Cadeirante tetracampeão da São Silvestre comenta acidente
09/01/13 12:30JACIEL PAULINO, cadeirante tetracampeão da São Silvestre, mandou para este blog comentário sobre o acidente que provocou a morte do também cadeirante Israel Cruz.
Pela relevância do atleta, que participou oito vezes da tradicional corrida paulistana, publico a seguir a íntegra dos comentários de JACIEL. Desde já, este espaço fica aberto para entidades ou instituições que queiram responder aos comentários.
“Para esclarecimento a todos:
“Sou o cadeirante campeão desta edição de 2012, minha quarta Vitória e minha oitava participação somente na São Silvestre.
Esclarecimento:
1- O grau de inclinação não tem nada a ver; temos aqui mesmo no Brasil outras provas muito mais inclinadas.
2- As cadeiras de rodas dos quatro primeiros cadeirantes chegaram ao máximo de 48 km por hora. Para uma cadeira de atletismo, é uma velocidade relativamente média, pois já chegamos a 70 km, e na Europa eles chegam a 80 km.
3- [em] Nenhum outro lugar do mundo existe trecho diferenciado para os cadeirantes em relação aos outros participantes da prova.
4- Existiu até questionamento sobre a demora para o atleta dar entrada ao hospital. Bom, quando ocorre um acidente primeiro passo é estabilizar a pessoa e somente então fazer a transferência para um hospital. Israel foi atendido prontamente pois tinha uma ambulância no local. O cuidado era necessário pois ele não era um saco de areia, que caiu no chão e se joga em cima do carrinho de volta.
5- Ele era amigo meu pessoal, corri com ele por duas vezes em Belém, e em outros lugares aqui no Brasil.
6- A ADD Associação Desportiva pra Deficientes, não faz farte da organização da prova; ela foi contratada somente até meados de março de 2012, depois disso a Yescom assumiu tudo em relação à inscrição e cuidados dos para-atletas. Porém tenho amigos que trabalham para eles e não têm poder algum de decisão, assim como a ADD, quando contratada, não tinha peso em opinião alguma.
7- Talvez Israel não tivesse ideia da velocidade em que estava, porém no dia em que TODAS as organizações de provas na AMÉRICA DO SUL adotem sistemas de seguranças americanos e europeus, com certeza, diminuirão drasticamente os danos causados em acidentes como esse que vitimou Israel. Evitar é IMPOSSIVEL; amenizar os danos, isso está em nossas mãos.
8- Cancelar a categoria seria uma irresponsabilidade. A Paraolimpíada está chegando e a quantidade de cadeirantes está aumentando drasticamente. Outro dado importante é: será que o CPB COMITÊ PARAOLÍMPICO BRASILEIRO também não teria responsabilidade nas organizações das provas de ruas? A maratona também faz parte da Paraolimpíada. Nas provas de rua, o IPC International Paralympic Committee acompanha algumas provas. E aqui no Brasil o CPB onde está? Só serve para emitir nota de pesar e se omitir do ocorrido? (desabafo)
Obrigado.”