Brasil leva 20 atletas e 19 acompanhantes para o Mundial de revezamentos
21/05/14 14:21No que alguns blogs estão chamando de Trem da Alegria, a seleção brasileira que participa do Mundial de revezamentos embarcou ontem para as Bahamas. Foram 20 atletas e 19 acompanhantes, um grupo que salta aos olhos pela presença de não competidores.
A desproporção é mais gritante ainda se compararmos com algumas das outras delegações que participam do encontro ou mesmo com as delegações brasileiras que recentemente participaram de eventos internacionais em locais menos charmosos do que o Caribe.
O treinador e blogueiro Danilo Balu deu-se ao trabalho de fazer um amplo levantamento e informa que, para o Sul-americano de marcha, na Bolívia, a CBAt mandou 17 atletas e sete acompanhantes. A equipe de apoio também foi composta por sete pessoas na delegação para o Sul-americano de cross country, no Paraguai, para onde foram 23 atletas.
Em comparação com outras delegações presentes no Mundial de revezamentos, que será realizado neste fim de semana, também salta aos olhos a desproporção da delegação brasileira em relação às dos demais competidores.
O rico Canadá, por exemplo, leva a Nassau os mesmo 20 atletas que o Brasil envia, mas terá apenas sete acompanhantes. A Jamaica, candidata a muitos ouros, terá 39 atletas e 11 pessoas no suporte (leia AQUI o levantamento completo feito por Balu).
Os atletas brasileiros convocados são os seguintes: no masculino, 4×100 m, Jefferson Lucindo (Brasil Foods/ILF-RJ), Bruno Lins (FCTE-SP), Jorge Henrique Vides (Brasil Foods/ILF-RJ), Aldemir Gomes Junior (Orcampi/Unimed-SP), Vitor Hugo dos Santos (Brasil Foods/ILF-RJ); 4×400 m, Anderson Henriques (Procempa/Sogipa-RS), Hugo Balduino de Sousa (BM&FBovespa-SP), Pedro Burmann (Procempa/Sogipa-RS), Wagner Francisco Cardoso (BM&FBovespa-SP), Jonathan Henrique Ferreira da Silva (BM&FBovespa-SP); no feminino, 4×100 m, Franciela Krasucki (Pinheiros-SP), Rosângela Santos (Pinheiros-SP), Evelyn Carolina Santos (Pinheiros/SP), Vanusa Henrique dos Santos (BM&FBovespa-SP), Tamiris de Liz (Corville-SC); 4×400 m, Joelma das Neves Sousa (Pinheiros-SP), Geisa Coutinho (Orcampi/Unimed-SP), Liliane Fernandes (Pinheiros-SP), Jailma Sales de Lima (BM&FBovespa-SP) e Cristiane dos Santos Silva (Brusque-SC).
Os 19 acompanhantes são o chefe da delegação, Carlos Alberto Lancetta, presidente da Federação de Atletismo do Estado do Rio de Janeiro, tendo como delegado Clovis Alberto Franciscon, gerente de Alto Rendimento da CBAt. O treinador-chefe será Ricardo D’Angelo (SP), e a comissão técnica terá ainda Katsuhiko Nakaya (SP), Adriano da Costa Vitorino (SP), Paulo Servo Costa (RJ), José Figueiredo (RN), Sanderlei Parrela (SP), Luiz Alberto de Oliveira (CBAt), Leonardo Ribas (RS) e Evandro de Lazari (SP). A equipe de suporte inclui o médico Warlindo Carneiro da Silva Neto (CBAt), os fisioterapeutas Marcos Vitullo (SP) e Vitor Stefanini (SP), os massagistas Jorge Antonio Lima e Nelson Guarnier Filho (ambos CBAt), a psicóloga Simone Meyer Sanches Mendes (CBAt) e a nutricionista Danielli Botture (CBAt). Completa o grupo um membro do programa “Heróis Olímpicos”.
Mandei à CBAt uma série de perguntas pedindo esclarecimento sobre o assunto. Em resposta, acabo de receber nota da entidade em que o presidente José Antonio Martins Fernandes afirma que “o número de pessoas na delegação brasileira que disputará o 1º Mundial de Revezamentos nas Bahamas é compatível com o que temos enviado para os eventos de ponta do Atletismo Mundial”. Apesar de bastante detalhado, o texto não diz quanto efetivamente a entidade está gastando com a viagem –os custos, segundo ele, são fechados apenas após a realização dos eventos.
Ao final, ele faz ainda outras considerações. A seguir, publico a íntegra do texto enviado pela assessoria da CBAT e assinado pelo seu presidente. No documento, estão incluídas as perguntas que fiz e as respectivas respostas.
“A CBAt vem a público esclarecer fatos referentes à Seleção Brasileira que disputará o 1º Campeonato Mundial de Revezamentos nas Bahamas, no próximo fim de semana. Alguns comentários publicados basearam-se somente no número de integrantes da delegação, sem levar em conta a importância da presença da comissão técnica e da equipe multidisciplinar. Também não buscaram o esclarecimento, deixando de ouvir o outro lado (a CBAt).
