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Rodolfo Lucena

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Perfil Rodolfo Lucena é ultramaratonista e colunista do caderno "Equilíbrio" da Folha

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De unhas pretas, mas com o coração em paz

Por Rodolfo Lucena
27/11/12 12:32

O cancelamento da maratona de Nova York ainda faz vítimas, deixa as pessoas de ressaca e gosto amargo na boca. Há quem fique de birra, nariz torcido e sei lá mais o quê. Uma jovem corredora revelou em uma rede social: “Fui numa festa à fantasia vestida de maratonista de NY. Coloquei todos os acessórios e roupas de uma vez só, inclusive o numero, o chip e a pulseirinha rosa de early exit!”.

Pois a produtora de moda Paula Narvaez é uma jovem adulta (será uma contradição em termos?) que entendeu perfeitamente as razões do cancelamento de sua corrida sonhada e idolatrada, aquela em que ela iria finalmente se tornar uma maratonista. Mas ficou um gosto de não sei quê…

Resultado: aos 29 anos, mãe de uma bela garota, escreveu outro dia em sua página no Facebook um recado para a progenitora: “Corri meus primeiros 50k, mãe, pode colocar no livro do bebe! Hahhahah”

Pois é: com seis anos de corrida nas costas e seis meias maratonas no currículo, aproveitou uma pequena confusão de inscrições em uma corrida e, em vez de correr em dupla a Green Race, foi logo para a prova individual de 50 km em montanha (saiba mais sobre a prova AQUI) em Jundiaí (interior de São Paulo).

“O pior que poderia acontecer era quebrar, abandonar a prova e aumentar mais um pouquinho o amargo que NYC deixou”, escreveu Paula em seu blog, em que conta com detalhes a aventura.

Apesar de estar pulando etapas, não foi para a corrida sem noção: “Sempre soube que não poderia correr sozinha, primeiro porque não sabia se tinha cabeça pra correr durante tantas horas, depois porque não sabia como administrar o esforço, a hidratação e a nutrição, e terceiro porque seria a primeira vez que eu correria acima dos 30 km e não fazia idéia do que ia acontecer”.

Convidou um amigo ultra para acompanhá-la na experiência e lá se foi para a largada com a cara, a coragem e algumas dicas preciosas: “Uma delas foi sobre a batata amassada com azeitona e sal. Vovó Dirce fez pra mim e quase tive orgasmos quando comi lá pelo km 36….”

A largada, nas montanhas de Jundiaí, foi logo em uma subida, para o pessoal sentir qual era a da corrida. Houve “subidas porradinhas, várias delas, descidas, e pedras soltas…”

Paula conta: “Na real, não estudei percurso nem altimetria e nem nada, não porque sou maluca, mas porque sabia que era dura e fim, a única coisa que guardei na memória foi o ganho de elevação, subiríamos até 1.100 metros.”
E continua: “Bebemos bastante água, a hidratação da prova estava ok na primeira metade e ruim na segunda. Na subida da antena, não tinha água, e quem não levou se lascou. Nós levamos e subimos tranqüilos”.

Lembra mais: “O momento mais difícil da corrida foi o momento de decidir se abandonava ou não meu parceiro. Lá pelo km 40, ele diminuiu o ritmo e eu me sentia bem. Não sobrando, porque como estava entrando num momento do meu corpo que não conhecia, preferia não acreditar na sobra e sim no conforto e precaução. Rodrigo me mandou ir…eu fui. Sofri bastante nos últimos 7, 8. Andei, corri, trotei…. e tive alucinações o que aliás foi uma delícia, via tudo laranja, como a cor da terra do chão, os cones brilhavam, o chão estava fluorescente e eu estava curtindo a viagem.”
Vai chegando: “Os últimos 2 km foram como 200. Já corria sem pensar, sem sentir e sem esperanças de que o final fosse chegar, estava difícil. Aí, sei lá, vi uma menina na frente, mas estava sem mochila, sem água e sem nada e andando, passei ela e quando olhei pra trás vi que seu número de peito era de ultra… Oficialmente não sei dizer em quanto tempo completei a prova, mas quando cheguei a organização disse que foram 5 horas e 30”.

Ela ficou assim depois da prova (foto Arquivo Pessoal).

E, mais sábia com a experiência, faz o balanço: “Não foi nada fácil,mas também não foi nada terrível. Mantive a calma, pensei nas pessoas que amo, pensei como queria completar e contar para vocês que YES WE CAN e principalmente tentei agir com sabedoria respeitando a montanha e respeitando meu corpo. Hoje estou em frangalhos, toda assada embaixo dos peitos, a unha preta e dolorida, porém com o coração em paz.”

Para saber mais sobre a Paula e suas corridas, visite o blog dela, AQUI.

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Comentários

  1. Lucas Albuquerque comentou em 28/11/12 at 16:33

    Que história foda!!!
    Parabéns, Paula…um dia eu evoluo dos meus habituais 8km e tenho algumas alucinações por aí…demais!

  2. Manuela comentou em 28/11/12 at 12:29

    Poxa! Gosto muito do Blogo, mas estou um pouco decepcionada porque dia 18 foi a Maratona de Curitiba, considerada uma das mais difíceis do Brasil e… nada? Nenhuma menção até agora!

    • rlucena comentou em 28/11/12 at 12:45

      Oi, Manuela, obgd pela leitura e pelo comentário. Em geral, o blog não acompanha resultados de provas, mesmo as maratonas. Comento provas em que participo ou provas em que leitores ou outros jornalistas participam e mandam suas colaborações para o blog. De fato, a maratona de Curitiba é uma prova muito importante e tradicional no cenário brasileiro e já foi tema do blog em várias oportunidades, mas neste ano isso não aconteceu. Abraço, Rodolfo

  3. Augusto BH comentou em 27/11/12 at 23:05

    Parabéns pra essa Paula!

    Sensacional a história dela; e o blog tb é mto massa!

    Abc, Augusto.

  4. Renata Gomes comentou em 27/11/12 at 13:58

    Ai que orgulho dessa amiga, mãe, guerreira, super profissional, linda 😉 Estou na sua torcida sempre!!!

  5. Nelson Evêncio comentou em 27/11/12 at 12:52

    Muito bem. Parabéns! CorrePaula!!!

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