Brasileira ouve samba no Mundial de meia maratona
30/03/14 22:05Cerca de 25 mil pessoas participaram do Mundial de meia maratona no último sábado, em Copenhague. É isso mesmo: a corrida é um esporte tão democrático que as massas podem participar do mesmo evento em que estão presentes alguns dos melhores corredores do mundo.
Essa é uma experiência recente, realizada pela primeira vez no Mundial de meia maratona que aconteceu no Rio em 2008.
Na corrida dos profissionais, a grande decepção foi o desempenho do pentacampeão mundial, Zersenay Tadese, da Eritreia, que buscava o hexa para deixar ainda mais claro seu domínio da distância. Deu com os burros n`água, para dizer de forma delicada: não conseguiu sequer uma vaguinha no pódio. Terminou em quarto lugar na corrida, que foi vencida pelo queniano Geoffrey Kipsang Kamworor em 59min08, o tempo mais rápido na distância neste ano.
Entre as mulheres, o Quênia também levou as honras: Gladys Cherono venceu em 1h07min29.
Como você, que acompanha este blog, sabe, o Brasil não mandou equipe para o Mundial. Oito corredores foram selecionados para os times, quatro para o masculino e quatro para a seleção feminina, mas cinco deles pediram dispensa. E a CBAt decidiu não mandar ninguém a Copenhague.
Este blog, porém, estava lá presente, por meio da leitora ANA ELISA DE MELO AUDUN, que mandou um relato bem bacana sobre a prova.
Ana é consultora, tem 34 anos, começou a correr há três anos, com muita cautela, porque tem um cisto no joelho. Vive em Copenhague com o marido, que é dinamarquês. Apesar das dificuldades com o joelho, a prova deste fim de semana foi sua quinta meia maratona. E ela que pretende estrear na maratona em maio próximo.
Participa de um grupo de corrida e mantém um blog bem bacana, que você pode conhecer aqui. Ela participou da corrida com uma camiseta em que escreveu: “#FORÇADEBS”, em homenagem a uma amiga corredora que está enfrentando uma batalha contra o câncer.
Sem mais delongas, agradeço a Ana pela participação e publico já o texto que ela mandou para este blog.
“Na semana da prova não se falava em outra coisa aqui em Copenhague, afinal a Dinamarca tem um dos mais altos índices de corredores amadores do mundo. Muita gente corre e muitos gostam de corrida. Havia muito incentivo da mídia para que as pessoas fossem às ruas para apoiar e incentivar os participantes do Mundial.
“A prova foi superbem organizada, recebemos e-mails contando como ir, o que fazer, o que esperar da prova, o que estaria disponível e o que não estaria. O resultado foi que tudo fluiu muito bem, inclusive o tempo e a participação da população, foi às ruas e aplaudiu das janelas dos apartamentos.
“A temperatura aqui na Dinamarca é superinstável e normalmente nesta época do ano está sempre muito frio. No dia da prova, estava fazendo zero grau quando acordamos. Que pavor! Mas o tempo foi melhorando e, quando saímos de casa para a largada os termômetros já marcavam 9º C.
“O caminho estava todo sinalizado, superfácil de achar onde ficava banheiro, onde deixar a bagagem (quando você entregava a bolsa recebia um saco plástico para manter a temperatura do corpo enquanto se espera a largada), e o seu grupo de largada.
“No e-mail onde estavam as informações sobre a prova, eles explicaram que poderia demorar até uma hora até que todo mundo estivesse correndo. Como eu estava no grupo 2h-2h15, pensei que nem iria ver a elite.
“Quando a elite começou a correr, estava um sol lindo e uns 13 graus. Havia vários telões mostrando a prova, então podíamos acompanhar a corrida dos melhores do mundo enquanto esperávamos a hora de nossa largada.
“Quando começamos a correr a energia estava grande, era muita gente correndo. A cidade estava tomada de gente por todos os lados, gente torcendo, as crianças estendendo as mãos para ganhar um hi5 dos corredores, o sol brilhando, e Copenhague fica especialmente linda quando o sol brilha.
“As ruas escolhidas para a prova foram as mais largas da cidade. Não passamos por tantos pontos turísticos, como a estátua da pequena sereia, mas corremos em lugares lindos, incluindo alguns do lagos mais bonitos de Copenhague.
“Mesmo conhecendo bem a cidade, eu curti muito a prova, cada momento, ficava olhando o detalhe dos prédios a alegria das pessoas, gritei com muitos, acenei e aplaudi muitas das bandas que estavam tocando.
“Em um momento da prova, a rua estava toda ornamentada com as bandeiras de todos os países representados no Mundial, procurei a do Brasil no automático, quando não acho e me toco do detalhe que a elite do Brasil não estava lá, me senti privilegiada por ter oportunidade de participar de um evento desse porte.
“Em alguns quilômetros eu começo a escutar um ritmo conhecido, samba! Consegui contato visual com o “maestro” e apontei para a bandeirinha do Brasil no meu número, no mesmo segundo ele veio mais para frente e chamou a banda para se aproximar mais de mim tocando, foi lindo me emocionei.
“No último quilometro da prova, a rua estava coberta de bandeiras da Dinamarca (todas com mastro e tudo) e a rua estava linda, de lá já dava para ver a rua que iriamos virar e dar de cara com a chegada que foi no Castelo que é o parlamento.
“Ao cruzar a linha de chegada era só seguir toda vida e ir pegando tudo banana, barrinha, água, medalha, blusa de finisher e cerveja. Claro: para comemorar um prova perfeita como esta foi só mesmo com uma cervejinha, melhor só se fosse champagne.”
PArabens pela superação, Ana Elisa. Muito legal o seu relato, preciso correr em Copenhagen.