Corredor muda de assunto e fala de crianças e tecnologia
21/06/13 08:14Talvez você não saiba, mas por muitos anos fui o editor de Informática (mais tarde, Tec) na Folha. Com muita satisfação, continuo fazendo colaborações eventuais: neste mês, produzi uma reportagem escolas para crianças de menos de quatro anos que estão usando tablets como ferramenta de ensino. O texto de abertura da matéria publicada no impresso você encontra AQUI.
As entrevistas que fiz foram todas muito interessantes, mas uma teve o vigor do depoimento pessoal: falei com uma jovem que criou um blog para falar sobre a experiência de ser mãe, seu aprendizado diário e as travessuras do filho. A entrevista foi publicada no jornal, mas em formato resumido. Agora, publico o texto editado completo, seguido por dicas que podem ser úteis para quem tem filho pequeno.
Lucas, 2, convive com a tecnologia desde antes de nascer. Quando sua mãe descobriu estar grávida, começou um blog para registrar a nova vida; mais tarde, ela colocava músicas do YouTube para o bebê ouvir na barriga e observava os movimentos em reação. Hoje, o garoto já se diverte sozinho com alguns de seus aplicativos preferidos.
“O nascimento de Lucas foi uma boa revolução na minha vida”, diz Vanessa Cavasotto Leite, 36. Formada em turismo e atualmente estudando direito em Criciúma, ela conta nesta entrevista, realizada por e-mail, um pouco sobre o uso da tecnologia em família.
FOLHA – Quando você começou a oferecer para o Lucas brinquedos tecnológicos?
VANESSA CAVASOTTO LEITE – Os gadgets fazem parte da nossa rotina, estão presentes na nossa volta, então o Lucas sempre teve acesso a eles. Primeiro com o celular (iPhone) e em seguida com o tablet (iPad). Ele começou a usar mesmo com sete meses.
Quais os primeiros aplicativos que ele usou?
O primeiro aplicativo com que o Lucas “interagiu” foi o BabyPiano, um instrumento simulado com teclas coloridas e sons. Ele reagia com entusiasmo ao perceber que tocando nas teclas produzia sons diferentes.
Antes, já na gravidez, eu colocava músicas do aplicativo YouTube para o bebê ouvir na barriga e observava os movimentos em reação (é provado cientificamente que os bebês escutam e reconhecem vozes e sons dentro da barriga). Outro contato do Lucas com gadgets antes mesmo que ele pudesse interagir foi com um aplicativo que emite white noise, som estático que promete ajudar a acalmar o bebê e fazê-lo relaxar para dormir melhor, abafando sons externos. Tínhamos também o aplicativo Relax Melodies, que tem som de útero materno, música de ninar e muitos outros barulhinhos.
Como se desenrolou a interação dele com o tablet?
Logo fomos conhecendo outros aplicativos direcionados aos bebês e às crianças e selecionando aqueles que despertavam o interesse do Lucas. Quando bebê, na maioria das vezes, ele esperava que a gente interagisse por ele com o aplicativo, era uma atividade passiva onde ele aguardava a gente selecionar o aplicativo, abrir e no máximo ele tocava numa figura ou outra. Com o tablet, ele já conseguia encontrar o aplicativo mais facilmente e escolher ativamente, com a própria mãozinha, virar páginas, fechar aplicativo e escolher outro.
Ele pede o tablet para brincar?
Sim, ele pede o tablet. Mesmo antes de falar, quando balbuciava palavras, ele já pedia por um ou outro aplicativo, expressando as preferências. Até os dois anos, por exemplo, ele pedia muito pelo aplicativo da “cocó” (Galinha Pintadinha), com músicas da famosa turminha. Hoje ele é bem mais ativo no tablet. Gosta dos aplicativos em que ele pode interagir, como os de quebra-cabeça, jogos de memória e historinhas interativas.
Não estipulamos um limite de tempo de uso do tablet. Em geral, o Lucas não fica mais que 30 minutos direto brincando com o gadget, ele cansa e volta para os carrinhos, o brinquedo preferido ainda.
