Correr em Portland no verão é uma delícia
24/07/13 12:26Por causa de compromissos profissionais, visitei a cidade norte-americana de Portland, no Oregon, na semana passada. Já tinha passado por lá, mas em estadias-relâmpago, que permitiram apenas perceber que era tudo muito bacaninha. Além disso, nas outras vezes era inverno ou início da primavera, frio e chuva atrapalharam possibilidades de passeios mais amplo.
Desta vez, não. É pleno verão nos Estados Unidos, e Portland, que se autodenomina Cidade das Rosas, desabrocha sob o sol e convida a passeios pelas ruas, corridas e bicicletadas sem conta –é tida como a Capital dos Ciclismo nos EUA.
Não deu tempo de eu achar uma corridinha, uma meia maratona que fosse; em compensação, consegui fazer pequenos, mas compensadores, treinos matinais.
O primeiro passeio –absolutamente obrigatório—foi uma corrida pelas alamedas do parque à beira do rio Willamette, que divide a cidade em leste e oeste. O centro e as áreas mais badaladas ficam no oeste; do outro lado do rio, o território é mais amplo e suburbano.
O tal parque, apropriada e obviamente chamado de Riverside (ao lado do rio), é uma belezura, ainda que curtinho (fotos de minha lavra). Acompanha o Willamette por cerca de três quilômetros, que é também mais ou menos a extensão da região mais central da cidade.
No extremo sul do parque (à direita de quem fica de frente para o rio), há bares, restaurantes, lojinhas); no restante, há gramados, monumentos e alamedas onde ciclistas, pedestres e corredores dividem o espaço sem algaravia.
No extremo norte, mais perto da parte antiga da cidade, alguns sem teto aproveitam a grama quentinha para descansar. Sim, Portland tem muitos sem teto; a maior concentração é em um acampamento ao lado da entrada de Chinatown; há também gente que fica na praça em frente à prefeitura, sem falar nos que pedem esmolas nas esquinas.
Dá para cruzar a pé as várias pontes sobre o Willamette, tornando a corrida mais movimentada; do outro lado, porém, há apenas uma alamedona, sem grandes atrações além de uma escultura ou outra, como o Portal do Eco (abaixo).
O mais legal, porém, é a possibilidade de chegar a uma enorme floresta urbana, que fica a apenas alguns minutos de corrida para quem está na parte sul da cidade.
Enveredei pela Burnside, que é a avenida que divide a cidade em norte e sul, subindo em direção ao Washington Park. Em três minutos estava nos limites da floresta; nem acreditei que era a trilha que eu tinha vista no mapa e resolvi seguir subindo.
A rampa, que era modesta, foi se aprumando, ficando mais íngreme e minhas passadas mais lentas. Em dez minutos, já não se viam vestígios de urbanidade. Era mato de um lado e outro da avenida, sem calçadas, me obrigando a correr num acostamento improvisado, driblando os buracos e os cascalhos, de vez em quando subindo no asfalto, abrindo os braços para avisar aos motoristas que havia um doido na contramão.
Continuei subindo, à procura da entrada do matagal, que, imaginava eu, seria bem marcada e anunciada com grandes cartazes informativos. Nada. Em contrapartida, vi uma cruz na estrada e flores, homenagem a alguém que tinha sido atropelado e morto naquele local. Achei que era um bom sinal para eu parar de desafiar o trânsito.
Botei a viola no saco e enveredei de volta pelo mesmo caminho, agora com mais medo porque descia na mão, sem ver os adversários que roncavam no asfalto. Pude enxergar, porém, uma modesta trilha penetrando a floresta e resolvi arriscar.
Foi sensacional. A trilha subia, subia e não parava de subir. Apesar de ser de terra, “selvagem”, era construída, plana, mesmo nos locais em que só dava para colocar um pé ante outro. Uma maravilha. Tirei muitas fotos, mas poucas ficaram boas por causa da falta de luz e da incompetência do fotógrafo. Mas talvez esta dê uma pálida ideia do que é o território:
Pressionado pelo horário, tratei de iniciar a minha volta. Saí de lá com a certeza que havia transitado por um dos mais belos e gostosos percursos em que já treinei na minha vida.
Tá aí uma dica agradável para se visitar. E no verão como você frisou.
Pois é, correr! um prazer inigualavel seja nas ruas de sao paulo em meio ao transito,poluiçao , o que nao é recomendavel , ou nos parques e bosques pelo mundo a fora.Fico aqui imaginando o percurso descrito pelo nosso querido reporter ‘corredor’ e me veio a cabeça que; certos lugares deveria obrigatoriamente ter uma provinhasinha.