais ou menos isso.
Por exemplo, os 38s10 que o Brasil cravou na classificação dos 4×100 masculino valeriam o bronze na final. Mas houve queda no desempenho, e os 38s40 efetivamente corridos serviram apenas para um honroso quarto lugar.
É bem verdade que Jamaica e Grã-Bretanha também fizeram marcas inferiores às de qualificação. Já Trinidad e Tobago deu o máximo na final, conquistando a prata e dando o troco aos britânicos, que tinham ficado na frente na prova classificatória.
A diferença entre o tempo de classificação e o tempo da final, no 4×100 feminino, foi de mais 45 centésimos de segundo –uma eternidade que deixou as próprias atletas decepcionadas.
“Infelizmente, as passagens não foram perfeitas”, comentou Franciela Krasuki, citada em noticiário distribuído pela CBAt. Sobre a sétima colocação do grupo, ela disse ainda: “A competição mostrou ser mais forte do que muita gente esperava. Temos de estar felizes por ter participado do primeiro Mundial de Revezamentos e de ter ficado entre as melhores, embora o objetivo fosse maior”.
O pessoal do masculino também foi discreto nos comentários. “Chegamos juntos e detalhes nos tiraram a oportunidade de subir ao pódio. Fica um gosto difícil de assimilar porque vimos que faltou muito pouco”, disse Bruno Lins, da equipe do 4x100m.
Segundo noticiário distribuído pela CBAt, ele afirmou: “A medalha seria uma grande recompensa por todo o esforço que tivemos. Mas temos de reconhecer que esta equipe começa bem e mostra que o trabalho está sendo bem feito”.
No 4×400 m masculino, o Brasil ficou em sétimo lugar (mesmo posto do Mundial do ano passado); no feminino, terminou em oitavo. “ Tentamos fazer o melhor, mas não conseguimos repetir a corrida da classificação”, disse Joelma Souza. Ao que Geisa Coutinho dá um nota mais otimista: “Acho que o objetivo de participar de uma final tão importante como num Mundial foi atingido”.
No geral, o Brasil ficou em 11º lugar entre 43 países (29 pontuaram), atrás da Nigéria,de Trinidad e Tobago e dos donos da casa. Os Estados Unidos foram os campeões, seguidos por Jamaica e Quênia.
Três recordes mundiais foram batidos. No sábado, as mulheres do Quênia passearam no 4×1.500 m, fechando em 16min33s58, mais de meio minuto sobre a marca anterior. Ganharam um bônus de US$ 50 mil além dos US$ 50 mil reservados aos campeões de cada prova.
Mais suada foi a conquista dos jamaicanos no 4×200. Liderados pela “Fera”, como Yohan Blake gosta de chamar a si mesmo, o quarteto caribenho conseguiu uma melhora de suados cinco centésimos de segundo sobre a marca estabelecida há 20 anos pelos Estados Unidos. O novo recorde é de 1min18s63.
E na tarde de ontem os quenianos voltaram a derrubar marcas, desta vez no masculino: no 4×1.500 m, o time africano cravou 14min22s22, que agora é o tempo a ser batido nessa competição.
Acompanhei pela TV todas as provas do segundo dia. E vou lhe dizer uma coisa: o que mais gostei foi de ver a participação das equipes e a alegria dos vencedores nas finais B. De modo geral, foram provas bem disputadas, e os caras ficavam realmente felizes, alguns rostos pareciam a imagem do êxtase…
Digo isso porque, como se sabe, “Final B” não vale nada, ninguém ganha medalha nem os resultados contam pontos para o quadro geral. É uma espécie de prêmio de consolação –mais provavelmente, uma estratégia para não deixar muitos “buracos” na transmissão televisiva.
Bom, na opinião deste telespectador, funcionou.
…pensando melhor, esquece os seus heróis e mata os seus legados!
Faltou ainda a participação do Brasil nos revezamentos de meio-fundo (4×800 e 4x1500m), ou não temos tradição nessas provas?
O Brasil “mata” seus heróis e esquece os seus legados!
O Brasil não levou equipes para essas modalidades