Corredor muda de assunto e indica documentários
07/06/13 12:27
Curtiu o cenário da foto acima? O verde, as montanhas, as árvores, o vale? Em algum cantinho escondido desse mundão, há um riacho que, vez por outra, corta a estrada de chão batido, se entranha na terra e aparece do outro lado, correndo entre pedras, sombreado de verde.
Pois lhe digo: já corri lá. E me emocionei ao ver de novo aquele chão em um documentário que está agora passando em São Paulo. Trata-se de “Walachai” (foto Divulgação), filme que revisita uma cidadezinha do interior gaúcho. Tal e qual o significado da palavra em alemão, é um “lugar longínquo, perdido no tempo”.
Lá se fala um alemão que já não existe, vive-se do que se planta e ama-se a terra, como registra com poesia a diretora Rejane Zilles, filha daquele rincão. Nada é só bucolismo, porém: a agricultura já não sustenta as famílias, filhos de agricultores procuram lugar nas fábricas da região, a população local envelhece e empobrece.
Vale a pena ver, é a fotografia de um momento do Brasil, além de declaração de amor à terra. Saiba mais sobre o filme clicando AQUI.
Já minha outra indicação para o final de semana não tem nada a ver com corrida, pelo menos à primeira vista. Nos meus longões, deixo o pensamento voar, reflito sobre minha vida, revejo meus planos, confiro saudades. De certa forma, é o que faz a jovem diretora Petra Costa em “Elena”, um documentário que é pura poesia, ainda que cheio de dor.
Quase uma menina, Petra mostra maturidade na composição fílmica de sua busca por explicações para o suicídio de sua irmã mais velha. Não há como não se emocionar e fazer daquele tempo no cinema um momento de reflexão sobre a vida. Saiba mais AQUI.
E do mundo pessoal, partimos para o universal. A terceira indicação deste blogueiro é uma grande reportagem sobre o período mais dramático da história recente do Brasil, o golpe militar de 64.
Filho do jornalista gaúcho Flavio Tavares, que foi militante antiditadura, preso político e exilado, Camilo Tavares queria saber por que nascera no México, e não na pátria de seus pais. O resultado é “O Dia Que Durou 21 Anos”, uma belíssima reportagem em forma de cinema, contando a participação do governo norte-americano no golpe militar de 1964.
Apesar de focado, o filme não faz proselitismo. Deixa que os personagens falem e usa gravações e documentos divulgados pelo próprio governo norte-americano para costurar a história de nossos anos de chumbo.
Sobre o filme, Flavio Tavares escreveu à “Zero Hora”: “Naqueles anos, eu era colunista político em Brasília da ´Última Hora`, o único jornal que não apoiou o golpe, mas não sabia da dimensão e da profundidade da participação direta dos Estados Unidos” (leia AQUI o texto completo).
Já o diretor Camilo afirma, em entrevista à “Folha”: “A gente tem pouca noção de quanto os Estados Unidos interferiram [no golpe]” (leia AQUI o texto completo).
Bueno, é isso. Depois dos treinos e corridas do final de semana, dê um descanso às pernas e vá ao cinema. Aproveite.