PureView é boa companhia para o corredor, ainda que pesado
04/09/12 15:39Você que acompanha este blog deve ter notado que, ultimamente, tenho colocado no ar mais fotos de minha lavra. A cobertura da 10 Milhas Garoto foi praticamente uma sucessão de imagens, assim como os registros de um recente treino que fiz pelas ruas de São Paulo.
É que vinha testando um celular inteligente que recentemente chegou às lojas brasileiras e tem uma ótima câmera de lambuja. Para ser mais preciso, trata-se de uma supercâmera que também tem recursos para comunicação por voz e dados.
Estou falando do Nokia 808 PureView, que foi lançado no início deste ano em uma feira especializada em Barcelona, Espanha, apresentado como o aparelho com câmera de maior resolução na atualidade. De fato, seu sensor de 41 Mpixels permite produzir imagens de mais de 38 Mpixels.
Essa numerália se refere aos pontos que formam a imagem. No caso da foto de maior resolução produzida pelo PureView, como a versão original da foto abaixo, são 7.152 pontos (pixels) por 5.368 pixels.
A tela tem vidro especial, que possibilita excelente percepção das cores. As dimensões do aparelho, porém, talvez não sejam confortáveis para todos. Ele é um pouco maior e mais alongado do que o iPhone 4s: 123,9 mm de altura, 60,2 mm de largura e 13,9 mm de espessura contra 115,2 x 58,6 x 9,3 mm do aparelho da Apple. Por conta disso –e da lente Carl Zeiss de sua câmera—é quase 30 gramas mais pesado.
O aparelho é meio desbalanceado, pois o lado em que fica a câmera é mais gordinho e pesado. Por via das dúvidas, fiquei experimentando o bichinho em casa por um ou dois dias antes de sair com ele para minhas corridas. A Maria Eduarda, abaixo, até fez pose para sair bem na foto.
Os testes, como você já percebeu, foram todos das habilidades do PureView como câmera –não fiz nem uma mísera ligaçãozinho telefônica com ele, mas naveguei um pouco pela internet usando o recursos de comunicação sem fio (a configuração não tem mistério, é só seguir os passos e preencher os espaços pedidos pelo telefone/câmera). Sobre os demais recursos e o funcionamento como câmera, meu colega Emérson Kimura fez uma ótima avaliação publicada no site de Tec na Folha.com, veja AQUI.
Levei o aparelho em uma pochete acolchoada e que promete ser impermeável, mas não é lá muito não (depois de um longão, fica encharcada de suor. O PureView não reclamou nem tomou atitudes impensadas, não comandadas por seu usuário (não ria, o meu telefonezinho comum faz isso o tempo todo, liga quando não é para ligar, trava quando não é para travar e assim por diante; a câmera que às vezes uso, então, muda de modo de operação como quem troca de camisa).
De modo geral, é bem fácil de usar. Tem um botão físico para acionar a câmera –serve para colocar o aparelho em modo fotográfico e também para disparar o obturador. Se preferir, o fotógrafo pode usar o disparador virtual, que fica do lado direito de quem olha para a tela e precisa. Na extrema esquerda da lateral do aparelho, há outro botão, que serve para dar zoom ou aumentar/diminuir o volume, dependendo do modo em que o aparelho esteja operando.
Para quem vai usar o PureView para tirar fotos durante uma corrida, o momento mais delicado é a hora de tirá-lo do bolso ou da pochete. Não há uma área ergonômica para posicionar a mão e segurar firmemente o aparelho, como acontece em câmeras semiprofissionais e maiores. Isso também não seria esperado, pois, afinal, trata-se de um telefone. O resultado é que você precisar ter cuidado e pensar nos seus movimentos antes de sacar o telefone, especialmente se for um sujeito meio desastrado como eu.
Não deixei o aparelho cair no chão nem uminha vez –ainda bem, pois o prejuízo seria salgado: R$ 1.999 na loja da Nokia. Mas tive de parar a cada vez que queria fotografar. Os resultados foram bem satisfatórios, como este close de uma rosa na avenida Paulista.
Já as imagens em contraluz nem sempre deram bom resultado. Contra o sol aberto, em geral ficou esse jeitão enevoado, como se uma leve bruma cobrisse a cena (abaixo).
Claro que eu poderia forçar o acionamento do flash, o que melhoraria a composição, mas queria fazer tudo no automático. Nas condições de luz mais comumente aceitas como boas para fotografar, a máquina compareceu, como nesta cena na praia da Costa, em Vila Velha.
Ela também oferece muitos recursos para quem quiser experimentar sua veia artística. Além do modo automático, há um modo cenas, pré-configurado para situações como esporte, fotos na neve ou noturnas. Usei este último para a imagem abaixo.
Mesmo dando zoom total, ficou tudo focado e sem tremeliques na cena, como você percebe a seguir (para fazer essas imagens, apoiei a câmera em um moirão do cercado onde ficava a corujinha; em outras experiências com zoom, qualquer movimento prejudicava a imagem)
Voltando ao automático, o disparador responde rápido e dá para capturar cenas como a ação desse surfista na Barra do Jucu.
Além disso, há um modo chamado criativo, que permite ao usuário fazer uma série de acertos (luz, contraste, resolução e por aí vai), além de mudar a captura para sépia ou preto e branco, como a primeira imagem publicada nesta resenha.
Todos esses recursos me deixaram bem satisfeito, mas não tenho certeza de que sejam determinantes para a compra do equipamento ou que façam alguém desistir do incensado iPhone 4s, que é um pouco mais caro (R$ 2.199, modelo com 16 Gbytes e câmera de 8 Mpixels).
Isso porque boa parte dos fotógrafos amadores (a maioria, talvez) não precisa de tantos recursos nem quer pensar muito antes de fazer seu clique; além do mais, até os mais simples programas gratuitos para edição de imagem possibilitam mexidas semelhantes a algumas das propiciadas pelo PureView.
O aparelho também permite gravar bons vídeos em alta resolução, com som bastante razoável (segundo a Nokia, a propaganda de apresentação do PureView foi feita com o próprio). E ajuda a fazer boas fotos de corrida, sendo um bom companheiro para a jornada, ainda que pesadinho.
Boa avaliação. As fotos ficaram excelentes. Me convenceu.