Lua cheia ilumina treinão de maratonista
26/09/13 16:20Você já viu o cara na TV, agora ele está aqui no blog. E, de três a quatro vezes por semana, corre nas ruas do Rio, se preparando para voar na maratona de Chicago, no mês que vem. Na última sexta-feira, EDUARDO ELIAS, 43, apresentador do Fox Sports, fez o maior treino de sua vida. Pela primeira vez, passou dos 32 quilômetros na preparação para uma maratona. Aqui, ele conta como foi. Obrigado, Edu, e sucesso em Chicago.
Vamos ao texto que ele mandou especialmente para este blog.
“Passava dos 45 minutos de treino. Eu já havia chegado à pedra da praia do Leme e começava a voltar para Copacabana. Foi quando uma danada de uma raiz ou uma imperfeição do solo resolveu me passar o pé. Só sei dizer que voei, dei duas cambalhotas desajeitadas, bati o quadril e ralei um pedaço das costas. A camisa branca ficou toda marrom na parte de trás. Levantei, achei o gel de carboidrato que voou da minha mão. E voltei a correr, satisfeito, até completar 3 horas de treino.
Sucesso total no maior treino da minha vida. Com direito ao show do nascimento, no mar, de uma lua cheia, amarela, gigantesca e inspiradora.
Foi assim, cheia de emoções, a última sexta-feira: pela primeira vez fiz um treino de 32 km. Sim, porque nas três maratonas que concluí recentemente, minha planilha trazia, no máximo, treinos de 30 km. Tinha uma certa dúvida como seria, havia um tom de desafio supremo. E, apesar do tombo, foi bom demais.
Completei os 32 no mesmo tempo em que fiz os 30 km no ano passado. E muito mais inteiro. Tanto que registrei o meu melhor ritmo (5min22) no último quilômetro. Mais: completei caminhando com dignidade, ao contrário do ano passado, quando me arrastei para chegar em casa.
Claro que essa evolução não vem por acaso. Reforcei a musculação e corri religiosamente de três a quatro vezes por semana. Não perdi nenhum dos treinos longos. Pese aí também a companhia do amigo Thiago, que fez ao meu lado (e com um ótimo papo) boa parte dos últimos treinos longos.
Quem corre sabe a ajuda que representa um parceiro desses. A gente se distrai na conversa, mas, ao mesmo tempo, é sempre mais um alerta, um vigilante para dizer que o ritmo está caindo. Meu ritmo ideal era 5min35 e às vezes vinha o Thiago: “Edu, estamos na casa dos 50…” Era a deixa pra acelerar.
Ultimamente corro inspirado com a leitura do livro “Nascido Para Correr”, que tem como linha condutora o jeito fácil e alegre de correr dos índios Tarahumaras. Correr pelas montanhas no México é rotina e diversão na vida deles. O livro conta a história de vários corredores que ali se inspiraram, como o mítico ultra-maratonista americano Caballo Blanco (morto no ano passado). Vale demais a leitura.
A gente deve mesmo procurar correr mais relaxado, com mais alegria. Precisamos tentar guiar a cabeça a ajudar os problemas físicos – que, no meu caso, não são poucos.
Neste meu ciclo de maratona, iniciado em junho, a luta vem sendo contra as dores nas costas. A região lombar gritou. Há tempos sei que tenho de conviver com um desvio de duas vértebras, que de vez em quando dão um sinal de alerta. Em agosto, dei um mau jeito andando de bicicleta com minha filha. Pronto: o maratonista virou velhinho, andando torto e com passos curtos.
Parecia até que eu estava de brincadeira. Chegava mancando à academia, aquecia, começava a trotar na esteira. Vinte minutos depois, estava dando tiros a 16 km/h. As pessoas olhavam de um jeito esquisito.
Os treinos eram concluídos com sucesso. Mas na hora em que esfriava a musculatura, eu voltava a mancar. Por isso, ficaram constantes as visitas ao osteopata e ao acupunturista. Cada uma delas me ajudou um pouco, e agora estou 85%. Uma das grandes alegrias dos 32 km foi perceber que em nenhum momento lembrei das dores nas costas.
E vamos ver o que acontece. Porque maratona é sempre dúvida. Sempre há dores. Nos históricos 32, tive uma dorzinha no tornozelo, outra no joelho. Diminuí o ritmo e controlei as malvadas. Senti cansaço e, lá pelos 25, parecia que não ia dar para concluir. Deu, com sobra.
O que vai acontecer em Chicago, ainda não sei. Mas o treino da semana passada não foi um tombo na preparação. Foi um salto, uma dose de confiança sensacional. Agora faltam menos de três semanas.
E é engraçado pensar. Parece até impossível. Mas lá, no esperado dia 13 de outubro, não vou correr a 5min35 por quilômetro. Pretendo ir para 5min05. A adrenalina, o descanso, a alimentação farão a diferença. Nos últimos três anos, percebi o que é uma maratona. Treino é treino, prova é prova.
Maratona para mim é segurar, num ritmo bom, mas controlado. E a corrida, de certa forma, começa aos 35. Nos últimos sete, é o momento da coragem.
Vamos com fé e alegria, como fazem os Tarahumara.”
Só não vai me tropeçar em Chicago, que vai ser show!! Desce a lenha, Edu!