Algumas observações sobre a nova linha de tênis minimalistas da Nike
22/05/13 14:35Na semana passada, tive a oportunidade de experimentar, durante uma breve corrida no sensacional cenário do Jardim Botânico de São Paulo, a mais recente versão da família de tênis minimalistas da Nike. É o Free v5, que já está à venda nas lojas brasileiras com preço sugerido de cerca de R$ 350.
“Minimalista” é a alcunha dada a tênis de corrida que afirmam procurar tornar a pisada o mais natural possível, mas não sei se natural é a palavra mais correta. Digamos: a mais próxima possível da corrida com os pés descalços.
O exemplar mais emblemático desse segmento é o Vibram Five Fingers, que é uma espécie de luva emborrachada para os pés; a proteção tem espessura mínima e o desenho do calçado acompanha o formato dos pés, até mesmo com espaços individuais para cada um dos dedo. Para conhecer mais sobre esse produto, confira o site da empresa, AQUI, em inglês. À venda no Brasil, o Five Fingers custa a partir de R$ 150, aproximadamente, de acordo com rápida pesquisa que fiz na internet.
Esse é um tipo de produto que teve um crescimento gigantesco nos últimos anos. Não tenho números do mercado, mas basta ver que todas as grandes fabricantes de tênis de corrida entraram nesse bonde com tudo, apesar de terem sido, ao longo dos anos, vendedoras de produtos notabilizados pelo alto grau de amortecimento ou superestruturados.
No caso da Nike, as vendas da linha Free, que tem três modelos e foi lançada nos EUA em 2004, ultrapassaram as da linha Lunarglide, no segmento de produtos para corrida. No Brasil, a Lunarglide, que era líder até julho do ano passado, também foi superada pela família de tênis minimalistas.
Claro que o poderosíssimo marketing da Nike tem uma grande parte da responsabilidade por esses acontecimentos. Mas já aprendi que, seja na política, seja no comércio, nada vende sem ter um mínimo de qualidade ou de apelo a interesses do público. Quais são, então, os valores dessa linha, em que ela consegue agradar os compradores?
Pelo pouco que pude observar, os dois fatores objetivos de maior destaque do tênis são o baixo peso e a altíssima flexibilidade –esta você pode constatar pela foto ao lado (Divulgação). Com 232 gramas, o modelo mais pesado da família, o Free 5.0 v5, é 74 gramas mais leve do que o Pegasus, que é, na minha opinião, o melhor tênis de corrida da Nike. O modelo mais leve chega a ter mais de 100 gramas de diferença para o Pegasus.
Além de marketing, peso e flexibilidade, outro fator que contribui para as boas vendas da família Free é sua beleza, com boa variedade de cores vibrantes, especialmente na linha destinada às mulheres. Aliás, talvez por isso, ele é bastante vendido para uso casual, nas baladas ou na rua.
Para corrida, no breve teste que fiz (um trote de cerca de 3 km), não encontrei grandes maravilhas nem tampouco tive grandes decepções. Não senti dores nem notei modificações na pisada pelo minimalismo do produto. O único momento de “Ah!” foi quando corri alguns metros na grama; ali senti mesmo o pé em contato com a terra; quase deu cócegas (brincadeira…).
Com base nisso, não dá para dizer se é bom ou não. Nas conversas com o pessoal da Nike, porém, deu para perceber que, apesar do entusiasmo deles com as vendas do produto, são um pouco recalcitrantes quanto a recomendá-lo para uso amplo, geral e irrestrito nas corridas.
Perguntei para o pessoal da Nike se, carregando no marketing dos minimalistas, eles não temiam ser acusados de contribuir para o aumento do número de lesões de corredores. Começam a surgir estudos mostrando que a corrida descalça pode estar contribuindo para novos machucados nos corredores –leia mais sobre isso clicando AQUI. Não é improvável que os tênis minimalistas também entrem nessa dança.
O que eles disseram é que, de fato, usuários de primeira viagem podem ter dores, especialmente nas panturrilhas. Por isso, recomendam que seja feita uma adaptação progressiva ao uso dos tênis minimalistas. Mesmo quem veste a linha só para caminhadas deve fazê-lo aos poucos.
Além da adaptação progressiva, os usuários também devem ser parcimoniosos no uso geral dos tênis minimalistas. Eles não são recomendados para treinos longos, de cara, nem provas muito compridas –para alguns, 10 km é o máximo; para outros, a meia maratona está de bom tamanho.
