Atleta biamputado completa ultra de 217 km em 62,5 horas
21/01/13 10:40Os números jamais vão refletir o tamanho do esforço e da conquista do norte-americano Andre Kajlich, 33, que ontem se tornou o primeiro atleta biamputado a completar a terrível ultramaratona Brazil 135, disputada na serra da Mantiqueira, passando por cidades de São Paulo e Minas Gerais.
Ele completou os 217 km da prova em 62 horas e meia, sendo aplaudido por um pequeno grupo de entusiastas que o esperava no centro da cidade mineira de Paraisópolis, ponto final de uma jornada que começou há dez anos, quando Kajlich, então um jovem estudante de química em uma universidade de Praga, sofreu o acidente que o deixou quase à morte.
Depois de uma noite de baladas, acabou não se sabe como caído nos trilhos do metrô e foi atropelado pelo trem. Acordou três semanas depois, sem nem um tiquinho da perna esquerda e com apenas parte da direita, que foi amputada um pouco acima do joelho. Estava com as costelas quebradas, os pulmões perfurados e o fígado atingido. Sobreviveu.
Aos poucos foi se recuperando. Um ano depois, começou a caminhar com próteses. Em 2008, ampliou seus horizontes participando de um triatlo. Para encurtar a história, que já contei aqui neste blog: com sua cadeira de rodas, foi campeão do Ironman de Kona no ano passado e duas vezes medalhista de prata no Mundial de paratriatlo.
Na última sexta-feira, iniciou o que talvez tenha sido sua mais difícil empreitada depois do acidente, uma ultramaratona que inclui subidas até uma altitude de 1.600 m, no pico do Gavião, além de passagens por trilhas em que é preciso andar em fila indiana.
Em vários pontos, ele desceu de sua cadeira especialmente construída para esse desafio, amarrou-se a ela e, arrastando-se pelo chão, puxou a cadeira até chegar a um ponto onde pudesse rodar com ela.
Outros contratempos incluem peças quebradas e pneus furados, que acabaram fazendo com que a jornada durasse ainda mais tempo e se enchesse de tensão. Foi várias vezes atendido pela ambulância, sendo atendido para tratar machucado nas mãos –é com ela que Andre movimenta seu equipamento.
Um dos envolvidos na ultramaratona, Jarom Lee Thurston, registrou assim a chegada de Andre: “Ele conseguiu! Aqui se fez história e eu fui testemunha. Andre Kajlich acaba de terminar uma das mais difíceis ultramaratonas de montanha do mundo, um esporte dominado por atletas que usam as duas pernas, e ele não tem nenhuma. Foram 135 milhas (217 quilômetros) em 62,5 horas. É um feito que acredito ser a principal notícia da década em esportes de resistência”.
As fotos aqui publicadas são reprodução de imagens colocadas na página de Thurston no Facebook.
Eu também estive lá e se meus olhos não tivessem visto, acho que não acreditaria que alguém sem pernas pudesse superar tanta dificuldade. Os ultramaratonistas são Supermens… André é Ultramen
Obrigado por ter escrito essa peca, Rodolfo, mas mais ainda por se ter interessado e preocupado genuinamente com a historia do Andre. Um grande obrigado por voce colocar ai essa licao de vida e fazer chegar ao maior numero de gente possivel. O Andre e um exemplo para todos.
A gente leu o seu artigo na Folha e essa entrada ai tambem juntos e ele ficou muito emocionado quando eu traduzi o que voce escreveu. Obridado do coracao!
Antonio
Parabéns por divulgar um feito tão importante, exemplo de superação!!
Ainda tem gente que tem todos os membros que reclama da vida.
Vera Mota – Ultramaratonista
Realmente esse atleta e fora de série…. uma fonte de inspiração para outras pessoas de força, vontade de vencer e superação de limites. Parabéns!!!
Foi INCRÍVEL!!!
História fantástica e inspiradora.
Serve como exemplo para lembrarmos que “seguir em frente”, apesar das dificuldades, é sempre uma opção possível.
Obrigado por compartilhar, Rodolfo!
Abraço.
Brunno.
Este atleta deu um exemplo de perseverança, humildade e consideração, pois foi assistido por uma ultramaratonista reconhecida , Mônica Otero e a tratou com veemência, ao contrario de algumas equipes americanas que vieram buscar suas classificações para a corrida BADWATER e contrataram alguns ultras brasileiros e confundiram pacer com mulas e escravos, tratando-os com a maior indignação que já vi em minha vida, do calote ao destrato, me desculpem os termos mais nem deixando os atletas que os estavam ajudando, à cagar.
Recadinho para eles: We aren’t monkeys, you guys are dumb
Leonardo,
Sou o Diretor da Br.
Me manda um e-mail com mais informações pois este comportamento é inadimissivel e inaceitável.
meu e-mail é mariolacerda@hotmail.com
tel: 24-78346156
Obrigado
Comandante Mário Lacerda
Brazil 135 Ultramarathon e Brasil 217 Ultramaratona
Race Director
Parábens elevado ao infinito ao atleta. Estou inteiro e não sei se teria coragem de participar de uma prova dessas. Mas vou aos poucos e quem sabe irei fazer uma maratona, que considero o limite para correr.
Tive presente e foi “cabuloso”. Disposição e superação,,,muita força!! Tenho 5 s de vídeo que posso disponibilizara!
Sensacional, Rodolfo. Esse é guerreiro mesmo. Só tento imaginar como deve ter sido o apoio durante a prova, os pneus furados, fora o perigo da estrada em si, com buracos, pedras, etc. Realmente é de bater palmas em pé.