Imagens são destaque no Lumia 1020, da Nokia
17/01/14 12:22Ao longo de meu projeto de percorrer 460 km por São Paulo, em homenagem ao próximo aniversário da cidade, tive um parceiro sempre presente: o celular Lumia 1020, da Nokia. A empresa o anunciava como o telefone portátil com melhor câmera do mundo e eu quis ver para crer: a ideia era fazer um teste em condições reais de temperatura e pressão, uso diário, com todos os riscos que isso implica, de tombos a eventual roubo.
Isso é muito diferente do que submeter o equipamento a testes de laboratório para verificar se ele efetivamente corresponde às especificações. Não estou, de forma nenhuma, desmerecendo as análises científicas, elas são uma de nossas ferramentas de trabalho, muito importantes para embasar testes de modo que fiquem mais substanciosos e menos impressionistas.
Ocorre, porém, que a vida é impressionista, especialmente em alguns quesitos. Falo, especificamente, da velocidade. Equipamentos que “despertam” depois de quatro segundos podem parecer muito mais rápidos do que os que ficam disponíveis depois de cinco segundos (este último é 25% mais lento do que o primeiro!!!). Na vida real, porém, isso pode não fazer a mínima diferença –tanto quatro quanto cinco segundos podem parecer uma eternidade, dependendo da situação em que se está.
Eu já havia testado modelos anteriores dessa linha, que foi a primeira –se não me engano—a vir com a versão do Windows 8 para celular. Minhas observações anteriores foram sobre o sistema operacional, de que gostei e continuei gostando na presente experiência.
Desta feita, o que me interessava era a câmera do celular. Sua resolução de 41 Mpixels simplesmente não tinha (não tem, pelo que eu saiba) competido no mercado; o meu celular de uso diário, por exemplo, captura imagens com 8 Mpixels, que já me parecem muito boas, mas não são páreo para as fotos que produzi com o aparelho testado.
Para o repórter, uma das vantagem de ter imagens daquele tamanho (linhas com 7712 pixels) é que eventuais recortes ainda apresentam resolução muito boa. No exemplo abaixo, o recorte tem originalmente largura de 3.667 pixels. Claro que, aqui na internet, tudo fica meio embaralhado porque ambas as imagens são reduzidas à mesma largura (635 pixels), o que tira um pouco o seu brilho original.
Mas a ideia do teste era exatamente essa: mostrar os resultados na vida real. De nada adianta eu ter fotos com qualidade excepcional no meu celular se, na hora em que eu for mostrá-las, elas parecerem iguais a todas as outras por causa da plataforma em que são apresentadas.
Não é o que acontece (ou, pelo menos, essa é a impressão que eu tenho). Os recortes que fiz em imagens tiveram, em geral, boa qualidade.
Em contrapartida, a câmera frontal tem resolução totalmente mixa; colocando um “selfie” no telão de meu computador, dá para ver os pixels do tamanho de um bonde (ih, Rodolfo, já exagerou de novo…). Isso acontece com todos (ou, pelo menos, a maioria ou todos os que eu conheço): a câmera frontal tem qualidade menor do que a principal. Imagina-se, talvez, que se uso primordial seja para conversas internéticas e, portanto, imagens “menores” sejam mais úteis.
Enfim, nesse aspecto o 1020 é como seus pares. Mesmo que, eventualmente, sua câmera frontal seja melhor do que a de concorrentes, a impressão que se tem é de menor qualidade, porque a comparação que o usuário faz é com o resultado que obtém da câmara principal do próprio Lumia –enfim, o que vale é a impressão, a experiência do usuário.
De resto, a câmera para autorretrato não é muito importante para o tipo de uso que faço. Meu objetivo é capturar as imagens do local onde corro, das pessoas que vejo ou com quem corro (êta verbozinho de som feio esse, não é?, ainda mais se repetido assim na mesma frase…).
O que é importante é o zoom, a capacidade de aproximar imagens distantes. Nas minhas corridas, olho muito para o cenário geral de onde estou. Ao capturar as imagens, tento compartilhar essa vista. Já aprendi que nenhuma câmera (pelo menos, nenhuma de que tenho notícia) poderá passar com precisão a grandiosidade,a profundidade e a amplitude da imagem que o olho humano vê. Ainda mais que nosso pano de fundo é o mundo, o horizonte, e a fotografia é militada pelo papel em que é impresso ou pela tela em que é vista.