“Tenho atendido a todos os questionamentos que recebo na CBAt, da mesma forma que a nossa equipe de trabalho atende os casos que pode resolver. Neste caso específico, atendi o advogado Alberto Murray, crítico ferrenho do esporte nacional e presidente do Clube (ONG) Sylvio de Magalhães Padilha, assim como o blog do jornalista Rodolfo Lucena, colunista da Folha, cujas perguntas a CBAt responde abaixo.
PERGUNTA – Por que a delegação de acompanhantes é tão grande nessa jornada?
RESPOSTA – O número de pessoas na delegação brasileira que disputará o 1º Mundial de Revezamentos nas Bahamas é compatível com o que temos enviado para os eventos de ponta do Atletismo Mundial. Assim, temos 5 atletas para cada uma das provas olímpicas de revezamento (4 titulares e 1 reserva). Para cada equipe vão dois treinadores especialistas, além de um treinador-chefe. Seguem, ainda, 7 integrantes da equipe de apoio multidisciplinar: um médico, dois fisioterapeutas, dois massagistas, uma psicóloga e uma nutricionista. Completam a delegação o chefe da equipe, o delegado da CBAt junto à organização e um assessor de imprensa. Entendemos que a equipe seja adequada, em provas que nosso País tem larga tradição e em que há esperanças de bons resultados em campeonatos internacionais, como no Ibero-Americano este ano, no PAN e no Mundial em 2015 e na Olimpíada do Rio, em 2016.
Quanto à equipe multidisciplinar de apoio, ela foi implantada a partir do Campeonato Mundial de Moscou, ratificada no Fórum do Atletismo Nacional realizado em novembro do ano passado, com mais de 150 técnicos, e aprovada na Assembleia Geral neste ano. Foi possível enviar a equipe nos principais eventos graças ao suporte financeiro do Plano Brasil Medalhas, implantado pelo Governo Federal para todas as modalidades esportivas, e sobre o qual temos de prestar contas. As competições em que a equipe multidisciplinar atua são as de primeiro nível, como Mundiais, PAN e Olímpiadas. A equipe multidisciplinar é composta por médicos, fisioterapeutas, massagistas, nutricionistas, fisiologistas, e profissionais ligados às ciências do esporte. O objetivo é acompanhar o dia a dia dos atletas que estão dentro dos programas da Confederação, e em sistema de rodízio, os profissionais acompanham as seleções em Campeonatos, mas também em Campings de treinamento e competições internacionais.
PERGUNTA – Quanto a CBAt está gastando para levar todo o grupo? Por favor, especifique qual é o custo da viagem dos atletas e da viagem dos acompanhantes.
RESPOSTA – Os custos constam sempre dos relatórios oficiais, feitos para análise dos setores competentes (auditoria independente, Conselho Fiscal, Assembleia Geral etc.). Os custos de uma delegação se referem a passagens aéreas (comprada por preço de mercado à época, serviço feito por empresa licitada), hospedagem, alimentação, e despesas ocasionais (medicamentos, frutas, lanches e outras pequenas despesas). Parte dos custos com passagens é bancada pelo COB, como o revezamento feminino, já se encontra em Miami; parte das passagens é suprida pela IAAF, para a qual fazemos um fechamento semestral de contas. Os atletas que estão entre os 20 primeiros do mundo e a equipe multidisciplinar são cobertos com o Plano Brasil Medalhas do Governo Federal. Portanto, estamos fazendo o melhor possível, para dar todas as condições aos atletas estejam entre os 20 primeiros do mundo e aos que possam alcançar tal condição, conforme o plano do Governo Federal, e entre os 30 do mundo para os programas da CBAt com suporte do COB.
PERGUNTA – Em outros certames, a CBAt optou por equipe de acompanhantes mais enxuta. Por que a mudança? Como o senhor sabe, as delegações em campeonatos recentes foram de 68 atletas e mais 12 profissionais, no Chile. Para o Paraguai, foram 23 e 7. Para a Bolívia, foram 17 e 7. Por que agora 20 e 19? Em outras delegações, a diferença é muito maior. A Espanha, por exemplo, leva 12 atletas e quatro no staff… Por que diferença tão gritante no Brasil?
RESPOSTA – No Chile, a equipe de atletismo integrou a delegação do COB. Como sempre, há profissionais de apoio do COB que atenderam diversos esportes, inclusive o atletismo. Quanto às competições na Bolívia e no Paraguai foram eventos regionais, enquanto nas Bahamas teremos um Campeonato Mundial – em provas que o Brasil tem tradição. Além da importância do evento em si, é uma grande oportunidade também como preparação para o Mundial de Atletismo de Pequim e para os Jogos do Rio. Estamos próximos de realizar a Olimpíada, e lembramos na época da Olimpíada em Barcelona, as equipes da Espanha eram muito fortes, e não sabemos o que ocorre agora, pois as delegações estão menores. No caso da Jamaica, que tem uma delegação grande (39 atletas), eles usam um sistema de credenciais diferenciado. Os técnicos pessoais dos atletas e equipe multidisciplinar acompanham a delegação, com credenciais obtidas junto à IAAF. Ela dispõem de credenciais para uso desse tipo de preparação de atleta, por isso nos campeonatos mundiais, vemos muitos membros das equipes com essas credenciais (EUA, Alemanha, França etc.). A Jamaica, neste campeonato, está muito perto de Bahamas, e por isso os jamaicanos irão com muita gente, já que a passagem custa entre 150 a 200 dólares.