O momento que ele fica mais tempo com o tablet são durantes nossas viagens de carro a Porto Alegre, que duram aproximadamente 3h. Mesmo assim ele não chega a ficar 1 hora com o iPad, pois cantamos, lemos historinhas nos livros que adora, conversamos sobre a paisagem, ele tira uma soneca e o tempo passa.
Como é, no geral, a rotina do Lucas?
Moramos em apartamento, então sempre que faz sol eu procuro levá-lo a uma pracinha aqui perto para brincar ao ar livre, correr, pular…
Na rotina do Lucas tem muita brincadeira com carrinhos, que são o brinquedo que ele mais gosta. Também procuro deixar ele experimentar e brincar com os objetos da casa (que não oferecem perigo obviamente), como panelas, colheres e um móvel onde ele pode riscar (criança adora desenhar nas paredes).
Nessa rotina tem lugar especial para leitura: o Lucas tem seus livros preferidos, que lemos todas as noites e muitas vezes durante o dia, conforme ele demanda. Ele vai para a escola e brinca com outras crianças, o que eu considero muito importante para o desenvolvimento intelectual e, principalmente, para o aspecto emocional. Ou seja, na vida do Lucas tem um pouco de tudo que uma criança pode e deve brincar.
OS DEZ MAIS DE LUCAS
Com comentários feitos por sua mãe, Vanessa
1. Pequerruchos: vídeos musicais de cantigas de roda brasileiras muito divertidos. Lucas adora e já aprendeu a cantar os refrões. É ótimo para viagens mais longas.
2. Agnitus: mesmo sendo em inglês, os gráficos facilitam o entendimento da criança, e as atividades são bem variadas e educativas. Excelente, pois ajuda até na aprendizagem de hábitos de higiene, como escovar os dentes, tomar banho. Também trabalha formas geométricas, cores, frutas e jogo de memória.
3. Toca Train: um trenzinho em que a criança toca o apito do trem, regula a velocidade, para e recebe passageiros, para e recebe carga e passa por um túnel. É bem legal, porque criança nessa idade (dois anos) adora trens e túneis.
4. Toys Monte: simula jogos de encaixe em madeira. É pedagógico, estimula o raciocínio lógico e habilidades cognitivas de raciocínio e memória.
5. Veículos quebra-cabeça para crianças e miúdos: também no estilo quebra-cabeça, como o Toys, com os mesmos benefícios de aprendizagem, mas com mais elementos e veículos, que crianças adoram: trator, carro, avião, trem etc.
6. Turma da Galinha Pintadinha: já virou um clássico da geração do Lucas, com canções próprias e outras tradicionais cantigas de roda da cultura nacional.
7. Families 1 (da First App): um jogo educativo que trabalha o desenvolvimento das habilidades cognitivas: classificação, generalização, conceituação, abstração. Também trabalha o desenvolvimento de habilidades motoras finas e a percepção visual. Como brincamos juntos, ajudamos a nomear as famílias, objetos, cores. A criança deve identificar num conjunto de figuras quais pertencem a um grupo ou família central e colocá-la no grupo a que pertence.
8. Kids Cars: é bem legal para encorajar a criança a começar a interagir com o tablet, pois simula uma garagem ou oficina onde a criança pode escolher as rodas do carro, trocar a cor, trocar o veículo, consertar o motor e dirigir até a outra garagem. Foi um dos primeiros aplicativos com que o Lucas brincou e brinca até hoje.
9. Thomas: do famoso trenzinho, tem vários aplicativos, mas o principal é o Hero Rails, que tem desenho animado, jogo de memória, quebra- cabeças e figuras para pintar. É bom por ter várias atividades.
10. Talking Pocoyó: do famoso menininho vestido de azul. Esse é muito legal, pois a criança interage bastante com o boneco. Quando a criança conversa com o Pocoyó, ele repete o que a criança falou com uma voz engraçada. A criança brinca com instrumentos musicais, escolhe a dança do boneco e adivinha qual animal o Pocoyó está imitando. Bem divertido mesmo.
PARA SABER MAIS, clique em Blog do Luke
Curioso, bacana. E achei muito~positivo que a mãe não se descuida dos brinquedos tradicionais, do paqruinho, etc. parabens