Mesmo assim, o zoom e a captura panorâmica são tentativas de melhorar essa condição. Nos meus testes, usei bastante o zoom, com resultados que me pareceram pelo menos muito bons.
Um dos melhores exemplos, creio, é esta cena capturada em Heliópolis, na zona sul de São Paulo. As fotos foram feitas do mesmo ponto, uma com captura normal e outra com zoom. O objetivo foi trazer para perto o hospital Heliópolis, que é o prédio amarelo no centro da imagem.
O zoom, que é acionado com toques na tela, foi praticamente o único recurso especial que usei ao longo de todo o meu percurso. A câmera tem um menuzinho na tela, que possibilita ao usuário fazer acertos especiais no que se refere à iluminação, contrates e velocidade do disparo, para citar apenas alguns dos itens.
Fiz experiências em casa, para verificar que tudo funcionava a contento, mas não usei esses comandos ao longo da caminhada. Afinal, o objetivo era pegar a câmera enquanto corria (ou caminhava, como aconteceu ao longo da maior parte do percurso), ligá-la enquanto corria, bater a foto correndo e seguir em frente. Nessas condições, a máquina deve ter um ótimo “auto”, as configurações automáticas devem ser ágeis e precisas.
Para meu gosto, foram. Isso também vale para os vídeos. Fiz todos eles com câmera na mão, sem nem recurso extra de iluminação nem de áudio. Já mostrei vários aqui no blog, ao longo do projeto, e você também pode conferir no meu canal no YouTube (faça a busca com Rodolfo Lucena, é a maior moleza). De qualquer forma, AQUI você tem um exemplo de vídeo bem curtinho e AQUI você pode ver um momento da São Silvestre…
Foi tudo lindo e maravilhoso? Não. As imagens, como disse, são muito boas, ótimas até, mas não gostei do tempo de resposta da câmera. Antes de sair para a corrida, eu já ligava o celular, porque aprendi que isso demora mais do que eu gostaria de esperar na hora de fazer uma foto “instantânea”.
Acontece que, ao longo da corrida (ou caminhada), o aparelho ficava protegido na minha pochete e, claro, entrava em modo de descanso. Acordá-lo não leva tanto tempo quanto a ligação inicial, mas era o suficiente para me deixar nervoso. Uma eternidade.
Chamara a câmera à ação, então, levava uma vida… E o tempo de captura de imagem era outra incomodação, não consegui fazer fotos em sequência de forma tão rápida quanto eu gostaria.
Ficava imaginando que meu celularzinho comum era muito melhor nesse quesito, estava sempre pronto etc. e tal. Essa, pelo menos, era a impressão que eu tinha. Você nem imagina quantas e quantas vezes fiquei furioso com o coitado do aparelho.
Criei estratégias para ele estar disponível. Quando imaginava que iria fazer alguma foto nos momentos seguintes, já “acordava” o celular dentro da pochete; ou fazia fotos do nada para que ele não voltasse a “adormecer”. Em suma, o tempo de espera parecia inadmissível, muito maior do que o experimentado com qualquer outro aparelho, especialmente o meu smartphone.
Agora, antes de começar a escrever este texto, resolvi por os dois à prova do cronômetro. Resultado: o Lumia é sete segundos mais rápido que o meu aparelho de uso diário. Mas ambos levam mais de meio minuto para acordar, o que é uma eternidade quando você está correndo e a cena que você queria capturar está desaparecendo diante de seus olhos.
Faltou dizer que, apesar da tela grande –uma polegada a mais, na diagonal, do que meu celular–, não é pesadão. Na profundidade, é um milímetro maior do que o meu celular, mas, por causa das outras dimensões, dá impressão de ser mais fino. No início, ele meu deu sensação de fragilidade e tive alguma dificuldade em controlá-lo nos primeiros dias (parecia estar sempre fugindo da mão, mas não levou nenhum tombo). Por isso, optei por colocar uma capinha no aparelho, o que me deu mais segurança para o uso, mesmo aumentando um pouquinho o peso do aparelho.
Rodolfo, você quis mesmo dizer no texto que o Lumia é sete segundos mais RÁPIDO que seu celular?
abs
Paulo
Eu me refiro ao processo de inicialização. Apesar da sensação de superdemora que tive com o Lumia, quando fui fazer a comparação cronometrada, ele demonstrou ser mais rápido do que o meu celular, que demorou 38 s para mostrar a tela de abertura, contra 31 do Lumia