Melhor brasileira na São Silvestre era gordinha e comilona
04/01/13 09:10Só umas três horas depois de a São Silvestre ter terminado para os corredores de elite é que fui saber quem tinham sido os vencedores. Afinal, eu levara quase duas horas para completar o percurso e ainda demorei um tantão para chegar em casa.
O melhor brasileiro, Giovani dos Santos, não foi surpresa: sua recente vitória na Pampulha o credenciava como um dos candidatos ao pódio. Entre as mulheres, porém, apareceu uma figura nova para o grande público, perseguindo as ponteiras ao longo da maior parte da corrida.
Ao ver as imagens na TV, em que ela aparecia de longe, não a reconheci. Mas o nome pouco comum, Tatiele, moveu algum circuito no meu cérebro cansado: conheço essa guria, disse para mim mesmo, e tratei de procurar por ela em memória mais confiável, a do meu computador.
Pois lá está o sorriso da garota, então com 21 anos –hoje tem 23–, enquanto participava de uma competição de revezamento de São Paulo ao Rio de Janeiro. Já era na época atleta profissional e funcionou como o motorzinho de uma das equipes, integrada por corredores amadores de bom desempenho.
Também já guardava então títulos que a credenciavam como promessa de boas marcas: campeã e recordista sul-americana dos 5.000 m sub 23 em 2010 (16min24), campeã dos 1.500 m no Troféu Brasil no mesmo ano. No ano passado, foi a terceira do ranking brasileiro nos 5.000 m e a quarta nos 10.000 m
Ao ver os galardões, ninguém diria que aquela garota sarada, de 49 kg de músculos distribuídos em 1,56 m, tinha sido uma adolescente gordinha… Bem gordinha, para ser fiel aos fatos.
“Eu tinha uns 15 quilos a mais, mas gostava de correr”, me disse ela, contando ter sido chamada por um treinador que a descobriu enquanto corria nas ruas de Poços de Caldas (MG), onde morava.
Ela tinha então 18 anos e mandava brasa com o garfo e a faca. “Comia muito e comia errado. Passei a treinar mais, comer menos e melhor”, disse.
Com a evolução, foi convidada a se profissionalizar, o que implicaria mudança de cidade. A mãe, que trabalhava como doméstica, e o pai, pedreiro, não ficaram muito satisfeitos com o afastamento da filha, mas acabaram apoiando a transferência para Limeira.
Nas horas de folga, gosta de passear em shoppings e adora comprar sapatos e sandálias.
Ao terminar a São Silvestre comentou sua estratégia, que foi tentar acompanhar as corredoras africanas até onde lhe fosse possível: “Fui até o décimo quilômetro. Da próxima vez, consigo até o 11º. Até o dia em que eu for a primeira”, disse a melhor brasileira da 88ª Corrida Internacional de São Silvestre.
Caro Rodolfo, como vai ?
Curto suas matérias desde o tempo em que você escrevia para o UOL, pena que você não ‘aparece’ mais por lá. Na época, peguei boas dicas para correr a minha primeira São Silvestre em dezembro de 2011.
Que a galera deixe o sedentarismo de lado e se junte aos milhares de corredores anônimos que a cada dia aumenta mais e torna a cidade mais linda com as corridas de todas as semanas.
Forte Abraço.
Caro Rodolfo. Se o futebol teve um Armando Nogueira, nós corredores temos você, nosso cronista mor.
Forte abraço.
Calma. Fabrizio, calma… De qualquer forma, muito obrigado
Muito legal o perfil da Tatiele. Que sirva de incentivo às amadoras que lutam contra a balança, mas amam correr (como eu!) 🙂