Queniana bate recorde da meia maratona e mira marca de britânica na maratona
16/02/14 11:18Onze anos depois de a britânica Paula Radcliffe ter corrido a maratona em então impensáveis 2h15min25, parece que finalmente seu recorde corre o risco de ser ameaçado.
A queniana Florence Jebet Kiplagat venceu hoje a meia maratona de Barcelona com 1h05min12, estabelecendo novo recorde mundial para a distância e se apresentando como forte candidata a bater a marca de Radcliffe na distância mais longa.
O melhor tempo do mundo na meia maratona, até hoje, era da também queniana Mary Jepkosgei Keitany, que havia cravado 1h05min50 em Ras Al Khaimah em 18 de fevereiro de 2011.
A largada se deu em boas condições para correr: temperatura de 13 graus Celsius e 64% de umidade relativa do ar. Kiplagat, que vai fazer 27 anos na próxima semana, largou séria, disposta a conquistar a marca. Passou o km 5 em ritmo de recorde, com 15min48, e ainda acelerou, cruzando pela marca do km 10 em 31min07.
Duas vezes campeã mundial (cross country 2009, meia maratona 2010), ela conseguiu sustentar o esforço no km 15 (46min35); quando passou pela marca de 20 km com 1h01min56, era evidente que conseguiria quebrar o recorde mundial de sua compatriota.
A grande questão agora é: será que ela consegue transferir esse poder para a maratona? Até agora, sua melhor marca na distância mais longa é de 2h19min44, estabelecida em 2011.
A julgar por suas passagens quilômetro a quilômetro, seria relativamente fácil chegar ao recorde da maratona. Acontece que são outros 21 km a serem percorridos e dificilmente alguém consegue manter seu máximo por tanto tempo. Talvez fosse preciso reduzir um pouco o ritmo dos primeiros quilômetros para conseguir desafiar a marca de Paula Radcliffe.
Consultei duas calculadoras automáticas de tempo e nenhuma acredita em novo recorde, baseado no tempo atual de Kiplagat. Essas calculadoras são programas que fazem previsão de tempo final em uma determinada distância com base em a) tempo em alguma outra distância; e b) estimativa de perda ou melhora de desempenho conforme a distância a calcular seja maior ou menor.
Na calculadora usada pelo site Marathon Guide, o tempo previsto para Kiplagat na maratona é de 2h16min33. Menos conservadora, a calculadora da revista norte-americana “Runner`s World” prevê tempo final de 2h15min56 na maratona, considerando o recorde de Kiplagat.
Claro que isso é apenas um exercício de matemática válido para conversa de bar ou papo de pós-prova em domingo nublado. Quando Paula Radcliffe estabeleceu o recorde mundial da maratona, em Londres em 2003, ela passou a meia maratona no “altíssimo” tempo de 1h08min02.
Pelas calculadoras que usei, ela jamais conseguiria terminar a prova nem sequer em menos de 2h21 (2h21min50 segundo a calculadora da RW; 2h22min29 segundo a do MG). Como se sabe, porém, a britânica fez um belíssimo split negativo (jargão de corredor para dizer que correu a segunda metade da prova em menos tempo que a primeira) e terminou em 2h15min25, marca que deve completar 11 anos em abril próximo (duvido que caia antes disso).
Apenas para exercício, deixo a seguir as passagens de Florence Kiplagat hoje e de Paula Radcliffe em 2003. Os únicos dados comparáveis que tenho são as marcas do km 10, do km 20 e da meia maratona.
10 km: 31min07 – 32min01
20 km: 1h01min56 – 1h04min28
Meia maratona: 1h05min12 – 1h08min02
Dá para perceber como a queniana (número em letras mais grossas) voa em comparação com a britânica. Será que, numa futura maratona, conseguirá manter o ritmo? Quem viver verá.
É sobrenatural. A mulher vôa !!!
Cada um em seu ritmo… rsrsrs
Apenas um detalhe técnico. Como tanto a maratona como a meia maratona são provas de rua, e não é possível comparar o percurso de – por exemplo – Boston (a mais famosa) e Nova York (a mais popular), não são registrados “recordes” de maratona/meia maratona; são registradas as “melhores marcas”.
Você está equivocado. Já há alguns anos a IAAF passou a registrar recordes em corridas de rua, cujo percurso deve obedecer a padrões estabelecidos pela entidade. A maratona de Boston não obedece a esses requisitos, mas a de Nova York, sim. No entanto, como o trajeto é muito travado e com subidas, dificilmente verá lá marcas como as registradas em Londres, Berlim ou Chicago