Corredor vai dar pipoca aos macacos no domingão
15/12/13 15:11Calma, calma, prezado leitor ecologicamente correta, cara leitora defensora dos direitos dos símios: eu apenas tomei emprestada a frase de Raul Seixas (que, por sua vez, creio eu, fez em “Ouro de Tolo” uma adaptação de uma letra de Lou Reed), jamais iria servir chocolate ou milho doce ou pedaços de bala ou banana a leões, iguanas, micos ou macacos-pregos.
Continuo escrevendo e já vou pensando que algum especialista vai começar a me xingar por causa das referências a Raulzito e Reed na mesma frase. Azar, faz parte do risco profissional. O fato é que as duas músicas a que me refiro (a gringa é “A Perfect Day”, Um dia perfeito) tratam de fazer pouco da classe média, suas aspirações e sua formas de diversão.
Pois que aqui fique registrado para toda a posteridade: alguns programas família são muito divertidos e gostosos, por mais deboche que sofram. Ir ao zoológico é um deles. Eu adoro. Nas cidades onde chego, sempre que posso, dou um jeito de fazer uma visitinha aos animais, estejam eles em aquários, jaulas ou ambientes mais assemelhados a seus habitats.
Por causa das tramas da vida, deixei o Zoológico de São Paulo esquecido. Muitas vezes programei a visita, mas alguma coisa deu errado. Em um dos meus treinos de maratona, saí cá da zona oeste, peguei a Anchieta, rodei a avenida do Cursino e cheguei todo suado à porta do zoo, depois de uns 20 e poucos quilômetros, apenas para ser proibido de entrar: não permitem que se corra lá dentro.
Fiquei frustrado, é claro, mas há que concordar que é uma política saudável: não ia dar certo ter um bando de doidos correndo, andando de bicicleta ou de patins no meio da massa de frequentadores pedestres.
Mas não guardei mágoa: desde que comecei a planejar esse projeto de rodar 460 km por SP pensei em incluir o Zoo no trajeto. Teria de ser num domingão, para ter a imagem real da muvuca, e precisava ser quando já tivesse alguma folga de quilometragem, pois sabia que a caminhada por lá seria relativamente curta.
Calhou então de ser hoje, quando Eleonora e eu completamos 34 anos de casados. Nada mais justo do que tê-la como convidada especial nesse dia, ainda que o programa possa ser um tanto careta.
Que nada! Foi coisa de namoradinhos, apesar dos perrengues.
Para começar, há fila para entrar. Chegamos uns dez minutos antes de as bilheterias abrirem e pegamos 120 metros de fila, que se escoaram rapidinho, nem deu para ficar irritado. E havia muita diversão na espera, vendo a criançada em volta ostentando chapéus e gorros com motivos animalescos…
Acho que já se passaram pelo menos 25 anos desde a última vez em que visitei o zoológico de São Paulo. Isso é suficiente para deixar claro que está tudo diferente. O bom é que mudou para melhor: há mais banheiros, mais estandes de comida, sorvetes e bebida, além de muito mais lixeiras.
Achei tudo bastante limpo e bem cuidado, ainda mais para um “senhor” de quase 60 anos –o zoo foi criado em 1957 e inaugurado no ano seguinte (saiba mais no SITE OFICIAL, que tem muita informação e pode ser consultado por um bom tempo).
A bicharada que, afinal de contas, me a razão da visita, é de fato muito bacana. À hora em que passeamos por lá, alguns bichos ainda estavam dormindo (ou sei lá eu…), mas tivemos a oportunidade de vermos o tigre branco dar passeios por seu recanto, com a elegância e a leveza que lhe são próprias. Primeiro, caminho em silêncio; mais tarde, soltou o verbo, rugindo em tom surdo que varria o ambiente (desculpe, mas as fotos não ficaram boas…).
Os macacos são umas gracinhas, nas suas várias modalidades (acho que, na última vez em que fui, havia também gorilas e orangotangos, que não vi hoje). Também as aves, desde o pelicano-rosa até os vários tipos de águia e condores, passando pelo magérrimo e elegantérrimo flamingo (havia dois deles com espírito beligerante, esgrimindo os bicos como se fossem espadas…).
Mas as cores das araras cativam mais, enquanto a hiperatividade das iraras chega a dar medo. Hipopótamos, girafas, rinocerontes e elefantes são por certo campeões de público.
O site me diz que há mais de 3.000 animais no zoo, que é um dos gigantes da América Latina. Das casas que conheço, o de Berlim é mais bacana, impressionante porque no centro da metrópole, do outro lado da rua da estação central de trem. Já o de Portland, nos EUA, talvez seja mais espetaculoso, mas é pior de visitar por causa de suas ladeiras e caminhos mais estreitos.
Aqui, dá para caminhar em paz, mesmo em um domingo de sol. Não serve como palco para exercícios –mesmo fazendo várias voltas para rever alguns bichos ou achar animais que não tínhamos visto, mal e mal conseguimos fechar 6 km na jornada. Quem desejar correr que use as calçadas externas: não vai precisar pagar os R$ 18 de entrada nem disputar espaço com a massa.
Depois da jornada, dá para gastar mais uns trocados na lojinha do zoo e levar alguma lembrança. Preferi, porém, trazer como recuerdo apenas nossos ingressos, muito bacanas, ilustrados com a brasileiríssima onça.
Amanhã tem mais. Vamo que vamo.
DIA 13 – PROJETO 460 KM POR SÃO PAULO
Clique no mapa para conhecer mais detalhes sobre o percurso do dia
QUILOMETRAGEM DO DIA:6 km
TEMPO DO DIA: 2h25min53
QUILOMETRAGEM ACUMULADA:178 km
TEMPO ACUMULADO: 38h25min15
QUILOMETRAGEM A CUMPRIR: 282 km
DESTAQUES DO PERCURSO: Zoológico de São Paulo