Monitor cardíaco de pulso é belo, mas limitado
08/11/13 09:53Prezado leitor interessado em profundas análises, estimada leitora que aguarda densas avaliações, desculpe aí minha simplicidade, mas o fato é que achei lindo o relógio que funciona como monitor cardíaco sem a necessidade de cinta peitoral. “Que bonito!”, foi minha primeira reação quando abri a caixinha em que veio a traquitana para testes.
Você pode não concordar com minhas preferências estéticas, mas é nelas que baseio uma parte de minhas análises de produto.
O relógio/monitor cardíaco Mio Alpha tem mostrador grande, preto, abraçado por uma faixa branca –o contraste faz com que ele se destaque no pulso, o que é muito bom para quem gosta de relógios espalhafatosos (como este seu blogueiro). Os números são grandes, indispensável para sujeitos com vista velha e cansada… Além disso, a pulseira acoplada, emborrachada, é larga e se adapta bem ao pulso.
Se estivesse falando de um simples relógio, talvez bastasse isso para abrir o sinal verde de compra. Mas não é de um relógio que tratamos, e sim de um monitor cardíaco de pulso, que promete liberdade para o tórax do corredor.
Antes de prosseguir, é bom dar algumas explicações para que mesmo não iniciados no uso desses dispositivos possam acompanhar esta avaliação.
O monitor cardíaco ou frequencímetro vem sendo usado há bastante tempo por corredores e atletas das mais diversas modalidades para acompanhar o desempenho do coração durante o exercício. A frequência cardíaca pode ser usada como medida da intensidade do exercício; também pode ser referência para a criação de zonas-alvo (você deve treinar a 60% de sua frequência máxima, ou a 40% ou a 80%, por exemplo, dependendo de sua capacidade e do objetivo de cada treino).
Isso é muito bom, e há um bom número de treinadores que gosta desse sistema, sem falar dos médicos.
Para monitorar a frequência, vários aparelhos de pulso (como GPS) usam uma cinta peitoral. A cinta tem um sensor que capta os batimentos cardíacos e os transmite para o relógio/GPS. Você acompanha os batimentos automaticamente e pode ter avisos sonoros ou na tela anunciando que está exagerando ou que está muito fraco na corrida.
As cintas mais modernas são bem flexíveis e ergonômicas, mas, de qualquer jeito, colocá-las é uma incomodação a mais. Devem ficar justas; às vezes, dançam no peito com o desenrolar do treino, quando o suor deixa a pele mais escorregadia. Você então aperta mais um pouco, o que não é a sensação mais agradável do mundo, dá a impressão de restrição dos movimentos do tórax…
Claro que, com o tempo de uso, a gente vai se acostumando e toma as providências para que atrapalhe/incomode o mínimo indispensável, mas, mesmo assim, é um corpo estranho.
Vai daí que a indústria vem procurando formas de livrar o corredor da cinta peitoral que acompanha o frequencímetro. Há relógios que capturam os sinais cardíacos a partir da pressão do dedo indicador sobre o mostrador, por exemplo. O Mio Alpha se apresenta como “o primeiro monitor cardíaco do mundo de leitura contínua que dispensa o uso da tradicional e incômoda cinta peitoral”.
Não conheço outro do gênero, mas não sei se é mesmo “o primeiro”; de qualquer forma, fica o registro da afirmação feita pela empresa.
Ele funciona com um sistema de luzinhas (LEDs) colocado na parte de trás do aparelho. O raio de luz incide sobre a pele e determina a frequência cardíaca com base na medição do fluxo sanguíneo (saiba mais clicando AQUI, texto em inglês). A medição é contínua e instantânea: você vê o tempo todo qual seu número de batimentos cardíacos por minuto naquele momento.
Nos meus testes, o monitoramento cardíaco funcionou perfeitamente, com leitura confiável –falo isso com base na leitura feita por outros sistemas que usei anteriormente.
Bom, mas o fato de o aparelho funcionar bem e fazer o que promete fazer não significa que esteja automaticamente aprovado.
Tive vários problemas para controlar o relógio/frequencímetro. Para acionar suas diversas funções (passar de relógio para monitor e vice-versa, iniciar sessão de treinamento, terminar, rever as informações do treino), usa um sistema de quatro botões.
Tecnicamente falando, não são botões. De fato, são dois “palitinhos”, um de cada lado do relógio, que você pressiona rapidamente ou segura pressionado por alguns segundos conforme o resultado que pretende obter.
Na minha obtusidade, levei um bom tempo para aprender a controlar direito os tais palitinhos. Cada vez que dava errado, ficava pensando por que raios o fabricante não havia colocado quatro botões simples, cada um com uma função e pronto. Seria muito melhor para usuários pouco delicados como este que vos fala.
Dito isso, tudo funcionou a contento nos treinos. Mas e daí? O que faço agora? Saio com um GPS em um dos pulsos e o monitor cardíaco no outro? Coloco os dois no mesmo pulso?
Afinal a ideia é diminuir o uso de aparelhos no corpo, não aumentar. Para quem usa aplicativos de corrida no celular, talvez a decisão seja mais simples, pois o Mio Alpha se comunica com vários deles, tanto da família Android quanto dos criados para o iPhone.
Para mim, porém, pareceu exagero. Ainda mais que o conjunto de informações prestadas é muito limitado: há a frequência instantânea, por certo, mas, ao final do treino, você recebe apena só tempo da sessão, a média da frequência cardíaca e o o tempo na zona- alvo. Isso não “fala” com o GPS que uso, o que o torna inútil para análises posteriores, comparações com outros treinos e por aí vai.
Também como relógio o Mio Alpha é limitado; não tem sequer despertador.
O que faz com que o preço pareça exagerado: R$ 799 é o custo informado pela DLK, que comercializa o aparelho no Brasil (saiba mais AQUI). Isso fica bem perto do preço de equipamentos mais completos, ainda que com cinta peitoral.
Claro que pode ser útil para muita gente, que precisa de contagem instantânea de batimentos cardíacos. Este blogueiro, porém, não o vê como equipamento que venha a fazer parte de seu “cinto de utilidades”, apesar da beleza e da simpatia do aparelho.
Olá Rodolfo! Esse produto tem apenas dois botões, não são quatro.
Sim, são os dois taruguinhos de cada lado, cada um com várias funções