O pessoal da Nike que acompanhou o breve treino bateu numa tecla: esse tipo de tênis contribui para o fortalecimento da musculatura. Seria um complemento da preparação do corredor. Por isso, ele seria mais bem aproveitado como um segundo (ou terceiro, sei lá) par de tênis de corrida, para uso nos dias de treino mais leve, específico.
No material de divulgação, esse aspecto é destacado logo de cara. Sobre o modelo mais grandalhão, o 5.0m diz: “Proporciona o fortalecimento da musculatura entre outros benefícios de correr descalço, só que com a tração e a proteção de um calçado esportivo”.
Sobre o mais leve, o 3.0, afirma: “Proporciona todos os benefícios dos movimentos da corrida natural sem o sacrifício de ter que correr descalço. (…) Cortes diagonais na sola e entressola na região do arco do pé favorecem o fortalecimento da musculatura”.
Não conheço evidência científica desse fortalecimento, mas imagino que a Nike tenha estudos a respeito. No material de divulgação dos EUA, a empresa afirma: “Foi demonstrado que o uso do Free aumenta a força de alguns músculos no pé e no tornozelo” (veja AQUI, em inglês).
A questão geral é: será mesmo que a corrida dita “natural” é tão boa assim? Alguns argumentam mostrando a corrida descalça das crianças, quando estão aprendendo a andar; por outro lado, não dá para esquecer que as crianças correm por segundos, no máximo por poucos minutos. E as corridas a que nos submetemos duram horas…
Também há argumentos dizendo que os quenianos são bons porque correm descalços na infância, desenvolvendo a musculatura dos pés. Há controvérsias. E os recordes vêm sendo batidos por corredores calçados (claro que há outros fatores envolvidos nisso além da questão biomecânica/fisiológica).
De qualquer forma, o que me parece sensato é a recomendação de que a experiência, seja com a corrida natural, seja com o uso de tênis minimalistas deve ser gradual e progressiva.
Além disso, não me canso de proclamar: cada um com seu cada qual. Tem gente que gosta de correr com tênis de alto amortecimento, ainda que mais pesados. E há, no outro extremo, os que gostam de correr descalços. Nesse debate, não creio que a resposta esteja no dito “caminho do meio”. A resposta certa cada um precisa encontrar por si mesmo.
Estou usando o Free 3.0 e adorando. Mas venho de uma lesão e ainda não voltei a correr longas distancias. E já vinha usando um precursor desse modelo, também quase minimalista. Nunca mais quero usar algo do tipo Mizuno Wave Creation, que era o que eu usava antes.
Olá Rodolfo,corro desde 84 e sempre usei tenis com solado bem fino.Fora algumas dores normais que um corredor amador sente,nunca tive grandes problemas.Há uns dois anos uso aleatóriamente um Vibram Five Fingers,onde já fiz corridas de até 25Km.
Sempre achei que essa cultura de tenis “com amortecimento” não é correta pois penso que cada um tem uma pisada distinta,como se fosse
uma “identidade”pois as variantes são grandes ( peso,altura,densidade óssea,inclinação da perna e do pé,etc) e isso não pode ser definido em tres categorias de pisada.Também o tenis com a região do calcanhar muito alta,modifica a sua pisada de forma que vc não pisa primeiro com a parte da frente do pé e sim com o calcanhar.
E ai Rodolfo tudo bem , pois bem estou correndo com este tipo de calçado a 01 ano e a experiencia esta sendo muito boa , inclusive estou com um modelo drop zero !! e em 50 dias corri 4 meias maratonas com ele , foi muito bem , e sumiu as dores da panturrilha e joelhos, sinto agora somente o desgaste do esforço, ja corri 01 maratona e foi tudo bem, mas precisa se acostumar com este calçado por um periodo de 2 meses com aumento de km aos poucos ,por causa da postura .
O Nike Free é meu tênis principal, inclusive para treinos com mais de 21k. Aliás, os tênis mínimos foram responsáveis pela grande redução nas minhas contusões. Mas é como você disse, cada um encontra sua resposta. abraço, Sergio.
olá Rodolfo,
eu sou usuário da linha Free desde ano passado. no meu ponto de vista profissional e de atleta acho que todo tenis leve e minimista tem que ser usado por pessoas com musculatura adequada(treinar a algum tempo corrida) e ser leve.
começei a correr provas longas com o pegasus, passei para a linha da asics speedstar , fui para os asics 33(blur e sting) , detalhe todos tenis leves.
ja corri Urubici solo, TTT(80km solo) e maratonas com Free e não senti problema nenhum. eles são muito confortáveis.
um aluno me trouxe esse mês para mim dos USA o Free 7.0, ideal para correr em terreno em estradas de chão com muita pedra..
fica a dica , use se seu corpo estiver preparado!