Corrida da Diversidade enche de cor o centro de São Paulo
31/05/13 12:30No dia da Diversity Run, a Corrida pela Diversidade Humana, as drag queens não apareceram para participar da Corrida do Salto Alto, que faria a preliminar da prova principal. Mas uma representante dos transformistas fez bonito como mestre de cerimônias do evento, realizado ontem no centro de São Paulo. Contando piadas, fazendo brincadeiras com os corredores, ela animou a tarde cinzenta antes da largada da prova, que passa a fazer parte do programa do Mês do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis).
“Fui escolhida porque tenho experiência de correr da polícia”, disse a drag Queen, montadona em um vestidão vermelho. E logo se apresentou ao público: “Meu nome é Ioiô Vieira, sou muito conhecida aqui no centro como Mulher feijoada, aquela que já vem com linguiça…”
Com bom humor, foi chamando os corredores para se posicionarem para a largada: “O Centro é nosso!”, dizia, enquanto festejava: “Estou vendo muito hétero por aí, isso é bom para o movimento gay”. Logo os cerca de 300 participantes estavam prontos para a partida, e Ioiô chamou outra famosa drag queen para fazer a largada da primeira Diversity Run.
A madrinha da prova foi Márcia Pantera, que também fez breve discurso para a turma e declarou abertos os trabalhos, liberando a passagem dos atletas pelo pórtico enfeitado com balões nas cores do arco-íris.
A partir daí, ninguém mais se importava com opção sexual de quem quer que fosse: todo mundo saiu queimando o chão (foto Joel Silva/Folhapress).
Eu mesmo fiz o primeiro dos 7 km da prova em 5min42, coisa que ultimamente não faço nem em treino de tiro. Me entusiasmei, mas também fiquei triste, percebendo o quanto estava precisando me esforçar para manter um ritmo que, há alguns anos, era a minha velocidade de cruzeiro e maratona.
Aqui, porém, se tratava de coisa pequena. O percurso tinha uma sequência de idas e vindas pelas ruas do centro, passando pela Conselheiro Crispiniano, Barão de Itapetininga, 7 de Abril, 24 de Maio e até por um trechinho da avenida Ipiranga, entre outras (veja o mapa abaixo).
É legal ver o Centro se abrir para uma atividade esportiva, ainda mais em feriado e com uma prova que teve preço acessível –pelo menos, bem mais barata que as inflacionadas corridas da moda. Em contrapartida, também ficam expostas as mazelas da cidade, a sujeira das ruas, o calçamento arrebentado, o asfalto mal acabado.
Bastou sair do calçadão, onde há mais movimento, e já nos demos de cara com um grupo de craqueiros estirados na soleira da porta de uma loja fechada na 7 de Abril. Com a ação da polícia na Cracolândia, os usuários de drogas vêm se espalhando por várias outras ruas próximas.
Alguns abordavam corredores –em geral, mulheres–, pedindo água ou qualquer coisa. Mas, apesar de notar o receio dos corredores, não cheguei a ver nenhum ato de violência. Ao contrário, um garotão vestido em farrapos, carregando uma garrafa com um líquido branco, tentou acompanhar os atletas, todo interessado.
“De quanto é essa corrida”, perguntou a um sujeito que corria perto de mim, para ouvir a resposta assustadora (e inverídica): “Dez quilômetros”. O garoto ainda deu uns três ou quatro passos fingindo correr e desistiu, saiu massageando o quadril e dizendo qualquer coisa que não deu para ouvir…
Minha primeira volta –seriam três no total—no curto percurso foi muito rápida para meus padrões, e tratei de começar a reduzir o ritmo, com medo de não aguentar, mesmo considerando que a prova não era muito longa. Caminhei um pouquinho nos postos de água e voltei à carga, diblando obstáculos, como caçambas lotadas de lixo de obras que tomavam conta da calçada na Barão de Itapetininga.
Apesar da prova festiva, havia pouca gente de fantasia. Um ou outro usava algum adereço, como a moça que levava uma peruca colorida (foto) e um rapaz que se vestiu de anjo –ou, pelo menos, usava asas e levava sobre a cabeça um halo de santo. No mais, roupas comuns de corrida e uniformes de equipe –a Guarda Civil Metropolitana tinha o grupo mais numeroso no evento, com 17 corredores.
E assim transcorreu, sem maiores dramas ou emoções, a primeira Diversity Run. O vencedor foi Cleyton Batista, que completou em 21min09s84. A campeã foi Andrea Keila Galvão, com 22min09s90. Este seu blogueiro fechou em 37min42, num média de 6min15 por quilômetro –segundo meu GPS, o percurso teve 6 km, e não 7km. Mesmo assim, tá bom demais da conta.
Correr no centro de São Paulo é muito interessante, pois as pessoas que ali passam,trabalham ou simplesmente andarilham veem com curiosidade toda aquela correria, ja que corrida de rua sempre se da em locais totalmente isolado dos transeuntes o que não foi o caso desta prova,apenas uma pequena faixa, isolava os corredores dos populares, dando um clima de aproximidade.