PERGUNTA – Que resultados a CBAt espera obter neste Mundial?
RESPOSTA – Pelo desempenho das equipes nos vários campings feitos no Brasil e no exterior, há esperanças de bons resultados principalmente no 4×400 m masculino, 4×100 m feminino (embora sem dúvida Ana Cláudia Lemos, lesionada, faça falta). O 4×100 m masculino, mesclado com velocistas experientes e outros mais jovens também é esperança. O 4×400 m feminino, que também tem resultados históricos bons, não está no mesmo nível, mas entendemos que possa obter um bom resultado.
PERGUNTA – Quanto foi investido e como foram os investimentos na preparação da delegação?
RESPOSTA – Parte dos recursos vem do Plano Brasil medalhas, do Governo Federal, já que temos atletas no grupo que integram o Programa Bolsa Pódio. Outros atletas recebem benefícios dos programas de apoio da CBAt patrocinados pela CAIXA. O Comitê Olímpico Brasileiro também apoiou os Campings de revezamento. Os custos dos investimentos feitos especificamente pela CBAt não estão fechados ainda, porque fazem parte de um programa anual. E constará dos nossos relatórios oficiais.
PERGUNTA – Como foram selecionados os atletas? E os integrantes da comissão?
RESPOSTA – A seleção é convocada por critérios técnicos, condições financeiras disponíveis e índices estabelecidos para a qualificação. Conforme aprovado no Fórum de Alto rendimento e na Assembleia Geral. Os revezamentos foram escolhidos por critério técnico, somente os revezamentos olímpicos, nos quais estamos trabalhando há meses. Os técnicos são fixos para os revezamentos. Dois técnicos dirigem cada equipe de revezamento e têm avaliação e rodízio, caso necessário, a cada dois anos. Geralmente os técnicos escalados têm um ou mais dos principais atletas. Cada técnico só pode treinar uma equipe de revezamento, para que outros técnicos tenham chance de desenvolvimento e também treinar a Seleção. Os integrantes da comissão são escolhidos conforme o grupo de atletas convocados, geralmente eles trabalham com esses atletas no dia a dia.
“Faço mais algumas considerações:
“1 – O Brasil realizará a Olímpiada em breve, e o atletismo terá papel de destaque, com a CBAt tendo de realizar diversas tarefas que serão solicitadas pela IAAF, COI e Comitê Organizador RIO 2016. A CBAt tem de estar preparada com parte técnica, arbitragem, administrativa, staff, dentro e fora da pista, além de outras atribuições.
“2 – O atletismo é complexo, cada prova do atletismo equivale a uma modalidade esportiva. São 23 provas Femininas e 24 provas masculinas, cada atleta de nível olímpico geralmente tem seu técnico e seu staff, e sua metodologia de treino e de vida. É extremamente diferente de uma modalidade coletiva, onde uma equipe vai com sua comissão técnica E seu staff, definido para a equipe toda.
3 – O atletismo é a modalidade que mais viaja pelo mundo, os atletas bem ranqueados estão sempre em campings internacionais e competições, geralmente nos EUA ou na Europa. A viagem não é de turismo, principalmente nesta, pois a Delegação chega na quarta e quinta-feira, e tem treinos e palestras todos os dias, além da competição ser no sábado e domingo, com retorno na segunda-feira.
4 – Só pessoas não esclarecidas destes fatos poderiam supor que não há profissionalismo em um evento mundial. Com a nova gestão iniciada em março de 2013, trouxemos novas pessoas e ideias para a CBAt. Assim, quem comanda o alto rendimento é o Prof. Dr. Antonio Carlos Gomes, com mestrado e doutorado pela Universidade de Moscou, em Gestão e Treinamento, feitos durante 12 anos. Oriundo do atletismo, ele depois passou pelo também pelo futebol e está de volta às origens agora.”
Bom, é isso. Apesar das explicações dadas pelo dirigente, de fato a atual comitiva parece desproporcional em comparação a outras delegações da CBAt.
Se quisessem realmente arrumar a casa deveriam ter contratado um grande profissional, imparcial e não um professor que tem mestrado e doutorado. Ele não está na posição parar dar aula e sim para ajudar e solucionar problemas. Alguns dos grandes CEOs do mundo nem sequer terminaram a universidade. Gastem o dinheiro público destinados a vocês com parcimônia. ESTAMOS DE OLHO!
Para falar a verdade,os acompanhantes estão indo nada mais nada a menos fazer compras no Free Shop,só isso.Com tudo pago ,que não gostaria.
Quem não gostaria.
“Tenho atendido a todos os questionamentos que recebo na CBAt”.
Discordo dessa afirmação, pois todos os e-mail que eu mando pra lá, nunca ou quase nunca são respondidos.